Capítulo 9



CAPÍTULO 9:

Ouviu a campainha soar, por segundos ficou passando as mãos no cabelo, andando de um lado para o outro, estava nervoso. Olhou ao seu redor, será que eles iam gostar? Hermione foi de grande ajuda na decoração da casa, se dependesse dele o lugar estaria parecendo um pardieiro, palavras da amiga. Mais uma vez ouviu o som estridente, era melhor atender. Se dirigiu a porta e a abriu, encontrando parados a sua frente Ginny e Mathew.

Depois de um mês de insistência, a ruiva finalmente conseguiu convencer o menino a fazer uma visita ao pai. Hoje era o dia, Harry fizera questão de saber os pratos que o filho mais gostava para poder aprende-los e cozinha-los especialmente para o almoço do garoto.

-Olá, Matt! – apesar do nervosismo, conseguiu transparecer entusiasmo na voz.

-Oi – o menino parecia levemente emburrado, tinha os braços cruzados e a sobrancelha franzida, não olhou para Harry quando o cumprimentou.

O moreno desviou os olhos do filho e encarou Ginny.

-Como vai Ginny? – ele mesmo podia responder por ela, ela estava ótima, linda como sempre, mas esperou a resposta da ruiva.

-Muito bem, obrigada – respondeu a moça de maneira cortês.

-Entrem – se deslocou um pouco para o lado dando passagem aos visitantes.

Ginny entrou segurando a mão do filho, que parecia levemente interessado na casa. Agarrando-se a essa idéia Harry convidou:

-Vamos! Vou mostrar a casa a vocês! – indicou que ambos passassem a sua frente – Tenho uma surpresa para você lá encima Matt! – disse tentando chamar a atenção do menino, mas este pareceu não se abalar com a informação, Ginny lhe lançou um olhar repreendedor, se aproximou e sussurrou em seu ouvido:

-Achei que tivéssemos concordado que você não iria tentar comprá-lo Harry? – o tom era raivoso.

-Calma, sei o que combinamos – tentou tranqüilizar a ruiva.

-Espero que sim!

Mostrou todos os ambientes do andar térreo, a aconchegante sala de estar; a bela sala de jantar, com a mesa já posta para o almoço; uma pequena biblioteca que também funcionava como escritório, cheia de livros, os quais Harry disse ter adquirido durante a sua viagem; e uma ampla cozinha, além do lavabo. Quando chegaram ao quintal, Harry percebeu que Matt abrira um pouco a boca ao avistar a piscina, mas logo o menino voltou à sua expressão indiferente.

Voltaram ao interior da casa e foram ao andar superior. Harry mostrou os dois quartos de hóspede que ficavam do lado direito do corredor, depois mostrou o seu, o primeiro a esquerda. Ao chegarem a porta ao lado do quarto de Harry, o moreno não a abriu de imediato como fez com as outras, olhou para Matt e disse:

-Espero que goste. Sua madrinha me ajudou a escolher praticamente tudo nessa casa, mas tudo nesse quarto fui eu mesmo que escolhi.

Abriu a porta, um belo cômodo se revelou a frente deles. As paredes eram de um tom azul; uma faixa com estampa de jogadores de quadribol em movimento, a meia altura, percorria as quatro paredes; no centro do quarto, uma cama, encoberta com lençóis e cobertas de azul mais claro, com estampas de pomos-de-ouro, parecia muito fofa e confortável; um conjunto de prateleiras encimava a escrivaninha e estava abarrotado de papéis, lápis e tintas; pelo chão estavam espalhados alguns brinquedos; uma cortina barrava a luz que entrava pela ampla janela que dava vista para o quintal.

-E aí, Matt? Gostou? – Harry perguntou ansioso, o menino olhava o quarto com uma mão encostada no portal e só tinha posto a cabeça para dentro do ambiente.

-Prefiro o quarto que tenho na Toca – Matt respondeu sem emoção, Harry deixou os ombros caírem devido ao desânimo causado pela resposta do menino, que ainda acrescentou – Mamãe, podemos ir embora agora?

-Não, Matt. Nós viemos para almoçar, não foi isso que combinamos? – a ruiva estava comovida com a expressão desalentada no rosto de Harry.

-Foi sim, mamãe – respondeu o menino, desanimado.

-Então, é isso que faremos – virou-se para Harry e disse – Já podemos almoçar, Harry?

-Claro. Está tudo pronto – respondeu mais desanimado que o filho.

Os três desceram a escada e se encaminharam a sala de jantar. Harry afastou a cadeira para que Ginny se sentasse, ela lhe agradeceu, se aproximou de Matt para fazer a mesma coisa, mas o menino o impediu:

-Sei fazer sozinho – afastou a pesada cadeira com certa dificuldade, mas enfim conseguiu se sentar.

Avisando que iria até a cozinha para pegar as travessas de comida, Harry saiu da sala. Já na cozinha, com os braços esticados, se apoiou no balcão que ocupava o centro do local, e abaixou a cabeça, respirou fundo algumas vezes, como que para recuperar as forças, e se pôs organizar o que seria levado para a mesa. Por estar demasiado nervoso, deixou que duas travessas caíssem e se quebrassem no chão. Após soltar algumas imprecações em voz baixa, pegou a varinha do bolso da calça e desfez o estrago.

-Precisa de ajuda? – Ginny acabara de entrar na cozinha.

