Doumajyd e Sarah



Doumajyd pensava seriamente no convite de Sarah, para ajudá-lo a descobrir o que Mary realmente tinha feito, quando algo lhe chamou a atenção. Ele tirou de dentro do bolso uma pequena esfera de cristal, do tamanho de um pomo de ouro. Dentro dela, uma fumaça em espiral se agitava e tomava forma, até que a imagem bem definida de uma mulher surgiu dentro do vidro.
- O que significa isso, Christopher? – perguntou a senhora Doumajyd, lhe mostrando que tinha nas mãos cópias das fotos problemáticas.
- Então foi você, velha! – acusou ele.
- Desde quando meu filho tem permissão para se referir a mim dessa forma tão grosa?
- Não fique me vigiando escondida!
- Você é o herdeiro do império Doumajyd! É meu dever cuidar para que você não arruíne nosso nome e é seu dever não se envolver com uma garota tão baixa! – ela sorriu de um jeito que nem de longe lembrava o sorriso de uma mãe – Eu não gosto desse tipo de coisa, Christopher! Seja sensato e pense na sua posição! Não se deixe enganar por essas pessoas que só têm interesse no que você pode oferecer!
- Mary não-0
- Adeus, Christopher!
E a imagem sumiu da esfera.
- MERDA! – ele a jogou longe, mas ela parou no ar e voltou por conta própria ao seu bolso, como se tivesse um encanto específico para quando fosse arremessada em momentos de fúria.


***


- Me desculpe, senhor Nissenson, mas não podemos dar as informações pessoais de nossos clientes. – disse educadamente o dono da loja de antiguidades, depois do dragão lhe mostrar o anel na foto.
Mary ficara escondida na porta da loja, apenas observando, enquanto Vicky e Nissenson tentavam descobrir algo. Ela estava com vergonha demais de entrar e ser reconhecida como a estrela principal da foto.
- Talvez... – começou Nissenson dando uma olhada nas coisas que estavam a venda – Eu devesse abrir uma loja de poções da minha família aqui do lado e-
- Ele trabalha em um clube aqui perto! – disse o dono de repente.
Vicky se surpreendeu com a mudança súbita de atitude do dono, enquanto Nissenson sorria satisfeito para ele:
- Em que clube?
- Bem, isso eu não posso dizer...
- Talvez eu compre toda essa área, e a transforme em uma central de testes para poções extremamente perigosas.
- Ei, Helen! – chamou o dono e logo uma mulher surgiu dos fundos da loja – Vá comprar uma cerveja amanteigada para o cavalheiro. Compre na loja perto do clube S, entendeu?
A mulher acentiu e saiu apressada.
- Por favor, mande o artefato mais caro dessa loja para a minha casa. – Nissenson agradeceu a sua maneira.


***


- Não é muito longe daqui. – disse Nissenson enquanto os três caminhavam pelas movimentadas ruas de Hogsmeade – Eu já estive lá uma vez.
Mary e Vicky lançaram olhares suspeitos para o garoto, que fingiu não notar. As duas estavam prestes a iniciar uma série de especulações a respeito da fama de mulherengo dele quando algo prendeu totalmente a atenção de Mary: Doumajyd e Sarah estavam andando na direção contrária deles... Na verdade, Sarah quase corria para conseguir acompanhar os passos apressados do líder dos dragões.
- O que você... – Vicky começou a murmurar enquanto Mary parecia indecisa em se jogar para dentro de uma loja qualquer ou se esconder atrás da amiga, até perceber o porquê dela agir daquela maneira.
Nissenson, sem se dar conta da situação de Mary, cumprimentou o amigo assim que o viu:
- Também procurando pelo culpado, Chris?
- É claro que não! – Doumajyd lançou um olhar rápido para Mary, para ter certeza de que ela ouvira bem o que ele dissera.
- Então o que está fazendo com ela? – perguntou Nissenson apontando sem nenhuma educação para Sarah, como se ela fosse apenas um bichinho de estimação.
- Não está na cara? – respondeu o dragão parecendo muito mal humorado, colocando as mãos nos bolsos e voltando a andar apressado – Vamos!
Sarah voltou a correr atrás dele, e os dois passaram por Mary sem nem ao menos olhá-la.
Mary sentiu que, se tivesse permissão, usaria sua varinha para arrancar o letreiro da loja ao seu lado e arremessar nos dois. Doumajyd por ser tão estúpido e Sarah por... por estar estupidamente com ele.


