Capitulo 2



Capitulo 2 – Uma vontade de mudar.


21 de dezembro de 1975, Lago Grimmauld, 12, pouco antes do jantar.

Querido Diário,
O que eu posso dizer? Achei que a noite passada tivesse sido estranha, mas parece que cometi um terrível engano. Bem, só posso acrescentar que, arrependimento é uma das únicas coisas que não passa em minha cabeça no momento. O que? Ninguém é de ferro e, aliás, eu duvido que alguém em sã consciência se arrependeria. Oras, apenas um jogo não fará mal a ninguém não é? Ainda mais se o premio for Sirius Black. Oh, eu tenho certeza que qualquer pessoa algum dia já se deixou levar, e que mal há em fazer o errado uma vez na vida?

Ou melhor, quem ditou o que era certo e o que era errado? Eu sinto muito, mas, uma vez na vida eu irei infligir às leis dos Black e quem sabe, até ser um pouco rebelde. Afinal, que mal há em ser livre pelo menos uma vez?


Certo, a conversa de ontem só pode ter mexido de algum modo com a minha cabeça. Ou eu pirei de vez, por favor, ignore o que eu disse acima, sim? Não sei o que deu em mim para fazer isso. Bem, eu realmente, não sei o que deu em mim, passei a noite em claro tentado descobrir o que poderia ter acontecido se eu tivesse permanecido no sótão. E como já era de se esperar amanheci com um péssimo aspecto. Pus uma leve maquiagem, apenas para esconder os efeitos da noite passada e desci para tomar café.

Assustei-me quando percebi que todos já estavam à mesa. Sentei-me no lugar de costume, entre Andrômeda e Narcisa, foi ai que eu notei seu olhar sobre mim. Aos poucos nossos olhares se encontraram e aquele sorriso nojento apareceu em seu rosto. Foi como um flash, assim que ele piscou para mim, nossa conversa passou em minha cabeça, e aquela maldita frase voltou a martelar minha cabeça. Eu só gostaria de saber, como ele consegue me deixar louca com apenas um olhar?

-Você está bem querida? – Voltei à realidade assim que ouvi a voz da minha tia Walburga.

-È apenas uma dor de cabeça. – Menti enquanto tocava minha têmpora. –Não há motivo para preocupações. –Voltei-me para meu café. Continuava alheia a conversa estabelecida na mesa entre minha tia e Narcisa. Pelo que me pareceu elas falavam algo sobre a festa de natal que se acontecia todos os anos aqui na mansão.

-Não seria ótimo Bella?

-Do que falas, Cissa? –Perguntei no que ela bufou e pos uma mecha de seu cabelo loiro para detrás da orelha.

-Comprarmos vestidos novos para usarmos no baile. –Eu me limitei a revirar os olhos enquanto tomava um gole de chá. Céus, e eu que pensei que ela não conseguiria ser mais fútil. Sorri assim que terminei de engolir o chá e disse com a voz mais doce o possível.

-Claro, me parece uma ótima idéia. – Voltei a me concentrar em meu chá quando percebi algo tocar levemente meu ombro. Levantei os olhos lentamente e encontrei Andy me encarando com ternura. Ótimo, o que será que ela quer agora? – Sim Andy?

-Quero que vá até o meu quarto depois Bella, precisamos conversar. – Eu apenas afirmei com a cabeça e terminei aquele café da manhã.

-Com licença. –Eu disse enquanto me levantava e caminhava pelo enorme corredor. Subi as escadas e segui pelo corredor rumo ao meu quarto. Assim que entrei corri até a cama e me joguei de barriga ali. Fechei os olhos e puxei uma das almofadas.

Não sei exatamente por quanto tempo fiquei ali. Até que ouvi leves batidas na porta. Suspirei e virei-me de frente para o teto enquanto dizia um sonoro “Entre!”

Quem quer que fosse logo se arrependeria de ter entrado ali. Sentei-me na cama e encontrei Narcisa me olhando séria.

-Mas o que, diabos, você tem? – Ela disse em quanto assumia a costumeira pose, com as mãos na cintura. –Desde que partimos você anda assim. Parece até que não aprova o seu noivado com Rodolphus. Não sei se você percebeu, mas ele é a melhor coisa que poderia acontecer conosco...

-Narcisa, pelo amor de merlim. Deixe-me só um momento certo? –Ela me olhou como se eu fosse uma espécie de E.T e se sentou ao meu lado na cama.

-Tem certeza que não quer desabafar comigo? –Eu olhei enjoada para ela enquanto a mesma pegava as minhas mãos e as punha em seu colo. – Sabe, às vezes é bom você se abrir com os outros. È como a Andy diz, você é tão fechada Bella, não pode ser assim para a vida inteira se não sabe-se lá o que pode acontecer com você.