-Não, obrigado, já resolvi o problema – estava sem graça pela sua falta de jeito.

A ruiva se aproximou dele e numa voz tranquila lhe disse:

-Se acalme, pode demorar um pouco, mas tudo vai dar certo. Matt só está assustado e se defende com o orgulho que tem.

-Todos me dizem isso... que tudo vai dar certo – estava cansado.

-Mas é verdade, tudo sempre dá certo pra você no fim das contas – disse com simplicidade.

-Bem, eu discordo. Não acho que possa dizer que TUDO deu certo, afinal não tenho meus pais, Sirius e Dumbledore aqui comigo – devolveu com tranqüilidade, apesar de não deixar de sentir o conhecido aperto no peito ao pensar neles.

-Me desculpe, fui indelicada – percebeu que a ruiva ficou sem graça.

-Tudo bem, não se preocupe – acrescentou rápido para eliminar o constrangimento da moça – Vamos, já vou servir o almoço – com um movimento de varinha fez com que as travessas flutuassem e voltou à sala de jantar, seguido por Ginny, onde Matt os aguardava.

O menino não se abalou com o fato de todos os pratos postos a sua frente, serem os seus preferidos, passou todo o almoço calado por mais que Harry, auxiliado por Ginny, tentasse chamar sua atenção com algum assunto que o agradasse. Quando perguntava alguma coisa, Matt o respondia monossilabicamente e se contava alguma estória de suas viagens, o menino não mostrava o mínimo interesse.

Desistiu de tentar, os três passaram o restante do almoço em silêncio. Harry tinha perdido completamente o apetite, a atitude do filho o entristecia, queria tanto que ele voltasse a tratá-lo como quando não sabia que ele era seu pai, amaldiçoou sua impulsividade, talvez se tivesse abordado Matt de outra forma, diferente do que fez na Toca, o garoto o aceitasse melhor.

Por insistência de Ginny, Mathew terminou de comer o que tinha sido servido em seu prato, mas assim que o fez, se voltou para a mãe:

-Mamãe! Já terminei – mostrou o prato vazio – Podemos ir agora?

A pressa que o menino mostrava em deixar a casa, abateu ainda mais Harry.

-Matt não é nada educado sairmos da casa de alguém com essa pressa toda. Com certeza Harry preparou uma sobremesa, não é Harry? – a ruiva encarou o moreno a espera de uma resposta.

-Claro – estava profundamente agradecido pela disposição de Ginny em ajudá-lo – Torta de caramelo, você gosta Matt? – tentou mais uma vez.

-Não muito – disse o garoto sem encarar o pai e encolhendo os ombros.

-Ora, Matt – ouviu a voz da ruiva dizer – Esse é seu doce preferido.

-É que eu só gosto da torta que você e vovó fazem para mim – Harry deu um leve sorriso, o rosto do filho estava levemente vermelho, provavelmente pelo fato da mãe ter acabado de “desmascará-lo”.

-Pode ser que você goste da que seu pai fez, experimente um pedaço – insistiu Ginny. Harry sorriu ao ouvir o nome pelo qual ela o tratou.

-Não quero sobremesa, mamãe. Quero voltar para casa, estou cansado – disse lamurioso, enquanto cruzava os braços e fazia bico com os lábios.

-Mathew James! Não seja mal educado, experimente a torta que seu pai fez para você – a ruiva estava irritada com a birra do filho.

-Não quero! – devolveu o garoto, emburrado.

-Mathew... – a bronca foi interrompida.

-Tudo bem, Ginny. Ele não precisa comer aqui, podem levar a torta para a Toca, eu não me importo – é claro que se importava, mas não queria chatear o filho.

Ginny lhe lançou um olhar fulminante antes de voltar a se dirigir ao filho:

-Mathew, agradeça ao seu pai pelo almoço – Harry viu que o rosto da ruiva estava tingido de vermelho, não entendeu o motivo da raiva que ela demonstrava – e vá me esperar na entrada.

-Muito obrigado pelo almoço Sr. Potter – disse em tom monótono.

-Foi um prazer prepará-lo para você, espero que tenha gostado... – sem conseguir se refrear acrescentou – ...Mas pode me chamar de Harry ou se quiser... – queria tanto ouvi-lo chamá-lo assim - ...quando estiver mais acostumado com a idéia, pode me chamar de... pai.

-Uhum, tchau – saiu em disparada para pegar o casaco que Harry tinha colocado no armário no hall de entrada, e ali ficou esperando a mãe.

Harry se virou para Ginny e disse:

-Muito obrigado por ter vindo e pela ajuda que me deu – enquanto falava, franzia as sobrancelhas gradativamente, estava se concentrando para entender a raiva impressa no rosto da moça – Algo errado? – resolveu perguntar.

-Claro que sim – disse de forma ríspida – Não percebeu que me desautorizou na frente de Matt?

-Ahn? – estava confuso – Não me lembro de ter feito nada parecido.

-Ora, Harry. Você me interrompeu quando eu estava o corrigindo, e disse justamente o contrário do que eu falava.

-Mas foi você mesma quem disse que não queria forçá-lo a nada – não estava entendendo o que a ruiva queria – Disse que não ia o obrigar a minha presença se ele não quisesse.

-A questão é que não se trata só de você, Mathew deve saber se portar durante uma visita, seja a você ou a qualquer outra pessoa. A birra que ele deu aqui, ele poderia dar em qualquer outro lugar, por isso eu estava o corrigindo.

