O Trio



Cap. 9 –O Trio



-Sírius foi o único que não sugeriu nada, pode fazer uma escolha imparcial. –Hagrid sugere e Hermione olha para Sírius desconfiada disto, Rony também parecia não estar muito confiante.

-Realmente, Sírius. Confio em seu bom senso e imparcialidade para escolher o nome! –Harry aprova satisfeito, mas deixando claro ao padrinho que deveria ser imparcial.


-Bom, creio que apesar dos outros serem bons, Fëanor parece mais adequado ou ao menos mais imponente e talvez mais mágico, já que vem da linguagem élfica. –Sírius responde meio sem jeito, não costumava ser muito bom para dar nome as coisas.

-Fëanor parece ter gostado do nome. –Hermione fala olhando para o dragãozinho, que emitia uma quantidade maior de fumaça.

_Harry pode me acompanhar? Preciso falar contigo. - Sirius disse tocando-o no ombro.

_Claro, para onde?

_Bem, está muito frio lá fora, por isso aqui dá perfeitamente. - disse aproximando-se da janela.

_Então, sobre o que é? – Harry perguntou quando já se encontravam a uma distância razoável de Hermione e Rony que brincavam com Fëanor e de Hagrid que alimentava uma planta estranha com um naco de carne.

_Harry, eu quero alertar você mais uma vez sobre os perigos da floresta proibida. Ela tem muitos segredos fatais, pra não falar também que tem diversas espécies de animais e criaturas perigosas que não toleram que o seu território seja freqüentado por humanos. E como não gostam dessas presenças isso pode gerar conflitos.

_Eu entendo. Terei mais cuidado. – Responde preferindo não tentar convencê-lo de que na floresta de Almaren havia muito mais perigos.

Os dias pareciam passar cada vez mais rápido para Harry, que acompanhava a rápida melhora de Fëanor e aguardava com grande ansiedade a resposta da carta que enviara a Almaren, havia não só falado sobre seu novo amigo, como também descrito um pouco sobre Hogwarts, Rony e principalmente Hermione, preferindo omitir os problemas para não preocupar aqueles que eram como pais para ele.

Aquela quinta prometia um amanhecer vagaroso e escuro, com os raios de sol brigando para perfurar a espessa camada de nuvens. Harry admirava o início dessa batalha e ouvia o canto dos pássaros quando viu um pássaro flamejante se aproximar, logo reconhecendo Fawkes, a fênix do diretor. A ave fez uma manobra graciosa e pousou sobre o joelho de Harry, deixando a resposta dos elfos com ele.

-Obrigado Fawkes, ansiava por esta carta como um frágil coelho anseia pela frondosa e viva primavera, durante um inverno rigoroso. –A ave piou longamente e curvou a cabeça em um cumprimento antes de erguer vôo em direção a seu puleiro no escritório do diretor.

Querendo prolongar aqueles momentos de prazer, Harry observou o pergaminho refinado, sentindo o suave aroma de Almaren, logo depois se detendo na letra firme e bem desenhada de Hanya, onde seu nome bruxo, Harry J. Potter, estava escrito. Rompeu o lacre dourado com o brasão dos Ezellohar, encontrando quatro pergaminhos. Pegou o primeiro e logo reconheceu a caligrafia de Melroch.

Haryon,
Tendo em conta o vosso pedido, estes foram os dados que consegui arranjar no Heren Istarion:

Raça: Sercë-Linyenwa
Cores: Tons escuros na parte superior, escamas brilhantes e tons vivos, tendendo ao escuro na parte inferior do animal.
Principais características físicas: Asas grandes e fortes, espinhos na ponta da cauda, escamas rijas como aço, corpo serpentino.
Principais Habilidades: Expele fogo ou gelo pela boca, possue uma magia tão forte no sangue que é naturalmente imune a maioria dos feitiços, tem ouvidos aguçados e grande visao noturna.
Habitat Natural: Pode viver em áreas desertas, altas montanhas, vales, regiões congeladas, ou até em pequenas ilhas e lagos de quaisquer profundidade.
Alimentação: Carnívoro, mas também pode comer frutas e vegetais.
Estágios de crescimento: Do nascimento até os 3 anos o dragão ainda é considerado um filhote, a idade adulta só se atinge pelos 50 anos, quando uma boa parte do conhecimento armazenado em seu sangue, já está absorvida pelo jovem dragão.