Eu só posso ter pregado chiclete na varinha de Merlin. Certo, a maioria das loiras que eu conheço são burras, mas às vezes minha irmã consegue ultrapassar um hipogriffo no quesito burrice. Respirei fundo e delicadamente, retirei minhas mãos de seu colo. Sorri com doçura para ela e falei tentando não demonstrar minha raiva.

-Cissa querida, eu, realmente, não sei o que seria de mim sem a sua ajuda. Agora, o que acha de dar o fora do meu quarto antes que eu te azare? E, antes que eu me esqueça, nunca mais me faça uma pergunta dessas.

Eu já estava pronta para expulsa-la do quarto quando ouvi uma doce gargalhada vindo da porta do quarto. Virei irritada para a porta do quarto para encontrar uma Andrômeda com lagrimas nos olhos. Ela tomou fôlego, ou tentou tomar, antes de se pronunciar.

-Desculpem-me, mas, foi impossível conter uma gargalhada. Cissa querida, você realmente, acredita que um dia, Bellatrix, irá se abrir com uma de nós, ou pior, admitir que se passa dentro desta cabecinha? –Eu olhei para ela irritada. Oras, Um Black jamais deixa transparecer aquilo que sente, afinal, é uma vergonha sair chorando por ai igual a uma criancinha. –E nem adianta me olhar assim. Eu não tenho medo de seus olhares, Bella.

-Mas, afinal, eu posso saber o motivo de vocês duas terem invadido meu quarto deste jeito?

-E você ainda pergunta, bellinha? –Andrômeda me perguntou enquanto juntava-se a nós na cama. –Viemos visitar nossa irmãzinha que adora se isolar do resto da família.

-Mas eu não estou me isolando! Só acho um desperdício de tempo ficar vagando pela casa em busca de algo, ou até mesmo, congelar nos jardins. Prefiro ficar acomodada no meu quarto lendo um bom livro.

-Sobre magia negra, eu suponho. –Andy contrapôs. Eu me limitei a revirar os olhos. - Oh Bela, até quanto vais insistir nesta insanidade? Por Merlin, tens idéia do quanto isso pode ser perigoso?

Por mais estranho que pareça, Cissy ouvia tudo aquilo calada, como se analisasse a situação. Ela nunca se mete entre nossas brigas, prefere se manter em cima do muro, diz que ainda é cedo para decidir em que lado ficar. Covarde, a ingênua ainda não reconheceu o melhor lado a se ficar.

-Sim, vocês vão me dizer, ou não, o que vieram fazer aqui? –Perguntei enquanto me levantava da cama e ia até o armário.

-Oh sim, Tia Walburga pediu para eu avisá-la que Rodolpho virá visitá-la hoje. Ela espera que você esteja vestida decentemente. -Cissa se levantou da cama e ajeitou o vestido azul claro com bordados em rosa. E seguiu direto até a porta.

Olhei para Andy que mantinha o olhar perdido.

-Você está bem, Andy?

-Por que você insiste em fingir que gosta de Rodolpho? – No exato momento queouvi isso deixei a escova cair no assoalho de madeira e virei-me assustada para ela

- Porque dizes que eu não gosto de Rodolpho?

-Há muito tempo venho observando o modo como reages quando falamos de Rodolpho, qualquer rapariga apaixonada se derreteria mas você parece tão...indiferente a tudo. –Andy me olhou nos olhos, como que tentando ver o que se passava em minha cabeça.

-Ora, Andy, é lógico que eu gosto de Rodolpho, não ao ponto de parecer uma boboca com a simples menção de seu nome, mas ao ponto de sorrir e agüentar suas conversas durante as visitas que ele me faz.

Ótimo, tudo o que eu precisava era que alguém me obrigasse a amar o Lestrange. Já não bastava ter que ser doce e agradável com ele?! Bem, para encerrar o assunto me sentei de costas para ela, e de frente para a penteadeira e comecei a escovar meus cabelos.

Logo ouvi o barulho da porta sendo fechada e assim soltei um suspiro. Nunca gostei tanto da solidão do meu quarto. Fiz uma trança no meu cabelo e decidi que não iria me deixar abalar pelo que a Andy disse.

Sai do quarto de cabeça erguida e fui à biblioteca. Sentei-me em uma das poltronas e pus o livro escolhido em meu colo. Quando terminei de ler a primeira linha, a voz de Andy ecoou na minha cabeça “você parece tão... indiferente a tudo”. Que ódio! Como ela ousa falar assim comigo? Bem, voltei a minha leitura e estava indo tudo bem (já tinha conseguido passar da primeira página, após meia-hora) quando ouço a porta da biblioteca se abrir e alguém passar por ela.

