Acidente Oportuno






-Tragam álcool pra fazê-la cheirar!
-Coloca as pernas dela sobre um travesseiro. Ajuda no fluxo sanguíneo!
-O que vai ajudar é vocês saírem de cima dela! Deixem-na respirar, abram espaço!
Gina ouvia aquela confusão toda sem entender. Parecia que seu cérebro estava sendo ligado lentamente. Tentou abrir os olhos e a quantidade de rostos que tinha a sua volta quase a fez desmaiar de novo.
-Ela tá acordando. Saiam de cima dela! – reconheceu aquela voz como sendo de Fred. Aos poucos, a imagem do rosto do irmão se tornou nítida a sua frente – Gina, pode me ouvir?
Balançou a cabeça afirmativamente e percebeu quem mais estava ali: Fred, acompanhado da esposa, Angelina, seus pais e todos os irmãos (devidamente acompanhados de namoradas ou esposas), Narcisa Malfoy, Harry, Pansy, Luna e Blaise.
-Está melhor, querida? – perguntou a mãe, naquele tom preocupado que só uma mãe sabe fazer.
-Estou. O que aconteceu?
-Você desmaiou quando soube que ia casar. – explicou Ron – Eu disse que essa era uma idéia idiota. Só podia ter saído da cabeça do Malfoy. – resmungou o ruivo, recebendo uma cotovelada de Hermione.
Gina sentou-se na cama e massageou as têmporas. Aos poucos, lembrou-se do que tinha acontecido: festa, black-tie, ... Casamento!

~*~

-Ah, o que eu fiz? Que estupidez armar casamento-suspresa! Que tipo de imbecil tem uma idéia dessas??
Draco se penalizava pelo que acontecera. Chegou a sentir o coração parar quando a viu desmaiando. Mas que depressa, tratou de guiar o pai dela (que a trazia nos braços) até um quarto, para que a ruiva repousasse.
Apoiou as costas na parede do corredor próximo ao quarto, e deixou-se cair lentamente, até sentar no chão. Uma pessoa desavisada ralharia com ele por estar amassando aquele fraque caríssimo, mas Draco não se importava.
-Aposto que quando ela acordar, não vai querer me olhar na cara! Casar comigo, então... Acho mais fácil que aceite um elfo doméstico como marido. – começou a bater a testa nos punhos fechados, gradativamente mais forte, até que sentiu uma mão detendo-o pela testa.
-O que você tá fazendo?
-Sou um imbecil, Blaise. Aposto que ela não entendeu nada, eu mal dei lhe atenção desde que voltamos e, de repente, TCHA-RAM, ela se vê no próprio casamento. Quando tiver se recuperado o suficiente, garanto que a Gina vai aparatar daqui pra nunca mais voltar...
-Ela quer te ver. – disse o amigo, simplesmente.
Draco ergueu-se tão rapidamente que pareceu um raio. Caminhou até a porta do quarto, mas não entrou. De repente, não sabia o que dizer. Sabia que tinha que se desculpar por não ter contado e por tê-la feito desmaiar, sabia que tinha que dizer que a amava e que não queria perdê-la. Mas não sabia como. Talvez palavras não fossem o bastante. Fora por isso que resolvera fazer um casamento-surpresa, queria demonstrar com um gesto o que sentia. “Talvez eu devesse ter ficado com um anel e um ‘eu te amo’”, pensou.
-Podem nos deixar sozinhos? – pediu a ruiva e todos atenderam. Draco não se intimidou com o olhar que recebeu de Rony, os outros demonstraram mais apoio, dando tapinhas amigáveis em seu ombro.
O louro adentrou o quarto, fechou a porta e se apoiou nela. Os dois ficaram se encarando, as expressões indecifráveis.
-Não tem nada pra me dizer? – começou a ruiva. Ele meramente deu de ombros, como uma criança culpada levando uma reprimenda – Vem aqui, Draco Malfoy.
-Não precisa falar nesse tom.
-Estou tentando te fazer reagir. Está apático!
-Me desculpe, esse casamento foi uma idéia estúpida, assim como enganar você e mandar todo mundo fazer o mesmo! – ele passou as mãos no rosto. Estava visivelmente frustrado.
Draco continuou mal-dizendo seu gesto e Gina meramente o encarava, esperando que terminasse de se dizer arrependido, mas o louro não demonstrava que pararia tão cedo. A ruiva pôs-se a analisar as próprias unhas, balançando os pés. “Esse blá, blá, blá vai me fazer desmaiar outra vez...”, pensava a ruiva.