E tanto quanto sei, os Sercë-Linyenwa é uma raça de dragões superiores. Reconhecidos pela sua nobreza, inteligência e capacidade de se comunicarem com os seres humanos. Podem conviver pacificamente com qualquer civilização que os respeitem e com eles carregam a sabedoria milenar dos dragões no sangue, só que ela vai "sendo liberada" conforme o passar dos anos.
No entanto, foram quase dizimados por elfos negros e outros inimigos poderosos.
Agora existem em muitos poucos e em lugares extremamente protegidos por uma magia peculiar.
É muito difícil procriarem porque existirem pouquíssimas fêmeas e os ovos demoraram muito pra chocar podendo chegar por vezes a levar uns anos, e além disso os ovos de Sercë-Linyenwa são valiosíssimos no mercado negro pra fazer certos tipos de poções.


Dobrou o pergaminho e o pôs no bolso de sua calça para informar a Dumbledore sobre Fëanor. Jamais imaginara que o amiguinho pudesse ser remanescente de uma raça tão notável e poderosa, o que significava que deveria ter agora muito mais responsabilidade além de cuidado. Porém deixou para avaliar aquilo em outro momento, pois estava impaciente para ler o que mais haviam lhe mandado.

Haryon,

É com inefável agrado que vos escrevo esta carta onde pretendo ser o mais breve possível e inútil será estar com rodeios ou procurar frases aparatosas.
Espero que os motivos que vos levaram ao mundo bruxo estejam a favor dos ventos que igualmente até aí vos conduziram.
Guardo expectativas, que apesar de estardes a conviver com um povo fraco de espírito, que condenou os elfos há muitos e muitos anos de penar pela sua intromissão constante na nossa cultura, que facilmente são adulterados e não prezam algo tão simples e essencial como a terra, continueis fiel aos ensinamentos recebidos nestas vigorosas terras de Almaren, onde os territórios cessam e ao crepúsculo, o sol se afoga no mar.

Tu serás o defensor dos Ezellohar, quando cresceres muitos pasmarão de tanto heroísmo. Nenhum herói antigo ou moderno, foi ou há-de ser tão forte e sábio na guerra como tu ou ter virtudes e lealdades tão nobres como os que dar-te-emos.

E que estas palavras entre muitas outras desmedidas, inutilmente gastas e vãs tenham agora, mais do que nunca efeito em vós.
Não estou proferindo ou desejando que suporteis e aguenteis o fado que vos foi decidido, até porque cada um traça os seus destinos, porém o vosso, Haryon, inevitavelmente, vai cruzar ou até mesmo estar dependendo de muitas vidas inocentes, tanto as dos elfos como as dos bruxos.
Esperanças de muitos estão depositados em vós e muitas mentes se atrevem em demasia, em esperar de vós vitórias inexecutáveis, conquistas quiméricos de lugares longínquos...actos que até hoje continuo achando impossível.
Muitos esperam um príncipe, Haryon, um príncipe que os presenteie com uma aurora peculiar no horizonte a cada alvorecer, não um período de guerras e lutas excessivas por parte de um Istari que imitará os seus antepassados nos muitos erros que cometerá.
Já penseis no quanto e tamanho sofrimento aguarda o povo de Almaren e muitos outros caso estejais determinado a ir além do limite conhecido?
Um príncipe respeitoso, eloquente e honrado não nasce de um dia pra o outro, é sim, resultado de sucessivos e contínuos adestramentos, pelo que, espero que dês continuidade aos vossos treinos já que muitos têm o estéril anseio e crêem que vós é capaz de engrandecer e perpetuar os Ezellohar através do tempo e do espaço.

Pela graça de Almaren, que a coragem e a proeza dos Ezellohar vos guarneçam,
Failon

Harry sorriu ao notar que mesmo com seu jeito distante e severo, Failon mostrava preocupação e carinho para consigo. Guardou o pergaminho com cuidado e pegou outro, reconhecendo as letras de suas adoradas ammë, resolvendo deixá-las para o final, apanhou o último pergaminho, que notou ser de Melroch e Martano.

Caro Haryon,

É com estima que eu e Melroch estamos endereçando-vos este pergaminho como forma pouco eficaz de matar algumas saudades, saber como estais e vos informar as novas de Almaren, que com certeza são de seu interesse...


Haryon, creio que deveis estar afadigado dos preâmbulos de Martano.
Há muito que não vos dou notícias minhas, mas, ao saber as causas, ireis ficar admirado. Uma surpresa pela qual igualmente ficareis alegrado.
No último plenilúnio, nasceram os filhotes do vosso unicórnio – alado.
Dois descenderam de encontro a Almaren: um macho e uma fêmea, os nomes estão a seu cargo como podeis imaginar.
Têm crina aveludada, pele sedosa e tão brancos como as nuvens. Em tal noite, uma doce brisa norte soprou veementemente, vós deveria ter presenciado, parecia a princípio, quando fui alimentar Aragorn, que o tempo seria frio, que viria uma leve calmaria no calor que assombrava a floresta.
A última vez que observei tamanho acontecimento fora há anos atrás.
Compreendêreis-me se disser que fora um momento inexplicável e que sem dúvida lhe daria satisfação tal contemplamento.
E recentemente, tenho andado a estudar uns insectos que tanto quanto sei, únicas e que em Almaren passam todas as Alvoradas.


