Capítulo 6



Para os fãs fiéis, carentes e maltratados por esta autora cruel...
(Gente, faltou tempo. Adorei escrever o capítulo. Espero que gostem de lê-lo.)

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Cap. 6 – Encontros e “Desencontros” (Parte 2)

Severo Snape estava tentando organizar a sua mudança. A casa que ele escolheu ficava a uns 5 quarteirões da Candy’s. Era uma casa pequena de dois andares: no primeiro andar, ficavam duas salas e a cozinha; e, no andar de cima, ficavam dois quartos e um banheiro.
A casa era pequena de propósito. Snape tinha planos de ter uma casa maior, assim que as coisas se acertarem com Hermione. Enquanto estivesse sozinho, um teto para dormir era o que bastava.
A dificuldade que Snape estava encontrando era que parecia ter havido um erro de cálculo. Além das coisas que tinha na sua antiga casa em Manchester, parte de seus pertences em Hogwarts também foram mandadas para a sua casa nova.
- Alvo sempre querendo ajudar... – disse Snape olhando para o amontoado de coisas que estavam em sua casa.
Separando algumas caixas, Snape chamou um elfo e pediu que este levasse seus pertences de volta para Hogwarts. Ainda não queria desocupar totalmente as masmorras. O ano letivo ainda não tinha terminado. Então não era necessário ter pressa para sair de lá.
Bem, é verdade que ele poderia simplesmente ter reduzido todas as suas coisas e acomodado em uma caixa só. Mas estava numa área estritamente trouxa, o melhor era reduzir o máximo possível a prática de magia. Ficaria com apenas os móveis de sua casa, a parte que lhe pertencia. A parte do Draco já foi devidamente enviada para a Escócia. Se o loiro iria gostar ou não, isso não era problema dele.
No meio da arrumação, encontrou um porta-retrato. Na foto, estavam Hermione e ele. Datada de, mais ou menos, cinco anos atrás. Hermione estava fazendo um esforço para que Snape sorrisse. A garota chegava até a puxar a pele do rosto para que o homem forçasse um sorriso, mas o homem estava com cara de tédio. Mesmo assim, a garota não desistia e sorria ainda mais. Snape adorava admirar esta foto. Tanto que se sentou na poltrona e ficou um tempo contemplando-a.

*Flash Back*

Severo e Hermione estavam num cômodo da casa dele em Manchester. No escritório, ambos se encontravam no sofá. Severo estava sentado num canto lendo, enquanto Hermione estava deitada com a cabeça apoiada no colo do homem. Em silêncio, desfrutavam da companhia um do outro.
- Severo, você precisa sorrir mais! – disse Hermione querendo puxar assunto. Snape estava lendo uma revista científica e fingiu que não estava ouvindo. – Precisa sim. Não custa nada dar um sorriso de vez em quando. – continuou.
Snape já estava virando os olhos com aquele assunto que ele considerava chato. Ele não era um bobo-alegre como os amigos dela.
- Vamos, dê um sorriso pra mim. – pediu a garota. O homem estava ansioso para que ela calasse a boca e o deixasse ler em paz. Olhou para a garota com os olhos mais abertos e mostrou todos os dentes numa tentativa de sorriso. Hermione achou aquela cara tão engraçada que não agüentou e soltou uma sonora gargalhada.
- O que foi agora? – questionou Snape contrariado.
- Desculpa, meu amor. – disse Hermione se levantando. – É que você fez uma cara muito engraçada. – a garota continuava a rir. Só que Snape não estava achando graça e amarrou a cara. Isso fez Hermione controlar o riso.
- Me deixa ler em paz. – disse Snape sério.
- Não fica assim. – lamentou a garota arrependida. – Desculpa, eu juro que não queria te aborrecer. – e começou a distribuir beijos pelo rosto do bruxo. Snape estava gostando, mas ainda mantinha a cara de bravo. – Eu só queria que sorrisse mais. Que demonstrasse que está feliz.
- Eu estou feliz. – disse Snape deixando a revista de lado. – Não preciso ficar distribuindo sorrisos, não faz o meu estilo. Não se preocupe, eu estou muito bem... Afinal, eu tenho você. – e a beijou.
Hermione abriu o mais lindo dos sorrisos. Tão lindo, que Snape não resistiu e abriu um discreto sorriso.