-Me desculpe, eu não me atentei a isso – ele definitivamente não havia agido impelido por um pensamento tão complexo como esse, só queria mostrar solidariedade ao filho.

-Pois passe a se atentar – disse a ruiva de maneira ríspida – Somos pais de Matt, não podemos fazer tudo o que ele quer na hora que ele quer. Ele deve ser amado, mas também deve ser educado.

Harry abaixou a cabeça, cruzou os braços, franziu as sobrancelhas e fez bico, Ginny quase riu com a cena ao perceber que pai e filho agiam da mesma forma quando contrariados. É, definitivamente, eles eram muito parecidos.

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Aproveitando o horário de almoço, tinha ido ao Beco Diagonal buscar alguns livros que Hermione tinha encomendado. Não entendia como com um recém-nascido em casa, a cunhada arrumava tempo para praticar seu “hobbie”, lembrou que quando Mathew nasceu se não fosse pela providencial ajuda da mãe, ela mal teria tempo para comer e dormir as poucas horas que conseguia.

Além do fato de estar ajudando a cunhada, a sua “missão” serviu como uma boa desculpa para não almoçar com Harry. Desde a visita que tinha feito a ele, junto com Matt, o moreno a convidava todos os dias para almoçar afim de discutir com ela a melhor forma de se aproximar do filho. Não que Ginny achasse o assunto enfadonho, mas ela precisava ao menos da sua hora de almoço longe do moreno.

-Ginny! – ouviu alguém lhe chamar.

Havia tanto tempo que não o via. Ele também havia participado da Guerra, mas quase não se encontravam, pois trabalhavam em destacamentos diferentes, também não voltou a estudar em Hogwarts depois do fim de Voldemort, soube por Neville que ele havia decidido voltar a estudar em uma instituição trouxa.

Continuava bonito, não pode deixar de reparar, os mesmos ombros largos, braços fortes e sorriso bonito, que faziam as meninas da escola a invejarem quando namoravam. Enfim, ele a alcançou:

-Ginny, como vai? – mantinha um sorriso encantador nos lábios, enquanto a cumprimentava.

-Muito bem. E você Dino?

-Estou ótimo – respondeu entusiasmado.

-Que bom – Ainda se sentia constrangida, apesar de ter acontecido há tanto tempo, pelo fato de ter iniciado o namoro com Harry num intervalo de tempo tão pequeno, depois de ter terminado o relacionamento com Dino – Bem... foi um prazer revê-lo. Tchau – queria se livrar logo da situação que para ela estava sendo embaraçosa. Tencionou sair do lugar, mas foi impedida.

-Será que não poderíamos sentar e conversar um pouco? – uma das mãos dele estava sobre o seu ombro direito.

-É que tenho que trabalhar Dino, que tal nos vermos outro dia?

-Não vai levar muito tempo, só um café, ou então posso acompanhá-la até o trabalho – insistiu.

-Erm... – sem mais desculpas disse – Tudo bem, um café então.

Saíram do Beco Diagonal e andaram alguns metros até encontrarem uma cafeteria trouxa. Sentaram-se e por instantes, Dino não falou nada, só a encarava com um leve sorriso nos lábios.

-Você não mudou nada, continua linda como sempre – disparou de repente.

-Hum... Obrigada Dino – ela que já estava sem graça, sentiu-se enrubescer com o elogio.

-Só disse a verdade – a ruiva ficou um pouco mais vermelha – Mas me diga, o que anda fazendo?

-Bem, estou trabalhando no Ministério como auror, o que me toma muito tempo e energia. No fim do dia estou extremamente cansada e só penso em ir para casa e descansar. E o que faço é isso, trabalho e casa.

-Deve ser bem chato – disse solidário.

-Na verdade não, apesar do desgaste, gosto do que faço, não me vejo fazendo outra coisa.

-Que bom que se sinta realizada – disse sincero.

-E você? Neville disse que tinha voltado a estudar numa escola trouxa, mas além disso não sei mais nada.

-Depois da guerra eu pensei bem e não achei que fosse me satisfazer com nenhuma carreira do mundo bruxo, então resolvi voltar aos estudos pra poder entrar numa faculdade de desenho, que é o que eu realmente gosto de fazer. Assim que me formei passei a trabalhar num estúdio de animação, numa filial em outro país, voltei para a Inglaterra há poucos dias – viu que a ruiva estava intrigada – Nós fazemos desenhos animados – tentou explicar, mas lembrou que a ruiva talvez não entendesse, afinal vivia no mundo bruxo – Você sabe o que são?

-Ah! Sim – fez uma expressão de entendimento – Meu filho adora! Papai comprou uma... como se chama mesmo? – pensou por alguns instantes – Televisão, é, acho que é isso... E Matt, quando não está na escola, vê esses desenhos o tempo todo.

-Você tem um filho? – percebeu que Dino tinha uma expressão surpresa.

-Sim, Mathew, ele tem seis anos, ou melhor – sorriu ao lembrar – como ele faz questão de dizer, seis anos e meio.

-Certo – o rapaz pareceu meio desanimado. Passou alguns instantes pensativo e de repente uma expressão de dúvida surgiu no seu rosto – Ginny... não quero ser indelicado, mas... soube que Harry foi embora, você se casou com outra pessoa?

