Bellatrix Lestrange



No jantar, Laura procurou por ele, mas não o encontrou. Já estava acostumada. Raras eram as vezes em que ele ia jantar no Salão Principal. Decidiu que não o procuraria. Se ele quisesse realmente alguma coisa com ela, iria procura-la. Mas não foi o que aconteceu. Dormiu com um estranho sonho em sua mente. Uma mulher de cabelos longos e negros, que gritava e segurava uma placa de Azkaban. Não era exatamente bonita, mas tinha sua beleza. Beleza essa, que parecia ter sido tomada por algo, talvez Azkaban. Laura acordou no meio da noite com suor escorrendo por seu rosto. Não sabia quem era aquela mulher. Havia sido só um sonho? Ou um aviso? Ah, que Merlin a ajudasse. Sua vida estava bagunçada. Já não sabia o que fazer. Mas...quem seria aquela mulher...? E tinha também o Karkaroff...Ah céus... Ficou acordada até a manhã do dia seguinte. Quando as meninas acordaram, ela já estava pronta e com olheiras pouco visíveis. Vic foi a única que notou que havia algo de estranho com a amiga. Enquanto andavam em direção ao Grande Salão, Vic, disfarçadamente, pegou Laura pelo braço e esperou que os outros fossem na frente.
-Lau, o que houve?-Estavam frente a frente. Vic falou preocupada com amiga.
-Não houve nada.-Laura estava atordoada e nem se preocupou em esconder.
-Nem vem com essa. Eu ouvi muito bem você de noite. Você estava tento um pesadelo, não estava?-Laura a olhou e afirmou.-Com o que?
-Eu...ah...eu não sei...havia uma mulher. Mas eu não sei quem é. E também tinha o Karkaroff...Eu não sei exatamente o que estava acontecendo...Ela estava com a placa de Azkaban, ele chegava por trás com a varinha e a ameaçava. Daí, um outro homem, também com a placa de Azkaban chegava e a puxava. Os dois iam embora e o Karkaroff ficava sozinho. Mas tinha mais alguém, alguém encoberto pelas sombras e quando se aproximava, eu acordei. Não pude ver o seu rosto. Só sei que estava todo de preto.
-Mas e a mulher?-Vic perguntou enquanto voltavam a andar.
-Não sei. Mas acho que era a Lestrange...-Falou mais baixo ao ver que Neville passava por elas. Vic arregalou os olhos.-...Parecia muito com a descrição que o Neville fez...
-Mas o que a Bellatrix Lestrange estava fazendo no seu sonho?
-Eu sei lá...o que eu quero saber é o que o Karkaroff estava fazendo lá...Oops...esquece... Vamos pro salão antes que os outros desconfiem de alguma coisa.-Vic Confirmou com a cabeça e foram para a mesa da Grifinória. Mas não puderam conversar mais sobre aquilo...No meio do café, Simas explodiu um copo de suco de abóbora, que “por coincidência” foi na direção da mesa da Sonserina. Os cabelos loiros de Draco Malfoy ficaram laranja, da cor do suco. Grifinória, Corvinal e Lufa-lufa não se agüentaram e caíram na gargalhada, e inclusive, alguns professores que estavam na mesa também. Malfoy saiu irritadíssimo do salão. Enfim, Laura riu um pouco. Depois das aulas de herbologia, aritmância, transfiguração e DCAT, finalmente havia chegado a hora da aula de poções, a última do dia. Laura tremia dos pés à cabeça quando entrou na sala. Snape já estava lá, escrevia algo em seu pergaminho. Quando Laura se sentou, ele levantou seus olhos e os olhares se cruzaram. Ele ergueu levemente um canto do lábio, para que só ela percebesse, mas Carrie, que estava do lado da amiga, também notou, apenas não comentou. A aula transcorreu bem. De vez em quando, Snape chegava por trás de Laura para olhar sua poção e lançava-lhe olhares que ela bem conhecia. Tudo o que a menina fazia, era corar e abaixar a cabeça. Quando a aula acabou, Snape pediu uma amostra da poção de cada um, Laura foi uma das últimas pessoas a entregar. Assim que entregou a poção, ele pediu que esperasse. Ela parou frente à mesa dele, os amigos, em expectativa, pararam na porta. Snape pegou um envelope na gaveta e entregou a menina. Suas mãos se encontraram e o corpo de Laura recebeu uma descarga elétrica com o toque. Ele disse:
-Parabéns, Baglioni! O Ministério de Poções aceitou a sua idéia e ela vai ser usada.- Um sorriso se abriu no rosto da garota. Mas ele não podia deixar que desconfiassem de nada, então, ele mandou que fossem embora, porque já estava na hora do jantar. Laura foi, mas não antes de receber um discreto sorriso. Depois do jantar, as meninas foram para o dormitório e adormeceram. Contudo, aquele sonho atormentava Laura novamente. Ela acordou. Não conseguiria dormir de novo. Foi para a janela e viu dois raios na direção da Floresta Negra. Um era vermelho e o outro, azul. Alarmou-se. Resolveu não acordar ninguém. Mas viu uma figura conhecida saindo de lá. “Igor Karkaroff” Decidiu. Pegou a capa e andou pelo castelo, na direção da floresta. Karkaroff pareceu bem ferido, aliás, estava se arrastando no chão. O que será que havia acontecido? Tomou fôlego e entrou na floresta. A varinha na mão. Escutou um gemido de dor vindo da direita. Seguiu com a varinha acesa até o meio da floresta. Parou de susto com o que viu: Uma mulher toda de negro, ferida e caída, estava recostada numa das grandes árvores. Correu até ela para ajudar, mas logo a estranha estava com a varinha na mão pra se defender de qualquer coisa. Laura levantou as mãos, não conseguia ver o rosto da mulher, aliás, só sabia que era mulher pelo cabelo.
-Calma. Eu não vim fazer mal. Só quero ajudar...-Mas logo foi cortada.
-Não quero a sua ajuda. Vá embora antes que eu te faça alguma coisa.-A voz era forte, mas nem por isso, amedrontava Laura. Ela se aproximou, ajoelhou-se ao lado esquerdo da mulher e se surpreendeu ao ver que era a mesma mulher do seu sonho. Uma varinha pôs-se ao seu pescoço ferozmente.-Você é surda ou o que, hein garota? Eu já disse que não preciso da sua ajuda...
-Mas você está ferida.-Laura olhou o para o corte no colo dela, e logo percebeu que o braço direito e a perna também sangravam. Quando a desconhecida ia se pronunciar, a garota falou firme.-Não adianta você pestanejar. Eu vou te ajudar e ponto final. Na verdade, você deveria ir para a enfermaria, mas Karkaroff está na escola...
-Como você sabe do Karkaroff?-O rosto sério dela agora estava preocupado. Mas ainda mantinha a varinha no pescoço da garota.
-Eu estava na torre quando vi os raios e o Karkaroff saindo ferido da floresta. Agi por impulso e te encontrei. Você está bem? Está perdendo muito sangue... Deixe-me ajuda-la.- Pediu. A mulher deu um riso debochado.
-E porque uma Grifinória ajudaria uma sonserina? Ainda mais uma Comensal da Morte procurada pelo mundo todo?- Laura abriu a boca e a mulher entendeu que ela ainda não a tinha reconhecido.
-Você é Bellatrix Lestrange?- Laura queria saber.
-Sim.- Bellatrix libertou a menina da varinha.- Mas essa não foi minha pergunta. Porque você quer me ajudar? Não tem medo?
-E porque eu não te ajudaria. Você nunca me fez nada. E não, eu não tenho medo.- O rosto de Bellatrix se tornou surpreso.-Meu nome é Laura. Laura Baglioni. Você está muito ferida. Posso?-Perguntou olhando para o colo. A mulher disse um sim muito baixinho. Laura, então, pôs-se a trabalhar. Acendeu uma fogueira. Fez aparecer uma bacia com água quente e panos limpos. Chegou perto da mulher. Cuidadosamente, tirou as mechas que cobriam seu rosto e os pôs para trás. Pôde ver como ela era bonita. E como se parecia com ela mesma. Podia-se dizer que era uma caricatura de Laura daqui a alguns anos. Com muito mais cuidado, Laura rasgou a parte de cima do vestido. Uma careta de dor se formou no rosto da mais velha. Tinha muito sangue. Laura pegou os panos e limpou muito devagar. Depois, murmurou um feitiço que o professor Flitwick havia ensinado uma semana antes das férias. Em questão de dois minutos, o corte estava totalmente fechado. Fez o mesmo com a perna e o braço. Bellatrix estava surpresa com a habilidade da menina.