Espero que esteja tudo bem convosco.
Aquelas gemas especiais que andei preparando já estão prontas e estou pensando em acrescentar-lhe algo diferente, todavia, elas já são belas por si mesmas.
Mas com o que penso fazer, garanto-vos que estas gemas distinguir-se-ão, como as outras, não serão movidos de prêmio vil.
Descobriu a forma definitiva da lâmina? Coisa que creio ser difícil de se saber por esse mundo creio eu, de qualquer das formas, essa lâmina é peculiar, poucas e grandes espadas foram forjadas em Almaren dentro desse género.

E já deu uso a ela? Caso não tenhais, oportunidades não irão vos faltar. O que não escasseia por aí são grandes e graves perigosos neste caminho tão incerto que é a vida.
Tantas tormentas, tantos enganos e tantos danos, tantas vezes a morte é apercebida e perseguidora...


Ethyar vos mandou cumprimentos.
E se me perguntares se ele está bem, não vos omitirei. Sim. Depois de vossa partida, ele enamorou-se de uma elfa.
Ah, a juventude!


Como vós vedes o mundo bruxo? Quão ele é diferente de nossas terras? Como os bruxos são?

Quantas diversidades de animais que por aí se encontram?

Sem mais rodeios, vamos ao que realmente interessa, até porque Melroch está bufando aqui do meu lado e o próprio jurou-se capaz de colocar algum animal feroz atrás de mim...
E como vai...hum...como está indo com a vossa Anarinya? Já saiu da etapa zero?


Mas se quereis dicas, podeis contar connosco.
Já penseis em oferendar-lhe algo como... flores? Ou podeis levá-la pra um lugar bonito, sossegado e com um lagopara nadarem.


E tem de olhá-la de modo insinuante, lançar olhares discretos pra os lábios dela indicando assim o quanto seria do vosso agrado beijá-la.

Ou levá-la pra perto das estrelas, enquanto ela as contempla vós aproveitaria e lhes dedicaria uma canção no ouvido.

Seja como for, mais cedo ou mais tarde ela não vos resistirá, afinal nós elfos somos inteligentes, românticos e sedutores.
Bem, sentimos falta de vós e esperamos rever-vos brevemente.


Harry sentiu o rosto corar e aquecer, mas de certo aquelas dicas lhe teriam grande valia, já que, como o padrinho o incentivara, iria tomar uma atitude em relação à Hermione, não poderia se recolher diante de um oponente tão inadequado quanto Vitor Krum. Deixando tais pensamentos um tanto dolorosos de lado, pegou a carta de suas queridas ammë.

Meldincë Haryon,

Diante de nós, encontra-se a sua carta, que nos lembra de quando vós éreis uma criança.
Com saudade, que aqui continuam os que vós deixastes, o vosso quarto inabitado de onde nenhum som provem, o vasto jardim onde tantas vezes vós se entreteve, agora se encontra ermo sem a vossa presença. O freixo, onde vós gravou cada amanhecer possantemente o tempo que aqui esteve e que agora compromete a nossa soidade.
O impetuoso destino vos distanciou de Almaren, vos aparatou de nós.
Muitas vezes o sol se alteou desde que daqui vós partistes e desde então nenhum outro riso animou mais o castelo.

Com a vinda daquela vossa carta, atenuaram-se os meus cânticos padecentes e ausentou o tempo mau que tanto me fez sofrer por saber novas de vós.
E eis-nos aqui prontas, dedicadas e atenciosas para vós responder a carta, que nos deu uma grande alegria desde o dia em que chegou, como nesta linda manhã.
E novamente, tudo me parece oiro à minha volta, apenas porque vos sinto outra vez perto através de suas palavras. Tudo voltou a dar-me inspiração, motivo e razão com a vossa ‘presença’ tão ausente daqui.
Também nós vos estimamos com muita ternura e ousamos até esperar que a vida nos dará novamente a felicidade de vós ter perante nós.


Li e tornei a ler comovidamente. E que bom que algo vosso chegou às nossas mãos.
Alma torturada como eu tenho a minha, é ávida de saber como e em que condições estais. Não se admire desta minha fraqueza, que é talvez a maior qualidade em mim.
Longe de vós, os dias passam numa lentidão que nos desespera.
Não esqueçais que será com imensa consolação para nós saber que vós nunca desprezará os conhecimentos que daqui levou.


E a minha preocupação, como deveis calcular também passa pela sua saúde, não podendo deixar de pensar se andais comendo e estudando direito.
Não sei o quão é saudável a comida bruxa, o que me leva a suscitar estas questões.
Adquiriu neste espaço de tempo algum costume ou hábito bruxo?