-Não, não sou casada – viu os olhos de Dino brilharem e os ombros que antes ele tinha encolhido, se levantaram.

-Que bom, digo... hum – se constrangeu um pouco pela sua pequena comemoração.

Ginny quase riu da atitude de Dino, que logo voltou a falar.

-Já que é assim, será que poderíamos nos encontrar uma outra hora? – a ruiva se assustou com a objetividade do rapaz.

-Dino... Acho que não é uma boa idéia.

-É só para conversarmos, sem nenhum compromisso – se apressou ele em dizer.

-Não, é melhor não – disse decidida.

-Qual é o problema? O que tem você conversar com um velho amigo? – viu que ela ia retrucar, então emendou – Prometo que você vai se divertir.

O rapaz esperava a resposta ao seu último comentário, enquanto Ginny refletia sobre a proposta. Desde que Matt nasceu, ela focou sua vida nele, sempre recusava os, não poucos, convites de colegas de trabalho, além disso, a decepção que teve com Harry fez surgir nela um mecanismo de defesa contra relacionamentos.

-E então? – seus pensamentos foram interrompidos pela voz de Dino.

-Dino, me desculpe, estou com alguns problemas agora... – disse, se referindo a Harry – não vou ser uma boa companhia para você.

-É claro que vai, você sempre foi uma boa companhia – disse corrigindo a ruiva.

-Obrigada – agradeceu envergonhada com o galanteio do rapaz – Mas acho melhor não.

-Tudo bem, eu desisto... por enquanto – ao ver a ruiva abrir a boca, acrescentou – Podemos ao menos manter contato? Posso te enviar uma carta, via coruja, de vez em quando?

-Tudo bem, Dino – achou melhor concordar, pra terminar logo com aquilo, além disso, que mal havia em receber cartas dele – Bom, tenho que ir, Foi um prazer revê-lo.

-O prazer, definitivamente, foi todo meu – devolveu no seu jeito galanteador – Pode esperar por notícias minhas, não vou desistir tão fácil de você, Gina Weasley – completou com um sorriso.

-Tchau, Dino – se levantou para sair do lugar e se livrar das investidas do rapaz.

-Até mais – o ouviu dizer, enquanto se afastava da mesa em direção a saída.

“Definitivamente o passado resolveu me atormentar”, pensou antes de aparatar.

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Andava olhando de um lado para o outro, o lugar nem era tão grande assim, mas estava sendo difícil encontrá-la, em nenhum canto avistou a cabeleira vermelha. “Será que ela me viu e esta se escondendo?”. Ela havia dado uma desculpa nada convincente para recusar o seu convite. Talvez estivesse se sentindo enfadada das perguntas e planos com que ele a contemplava durante os almoços que eles tiveram nos últimos dias.

Mal passados cinco segundos de sua saída, ele não aguentou e foi atrás da ruiva, quando a encontrasse no Beco, diria que tinha lembrado que queria comprar um livro e por isso tinha ido até ali, ela acreditaria. “Que desculpa mais sem criatividade”, tinha que admitir, mas ora, era compreensível, afinal, ele queria saber como se aproximar do filho, como quebrar a barreira entre ele e Matt, e quem melhor do que Ginny para ajuda-lo nisso?

Mais uma desculpa. É claro que ele queria se aproximar do filho, mas além disso, ele apreciava muito aqueles almoços pelo fato de poder aproveitar duas horas com a sua Ginny, não com a auror Ginny. Só nessas horas ela abandonava o tratamento profissional que dispensava a ele para tratá-lo com uma leve informalidade e isso, esse ínfimo sinal de intimidade, era suficiente para deixá-lo viciado, sedento por essas duas preciosas horas de almoço.

Voltou a Floreios e Borrões, mas ela não estava lá. Saiu da loja, e parado em frente a ela, passou a mão nos cabelos e olhou a sua volta, nem sinal da ruiva. Resolveu voltar para o Ministério. Pensando bem, era bom não tê-la encontrado, provavelmente ela não acreditaria na fraca desculpa que ele tinha arrumado, definitivamente estava se livrando de uma situação embaraçosa.

Enquanto se dirigia ao Caldeirão Furado para ter acesso a Londres trouxa, passou a reparar nas novas lojas que haviam se instalado no Beco, apesar de ter passado mais de um mês morando na hospedaria da taverna, não tinha passeado muito por ali.

Uma das lojas chamou sua atenção. Estava apinhada de gente, parecia ser uma loja de roupas, apesar de a decoração ser levemente extravagante, era muito bonita. A vitrine expunha roupas elegantes, provavelmente muito caras. Um dos vestidos expostos, lembrava muito o que tinha sido usado por Ginny na noite anterior a sua partida.

Os acontecimentos daquela distante noite invadiram sua mente, e logo em seguida a sensação de arrependimento por ter ido daquele jeito, por ter magoado Ginny, por ter perdido os seis primeiros anos de vida do seu filho, por ter fugido. “Burro! Agora aguente as consequências”.

Ficou parado, hipnotizado pelo vestido e pelas lembranças que ele trazia, de repente, escutou uma voz bem distante chamar o seu nome... “Harry”. Escutou mais uma vez, um pouco mais alto, “Harry”. Não deu atenção, estava agora lembrando da última vez em que estiveram juntos, Matt , provavelmente, era fruto daquela noite...

-HARRYYYYYY!!!!! – as lembranças foram interrompidas por uma voz bem audível, horrivelmente estridente, olhou para o dono daquela voz.

