O Sr. e a Sra. Gowdak



CAPÍTULO 4 - O SR. E A SRA. GOWDAK





Juliah estava junto de seu avô, num carro alugado que era dirigido por um bruxo. Fazia uns vinte minutos que eles haviam saído e a menina estava um tanto sem jeito na presença do pai de sua verdadeira mãe. Ele sorria gentilmente pra ela, mas não tentou puxar conversa, nem enche-la de perguntas, embora morresse de vontade de fazê-los. Após mais alguns minutos, o carro dirigiu-se para um pequena estrada de chão e à medida que avançavam ia diminuindo o número de casas. Quanto Juliah achou que não houvesse mais nenhum vestígio de civilização, o carro passou por uma grande espécie de porteira onde lia-se “Fazenda Gowdak”.

A admiração de Juliah e sua curiosidade aumentavam a cada momento, afinal ela nunca estivera numa fazenda antes. Percebendo o brilho nos olhos da neta o senhor Maxwell Gowdak resolveu falar um pouco.

- Gostando da nossa fazenda?- perguntou o Sr. Gowdak.

- Oh! – disse Juliah voltando a atenção a ele- Sim! É tudo tão diferente da cidade! Eu nunca tinha estado num lugar como esse!

- Acredite querida, ainda há muito mais a se ver, embora eu já tenha me desfeito de muitas coisas!

- Por quê?

- Já estou velho para cuidar de tudo sozinho, só tive uma filha, sua mãe, e realmente ela não tinha dom nenhum para criar animais...

- Que animais tem aqui? – perguntou Juliah e como se, respondendo a sua pergunta, ela começou a ver alguns animais mágicos caminhando despreocupadamente sobre o campo.

- Hipógrifos! – exclamou Juliah encantada com a visão.

Os hipógrifos eram animais que tinham os corpos, as patas traseiras e a cauda de cavalo, mas as pernas dianteiras, as asas e a cabeça de uma forma que lembravam águias gigantescas. Tinham bicos cinza metálico, olhos laranjas e garras (nas patas dianteiras) com cerca de quinze centímetros. Eles são extremamente orgulhosos e só deixam se aproximar quem eles gostam, nunca, nunca mesmo se deve insultar um hipógrifo, pelo menos não se você não quer ser gravemente ferido ou morto, pois eles são muito sensíveis a insultos.

Haviam cerca de vinte desses animais andando livremente sobre a propriedade.

- Eles não são perigosos? – perguntou Juliah na hora de descer.

- Não se preocupe, são todos bem treinados e não lhe farão nada desde que você os respeite.

- É claro! Meu professor de Trato das Criaturas Mágicas, o Hagrid, já me falou muito sobre eles.

- Então acho que você vai gostar muito desse aqui!- disse seu avô apontando para um imponente hipógrifo, com olhar muito orgulhoso, mas nitidamente abatido.

- Esse é o hipógrifo de Hagrid, o Bicuço! Ele resolveu deixá-lo comigo, desde que o Sr. Black foi inocentado e começou a dar aulas em Hogwarts.

- Esse é o Bicuço?- disse Juliah admirada- Hagrid sempre me falou dele, mas eu nunca cheguei a conhecê-lo, ele teve que fugir para não ser morto, ele e o Sirius...

- Sim, eu conheço a história, o Sr. Black vem aqui, sempre que possível, para vê-lo. Hoje mesmo, de manhã cedo, ele esteve aqui...- comentou seu avô, mas foi interrompido por Juliah.

- Tinha alguém com ele? – perguntou a menina ansiosa para ouvir um sim.

- Não! Ele veio sozinho e estava com pressa, assim que ele saiu eu fui lhe buscar.- a menina ficou um pouco desapontada, seu avô não reparou e continuou a falar- Sua avó deve estar lhe esperando, acho melhor entrarmos.



E Juliah e seu avô entraram na pequena casa da fazenda, era uma casinha de madeira, com cinco cômodos, muito simples. Ao entrarem viram uma senhora saindo da cozinha e vindo para onde eles estavam. Era a avó de Juliah, Dora Gowdak, uma mulher, apesar da idade, ainda com traços de imensa beleza. Para surpresa de Juliah, ela não era loira como a menina e sim tinha os cabelos negros, os mais negros que a garota já vira. Ela se dirigiu ao marido e a Juliah com uma cara de completo espanto.