-Quantos anos você tem?-Já estava sentada com mais jeito.
-14. Porque?
-Por nada. É que você é bem habilidosa para uma Grifinória Quartanista.
-Isso foi um elogio?-Ela sorriu, mas a mulher só deu de ombros.
-Pode ser...
-Vou tomar isso como um sim...
-Tome como quiser...Mas...você disse que viu Karkaroff saindo daqui ferido. Como ele estava?-Tinha uma sobrancelha erguida.
-Muito ferido. Ele nem tinha forças pra andar.-Ela viu um sorriso mal no rosto da mulher.
-Foi muito bem feito. Aquele covarde...Me feriu, mas eu o feri mais ainda.
-Vocês duelaram?
-Você é bem curiosa, hein?-Pela primeira vez na noite, Bellatrix sorriu.
-É o que todos dizem...
-Sim, nós duelamos. Aquele idiota... Depois de 22 anos, ele não se garante...
-Hã?-Ela não entendeu.
-Escuta aqui. Se você contar isso pra alguém, eu não vou pensar duas vezes. Vou desmentir e ainda te faço ficar louca.-Laura arregalou os olhos e afirmou.- Tudo bem...
O Karkaroff ainda não superou que ha muitos anos atrás, o “amorzinho” dele tenha se apaixonado por mim. E acredite, mesmo depois de ter me casado, o desgraçado ainda me persegue.
-Não...espera...eu não entendi uma coisinha. O Karkaroff é casado? E a esposa dele se apaixonou por você?-Laura estava confusa.
-Não. O Igor não é casado, tem um caso. E não foi a esposa, foi o namorado dele.
-O Karkaroff é...-Ela arregalou os olhos...
-Homossexual? É!-Falou calmamente, como se estivesse falando a coisa mais normal do mundo.
-Espera. Você é casada e estava presa...-Não foi uma pergunta. Agora tudo fazia sentido. Lágrimas vieram à superfície de seus olhos e a mulher se espantou.
-O que foi?
-Você foi a paixão do professor Snape...
-Como você sabe disso?
-Ele me contou.-Agora, uma lágrima solitária escorria por seu rosto.
-Ah, não...você está apaixonada por ele...-Ela afirmou e mais lágrimas escorriam.-Foge
disso enquanto ha tempo. Por mais que o Severus não admita que não o ame, é melhor você não se iludir. Karkaroff é louco e não mede as conseqüências... Pode ver pelo que aconteceu hoje.- Laura só afirmou e baixou a cabeça...Movida por instinto, Bellatrix abraçou a menina.E sussurrou.-Um dia...um dia quem sabe...um dia ele vai se libertar...
...Depois de se despedir de Bella, descobriu que ela não era o monstro que diziam...
...Já se passavam das duas da manhã e Laura ainda vagava pelos jardins da escola, não se importava que as lágrimas escorressem abundantemente por seu rosto. Sentou-se na mesma árvore em que havia conversado com ele pela primeira vez. Mas porque ele não havia falado sobre isso com ela? Resolveu que iria esperar. Se ele confiasse nela, algum dia, diria... Lembrou-se então da tristeza que viu nos olhos de Bellatrix. “Ela já passou por tudo isso...como sofreu...” A história se repetia. Então, uma pergunta veio à mente da menina: “Porquê?” Ela se sentia traída, não pelo fato dele ser o que era, mas ele havia escondido tudo. Será que tudo o que ele havia lhe contado era mentira? Resolveu não pensar mais nisso...Ficou olhando a lua, o céu estrelado, então alguém se sentou do lado dela, que até então não havia percebido que estava morrendo de frio. Ela fingiu que não notou que ele havia chegado. E ficaram olhando para a lua. Ele a puxou e a abraçou. Ela encostou a cabeça no peito dele e assim, no silêncio do momento, deixou que mais lágrimas escorressem...

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