E como está Hermione? Do modo como vós se referiu à ela na carta, com certeza que deveis estar pensando que se enamorou pela menina certa.

E caso ela seja mesmo a ideal para vós, esperamos ansiosamente poder conhecê-la, afim de tirarmos as nossas próprias conclusões. Não que a nossa confiança em vós tenha desalentado, porém como sabeis existem diferentes maneiras de ver a mesma pessoa.

Ponha-vos a pensar e vereis que ainda é cedo para vós tomar esse tipo de fardo. E também sabeis que um relacionamento tira-nos todas as ilusões e, quando não é conduzido pensadamente, pode trazer-nos desgostos e amarguras que poucas vezes podemos remediar.

Tantos seriam os assuntos que temos para falar com vós que através de uma simples carta tal não seria possível.

E com saudades nos despedimos de vós.

Até, amado Haryon


Segurou-se para não chorar, sentia também muitas saudades de todos os momentos que passava com sua família, mas preferia pensar que tão logo se empenhasse em enfrentar seu destino, voltaria para aquele que sempre seria seu lar. Arrumou as cartas com cuidado, lembrando de depois enviar uma resposta a todos com direito a uma bronca especial a Ethyar, por não ter lhe escrito uma linha sequer.

Horas mais tarde, Harry soube com curiosidade que o diretor encontrava-se ausente e só retornaria dentro de uns dias, o que não lhe pareceu algo comum. Conteve-se ao pensar que talvez houvesse acontecido algo sério, relativo a Voldemort, mas perguntaria quando ele retornasse e os dois conversassem sobre Fëanor.

Já à noite, caminhava pelos corredores de Hogwarts sem saber ao menos para onde estava se dirigindo. Acabara de jantar a momentos atrás e decidira não acompanhar o resto dos grifinórios à sala comum, principalmente por causa da Hermione, optando por ‘vaguear’ por aí como diria Snape.
Pensava muito nela ultimamente. Pensava cada vez mais nela e com mais intensidade e mesmo com o tempo que ela dispensava a ajudá-lo a compreender melhor a matéria, Harry continuava a sentindo longe de si.
Uma sensação de desagrado o invadiu quando, na sua cabeça, rememorou a cena de Hermione junto de Krum em Hogsmead, não entendendo o que ela poderia ter visto naquilo.
Mas, isso não o fez deixar de se alegrar por dentro, de fechar os olhos enquanto encostava-se ao parapeito de mármore de um dos arcos, apreciando a vista lá fora.
Um sorriso bobo e inesperado sempre lhe vinha nos lábios quando a imaginava nos seus pensamentos.
Notou que o céu estava particularmente mais pardo e que para além da luz do luar, os pontinhos brilhantes iluminavam o escuro.
Parou para reflectir melhor. Era isso...
Começava a considerar a presença de Hermione como parte elementar dele, que agora se principiava a enraizar-se nele.

*
_Então o que faço? Como faço? -Harry perguntou olhando pra Sirius que procurava se concentrava em algum ponto da sua secretária, enquanto o moreno andava de um lado pra outro inquieto.

_ Hum... Tem de criar um clima romântico com Hermione. - o moreno parou ao ouvir o nome que o padrinho tinha pronunciado.

_Quando falou em clima romântico referia-se a quê?

_Em você aproveitar um momento em que estivessem a sós para de falar de algo pra além de... do que falam normalmente, entende? -Harry franziu o cenho pensativo, relembrando dos conselhos de Melroch e Martano. _Está sendo difícil de perceber?

_Mais ou menos.

_Hum... como te posso explicar melhor... tem de ser algo romântico, não propriamente um jantar a luz das velas, mas...

_Floresta proibida. – Harry sussurrou pra si.

_O que disse? – Sirius perguntou.

_Apenas uma possível conclusão, creio ter finalmente pegado tua linha de raciocínio.

_De qualquer dos modos você tem de começar por um ponto. – Sirius ponderou pensativo.

Harry e Sirius ficaram falando mais algum tempo. O padrinho já sabia da sua entrada na floresta proibida e estava acompanhando também o estado de Fëanor através de Harry. A conversa mudara com Sirius perguntando-lhe se algum sonho recente estaria o incomodando ao que ele respondera que não.
Já pela madrugada Harry e Hermione terminavam o treino daquele dia. A grifinória parecia completamente exausta quando se deixou cair no sofá, enquanto Harry se sentava calmamente, parecendo que só havia ficado assistindo o treino dela.

-Definitivamente você não precisa mais de treino com varinha! –Hermione fala ainda recuperando o fôlego. –Está a um passo de ficar melhor que eu. –Aquela afirmação fez Harry sorrir satisfeito.