~*~

-Ai, Rony, tá pisando no meu pé!
-Então me dá espaço! Eu também quero ouvir.
-Calem a boca ou vão nos escutar!
Harry, Ron e Blaise se acotovelavam na frente da porta, tentando escutar a conversa.
-Tem certeza que o Fred e o Jorge não tem nenhuma Orelha Extensível perdida pelos bolsos? – perguntou Harry.
-Ah, duvido. Angelina confiscou tudo o que tinha na casa do Fred e Katie levou tudo da casa do Jorge.
-Desvantagens do casamento... – opinou Blaise.
-Mas o quê vocês estão fazendo aí?? – perguntou Hermione naquele tom de Minerva McGonnagall que ela sabia fazer tão bem.
-Que coisa feia, Blaise Zabini! – ralhou Luna.
-Dá pra escutar? – perguntou Pansy.
-Pansy! – brigaram as outras duas.
-Ah, vão dizer que vocês não querem saber...
Resumo: seis adultos agindo como crianças, apertando-se à frente da porta.

~*~

Draco ainda estava naquela torrente verbal interminável. Gina perdera o fio da meada e nem sabia mais exatamente pelo quê ele estava se desculpando. “Se continuar assim, ele vai se culpar pelo aquecimento global, destruição da floresta tropical e extinção das espécies!”
-Draco, peloamordeMerlin, cala a boca! Não agüento escutar mais uma palavra de você!
O homem se calou de imediato e arregalou os olhos. Sentiu que aquele era o fim, ela iria terminar tudo e sem volta! Não podia perdê-la, ela era a mulher da sua vida!
-Gina, eu sei o que vai dizer. Mas eu te amo, foi horrível ter ignorado você todos esses dias, mas foi por causa do casamento. Eu queria fazer uma coisa especial... – ele baixou a cabeça – Eu só queria que você dissesse ‘sim’.
A ruiva sentiu o coração transbordar de alegria. Sabia que dificilmente veria uma cena como aquela outra vez: Draco Malfoy agindo com tanta humildade.
-Como eu posso responder ‘sim’ se você não me fez nenhuma pergunta? – indagou, num tom suave. Viu-o erguer os olhos cautelosamente e arquear as sobrancelhas – Peça, Draco.
Ele deu aquele sorrisinho meio irritante de canto de boca e se aproximou dela. Estendendo a mão, ajudou-a a se levantar e ficou de joelhos. Segurou uma das mãos delicadas e a pediu.
-Virgínia Weasley, aceita se casar comigo?
Ela demorou alguns segundos pra responder, mas foi o suficiente para fazer o noivo duvidar.
-É claro que aceito. Mas acho que está faltando alguma coisa.
O louro tateou os bolsos do fraque procurando a aliança, mas não a encontrou.
-Não estou com o anel. – disse, meio preocupado – Onde será que eu deixei?...
-Não está com o padrinho? – sugeriu Gina – caminhando até a porta e abrindo-a de uma vez.
Os três homens apoiados caíram dentro do quarto e as mulheres caíram sobre eles, soltando exclamações de susto. Blaise, mais à esquerda, ergueu o braço e em sua mão encontrava-se a caixinha da aliança.
-Tá aqui o anel. – disse, com voz abafada, pois seu rosto estava pressionado contra o chão. Levantou um pouco a cabeça. – Mas só pode colocar depois que o padre falar.
-Então, pra quê deixá-lo esperando? – disse a ruiva – Levantem, isso é jeito de padrinhos e convidados se comportarem? – brincou com os amigos, que se levantavam reclamando contra echarpes que se enrolavam nos braços e saltos finos demais...