A sua direita se encontrava uma mulher de cabelos negros, vestida em roupas trouxas caras, a boca curvada em um sorriso, ao mesmo tempo em que mordia a ponta de uma das pernas dos seus óculos escuros.

-Harry Potter! – disse ela de maneira afetada.

-Cho... – deu um leve cumprimento de cabeça – Como vai?

-Muito bem! – o olhou de cima a baixo – E vejo que você também está ótimo, nem me darei ao trabalho de perguntar.

-Obrigado – agradeceu sem jeito.

-O que você faz parado em frente a minha loja? – o seu tom misturava divertimento e desconfiança.

-Sua loja? Eu não sabia – disse sincero.

-Claro que não! – Harry percebeu o sarcasmo na voz da oriental – Vai me fazer acreditar que não sabe quem é a dona da grife de roupas, mais badalada do momento no mundo bruxo... modéstia parte, é claro – ela acrescentou.

-Bem... na verdade eu fiquei algum tempo fora, não sei se sabe.

-Sei sim...

-Então, realmente eu não sabia que essa loja era sua.

-Pois agora sabe... – ela mantinha o tom de desconfiança – Que tal entrar para conhecer o interior da loja?

-Desculpe, Cho, tenho que voltar para o Ministério, quem sabe outro dia, ahn?

-Outro dia? – a oriental pareceu impaciente – Eu simplesmente odeio essa estória de outro dia. Harry, não nos vemos há um bom tempo, entre para que possamos conversar, sua recusa é um desrespeito a nossa estória.
“Que estória? Ela definitivamente não pode estar se referindo aquele beijo”.

-Cho, mais uma vez lhe peço desculpas, mas estou realmente atrasado para o trabalho, prometo que tentarei passar aqui qualquer dia desses, OK?

-Espero que venha mesmo Harry Potter – seu tom ainda era impaciente, mas logo mudou para um levemente malicioso – Precisamos relembrar os velhos tempos, não acha?

-Bem... Uhn... Erm... Já vou indo! – o olhar que ela mantinha sobre ele estava o intimidando, esticou o braço para lhe apertar a mão – Até logo, Cho.

-Ah! Não seja tonto – ela deu um leve tapa na mão dele, a fim de afastá-la, e se jogou em seu pescoço – Que cumprimento mais antiquado, um aperto de mão! – disse de forma desdenhosa enquanto enlaçava o pescoço de Harry e o encarava, os rostos muito próximos - Não deve haver formalidade entre nós, somos velhos conhecidos – e para finalizar, deu-lhe um beijo estalado na região próxima ao canto do lábio.

Harry estava atordoado com o comportamento da moça, estava se sentindo extremamente desconfortável. Queria se livrar logo do abraço e do olhar penetrante da oriental, mas não sabia como agir, não por ser ela, mas sim pela conhecida falta de capacidade de sair desse tipo de situação que se tornara tão comum após a guerra, garotas se pendurando no seu pescoço, quanto isso incomodava Ginny.

Flashback:

Como ele podia ser tão egoísta? Queria tanto conseguir se manter afastado dela, mas quando partia dela a iniciativa do afastamento, era desesperador demais para ele. Lá estava ela, sentada na outra ponta da sala comunal, conversando com aquele idiota do Jonathan Pellegrin, que ele sabia ter uma queda abismal pela SUA Ginny.

Há horas tentava fazer com que seus olhares se encontrassem, mas a ruiva não olhava em direção a sua mesa, provavelmente por saber que era ali que ele estava sentado.

“Mas... o que é isso? Esse sujeito não sabe que eu posso acabar com ele agora mesmo? Será que ele esqueceu quem é o namorado dela?”. O garoto estava se apoiando no ombro da ruiva enquanto ela apontava, provavelmente, o trecho de um pergaminho para ele. O loiro se recostou mais um pouco.

Isso Harry não pode agüentar. Levantou da cadeira, ouviu ao longe Rony e Hermione, que estudavam com ele, perguntarem aonde ele ia, não respondeu aos amigos e continuou rumo a mesa da ruiva.

Ao chegar, os dois estavam com a cabeça abaixada,Ginny lia o texto num tom baixo para o garoto, que Harry percebeu estar com os olhos focados não no pergaminho, mas no rosto da ruiva, parecendo estar hipnotizado pelos movimentos que os lábios da garota faziam enquanto lia.

Com um estrondo pousou as palmas das mãos na mesa, o barulho foi suficiente para causar um sobressalto no rapaz e nos outros alunos que também estavam na sala comunal, mas Ginny se manteve na mesma posição. Enquanto o loiro olhava com certo espanto para Harry, a ruiva continuou lendo o texto como se nada tivesse acontecido.

-Ginny! – a ruiva vagarosamente levantou a cabeça e o encarou como se ele fosse alguma coisa muito desinteressante

-Sim?!

-Preciso falar com você – o desdém dela o indignava.

-Agora não posso, eu e Jonathan estamos estudando, quem sabe depois - a indiferença dela era uma agonia para ele.

-Não pode ser depois, tem que ser agora – sibilou entre dentes, enquanto lançava um olhar nada bonito para o menino que o encarava.

-Já disse que agora não posso, Jonathan esta com dificuldades em Feitiços e eu me propus a ajudá-lo, não vou abandoná-lo, mal chegamos a metade do que combinamos estudar – respondeu ela muito calmamente e voltou a abaixar os olhos para o pergaminho que lia antes.