-Manejar uma varinha não é tão difícil quanto fazer magia sem varinha. Você está indo muito bem, inclusive estava pensando em começar a trabalhar a água e o fogo com você. –Harry começa um pouco incerto, mas as palavras do padrinho ainda ecoavam em sua mente. Precisava ficar sozinho com Hermione e tentar criar um “clima”.

-Isso seria ótimo! Quando você pensa que podemos começar? –Hermione pergunta parecendo mais animada.

-Pensei no sábado de manhã. Acha que poderia passar o dia comigo? –Harry pergunta se esforçando para esconder o nervosismo.

-Claro! Então o treino de sexta fica cancelado para podermos acordar cedo? –Hermione pergunta enquanto se levantava preguiçosamente.

-Sim. Amanhã à noite você pode dormir mais cedo. –Harry concede um pouco chateado, adorava passar aqueles momentos com Hermione.

-Então, boa noite, Haryon. –Hermione se despede com um aceno.

-Bons sonhos Anarinya. –Harry responde enquanto a observava subir as escadas para seu dormitório.

No sábado pela manhã, Harry tomou café da manhã com os amigos e depois foi à cozinha, onde arranjou com os elfos domésticos frutas e alguma comida, além de vários doces e algumas garrafas de cerveja amanteigada, que colocou numa mochila vazia. Depois se dirigiu ao hall de entrada do castelo, aonde logo Hermione chegou a seu encontro.

-Oi! Estou pronta para ir. –Hermione fala animada, apesar do frio que estava no jardim e espantava a maioria dos alunos.

-Ótimo! Vamos então. –Harry abre a porta que dava ao jardim, deixando o vento frio entrar, o que o fez olhar para Hermione para ver se ela mudaria de idéia. –Vamos ficar em um lugar um pouco mais quente.

-E onde seria esse lugar? –A pergunta veio acompanhada por alguma curiosidade, já que ele havia se recusado a falar antes.

-Já disse que é surpresa! Agora venha. –Harry segurou a mão dela e se pôs a caminhar pelo jardim.

Juntos viram algumas crianças brincando de guerra de bolas de neve, Harry passou por elas com cuidado, não queria que ninguém os visse. Depois alcançou as estufas, usando-as como escudo para que entrassem despercebidos na floresta proibida.

-Harry, não devemos entrar aí. A floresta proibida é proibida! –Hermione o avisa parando de andar.

-Eu sei que é proibida, mas ninguém vai saber que estamos aqui! Além disso, eu estou com você, nada de ruim vai lhe acontecer, eu prometo. –Harry aumentou a intensidade do aperto de suas mãos e olhou confiante nos olhos castanhos.

-Droga! –Hermione resmungou depois de instantes. –Porque eu não consigo dizer não pra você! –Falou mais para si, o que não impediu Harry de ouvir e sorrir diante do comentário.

-Venha! Não devemos perder mais tempo. –Harry a segura pela mão e a guia com destreza por entre as árvores, como se já houvesse passado por ali diversas vezes.

Dez minutos depois, os dois chegaram ofegantes a uma clareira onde havia um pequeno lago. Assim como o lago da Lula Gigante, este estava congelado, as raízes das árvores estavam cobertas por neve e algumas árvores estavam desprovidas ou com poucas folhas, o que deixava os fracos raios de Sol iluminarem o local.

-Este lago também está congelado, como vou aprender a manipular a água? –Hermione pergunta curiosa, já que Harry havia lhe dito que manipular o gelo ainda era muito complexo para ela.

-Este lago é menor, portanto, posso lidar bem com ele. –Harry respondeu ao colocar a mochila no chão e depois se pôs a caminhar na direção do lago. –Observe bem meus movimentos, que mais tarde você irá usá-los. –Harry diz ao pisar na superfície congelada, logo se dirigindo para o meio do lago.

Harry lentamente flexionou o joelho, os braços meio abertos, então se levantou enquanto aspirava profundamente, os braços se erguendo no mesmo ritmo do corpo, até que suas palmas estavam para cima e postas em linha na altura do peito. Porém, quando as pernas estavam esticadas, tão rápido quanto um raio, ele se inclinou para o lago e bateu nele com a palma da mão direita, provocando uma pequena explosão que fez algumas pedras de gelo subirem e, espantosamente, o lago todo se liquefazer. Hermione olhou toda a superfície e constatou que não só a água estava em estado líquido, como também estava quente e ainda mais surpreendentemente, Harry estava sobre ela, como se o lago ainda estivesse congelado.

-Você aqueceu o lago todo? –Hermione calculava que este deveria ter cerca de quatro metros de diâmetro e uma bela profundidade.