*Fim do Flash Back*

Aquela sensação boa provocada pelas lembranças do passado estimulou Snape a pegar seu casaco e sair de casa. Deixou a bagunça pra lá. Agora necessitava vê-la. Antes de passar na Candy’s, resolveu ver o que tinha de interessante numa loja de móveis. Encontrou um baú feito de carvalho, acho-o muito interessante. Resolveu levá-lo. O atendente da loja perguntou para quando o homem necessitava daquele baú. Snape pediu para que o baú fosse entregue na parte da tarde e deu o seu endereço.
Saiu da loja e caminhou mais algumas quadras até chegar ao seu destino. Era engraçado como o coração do bruxo acelerava quando se aproximava da confeitaria. Já não era mais um adolescente faz tempo, mas lá no fundo ainda existia aquele garoto carente e inseguro. Ao entrar na Candy’s, sentiu que algo estava diferente.

X –X – X

Quinze minutos depois que Hermione saiu, Clive Stevens e um amigo fotógrafo entraram na Candy’s. Rose já estava mais do que pronta à espera deles. Ela procurou fazer com que tudo funcionasse de acordo com planejado. Causar boa impressão era o objetivo, só que o objetivo maior era manter o clima acolhedor do lugar.
Rose era uma mulher alta, não chegava a ter 1,80m, tinha mais que 1,75m. Era mulher grande, não chegava a ser gorda, tinha uma estrutura óssea larga. Era mulata, cor de chocolate, como ela gosta de dizer. Cabelos enrolados com cachos irregulares até os ombros. Tinha seios fartos e um quadril “mole”, como dizia sua irmã. Era notável na forma como andava até a porta para receber os jornalistas. O seu balançar era a justificativa para a freqüência de grande parte do público masculino à Candy’s.
- Bom dia, senhores. – falou Rose. – Meu nome é Rosalyn Davis, mas podem me chamar de Rose. Sejam bem vindos à Candy’s Lady Confeitaria e Café.
Clive Stevens e seu parceiro foram convidados a se sentarem numa mesa prontamente reservada para os dois. A ordem era oferecer-lhes um belo café da manhã antes de pensar em fazer qualquer coisa. O cardápio foi decidido em conjunto com a equipe. Cada um deu um palpite, Rose apenas se deu ao trabalho de organizar. Ficou decidido que serviriam o famoso café, torradas de pão de centeio, sanduíche de pão preto com cream cheese e geléia, panquecas de banana, croissants cobertos de gergelim com recheio de queijo e tomate seco, bolos... Se iriam conseguir comer tudo, isso era outra história.
Durante a refeição, Clive passou a fazer seu trabalho. Não era simplesmente entrevistar: extrair informações na base da conversa.
- Srta. Davis, perdão, Rose – falou o homem – Eu vim interessado em saber mais sobre a história da Candy’s e como tudo aqui funciona. Creio que este estabelecimento é um fenômeno. Nunca vi uma propaganda sequer. Tudo funciona à base do boca a boca. Fiquei sabendo deste estabelecimento pela Beth, que conheço desde o colégio, mas que havíamos perdido o contato. Nos reencontramos há poucas semanas e soube que trabalhava aqui.
- É verdade. – disse Beth – Clive estava procurando uma matéria diferente para o jornal. E surgiu a idéia de escrever sobre a Candy’s.
- Sim, eu sou novo no jornal e precisava de uma matéria que interessasse ao povo da região. Antes de decidir sobre a matéria fiz uma breve pesquisa e descobri como a fama da Candy’s está se expandindo e como ela ocupa lugar de destaque na cidade. Não poderia perder essa oportunidade.
- O senhor pode perguntar o que quiser. – disse Rose.
- Uma pena a dona da loja não estar presente... – lamentou Clive – Seria muito importante que ela falasse. Gostaria de saber como surgiu a idéia de abrir este negócio.
- Ah, mas isso pode perguntar pra Rose. – falou Beth – A Hermione e a Rose abriram esse lugar juntas. Os primeiros funcionários a serem contratados foram o Ed, a Tina e o Jerry. Eu vim depois, junto com o Gil e a Diana. O Pablo é o mais novo. Começou a trabalhar com a gente esse ano.
- Então é com a senhorita mesmo que devo falar. – disse Clive olhando para Rose. – Quero que me conte tudo.
- O senhor achou a fonte de informação ideal. – disse Ed se intrometendo no assunto, depois de servir uns clientes. – A Rose sabe de tudo e da vida de todos. – provocou. Beth concordou rindo, mas Rose não gostou.
- Ed, depois a gente conversa. – falou Rose baixinho. O rapaz, com um sorriso de deboche, piscou e foi para a cozinha.
- O pessoal daqui, pelo menos, é engraçado. – comentou o fotógrafo enquanto comia.
- Srta. Rose – disse o jornalista chamando a atenção de novo para a entrevista – Bom, já que a senhora é co-fundadora, me diga, como conheceu a Srta. Granger?
Refeita do constrangimento com Ed, Rose se concentrou em responder as perguntas:
- Hermione e eu nos conhecemos desde garotas. A minha irmã, Marguerite, era empregada da casa da avó da Hermione. A dona Agnes morava numa propriedade antiga, próximo a Toulouse. Minha irmã e eu fomos pra lá após a morte de nossa mãe.


