Noir (negro)



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Capítulo V
Noir (negro)
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-James, Filho! – a voz da sua mãe o despertara bem cedo naquela manhã, abriu os olhos, preguiçosos, tentou se levantar, mas foi acometido por uma forte dor de cabeça.
Até parecia que fazia séculos que ele não bebia daquele jeito.
-Filho, levanta... Você tem visitas.
Abriu a porta do quarto ainda zonzo. Quem poderia ser a essa hora da manhã?
E, como se entendesse o olhar questionador do filho, a senhora Potter disse.
-Narcisa Black...
Estranhou. Narcisa jamais o procuraria na própria casa se o assunto não fosse urgente. Por mais vontade que tivesse de fazê-lo.
-Diga a ela que já estou descendo, mãe, por favor. Vou lavar o rosto e por uma roupa.
A senhora acenou com a cabeça e desceu. Mais alguns minutos e ele fez o mesmo.
Como imaginava Narcisa estava preocupada com algo. As mãos tremulas e inquietas sobre o colo, apesar da postura ereta indicavam que ela ao estava conseguindo conter o nervosismo. O que era surpreendente, vindo dela.
A avaliou com cuidado antes de denunciar a sua presença na sala.
Os cabelos estavam presos em um coque, dando um ar mais velho a garota. James detestou. A saia preta, algum poucos dedos a cima do joelho e a blusa de linho azul escura não deixava muito a mostra.
Ele ficou se perguntando se aquilo era apenas para não chamar a atenção dos seus pais ou se sua Blanche usava, agora, um estilo tão senhora para se vestir, realmente.
-Senhorita Black... – ela deu um pulo do sofá e ficou de pé para encará-lo, James sorriu – Que surpresa em vê-la. O que faz aqui?
-Desculpe-me o incomodo tão cedo, senhor Potter. Mas o assunto que me traz aqui é muito importante e não convinha esperar.
-Entendo.
-Bom, acho melhor deixá-los a vontade, então. – disse o pai de James, se levantando do próprio sofá.
-Vou trazer algo para comerem...
-Não precisa, mãe. – disse James rapidamente, ao que Narcisa concordou com a cabeça, agradecendo a senhora Potter pela amabilidade, mas, ela realmente não queria comer nada.
Sem mais delongas os pais se retiraram.
-Senta... – disse o anfitrião para a poltrona a frente da que ele agora tomava acento – O que houve?
Ela não pareceu surpresa pela recepção tão fria.
-Ainda bravo comigo? – perguntou, antes de sentar.
Ele a encarou por alguns segundos, por cima dos aros redondos de seus óculos.
-Sim, acho que sim. – ela suspirou cansada – Mas não me diga que foi esse o assunto importante que te trouxe até aqui, porque sei muito bem que não é verdade. Você sabia que eu iria te procurar uma hora, não tinha por que se expor vindo aqui.
Houve um longo silencio após a afirmação dele, um silencio maior do que o que James esperava. Mas, por fim, Narcisa começou a dizer o problema.
-Bellatrix me deu o preço dela ontem, James... – murmurou, com o olhar perdido para um ponto qualquer, sem conseguir encará-lo – Ao final do jantar.
-Preço alto? – ela concordou com a cabeça – Quanto?
-Ela quer... Quer que nós dois...
Ela estava demorando tempo demais pra soltar o problema. James não estava gostando nada disso. O que aquela maluca queria afinal?
-... Quer que nós dois o que, Narcisa?
-Que nós a visitemos... Hoje a noite.
Ele levantou uma das sobrancelhas, intrigado, não podia ser só isso.
-Visitá-la para propriamente fazer o que? Blanche, fala logo o que a sua irmã quer, você esta me deixando preocupado.
-Ela quer nós dois... Juntos... Na casa dela...
-Eu já entendi essa parte.
-...Na cama dela, James!
As feições do rapaz diante a tal informação pareciam indecifrável à Narcisa.
Somente após perceber que ela não completaria a frase, com nenhuma nova informação que alterasse a interpretação que havia feito, James balbunicou um quase inaudível “como?”.
Narcisa revirou os olhos.
-Menage a trois... Sabe o que é isso?
Ele sorriu de lado. Claro que ele sabia o que era um Menage a trois.
-Sexo a três, oras... – e então, como se desse conta do que aquilo realmente queria dizer, suas feições voltaram a transparecer a surpresa – Mas ela quer fazer um Menage a trois com você junto?
Narcisa levou as mãos a cintura.
-Por que? Queria ficar sozinho com ela, por acaso?
“Até que não seria má idéia” pensaram seus hormônios ao lembrar da altivez e beleza da chantagista. Mas James achou melhor não expor o comentário em voz alta.
-Não, claro que não, Blanche. Eu só... Bom, só estou achando estranho por que, afinal, vocês são irmãs...
E então, um dos muitos comentários de Sirius sobre a família inundou-lhe a mente “eles são um bando de pervertidos hipócritas, Prongs. Você ficaria surpreso...”.