- Por Merlin... Max...Ela é igualzinha...Se eu não soubesse podia dizer que é a nossa Angelita entrando por essa porta. – disse a avó de Juliah, ainda com cara de espanto.

- Oh Dora! O que é isso não vai cumprimentar a nossa neta?- perguntou o Sr. Gowdak.

- Tudo bem!- disse Juliah- Não precisa...

Mas nesse momento parecendo ter saído de um transe, sua avó correu e lhe deu um forte abraço, soluçando tanto, que chegou a assustar a menina. Quando ela se acalmou, voltou a falar com a neta.

- Desculpe-me querida! É que foram tantas coisas que nós passamos e olhando pra você eu me lembro de tudo e...

- Acho que a nossa neta não veio aqui para ouvir histórias tristes! – criticou Maxwell- Acredito que ela já tenha passado por inúmeras delas!

Juliah não fazia idéia do que dizer ou fazer, mas estava se sentindo muito mal por ter renovado lembranças horríveis naquela senhora. Foi seu avô que fez seu animo melhorar.

- Acredito que você queira saber algumas coisas boas! Venha tenho muito o que lhe mostrar!

O senhor Maxwell Gowdak saiu arrastando a neta pela casa, abriu uma porta e eles entraram em um pequeno quarto que parecia muito antigo.

- Esse era o quarto de sua mãe, Dora conservou-o do mesmo jeito que Angelita deixou quando veio pela última vez, sei que o diário dela está com você, talvez ela tenha escrito alguma coisa sobre ele e achei que você ficaria feliz em conhecê-lo!

Juliah não tinha nenhuma lembrança da mãe, na verdade o pouco que conhecia dela era o que estava escrito em seu velho diário, onde a maior parte das lembranças era do tempo em que Angelita estudava em Hogwarts.

- Se por acaso o Senhor quiser o diário de volta, eu posso entregá-lo. -disse Juliah.

- Nunca! Ele é seu por direito e sei que é uma maneira de você ficar mais próxima da sua mãe. E se você tem alguma pergunta – acrescentou o senhor Gowdak ao ver o olhar curioso da garota- sobre sua mãe ficarei feliz em respondê-las.

Juliah abriu um sorriso e fez um interrogatório completo sobre sua mãe. Perguntou desde qual era sua comida preferida até o porquê dela se tornar uma aurora. Seu avô respondia a todas elas, mas era difícil para ele lembrar de sua única filha e de seu trágico destino sem sentir dor.

- Eu li todo o diário dela umas vinte vezes, mas raramente contei alguma coisa dele para alguém, talvez só ao Harry...- disse Juliah perdida em pensamentos como se estivesse falando com ela própria.

- Harry? – perguntou seu avô- Harry Potter? O afilhado de Sirius Black?

- Oh! – disse Juliah corando- É, nós somos...er... colegas em Hogwarts.

- Então você é amiga do Potter! – disse seu avô dando uma risada, Juliah ficou ainda mais vermelha- Sua mãe conhecia a mãe de Harry, embora ela fosse da Corvinal e Lilian da Grifinória, as duas se davam bem.

- Lilian? Lilian Evans era Lilian Potter?- perguntou Juliah se achando uma grande estúpida por não ter se dado conta disso antes.

- Sim! Você não sabia?- perguntou seu avô surpreso- As duas acabaram se conhecendo por possuírem uma melhor amiga em comum: Serena Bauer.

- É, eu li muito sobre Serena e também sobre Lilian, mas nunca havia percebido que ela era a mesma Lilian mãe de Harry.

Nesse instante surge Dora na porta do quarto, olhando com pesar para as coisas da filha.

- O almoço está pronto – disse ela- Já são quase três horas da tarde, acho que vocês estão com fome.

- Sim, sim Dora nós já vamos! – respondeu o Sr. Gowdak, levantando-se e acenando para que Juliah o acompanhasse.



O almoço estava muito bom e se não fosse pelos olhares lacrimejantes da Sra. Gowdak teria sido ainda melhor. Juliah estava impressionada com tudo, seu avô era fantástico e o que soubera de sua mãe fazia com que ela quase a houvesse conhecido.

Quando sua avó, num movimento de varinha, começou a retirar a louça, antes que Juliah fizesse menção de ajudá-la, seu avô a carregou para fora.