* Flash Back*

Uma jovem mulher e uma menina andavam pela estrada carregando uma mala pequena, cada uma. O ônibus só as levou até um determinado ponto. O resto deveria ser percorrido a pé. Estavam quase chegando. Perceberam isso quando avistaram uma bela casa branca, muitas janelas e um jardim belíssimo.
Foram recebidas no portão por uma senhora alta magra de semblante sério.
- Srta. Martin, está atrasada. – disse a senhora com uma voz seca – Entre logo, as levarei para seus aposentos antes de se apresentarem à senhora Bittencourt.
Enquanto se dirigiam para seus aposentos, viram a imponência do lugar. A menina que andava um pouco atrás das outras mulheres, observava tudo com olhos arregalados. Do lado de fora, era um lugar lindíssimo. O jardim era enorme. Do lado de dentro, era mais simples do que ela esperava. Achava estar preste a entrar num palácio e encontrou uma casa de família. Os móveis eram antigos e simples. Não era a casa da realeza que a menina espera, mesmo assim, tinha muito mais coisas e infinitamente maior que sua casa antiga.
Depois de deixarem suas coisas num quartinho destinado a elas, as irmãs foram incumbidas de esperar pela patroa na cozinha. A senhora Bittencourt era completamente diferente da mulher que as recebeu. Era uma mulher bondosa e sorridente:
- Boa tarde. – falou a senhora.
- Boa tarde, senhora Bittencourt. Aqui está a nova empregada. – falou a mulher chata.
- Senhora Dupont, esta menina me parece muito jovem. – comentou a senhora. Logo, virou-se para a jovem – Qual o seu nome? – perguntou.
- Meu nome é Marguerite Martin. – respondeu a jovem.
- E sua idade?
- Vinte anos, senhora.
A menina Rose observava a cena de mãos dadas à irmã.
- A senhorita é muito jovem. – comentou a senhora Bittencourt em tom de reprimenda.
- A senhora deseja que eu as dispense? – sugeriu a Sra. Dupont.
- E essa menina junto a você? – a patroa continuou sem dar muito ouvidos à sua empregada.
- Essa é minha irmã, Rosalyn. – respondeu Marguerite. – Senhora, eu realmente preciso deste emprego. Nossa mãe faleceu recentemente e não nos sobrou mais ninguém no mundo. Por favor, não nos dispense. – a moça começou a ficar aflita.
- Não irei dispensá-las. – disse a senhora e depois abriu um leve sorriso – Compreendo a situação difícil que devem estar passando. Só que pra trabalhar aqui, tem que ter a seguinte condição: a menina tem que estar estudando. – disse olhando para Rose.
- Sim, senhora. – concordou Marguerite.