A raiva de Harry só aumentava, voltou a encarar o loiro, com um olhar mais ameaçador que conseguiu, o que não era pouca coisa considerando o nível de raiva que sentia no momento.

-Acho que seu amigo não se incomoda de ter um intervalo, um rápido descanso, não é mesmo Pellegrin?

Harry viu o garoto engolir em seco. Para dar maior ênfase a ameaça que fazia ao menino, o moreno curvou os lábios num leve sorriso, o que foi suficiente para fazer a resposta que desejava ser proferida pelo garoto.

-É... Bem Ginny, na verdade eu estava mesmo pensando em dar uma espairecida, dar uma volta ao redor do lago enquanto ainda esta claro – começou a juntar os materiais, inclusive, depois de um pedido de licença tímido, o pergaminho que Ginny segurava – Além do mais, essa parte que estudamos até agora era a que eu estava com mais dificuldade, daqui para frente posso estudar sozinho – voltou a olhar para Harry como que pedindo aprovação ao discurso – Muito obrigado pela ajuda e até logo – disse enquanto se encaminhava para as escadas que levavam ao dormitório masculino.

Harry observou a subida apressada do menino, braços cruzados e um sorriso satisfeito no rosto. Voltou a olhar para a namorada que ainda mantinha o olhar na escada, o moreno a ouviu dizer baixinho “mas que covarde”, e sua satisfação só aumentou.

Ocupou o lugar que o menino deixou vazio e arrastou a cadeira para ficar mais próximo de Ginny.

-Agora que seu estudo acabou, podemos conversar?

-Quem disse que acabou? – pondo a mão a frente, a ruiva alcançou um livro e o trouxe para perto o abrindo em seguida – Vou continuar estudando, preciso dar uma lida na aula de hoje – concluiu e começou a ler o livro.

Ele sabia que ela estava o ignorando, não completamente, mas estava. O fato de ela responder às suas perguntas com uma educação medida, o deixava irritado.

-Já disse que precisamos conversar.

-E eu já disse que estou estudando – devolveu tranquila.

-Até quando vai me ignorar, quantas vezes tenho que dizer que não foi minha culpa.

-...

-Ginny! – ela fingia não escutá-lo, fazendo uma expressão de extrema concentração, enquanto “lia” o livro – Ginny... – a ruiva se manteve na mesma posição.

-Ginevra! – chamou, mais ríspido. Como ela não olhou, delicadamente, com a mão no queixo da ruiva, pos o rosto dela de frente para o dele – estou falando com você.

Bruscamente, ela tirou a mão dele do seu queixo e voltou a ler o livro, sua face tomando um tom rubro, sem olhá-lo disse:

-Não insista, preciso estudar, depois conversamos – o tom frio de antes tinha dado lugar a um tom raivoso.

-Há dois dias você fala isso e até agora nada.

Dando um suspiro de impaciência, Ginny fechou o livro com estrondo e olhou para o namorado.

-Tudo bem, fale logo, quero voltar a estudar.

-Aqui não, tem muita gente – antes que ela retrucasse, ele se levantou da cadeira segurou a mão da namorada e fez com que ela também ficasse de pé – Vem...

Arrastando a garota, Harry empurrou o quadro da Mulher Gorda e saiu da sala comunal, entrou na sala vazia mais próxima, junto com a ruiva. Após proferir um Colloportus e um Abafiato, para não serem interrompidos e nem ouvidos, o moreno voltou a olhar para a garota que tinha cruzado os braços, o que indicava que ela não estava nada receptiva àquela conversa.

-Cinco Minutos – disse Ginny, enquanto passava a bater um pé no chão.

Como ela ficava linda com raiva.

-Só quero dizer o que já disse antes – a ruiva soltou um “Uhum” para lá de sarcástico – Aquilo não foi minha culpa.

-Claro... – a ruiva sorriu forçado - ... Nunca é...

-Foi ela quem se jogou em cima de mim, eu não fiz nada.

-Pois é aí que está o problema, você não fez nada.

-O que você queria que eu fizesse? – perguntou desesperado – Me diz, por favor, eu já te fiz essa pergunta mil vezes e você nunca responde.

-...

-Ginny, pelo Amor de Merlin, fala alguma coisa – ele tinha se aproximado dela e a segurava pelos ombros.

-Acho melhor a gente dar um tempo – definitivamente não era isso o que ele queria ouvir, mas tentou reverter a situação.

-Tudo bem, podemos conversar amanhã.

-Não, Harry, eu quero um tempo maior – ela não o olhava nos olhos.

-Depois de amanhã? – a conversa tinha o deixado “levemente” abobalhado.

-Não, Harry...

Ele podia muito bem se aproveitar da situação, podia se ver livre do tormento que era estar junto dela, se sentindo indigno da companhia e do amor da ruiva, mas seu egoísmo não permitia que ele a deixasse ir, que a livrasse do “orgulho de Voldemort”, da companhia nociva que ele se tornara.

-Calma. Você está nervosa porque eu fiquei te pressionando lá na sala comunal, não é? Eu sei que às vezes eu sou muito chato – disse a última frase num tom brincalhão tentando arrancar um sorriso de Ginny.

-Não é nada disso, Harry.

-O que é então, princesa? Me diz.

Silêncio.

-Ginny, por favor...