-Bella, minha mãe está te chamando na sala. –Regulus disse enquanto olhava descaradamente para a fenda em meu vestido. Sempre o achei tão estranho, não me pergunte o porquê, mas para mim Regulus sempre seguiu os passos da mãe, nunca se revoltou igual ao irmão.

Levantei-me da poltrona e ajeitei o vestido. Ao sair da biblioteca parei em frente o pequeno espelho que havia no corredor, deveria estar impecável para receber meu futuro esposo. Suspirei e fui em direção a sala de visitas.

Um elfo abriu a pesada porta de carvalho e eu passei sem olhar para a criatura. Elfos eram feios e repugnantes. Assim como eu esperava, todos já estavam a minha espera na sala de visitas. Os cavalheiros se levantaram assim que me viram entrar pelo aposento e eu sorri para eles, como uma Black deveria fazer. Minha mãe indicou-me um local para sentar ao lado de Rodolpho.

Assim que me sentei ele tomou minha mão na sua, não de uma forma gentil, mas sim possessiva. Por um momento eu queria que não fosse ele a estar ali. Chega! Chega de pensar besteiras Bellatrix, concentre-se em seu noivo e nos planos para seu casamento.

-Bella querida, o que acha de darmos uma volta pelo jardim? – Fui despertada pela voz do meu “noivo” e antes mesmo que eu pudesse abrir a boca para responder Tia Walburga já havia aceitado o convite.

Ele se levantou primeiro e estendeu a mão para mim, no que eu aceitei e me levantei do sofá, fomos andando até a porta da sala e assim que ouvi o fechar da porta senti como se estivesse andando para a morte. Ao chegarmos ao vestíbulo um elfo já nos esperava com nossos respectivos casacos. Ele me ajudou a por o meu e então saímos para o vento gelado de Londres.

Andamos em silêncio por alguns instantes, ele ainda segurava a minha mão, agora enluvada por causa do frio. Não entendi muito bem o que ele queria fazer quando parou e me segurou pelos ombros, ficou algum tempo me olhando nos olhos, tanto que pude ver a minha imagem refletida em seus olhos. O olhar dele era duro e pesado, não tinha nada de doçura ou até desejo. Na verdade o olhar dele tinha uma boa porção de malícia...

Ainda segurando ele aproximou seu rosto do meu e me ofereceu um sorriso selvagem, e rapidamente capturou meus lábios. Não era um beijo doce, muito menos romântico igual aos que você está acostumado, era doentio e nojento. È, nojo, isso era o que eu sentia naquele instante.

Assim que o beijo acabou eu me virei para trás encontrei o rosto de Sirius, quase colado a janela, me encarando de uma maneira mortal. Sorri com sarcasmo e me virei para contemplar Rodolpho que me olhava de maneira intrigada.

Sorri sensual e o beijei novamente, porém de um modo que Sirius pudesse nos ver claramente, passei as mãos envolta do pescoço de Rodolpho e soltei uma pequena risada quando ele passou a beijar meu pescoço. Quando olhei novamente para a janela onde antes Sirius estava, não o vi mais. Meu sorriso aos poucos morreu e me afastei um pouco de Rodolpho.

-É melhor pararmos. Não será nada bom se alguém nos vir deste modo. –Ele apenas concordou com a cabeça e pegou minha mão novamente para podermos entrar em casa.

Bem, o resto da tarde foi de conversas chatas, a mão suada dele que parecia ter sido grudada a minha e sorrisinhos irritantes que eu era obrigada a dar cada vez que alguém fala o quão bonita era a nossa figura juntos.

Ah, tenho que ir. Andy Acaba de me avisar que o jantar está posto. È melhor eu descer antes que desconfiem.
Bellatrix Black
N.A:olá amores!!!
Vocês não imaginam o tamanho da minha felicidade ao ver a quantidade de comentários aqui....
Infelizmente, eu não vou poder responder os comentários. Mas podem ter certeza de que eu li todos. Sem exceção.
Ah, eu TENHO que dizer pra Luna_Black, que a Bella vai ser um pouco “diferente”, digamos assim, das outras. Essa vai ser mais sonhadora e tal, até porque esse é o diário dela então aqui, ela não vai ter que fingir nada pra ninguém, especialmente os próximos capítulos quando vai mostrar a vontade dela de “se libertar”. Bem, deixa eu ir porque se não eu entrego todo a fic.
Beijos a todas/todos que comentaram, votaram e até mesmo aqueles que leram, mesmo sem comentar...

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