Meses depois...

Rose estava indo pra casa de bicicleta, voltando da escola. Deu a volta na casa e entrou pelos fundos.
- Maguí, estou com fome. – entrou a menina na cozinha falando alto.
- Rose, não precisa fazer escândalo. – disse sua irmã deixando de lavar a louça. – E isso são horas de chegar? – disse depois de olhar no relógio. – São quatro e meia! O colégio termina às três. O que você ficou fazendo esse tempo todo? Mais de uma hora de atraso!
- Esqueci da hora... – tentou se justificar.
- Rose, eu não vou me estressar com você. Vá até o quarto deixe sua mochila e tome um banho. Depois, você come.
- Mas eu estou com fome agora!
- Se não tivesse esquecido a hora, já teria comido. – a moça já estava com as mãos nas cadeiras. – E eu não vou repetir o que eu mandei você fazer. Vai agora ou senão levará umas palmadas.
Marguerite era boa e tratava Rose como uma filha. Como uma mãe, Marguerite protegia. Mas se precisasse não se privava de dar umas boas palmadas. Rose sabia o quanto elas poderiam ser doloridas, portanto tratou logo de fazer o que a irmã mandou.
Depois do banho tomado, Rose foi comer o lanche que sua irmã havia preparado. Marguerite estava dobrando as roupas que havia tirado da corda. A Sra. Dupont entrou na cozinha, com um balde e um esfregão.
- Srta. Martin, as camas devem ser forradas. As cortinas já secaram?
- Ainda estão um pouco úmidas, senhora.
- Vou limpar os banheiros. E a senhorita terá que passar panos nos móveis. – depois de pegar os produtos de limpeza, a Sra. Dupont voltou aos seus afazeres.
- Velha antipática. – falou Rose baixinho.
Observando a agitação da irmã, Rose não se privou de perguntar:
- O que está acontecendo?
- Parece que vamos ter visitas. A filha da Sra. Bittencourt vem passar o feriado aqui com o marido e a filha. Eles são da Inglaterra...

No dia seguinte:

Estava tudo pronto. A casa estava limpa e o almoço estava feito. A Sra. Agnes estava na porta para recepcionar sua filha Helen, seu genro Albert e sua neta:
- Meus filhos, que prazer em vê-los. – disse a senhora antes de abraçar a todos.
- Mamãe, eu senti muitas saudades. – disse sua filha.
- Dona Agnes, é sempre um prazer em vê-la. – disse o genro.
- Se é sempre um prazer, deveriam vir me ver mais vezes. – repreendeu a senhora.
- A senhora sabe... O trabalho... – tentou se justificar o genro.
- Deveriam trabalhar menos! – falou a senhora e se dirigiu à neta – E você, como está minha pequena?
- Bem, vovó. – respondeu a garota.
- Vamos entrando. O almoço logo será servido. E vocês poderão também conhecer a nova empregada. Sra. Dupont? – chamou a empregada enquanto os adultos entravam na casa.

A pequena garota ficou para trás. Ficou observando a casa quando ouviu uns ruídos. A curiosidade foi tanta que resolveu ver o que era. Enquanto contornava os arredores da casa, o ruído foi ficando mais nítido. Era uma conversa. Aproximando-se mais, percebera que a voz era a mesma. Indo um pouco mais, encontrou uma garota brincando de casinha com bonecas velhas e caixotes de papelão.
A garota que brincava percebeu que estava sendo observada. Levantou a cabeça e achou a espiã.
- Oi! – falou a menina pegando a espiã de surpresa – Quem é você?
- Eu sou a neta da dona da casa. – disse a menina com o nariz empinado.
- Ah... Meu nome é Rose. E o seu?
- Meu nome é Hermione Granger.