-...

-Meu amor, não faz assim, diz alguma coisa – ele acariciava de leve o rosto da ruiva com o polegar, enquanto ainda mantinha uma das mãos segurando o ombro dela.

Ginny num gesto brusco se afastou dele e foi se postar em frente à janela que dava vista para o lago, ficando de costas para o namorado. Harry percebeu que ela soluçava e chorava baixinho, lentamente se aproximou da ruiva e novamente colocou as mãos sobre os ombros dela, mesmo esperando que ela repelisse o gesto, mas ela não o fez.

-Princesa, fala pra mim o que esta deixando você tão triste – “Você!” a resposta veio imediatamente a sua cabeça.

-Eu não estou triste Harry – finalmente ela falou.

-E por que está chorando então?

-Raiva, Harry. A minha raiva é que está me fazendo chorar – a voz estava embargada. Ela se virou para ele e continuou – Essas garotas atiradas, sempre dando em cima de você, se jogando na sua direção pelos corredores, fazendo mil piadinhas por onde eu passo, “Um dia ele se cansa dela”; “O que será que ele viu nela?”; “Você já aproveitou muito, dê o lugar para a próxima da fila”; “Com certeza é a velha estória do golpe da baú” – proferiu as frases com uma voz esganiçada, numa imitação das garotas em questão – Eu não aguento mais – com a voz mais firme completou – E você ao invés de dar um chega pra lá nessas p... – apertou os lábios para se impedir de continuar, inspirou longamente para se acalmar e prosseguiu – fica todo sorrisos e sempre solícito com todas elas
.
-Ei! Eu não faço isso – balançou freneticamente o dedo indicador direito em sinal de negação.

-É claro que faz – ele já abria a boca para mais uma vez negar a acusação, mas ela logo acrescentou – O que você estava fazendo com a Romilda Vane pendurada nos seus braços?

-Ora! Isso... A menina disse que tinha torcido o pé, e pediu minha ajuda.

-Com mil pessoas no corredor por que justamente você tinha que ajudar aquela... Argh! Não consigo nem nominar aquela garota.

-Já disse, ela pediu. Eu teria feito isso por qualquer um.

-Você quer dizer que se o Jonathan Pellegrin tivesse pedido sua ajuda por que estava com o pé torcido, você iria pô-lo no colo e leva-lo até a enfermaria? – ela apertava os olhos enquanto fazia a pergunta.

“Era mais fácil eu terminar o serviço, e ao invés de um pé torcido, ele teria um pé quebrado”, ele pensou, mas é claro que não disse isso em voz alta. Com a maior cara-de-pau respondeu.

-É claro que eu não o carregaria no colo, mas com certeza o levaria apoiado no meu ombro até a enfermaria sem nenhum problema.

-É claro que não levaria – devolveu a ruiva.

-Levaria.

-Não levaria.

-Levaria.

-Não lev... Aaaahh isso é ridículo – disse a ruiva irritada com o tête-à-tête – Ainda por cima aquela Jezebel ficou passando a mão no seu peito e você não fez nada.

-Ora, ela só estava se apoiando em mim! – Harry sabia que ela não cairia nessa, na hora do ocorrido ele mesmo ficou extremamente sem graça com a ousadia da menina, mas se dissesse isso só pioraria a situação.

-Claro, só se apoiando – disse extremamente sarcástica e em mais uma imitação disse – “Puxa Harry, como você é forte. É aqui que você tatuou o Rabo Córneo Húngaro?”, Ah! Faça-me o favor!

-Mas o que você queria que eu fizesse? – perguntou exasperado – Que eu jogasse a menina no chão?

-Bem... – ele entendeu a insinuação dela – Sim... – ela completou com simplicidade - ... mas a questão é que você dá espaço pra elas fazerem esses teatrinhos para você, “Harry acho que um balaço me acertou, pode me fazer uma massagem?”; “Harry acho que tem uma aranha nas minhas costas, você pode tirá-la para mim?”... Que ridículas! E você sempre vai ao socorro das “donzelas” indefesas.

Ele tinha que admitir que as desculpas que as garotas davam eram ridículas. A armadilha mais comum era ele estar passando no corredor e alguém gritar que havia algum inseto por ali, logo em seguida, alguém se jogava em seu colo. Mas ele também tinha que admitir que não sabia sair dessas situações, a resposta padrão era um sorriso sem graça e uma saída ligeira do local, antes que Ginny o encontrasse na “cena do crime”, a questão é que ele também era azarado, e na maioria das vezes a namorada presenciava o ataque das meninas.

-E o pior de tudo isso – ela tinha voltado a falar – é que eu estou me sentindo extremamente ridícula, a patética figura da namorada histérica e ciumenta. Eu não quero me transformar nisso Harry e é por isso que nós temos que dar um tempo, eu me odiaria se passasse a ser assim, e você também me odiaria.

-Eu nunca te odiaria, nunca! – afirmou com veemência.

-Você diz isso agora, por que por enquanto eu ainda consigo me controlar, ainda não cheguei ao estágio da histeria, ainda não cheguei a ponto de me parecer com elas.

Se controlar? Quatro meninas na enfermaria até agora... imagine quando ela não se controlasse? “Comentário absolutamente dispensável”, avisou sua consciência.

-Princesa, você não é assim, você não pensa como uma menininha, nunca vai agir como elas, por que você é uma mulher, a minha mulher – viu que ela sorriu de leve com o comentário. “Bingo!”.