-Sim. Desse jeito você pode treinar aqui e a temperatura quente vai permitir que você se molhe sem congelar, diria até que a temperatura está bem acolhedora. –Harry diz com um sorriso incentivador e um tanto cúmplice, antes de sair da água.

-Eu vou ter que mergulhar? –Hermione pergunta não gostando muito da idéia pelo frio fora da água e também por não estar com roupa própria para o banho.

-Só se não conseguir ficar sobre ela, pois essa vai ser nossa primeira lição. –Harry responde em um tom que era quase desafiante.

-Certo, apenas me diga como fazer. –Hermione aceita a provocação, deixando Harry orgulhoso.

Durante a hora seguinte Hermione aproveitou a sensação relaxante da água quente, pois todas as suas tentativas de ficar sobre a água saíram frustradas. Harry apenas observava-a tirar os excessos de roupa com raiva pelos fracassos, mas não ria do modo como ela se espatifava na água, afinal não seria muito inteligente deixá-la ainda mais furiosa.

Após mais meia hora, Hermione conseguiu dar uns passos sem cair e Harry se deu por satisfeito com aquela evolução para um primeiro dia. Observando ela nadar para a margem para uma nova tentativa, se levantou e a chamou, fazendo-a lembrar que ele ainda estava lá, observando-a.

-Até que você foi bem para uma iniciante. Tanto que podemos passar para a próxima lição. Uma que não irá te molhar, suponho. –Harry não conseguiu evitar uma pequena brincadeira, o que a deixou sem jeito.

-Eu só preciso de uns minutinhos para me secar e me vestir direito. –Hermione fala se afastando e pegando sua varinha para tentar secar a si e suas roupas.

Harry aproveitou para novamente aquecer a água, de forma a poderem prosseguir com o treino, sem se preocupar com o gelo. Não demorou nem cinco minutos e Hermione estava pronta, apesar do cabelo molhado e a face pálida, além do tremor causado pelo vento gélido.

-Venha aqui, vou te aquecer um pouco. –Harry pede estendendo as mãos para ela, que rapidamente se aproximou. –Eu vou te ensinar isto depois, quando estivermos no castelo. –Harry colocou as mãos no rosto da garota, uma a cada lado, e murmurou algumas palavras.

Imediatamente Hermione sentiu um calor suave se espalhar pelo seu corpo, como se tímidos raios de Sol lhe banhassem a pele. Em poucos segundos as faces pálidas ganharam um tom róseo e da respiração dela saiu uma espessa fumaça de ar quente.

-Obrigada Haryon, eu estava precisando disso. –Hermione fala mostrando um belo sorriso e logo depois o beija no rosto. –Agora entendo como você consegue ficar sem luvas e com um casaquinho leve desses! –Fala se afastando e olhando para a jaqueta que normalmente se usaria num dia frio de outono e não de inverno.

-Eu não gosto desse excesso de roupas que vocês têm o habito de usar. Elas prendem o movimento e nos deixam mais pesados, incomoda bastante. –Harry se justifica com um sorriso.

-As garotas agradecem. E nem adianta negar, afinal elas não só te perseguem como te enchem de bilhetinhos e cartas perfumadas. –Hermione fala em tom divertido, deixando-o corado.

-Agora chega de gracinhas, Srta. Granger. Hora de aprender a manipular a água. –Harry se ajoelha na margem do lago e indica para ela fazer o mesmo. –Ao contrário da terra firme, quente e quase parte de todos nós, a água é fria, está sempre fugindo por qualquer brecha, sua forma é instável e alterações de temperatura mudam totalmente seu comportamento. Quando você domina a terra, faz sua magia atingi-la, penetrá-la, como raízes se espalhando pela superfície para depois penetrar no solo. Os movimentos são rápidos e duros, ferozes e brutos. No entanto, quando você domina a água, precisa ser suave como uma brisa morna, seus movimentos se assemelham a folhas dançando sob o ritmo do vento primaveril, sua atenção tem que estar totalmente no líquido que está manipulando e paciência e calma são vitais.

-Entendo. Por isso você não quis que eu trabalhasse com gelo. Ele é sólido e sua manipulação ao mesmo tempo em que deve ser semelhante com a terra, é diferente na essência, não é? –Hermione pergunta parecendo concentrada no contraste da água com a neve da margem.

-Sim. Você iria se atrapalhar, acabaria sendo mais difícil e complicado. O que vou lhe mostrar agora é mais um exercício, do que algo realmente útil. –Harry moveu a mão aberta e com a palma para baixo, de modo paralelo à superfície do lago. Junto a seu movimento, a água parecia se mover como se ele estivesse simulando movimentos de maré.

Durante os minutos seguintes, Harry a observou e lhe deu alguns conselhos enquanto ela executava os movimentos, dando-se por satisfeito ao vê-la provocar ondulações em todo o lago. Decretou então o fim do treino e o início do almoço, tirando da mochila uma toalha, com a qual forrou o chão, depois de fazer a neve virar vapor.