* Fim do Flash Back*

- Interessante... – comentou o jornalista. – A Srta é francesa? Mal percebo o sotaque...
- Meu sotaque eu perdi devido aos anos em que morei nos Estados Unidos. – disse Rose – Passei quase seis anos na América, meu sotaque deve ter ficado por lá...
- E como as Srtas tiveram a idéia de abrir uma confeitaria? Sempre estiveram juntas... Amigas de infância... – comentou.
- Não, não estivemos sempre juntas. Hermione tinha sua vida na Inglaterra e eu a minha na França. Nos víamos nas férias de verão. Hermione passou por alguns problemas na época de escola e acabamos nos distanciando. Depois da minha ida aos Estados Unidos, perdemos o contato de vez. Só nos reencontramos após a morte de Dona Agnes. – Rose deu um suspiro.
- Uma pena... Deve ter sido um momento triste... – comentou Clive.
- Foi sim... Bom, quem despertou o prazer pela culinária na gente foi a minha irmã. Marguerite sempre diz que “quando há um problema, nada melhor que um doce”. Sempre que estávamos juntas, Marguerite me chamava para fazer um doce. E algumas vezes, nós convidávamos Hermione para participar. Lembro bem a Maguí dizendo que nossa mãe achava que os doces eram mágicos, tanto para quem o faz quanto para quem os come...
- São mágicos mesmos! – dizia o fotógrafo com a boca cheia.
- Nós duas acabamos pegando o gosto por fazer doces. Estávamos insatisfeitas com nossas vidas e queríamos mudar. Hermione estava se matando de trabalhar e presa num relacionamento ruim e eu estava querendo novos ares, estava incomodada com o fato de morar com a minha irmã e a família dela. Um dia, numa conversa surgiu a idéia de abrirmos a loja.
- Por que as Srtas escolheram Winchester? Por que não ficaram na França?
- A Hermione estava com saudades da Inglaterra, mas não queria voltar pra Londres. Ela queria um lugar tranqüilo, mas não muito distante da capital. Winchester não foi nossa primeira opção. Estávamos de passagem pela região e acabamos ficando. Eu vim porque nunca tinha nem visitado a Inglaterra. Era um lugar novo pra mim.
- Como escolheram o nome “Candy Lady’s”?
- Surgiu de uma brincadeira da Dona Agnes. Desde a vez que ela nos viu fazendo um brigadeiro. Ela nos chamou de Srtas Candy. Mas quem ficou com o apelido foi a Hermione, já que eu não gostava muito dele. Até hoje, em alguns momentos, eu a chamo assim.
- E o início da Candy’s? Conte como vocês iniciaram de fato o negócio.
- Hermione entrou com o dinheiro, eu entrei com o trabalho. Nunca nos preocupamos em fazer propaganda. Apenas colocamos uma placa na porta avisando que estávamos abertos. E os clientes vieram...
- Só isso? Você está me escondendo algo...
- Não. Estou falando a verdade. Nosso objetivo nunca foi ganhar dinheiro. E sim fazer algo que nos dá prazer. Não queremos um ambiente cheio, queremos um lugar confortável. Ouvi dizer que nossos clientes nem mais comentam sobre a Candy’s com pessoas de fora da cidade...
- Isso é verdade. – falou Beth voltando a participar da conversa. – Alguns têm medo que aqui fique muito freqüentado. Bom, eu acredito que só entra na Candy’s quem tiver que entrar.
- Por que diz isso? – perguntou o fotógrafo.
- Não sei... Intuição... – respondeu Beth e voltou a fazer suas tarefas.