-Não tente me agradar Harry – foi o que ela disse, mas ele sabia que se ele continuasse fazendo o contrário, conseguiria uma bela reconciliação – Sei que fui infantil azarando aquelas garotas.

-Você não foi infantil, foi impulsiva – ele a corrigiu.

-É a mesma coisa, eu sinceramente não me orgulho disso.

-Mas devia se orgulhar! – disse ele com firmeza – Se você não fosse impulsiva, não teria ido para a guerra, e lá, a sua impulsividade salvou muita gente. E essa sua qualidade só me faz te amar mais.

O sorriso de satisfação com o comentário/elogio foi um pouco maior que o anterior, “Bingo de novo!”.

-Isso não é uma qualidade é um defeito Harry – disse ela com um tom falsamente tímido, ele entendeu que ela queria que ele continuasse e foi o que ele fez.

-Nada disso! É uma qualidade, por que qualquer coisa que venha de você é bom, qualquer característica sua é uma qualidade, é assim que eu te vejo, simplesmente perfeita.

Agora ela sorria abertamente, numa atitude de falsa modéstia disse:

-Você só está tentando me agradar, eu não sou perfeita.

Ele se aproximou dela e a abraçou pela cintura, enquanto ela enlaçava o seu pescoço.

-Bem, na verdade é isso mesmo, realmente só estou tentando te agradar – ela parou de sorrir e o encarou assustada – Mas digamos que com isso eu estou unindo o útil ao agradável.

-Como assim?

-Ora, tudo o que eu disse sobre você é verdade e se dizendo a verdade eu te agrado, então, por que não agradá-la?

-Harry, Harry, Harry... – disse ela enquanto sorria e balançava a cabeça.

Ele também sorriu e percebeu que ela aproximava seu rosto do dele. Quando ele sentiu os lábios da ruiva encostados aos seus pensou “Uma bela reconciliação...”.

Fim do flashback

Despertou do seu devaneio e percebeu que ainda tinha o pescoço enlaçado pela oriental. Lembrando da atitude que passou a ter com as garotas atiradas desde aquela conversa com a ruiva, a de cortar o “barato” delas, delicadamente retirou os braços da morena do seu pescoço e disse:

-Cho, tenho realmente que ir – e sem dar espaço para ela falar se virou ao mesmo tempo em que dizia tchau.

Saiu apressado, as passadas largas que dava permitiram que em poucos segundos ele tomasse uma boa distância da loja e de Cho.

“Se Ginny visse isso!”, quando eles namoravam, ela não admitia, mas ele sentia que dentre todas as garotas Cho era a que mais causava alterações no humor da ruiva, mesmo tendo a oriental ido embora, só a menção do nome dela e do “namoro” dela com Harry eram suficientes para deixar a ruiva contrariada.

“Mas espere... E se Ginny visse isso?”. Se a ruiva demonstrasse contrariedade com a visão de uma cena dessas, ele podia pressupor que ela ainda sentia alguma coisa por ele, não podia? Um pequeno plano se formou em sua mente. Ora, isso não era infantil, era?

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N/A: Hello people! E aê? Gostaram? Atendendo a pedidos uma cena do Harry e do Matt,e de quebra a Ginny também estava por lá. Vamos aos comentários.


Tucca Potter: Tudo bem, eu te perdôo, mas não vá se acostumando não viu. Espero que tenha gostado desse capítulo também. Bjos

Expert2001: É e agora que os dois “ex” voltaram a reconciliação se torne mais difícil... ou não, hehehehe...

Mayra Black Potter: Mas diz as verdade, Ron e Mione sem brigas ridículas, não são Rony e Mione, certo? É concordo o Harry foi meio canalha, mas o bichinho estava confuso, coitado! E quanto deixar a magoa e o orgulho de lado, não vai ser tão fácil assim... aguarde e veja. Bjos.


Priscila Louredo: Obrigada pelo elogio. Era o mínimo que ele podia fazer, entendê-la, só não sei quando e SE ela vai entendê-lo, huahauahuahauahua. Bjos pra ti tbm.


Mari Black: É, PODE ser, veja, bem, PODE ser que uma hora vocês amados leitores sejam contemplados com um beijo entre nosso casal, MAS, não sei, agora que a Chozinha voltou... Aguarde próximos capítulos. Bjos.


Paulinha Potter: Será que ele realmente vai conseguir reconquista-la? *entra musiquinha tosca de momentos decisivos e dramáticos* Quanto ao Matt, você está certíssima, já deu pra ter uma idéia do gênio do garotinho nesse cap. né? Bjos.


Dora: Guarde a sua ansiedade o capítulo está aqui, êêêêêêêêêê!!!!! Com certeza, eles devem ter arrumado um “mediador” substituto. Sim, sim, sim, eu já li o livro 7, e tenho que dizer que algumas coisas não me deixaram muito satisfeita, mas quem sou eu para discutir com a J.K. E você já leu? Responde no próximo comentário. Bjos.


Larissa Manhães: Bom, aí estão mais cenas do Matt e do Harry, satisfeita? Espero que sim, quanto a receber o pai melhor... É vai ficar mais para frente... Se for acontecer, é claro, hehehehe. Bjos, continue acompanhando.


Esperam que tenham curtido, comentem, por favor, a opinião de vocês é importante e mais que isso estimulante.

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