E, perdido nessas lembranças... No que ele imaginou que poderia haver de tão pervertido na família do amigo; em como a idéia de transar com duas irmãs lhe parecia perversão e, ao mesmo tempo muito excitante... James levantou involuntariamente uma das sobrancelhas, levando a mão ao queixo para coçar a barba que não tinha.
Depois de um longo silencio percebeu que a loira ainda esperava que se pronunciasse mais uma vez. Mas ele já não lembrava sobre o que.
-Que foi?
Ela respirou profundamente.
-Você vai me ajudar com a Bellatrix ou não?
-Claro. – disse de supetão – Afinal fui eu quem lhe causou o problema no fim das contas. Não teria ido até a sua casa se soubesse... Que estava ficando noiva.
Ela sorriu e se aproximou, agachando elegantemente a sua frente.
-Eu sei... – envolveu-lhe o pescoço com os braços – Mas, mesmo com todo o problema que me causou, fiquei feliz que tenha aparecido. – deu-lhe um selinho nos lábios - Nos vemos a noite, então?
Ele acenou concordando e, com um “ploc” Narcisa se foi.
James nem teve tempo para pensar no que acabara de acontecer, na seqüência a saída da sua Blanche a porta da biblioteca se abriu e os cabelos negros de Sirius apareceram.
-Cadê a loirinha? – certamente a Sra. Potter devia ter-lhe dito que a prima estava lá.
-Acabou de sair. – respondeu, deixando o corpo cair no sofá em seguida.
-E então? – Sirius sentou-se no sofá defronte – Qual o preço que a víbora da Bellatrix está pedindo para ficar quieta?
Naturalmente James havia contado sobre seu mais novo problema para o amigo, na noite anterior.
-Como sabe que foi isso que a Narcisa veio falar?
-E seria o que? – Sirius deu de ombros – Ela só se arriscaria vindo aqui por um bom motivo, Prongs, você sabe disso tão bem quanto eu.
-É... Eu sei... – soltou, num sussurro.
Sirius esperou pacientemente que James processasse a informação que recebera e resolvesse falar sobre ela. Conhecia sua família, em especial as mulheres de sua família. E a fama da mais maquiavélica delas a seu ver sempre fora um título merecido.
Exatamente por esse motivo, mesmo sem saber ao certo qual o preço que Bellatrix impusera ao amigo e a Narcisa, Black tinha certeza que o outro precisaria de ajuda.
-Ela... A sua prima... Bom... – era entranho perceber que, logo James, parecia estar sem graça em lhe contar algo.
-Diga de uma vez, homem...
James respirou fundo, apoiou um dos braços na própria perna, avançando com o tronco um pouco para a frente, como que querendo contar algum segredo.
-Sua prima quer fazer sexo comigo...
Sem demonstrar espanto ou surpresa, Sirius questionou.
-Só isso?
-Comigo e com a irmã dela... Juntos.
-Ah, sei... um Menage a trois]...
-Sim. Mas com a irmã dela?
-Prongs, elas provavelmente já fizeram isso.
James arqueou a sobrancelha.
-Você já fez? Transar com um irmão?
Sirius careteou.
-Arg, o Régulos? Não! Por Merlin... Mas, devemos lembrar que eu sou o diferente por lá, não é. Não costumava fazer o mesmo que eles... Tampouco ser incluído nas mesmas diversões. Embora soubesse muito bem o que acontecia... – então deu de ombros – Mas, voltando ao assunto, achei que Bellatrix ia pedir algo mais... Hum... Pervertido...
-Tem algo pior do que isso?
-Você ficaria surpreso com o que a mente de Bellatrix é capaz de produzir... Alias, creio que deva ir com a cabeça bem aberta para, digamos, novas experiências. – sorriu debochado.
James franziu o cenho.
-Como sabe? Você já dormiu com ela?
-Com a Bella? Não... Eu tinha só 15 anos quando fugi de casa, lembra? Não era um alvo interessante na época... Mas a fama da víbora é bastante estimulante. Lembro de uma vez, eu devia ter uns 13 anos, acho... Escutei uma conversa do atual marido dela com um amigo, em uma festa da família... Eles eram namorados na época. – a expressão de Sirius chegava a ser saudosista, James nunca vira aquele sorriso nos lábios do amigo quando ele lembrava dos tempos junto aos Black – Fiquei louco só com a descrição da cena.
James recostou no sofá, sorrindo também.
-Você adoraria a chance de tirar a limpo se a fama dela é verdadeira, não, Padfoot?
Sirius soltou seu tradicional riso, mais parecido com um latido.
-Sim, adoraria. Mas essa chance, meu caro Prongs, apareceu para você, e não para mim. – deu de ombros – Pelo menos em alguma coisa você tinha que me vencer.
-Não necessariamente... – o sorriso debochado de James aumentou – Eu precisava de um tempo sozinho com a Blanche, pulguento. Você podia aparecer por lá também... Para despistar a sua prima.
O amigo o encarou por alguns segundos, surpreso talvez. Então os olhos negros se encheram de malicia.
-É... Podia... – sorriso se alargou ainda mais – Podia mesmo...

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