***


- Ah, eu me lembro dessa garota. – disse um bruxo que limpava o salão onde ocorrera a festa que Mary tinha ido naquela noite.
- Sabe onde eles foram depois que saíram? – perguntou Sarah, escolhendo bem as palavras.
Doumajyd ficara afastado, apenas ouvindo enquanto a garota tentava por conta própria buscar informações.
- Bem, – o bruxo sorriu e lhe lançou um olhar cheio de significado – pelo comportamento deles...
O dragão saiu do salão sem esperar que Sarah perguntasse qualquer outra coisa.


***


- Eles estiveram aqui. – disse o gerente do hotel mais próximo ao salão onde ocorrera a festa.
- Tem certeza? – perguntou Sarah aproximando mais a foto de Mary para que o gerente pudesse vê-la de perto.
- Certamente é ela. Eu mesmo entreguei as chaves.
Doumajyd, encostado na parede o mais perto possível da porta de saída, procurava não mostrar interesse, mas era um fracasso total.
- Será... será que nós poderíamos dar uma olhada no quarto?... Para podermos confirmar por nós mesmos se essa foto foi tirada aqui?
- Se insistem. – concordou o gerente.
Sarah olhou para Doumajyd, como se perguntasse se estava tudo bem, o que o dragão fingiu não notar.


***


- E então, Mary? – perguntou Vicky.
- Ele parece não estar aqui agora...
Os três espiavam pela porta do clube. Mesmo sendo estudantes, Nissenson conseguiu com que eles pudessem entrar sem problemas, mais uma vez graças a o seu nome e o seu dinheiro.
- Eu vou olhar se tem alguém usando o anel...
O clube já estava em funcionamento, e haviam várias bruxas sendo acompanhada por bruxos galantes que recebiam muito bem para estarem ali. Nissenson não perdeu tempo em se misturar com as pessoas e rapidamente conseguiu algumas ‘clientes’.
- O que ele está fazendo?! – perguntou Vicky indignada, com intenção de ir atrás do dragão e o arrastá-lo pelas vestes para fora, mas no mesmo instante percebeu que Mary já não estava mais ao seu lado.


***


Doumajyd lançou um olhar geral para o quarto em que Mary havia passado a noite com aquele desconhecido.
- Eu não posso acreditar... – lamentou-se Sarah comparando a foto com o cenário a sua frente – Que ela estava nesse quarto, nessa cama com esse cara... Que eles passaram a noite toda juntos...
Doumajyd arrancou a foto das mãos dela sem aviso e foi até a cama. Não havia dúvidas. Era exatamente a mesma. Tudo se encaixava e não havia como negar que Mary realmente esteve ali. Não só as pessoas que trabalharam durante a festa confirmaram, como o próprio gerente do hotel. Mary não só fizera o que ele menos esperava dela, como também mentira e o enganara.
Totalmente arrasado com a confirmação do que sua mãe dissera, ele caiu sentado na cama, desorientado, olhando para o nada.
- Você está bem, Doumajyd? – perguntou Sarah se aproximando devagar – Sabe... ela... ela também me traiu. Ela traiu toda a confiança que eu tinha nela. Eu realmente não imaginava que Mary fosse esse tipo de pessoa!
Ela sentou ao lado dele e ficou em silêncio, os dois parecendo chocados demais para dizerem qualquer coisa.
- Por... por alguma razão... eu me sinto com nojo. – disse ela depois de um tempo – Doumajyd, você se sente do mesmo jeito, não?
O dragão não respondeu, permaneceu olhando para o nada, como se nem ao menos respirasse.
- Por favor, não fique tão triste. Mary com certeza não merecia toda essa atenção que dava para ela. Desde o início ela só trouxe problemas para você e o resto do D4! – ela tentou fazer com que ele a olhasse – Doumajyd, eu... eu não serei... capaz de te deixar sozinho... – ela se aproximou do rosto estático dele – Nunca.
- Eu vou matá-la!
Sarah arregalou os olhos assustada, sem entender, e quase ao mesmo tempo foi empurrada por Doumajyd que saiu furioso do quarto, ainda praguejando:
- Ela está me fazendo de bobo! Vou matá-la e depois jogá-la da torre de astronomia! E depois recolher os pedaços e dar para a Lula gigante se divertir!
Sarah se levantou da cama, ajeitando as vestes e lançando um olhar mortal em direção ao dragão, de uma maneira que não combinava nada com ela.

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