Instantes depois, Severo Snape entra na loja.

X – X – X

Snape varreu a loja com o olhar e percebeu que algo estava diferente. Rose não estava no balcão como de costume. Estava sentada com dois homens. Um estava tomando nota do que ela falava e o outro estava mexendo numa máquina fotográfica. Alguns clientes que estavam por perto prestavam atenção na conversa como alguns dos funcionários. “Onde está Hermione para botar ordem nesse lugar?” pensou levemente irritado.

X –X –X

A conversa continuava quando Rose viu Severo Snape na entrada. Parou imediatamente o que estava fazendo e se dirigiu ao homem:
- Bom dia, Sr. Snape. – falou Rose um pouco sem graça.
- Bom dia, Srta Davis. – retribui o homem indiferente.
- A Hermione não está. – disse rapidamente.
- É mesmo? – reagiu fingindo estar surpreso. “Evidente, isso aqui está uma zona!” pensou. – E onde ela se encontra? Vai demorar? – perguntou o Snape de um jeito que soou um pouco autoritário.
Rose ficou pálida. O homem sabia impor sua presença. Tinha que tomar cuidado. Medir as palavras para dizer onde a amiga estava.
- Hermione foi à Londres. Tinha uma reunião de emergência no banco e também foi encontrar com os amigos. – Snape levantou a sobrancelha, o que deixou Rose mais nervosa – Acho que o senhor conhece... O nome dele é Harry Potter. – Snape revirou os olhos, entediado – E ela foi visitar a família dele também. – acrescentou.
- E é só? – perguntou.
- Acho que sim... – disse a mulher insegura.

Snape olhou bem no fundo dos olhos da mulher e fez cara de desagrado. Rose estava se sentindo estranha. Passou a lembrar da última conversa que teve com Hermione. Sem mais comentários, o homem se despediu e saiu insatisfeito.

X – X – X

Harry Potter estava no seu escritório na Divisão de Aurores no Ministério da Magia. Estava lendo alguns inquéritos. Era um trabalho bem burocrático. A calmaria que se instalou no Mundo Mágico não lhe permitia mais correr atrás de bruxos das trevas. Era um trabalho chato.
Várias vezes, ele se perguntava por que não aceitara o convite pra ser jogador profissional de quadribol. Ron fora mais esperto e aceitou. Se tivesse aceitado, agora estaria disputando a Liga e não dentro de um escritório lendo papéis inúteis. Suas divagações pararam quando pensou na mulher, Gina. Seria muito legal viajar pelo mundo e jogar quadribol. Mas seu emprego dá algo que o quadribol não dá: a certeza de que estaria em casa todos os dias no fim do dia.
Nos últimos dias, Harry tem estado muito feliz. A razão de tal alegria era que Gina o comunicara de sua gravidez. Ficou surpreso, lógico. Não esperava tal notícia assim tão rápido. Mal tinham um ano de casados... Passado o choque inicial, Harry passava o tempo tendo planos para o rebento. Torcia muito para que fosse um menino e assim, daria a este o nome de seu pai.
Suas divagações foram interrompidas por um chamado:
- Harry! – chamou Gina. A cabeça da mulher estava flutuando na lareira.
- Gina? Algum problema? – perguntou o ontem dando um salto da cadeira.
- Preciso falar com você. Poderia vir um instante? Essa lareira está me dando vertigem.
- Claro! Claro que sim, meu amor.