- Querida! Acredito que você queira dar uma volta em um hipógrifo aqui, afinal ninguém vem a fazenda Gowdak sem dar uma volta nestes animais!- exclamou Max Gowdak.

- Eu posso?- perguntou Juliah.

- Claro!

- Nossa! Em Hogwarts, na aula de Trato das Criaturas Mágicas, nós vimos hipógrifos, mas desde que aconteceu um acidente com um aluno, Hagrid não deixou mais montá-los!- comentou Juliah.

- Você sabe o que fazer?- questionou seu avô.

- Eu...- disse Juliah tentando se lembrar-... me curvo fazendo uma reverência e se ele se curvar eu me aproximo, faço um carinho nele e monto!

- E, em hipótese alguma, você deve insulta-lo ou se aproximar sem que ele lhe responda a reverência!- completou seu avô.- Agora aqui na fazenda, como eles estão soltos, você deve se aproximar o mínimo possível do local onde eles estão soltos, fazer a reverência e se dirigir ao animal que se curvar!

- Posso tentar com o Bicuço?- perguntou Juliah.

- Pode, mas... devo avisar que desde sua estada com fugitivo, ele não deixou ninguém montar, a não ser o Sr. Black!

Juliah se aproximou, cuidadosamente, de Bicuço, que estava afastado dos outros hipógrifos, e lhe fez a reverência, mas o animal nem se mexeu.

- Não se decepcione querida, ele está assim ultimamente! Vamos procurar outro!- disse seu avô.

Quando Juliah estava começando a sair, inesperadamente, Bicuço dobrou suas patas em uma clara reverência. Com imensa alegria, Juliah foi se aproximando de Bicuço, até alcançá-lo e acariciar-lhe as penas, deixando seu avô boquiaberto. O hipógrifo abaixou-se ainda mais e Juliah montou-o imediatamente o imenso par de asas se abriu e o animal levantou vôo.

A sensação era maravilhosa, em alguns segundos a casa e seu avô tornaram-se apenas pontinhos no chão. Bicuço voou com ela por toda a região, parecia que o animal lia seus pensamentos, pois ele ia aonde ela desejava. Depois de um tempo, que Juliah não fazia idéia de quanto fora, ela desceu e pousou, enquanto o Sr. Gowdak ria alegremente.

- Menina, menina! Você deve ter alguma coisa muito especial, não é mesmo Bicuço?- comentou seu avô de longe, Bicuço balançou a cabeça em sinal de afirmação.

- Ah, Bicuço!- exclamou Juliah já no chão- você foi maravilhoso!

Bicuço se abaixou para que Juliah acaricia-se sua cabeça.

- É, estou vendo que tenho um forte concorrente!- brincou seu avô- Acho que até sua partida, você terá uma grande surpresa, nada que algumas corujas não resolvam...- falou o Sr. Gowdak mais para si mesmo do que para Juliah.

A garota não estava prestando atenção. Ela estava encantada com Bicuço. Como poderia Harry não ter gostado de voar nele? Juliah havia achado esplêndido e esperava que seu avô deixasse ela dar mais uma voltinha antes de sua partida.

*

A atitude da Sra. Gowdak com Juliah melhorou durante os dois dias seguintes (pelo menos ela não chorava mais quando via a menina), embora ainda fosse um relacionamento distante. Já seu avô e Juliah se tornaram grandes amigos. Os próximos dias passaram voando e já estava na hora de voltar para casa.

- Volte quando quiser!- disse sua avó!

- Você se importa de ir sozinha?- perguntou o Sr. Gowdak.- Se você se importar eu vou junto!

- Não, tudo bem! acredito que o motorista ainda saiba o caminho!

- Bem, acho que você terá uma grande surpresa em breve! Quando quiser voltar, mande Lis avisar e alguém irá buscá-la! Agora venha cá e me dê um abraço!

Juliah abraçou fortemente seu avô.

- Vou sentir saudades! Adorei tudo e assim que possível eu volto!- disse Juliah- Até mais!

- Até mais!- responderam seus avós.



Juliah embarcou no carro alugado e deixou pra trás seus avós, os hipógrifos, a fazenda. Realmente tinha sido muito bom e apesar da saudade da sua casa e do Harry ela ainda desejava ficar. Mas a vontade de rever quem amava foi ficando mais forte durante o caminho, afinal ela estava há três dias longe, sem nenhuma notícia...




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