-Nossa! Você trouxe bastante comida, parece até que estava esperando mais gente para comer. –Hermione fala admirada ao ver a quantidade de sanduíches, bolos e outros petiscos que havia na mochila.

-Imaginei que você estaria com fome após usar tanta magia. Além disso, aqueles elfos domésticos não sabem quando parar! –Harry fala divertido, se lembrando da quantidade de comida que rapidamente foi-lhe oferecida.

-Devo confessar que estou realmente faminta, mas duvido que consigamos comer tudo isso. –A essa altura a maioria da comida já estava sobre a toalha, enquanto eles se sentavam no chão.

-Se não conseguirmos, podemos levar de volta para o castelo e dar ao Rony, tenho certeza que ele dá conta do resto. –Harry fala de forma bem humorada, para tentar esconder o nervosismo ao se sentar perto da amiga.
-Alguém me chamou? –Rony fala ao aparecer por de trás de um conjunto de árvores. Hermione se assustou e lançou um olhar nada amigável a Rony, já Harry parecia querer fazer o amigo sumir, afinal o ruivo só atrapalharia os planos românticos que fizera. –Quanta comida! Parece muito boa, mas para que fazer um piquenique aqui, no meio da floresta proibida? –Rony pergunta enquanto se encaminhava para o outro lado da toalha, ficando de frente para Hermione e ao lado de Harry.

-Não viemos fazer nenhum piquenique, apenas quis usar o lago para ensinar uns feitiços a Hermione. E agora estamos lanchando para repor as energias. –Harry responde apontando o lago atrás de si, mas intimamente tentando se controlar para não demonstrar seu desapontamento com a surpresa do “amigo”.

-Aliás, como nos achou aqui, Ronald? –Hermione pergunta sem tenta esconder o quanto àquela intromissão a desagradava.

-Eu procurei o Harry pelo castelo todo, nem o Hagrid sabia onde o Harry estava e tinha estranhado que ele não tivesse ido pegar o Fëanor. Então pensei que ele poderia estar com algum problema e usei um artefato dos meus irmãos para achá-lo. Quando vi que estavam aqui, pensei que poderiam estar armando alguma coisa e eu não perdoaria o meu melhor amigo se ele aprontasse algo sem minha presença! –Rony fala olhando diretamente para Harry, que por alguns instantes corou e se sentiu um pouco culpado.

-Eu não acredito que você pensou que eu, Hermione Granger, estaria aprontando algo! –Hermione fala indignada com o ruivo, que lhe lança um olhar desdenhoso.

-Ora, não dê uma de santa, afinal você está na Floresta P-r-o-i-b-i-d-a . –Rony mantinha um ar superior e Hermione estava visivelmente constrangida, o que dava certeza a Harry de que uma nova briga entre os amigos estava começando.

-Silêncio. –Harry ordena baixo assim que ouve barulhos na mata. –Não façam movimentos bruscos e peguem suas varinhas. –Rony já tremia e suava frio, enquanto Hermione se colocava alerta, a mão que empunhava a varinha estava visivelmente trêmula.

Harry olhava em todas as direções e já sabia que estavam cercados, por isso não se alterou quando vários centauros saíram de trás das árvores e os cercaram. Os centauros formavam um círculo coeso e empunhavam arcos com flechas já posicionadas, com exceção de um, um pouco mais alto, cabelo loiro e olhos azuis.

-Centauros! –Hermione exclamou em um sussurro, seus olhos denunciavam o medo que sentia.

-Estamos mortos! –Rony declarou com um fio e voz, enquanto usava as duas mãos para erguer a varinha, que de tanto que tremia, provavelmente não acertaria um alvo grande e imóvel.

-Bruxos! Estou cansado destes filhotes idiotas. –Um centauro cuja parte animal tinha pêlo negro, assim como os cabelos, fala em tom furioso.

-Centauros... é assim que vocês os chamam? –Harry pergunta a Hermione, ignorando o que o centauro dissera e ficando de pé. A garota confirmou com um aceno, seus olhos atentos percorriam os inimigos a procura de uma rota de fuga.

-Vocês? Jeito estranho de falar. –O loiro, que parecia ser o líder, fala enquanto se aproximava até ficar a dois metros de Harry. –O que fazem aqui? –Pergunta observando a comida e a região em volta dos três.

-Eu trouxe minha discípula para dar lições de manipulação da água. Nosso amigo veio nos encontrar e agora estamos fazendo um lanche. Creio que não há nada de errado nisto. –Harry tinha o tom calmo e olhava diretamente nos olhos do centauro. –A propósito, me chamo Harry Potter.