Harry esperou a mulher sumir e “atravessou” a lareira até em casa. Chegando lá, encontrou panelas voando e uma agitação típica de dia de reunião de família. Notou que a Sra. Weasley estava presente. Então, teria uma reunião de família.
- Harry, querido, está bem? – disse a senhora, beijando-o em seguida – Temos muito trabalho hoje. – comentou e logo voltou aos seus afazeres.
- Gina, o que vamos ter hoje? – perguntou um Harry confuso.
- Harry, recebi uma coruja da Hermione agora pouco. Ela confirmou que virá nos visitar. Mamãe veio me ajudar a preparar tudo.
- Já avisei ao Artur e ele ficou de falar com o Gui e a Fleur. E também vai chamar o George e o Fred. – falou a Sra. Weasley – O Ron já me disse que daria uma passadinha aqui mais tarde...
- Peraí, ela vem mesmo? – perguntou Harry.
- Vem sim. Eu recebi a confirmação depois que você saiu. – pegou o bilhete e passou ao marido – Toma. Tá escrito aí. Ela disse que vem por volta das 15h.
Harry leu o bilhete que confirmou as palavras da mulher.
- Certo. – se limitou a comentar.
- Eu chamei você aqui para avisar da vinda da Mione e também pedir pra você chamar o Lupin e a Tonks. Já mandei uma coruja para Hogwarts chamando o Prof. Dumbledore, a Profª McGonagall e o Hagrid. Também pedi a Neville que desse uma passadinha aqui...
- Vocês chamaram todo mundo... – comentou Harry – O Snape também vai vir?
- Não! – disse a Sra. Weasley com convicção, o que alarmou Harry – Snape nunca gostou de nossas reuniões. – tentou se justificar.
- Sei... – Harry chamou sua esposa num canto e comentou – Gina, não seria melhor receber a Mione só entre a gente? Somente você, eu, no máximo o Ron?
- Eu te entendo, querido. Mas é a mamãe quem faz questão. Sempre quando surge uma oportunidade, ela quer reunir todo mundo.
- Bom, tenho que voltar ao trabalho. Pode deixar que eu darei os recados.
- Meu amor, tente chegar cedo...
- Farei o possível. – disse Harry dando um beijo na esposa. – Até logo, Sra. Weasley! – Harry foi em direção a lareira
- Até logo, querido! – respondeu a senhora. O rapaz já tinha sumido. – Chamar o Snape... Que idéia maluca! – comentou pra si. – Vamos, Gina! Temos muito ainda o que fazer!

X – X –X

Depois de algumas paradas, finalmente as freiras chegaram a Winchester. Poderiam ter chegado mais cedo. Mas Irmã Clotilde tinha medo da estrada e pedira ao dono do mercado que não corresse.
Já passara do meio-dia quando o dono do mercado parou em frente da catedral:
- Pronto, as senhoras estão entregues. Desculpe qualquer contratempo.
- Muito obrigada por nos trazer. – disse Irmã Clotilde.
- Que Deus te recompense por tamanha gentileza. – disse Irmã Judith.
- Foi um prazer. Vou ajudá-las com as bagagens.
O homem desceu a mala das freiras e se despediu. Subiu na caminhonete e partiu.

X – X –X

Na loja de móveis próxima à rua principal, um homem estava aflito. Havia voltado do depósito e não encontrou o que estava procurando.
- Chefe, acho que temos um problema?
- Que problema? – perguntou o homem de cabelo grisalho.
- Sabe aquele baú que vendemos para aquele senhor estranho?
- O senhor, deixe-me ver o nome – e consultou a caderneta – O senhor Snape. O que houve?
- Sumiu.
- O que é que sumiu?
- O baú do senhor Snape sumiu.
- Mas como? Temos que procurá-lo! – exclamou o homem nervoso – Esse baú tem que aparecer, nem que revistemos a cidade inteira!

X – X –X

Antes de sair da cidade, o dono do mercado parou numa mercearia de um conhecido. Arriou a caçamba e tirou uma caixa de lá. Entrou na loja, esquecendo de levantar a caçamba.
A menina Mel, que adormecera na viagem, acordou com o barulho feito pelo homem. Se assustou e levantou para ver onde estava. Era um lugar estranho e não havia sinal das freiras. Sentiu medo.
Um guarda estava passando pelo local quando viu a menina na caçamba da caminhonete. Achou melhor averiguar:
- Ei, menininha, o que está fazendo?
Mel levou um susto, mas permaneceu calada. Até prendeu a respiração.
- Vamos, desça daí. – falou o guarda.
Mel estava relutante, mas aceitou a ajuda do guarda.
- Qual o seu nome? – perguntou o guarda. Melinda continuou calada.
- Essa caminhonete é de um de seus pais? – insistiu. A menina se limitou a balançar a cabeça negativamente.