~*~

Meia hora depois, todos se encontravam no jardim, aguardando a entrada da noiva. A marcha nupcial começou a tocar e o coração de Draco parecia bater no ritmo das notas. Viu a sobrinha da ruiva, Liah, filha de Fred e Angelina entrando com uma cestinha de pétalas de flores e um grande sorriso no rosto. Lucas, filho do outro gêmeo entrou como pajem. A expressão aborrecida do menino o fez sorrir. Pouco depois, Gina, de braço dado com o pai, surgiu. “É a mulher mais linda do mundo...”
O padre os cumprimentou e iniciou a cerimônia. Draco se esforçava para ouvir as palavras do sacerdote, mas Gina estava tão bonita que ele se distraía olhando pra ela.
-Os noivos prepararam seus próprios votos. – anunciou o religioso. Draco não escutou e levou um cutucão do homem – Seus votos, senhor Malfoy.
-Ah, sim. – enquanto os convidados abafavam risadinhas e Narcisa meneava levemente a cabeça, o louro procurou o papel com os votos nos bolsos – A primeira vez em que eu te vi, eu sabia que só poderia te amar ou te odiar. Por que você sempre soube exatamente o que dizer e fazer pra me deixar irritado. E não perdia uma oportunidade de fazer isso. – os convidados riram levemente – Mas com o tempo, eu comecei a gostar das suas provocações e passei a respondê-las de maneira menos agressiva. Quando começamos a trabalhar juntos, eu percebi que era minha chance de conquistar você. – fez uma pausa – Consegui, né? – os convidados riram mais – Eu amo você, Weasley. Quero ficar com você pra sempre. – concluiu o louro, encarando os olhos marejados de Gina.
-Agora, vamos ouvir as palavras da noiva.
-Ah, mas eu não...
-Calma, eu cuidei de tudo. – disse o louro, entregando-lhe um papelzinho. A ruiva leu em voz alta, num tom meio inexpressivo.
-“Ai, meu Merlin! Eu sou uma mulher de muita sorte porque esse homem é um deus. Eu realmente tenho muita, muita, muita, muita, muita sorte mesmo.” – encarou o noivo – Draco Malfoy! – ralhou – Não, eu vou dizer algumas palavras além dessas. Serei breve. – encarou o noivo – Eu também quero ficar com você pra sempre, e não por que você “acha” que é um deus, - o louro riu – e sim, por ser meu amigo, companheiro, amante... Quero ficar com você porque eu te amo, Draco Malfoy. – a ruiva não conseguiu mais falar, sua voz embargada demonstrava toda a emoção que sentia. Secou os olhos delicadamente. O padre percebeu que ela terminara e deu a benção.
-Eu vos declaro marido e mulher. – virou-se para o louro – Pode beijar a noiva.
E que beijo! Abraçaram-se com força e se beijaram longamente. Blaise puxou as palmas, os gêmeos assoviaram. O padre pigarreou para trazer os noivos de volta e eles se soltaram, embaraçados. Receberam os cumprimentos dos parentes e amigos.
Cerca de 40 minutos depois, Gina decidiu lançar o buquê. As moças solteiras se posicionaram e a ruiva atirou o objeto para o alto. Pansy meramente olhou para cima, vinha na sua direção, ela só precisaria estender as mãos, mas antes que fizesse isso foi empurrada pra frente. As mais desesperadas tentavam pular ou ficar na ponta dos pés, mas o buquê sobrou pra Hermione, que estava até meio afastada das outras moças.
Draco aproximou-se da noiva e cochichou em seu ouvido:
-E agora, pra lua-de-mel. – e desaparatou com a noiva no meio dos convidados.
Chegaram a um castelo belíssimo, no meio de uma enorme pradaria de grama verde e brilhante.
-Onde estamos?
-Escócia, Castelo de Hedwig.
-Você é dono daqui?
-Não, pertence a um tio meu.
-E por que me trouxe pra cá? – a moça o abraçou pelo pescoço, beijando-o levemente nos lábios.
-Pra mostrar que você é minha rainha... – trocaram um beijo cheio de paixão e deixaram que o desejo falasse mais alto (N/a: frase meio brega, eu sei).



~*~*~*~*~


Manchete do Profeta Diário:



Um homem de óculos escuros e um casaco de couro lia a notícia de capa do Profeta. Sorriu ante a insinuação de que todos os ocupantes do ônibus poderiam estar mortos.
-Eu sobrevivi. – começou a andar em direção a um prédio feio, numa área menos privilegiada de Londres. Entrou e subiu as escadas. Dirigiu-se a um quarto pequeno, que só tinha uma cama de solteiro e um criado-mudo. As paredes eram descascadas e, espalhadas sobre a cama, estavam algumas roupas que conseguira pegar em seu apartamento.
Retirou os óculos e encarou o espelho. Seu rosto apresentava marcas do acidente: hematomas e alguns cortes. Os ferimentos mais graves eram nas pernas, pois estavam presas ao chão do ônibus por correntes que ele conseguira quebrar depois de fazer muito esforço. Não pudera usar magia, pois os prisioneiros usavam um bloqueador dos poderes preso ao pulso que só era retirado em Azkaban.
-Nada disso adiantou. Destruíram minha casa, mataram minha irmã e me humilharam, mas eu estou aqui, pronto pra próxima rodada. Só que dessa vez, vou sair vencedor. Só preciso escolher em qual deles me vingar. – olhou para o jornal, que tinha uma pequena nota anunciando que os aurores que tinham sido mandados à China receberiam medalhas de mérito. O homem tocou na foto de um deles e disse: - Acho que vai ser você... Vou adorar matar você! – finalizou Li Chang, com um expressão insana no rosto, furando lentamente a foto.



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N/a: *olha cautelosamente e reconhece expressões de ódio mortal* Oi gente. Gostaram da surpresinha? *abaixa em estilo bullet-time Matrix pra fugir de uma Imperdoável* Odiaram? Ah, mais pensem bem. Eu tinha que fazer o Li ressurgir das cinzas. Todo filme de ação tem o retorno do vilão no final.
Quem será a vítima da vingança do psicótico Li Chang?
Só lendo pra descobrir!
Bjo!!


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