X – X –X

O dono do mercado e seu colega estavam conversando quando o colega notou que havia algo de estranho se passando do lado de fora:
- Hei, tem um guarda parado perto da sua caminhonete...
- Um guarda? – perguntou o homem surpreso.
- É...
- Vou lá ver. – falou o homem antes de sair acompanhado do colega

X – X –X

O guarda insistia em obter alguma informação da menina, mas não tinha sucesso. Mel se recusava a falar. O medo era tanto que a deixava muda. Quando a menina viu o dono do mercado se aproximando, se apavorou tanto... Sentiu que tinha que fugir. Não pensou duas vezes e desatou a correr.
O guarda, surpreendido com a ação, apitou. Sua intenção era alcançar a menina, mas foi detido pelo homem do mercado.
- O que está havendo, seu guarda?
- Senhor, esta caminhonete é sua? – perguntou o guarda.
- Sim, é minha. – confirmou o dono do mercado.
- Senhor, eu encontrei uma menininha na caçamba de sua caminhonete.
- Uma menina? – estranhou o homem.
- É sua parente?
- Não, minha esposa e eu tivemos apenas filhos homens... Céus, será que fui roubado? – o homem foi até a parte de trás do veículo verificar suas coisas. – Graças ao bom Deus, está tudo aqui.
- Senhor, fique aqui, enquanto eu vou em busca da menina. – disse o guarda antes de partir.

Enquanto isso, Mel corria pelas ruas da cidade sem rumo. Ao longe conseguia ouvir o barulho do apito. Estava com muito medo de ser pega. Passando por um beco, viu um baú e decidiu se esconder nele. Entrou e ficou toda encolhida, rezando para não ser descoberta.
O baú, num passe de mágica, desapareceu.

Minutos depois, o guarda chegou até o beco e nada encontrou. Cansado de procurar, resolveu voltar ao ponto de origem e conversar com o homem. Ao encontrar com o homem novamente, este lhe jurou que não conhecia nenhuma menina e que havia deixado a caçamba arriada por descuido. O dono da mercearia endossou a história do colega afirmando que o homem era inocente.
Vendo que não tinha nenhuma evidência, desistiu de levar o caso à delegacia. Liberou o homem e seguiu com sua ronda.

X – X –X

Na loja de móveis, depois de quase revirarem o quarteirão, o chefe e seu empregado estavam desolados. Como um baú poderia sumir assim do nada?
- O que iremos fazer? Isso é muito ruim para a imagem da loja. – lamentou o homem de cabelos grisalhos.
- Calma, chefe. – falou o empregado – Eu vou dar uma olhada lá no depósito de novo.
- Já reviramos o depósito duas vezes!
- Não custa nada olhar mais uma vez.
Assim que o empregado saiu, o senhor estava pensando seriamente em pedir desculpas ao senhor Snape e devolver-lhe o dinheiro.
- Chefe! Chefe!- gritou o empregado.
- O que foi? Sumiu mais alguma coisa? – perguntou o homem temeroso.
- Não! O baú apareceu!
- Jura? – expressou o homem incrédulo.
- Sim, está perfeitinho.
- Então, vou te ajudar a trazer o baú pra cá. – disse o homem com firmeza – Iremos entregá-lo ao Sr. Snape imediatamente. Antes que suma de novo. – comentou pra si mesmo.


Continua...
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N/A: Ainda não foi dessa vez que a Mel encontrou com o Snape. Mas do próximo capítulo, não passa! Essa fic já virou novela... Aguardem os próximos capítulos!

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