-Eu me chamo Firenze. –O centauro se apresenta, mas não faz nenhum sinal de cumprimento, assim como Harry. –Aqui não é um lugar para piqueniques. Já avisamos a Dumbledore e Hagrid que não queremos humanos em nosso território.

-Seu território? –Hermione se manifesta, tomando coragem e ficando de pé, gesto seguido por Rony. –A floresta proibida é um local sem domínio, cedido às criaturas mágicas que desejam habitá-la. Portanto, tomar esse território como de vocês é ilegal, já que este é um território livre. –Hermione discursa com seu tom de sabe-tudo, tentando parecer mais confiante do que realmente estava.

-Nós protegemos todas as criaturas vivas que habitam esta floresta! As protegemos de vocês! –Os centauros se alvoroçaram com as palavras rudes do centauro de pelagem negra.

-Ninguém aqui pretende fazer mal a nenhuma criatura viva. Estamos apenas comendo e nos exercitando. –Harry fala com tranqüilidade.

-Vamos parar de perder tempo. Mate logo esses filhotes e vamos embora! –Novamente o centauro de pelagem negra bradou impaciente, mas Harry apenas ergueu uma sobrancelha e depois se voltou para Firenze.

-Me ensinaram que os néroch gwaith eram seres sábios, cujo conhecimento vinha especialmente da leitura celestial, quase tão boa quanto à dos elfos. Mas pelo visto me informaram errado. Os néroch gwaith são bárbaros, que provavelmente só lêem guerras nas estrelas. –O tom de Harry não havia se alterado, mas seus olhos pareciam buscar nos olhos de Firenze seu verdadeiro caráter.

-Como conhece a linguagem dos elfos? –Firenze questiona surpreso, não era nada comum que alguém conhecesse a língua dos elfos.

-Fui criado em Almaren, entre os Ezellohar. Sou Haryon, senhor da Heren Istarion! –Harry responde demonstrando poder e autoridade em sua voz e postura, ao mesmo tempo em que erguia sua mão esquerda, onde havia um anel de ouro ornado com gemas preciosas em seu dedo maior. Uma inscrição incandescente surgiu e Firenze não conseguiu esconder sua surpresa.

-É verdadeiro! –Firenze anunciou respeitosamente e logo depois fez uma ligeira reverência. –Seja bem-vindo, Harry. Aquele que é um igual entre os elfos, sempre será tratado com respeito e reverência por nós.

-Obrigado. E antes que alguém diga algo, quero que saibam que Rony é como um otorno para mim e a Hermione é como minha Anarel. - Harry não deixou de corar ao se referir a Hermione, principalmente ao ver que alguns desviaram o olhar para ela durante um momento. –E eu tenho certeza de que eles jamais desrespeitariam esta floresta.

-Neste caso os dois serão bem-vindos quando estiverem contigo, mas não recomendo que entrem sozinhos aqui. –Não havia ameaça na voz de Firenze, Harry chegou até a sentir um tom de preocupação.

-Não se preocupe, eles não tem interesse em freqüentar a floresta. –Harry o tranqüiliza, mas devia o olhar para o centauro de pelagem negra.

-Espero que não entrem mesmo! Não gostamos de humanos por aqui. –O centauro urrou com o apoio de outros.

-Já chega! Vamos seguir em frente, não há nada para nós aqui! –Firenze ordena lançando um olhar contrariado ao companheiro hostil.

-Firenze, poderia ficar só mais uns minutos? Gostaria de lhe falar sobre algo. –Harry pergunta e Firenze concorda, fazendo sinal para os outros seguirem em frente. –Come conosco? –Harry o convida se sentando ao lado de Hermione e deixando espaço para Firenze.

-Não, obrigado. Sobre o que gostaria de falar? –Havia curiosidade na voz do centauro, que não deixou de observar o lanche, esboçando um sorriso ao notar que não havia carne na comida.

-Há quase um mês estive a uma região mais a oeste daqui e quando cheguei a um pântano recebi um pedido de socorro. Pela forma ingênua do contato notei que era um filhote e fui ajudá-lo. Fiquei um tanto surpreso quando vi que o filhote em questão era de um XXX e gostaria de saber se você tem idéia de como ele pode ter vindo parar aqui. –Harry narra resumidamente os fatos, observando a surpresa do centauro ao ouvir a raça do filhote.

-Não tenho idéia de como um dragão deste nível possa ter vindo parar aqui, certamente se um adulto desta raça houvesse passado por aqui teríamos visto. Além disso, nenhuma espécie de dragão com exceção dos trazidos para o Torneio Tribruxo, esteve aqui nos último século.

-Entendo. É uma lástima que não possa ajudar a descobrir as origens do meu amiguinho. –Aquela frase chamou a atenção de Firenze e fez um brilho estranho surgir em seus olhos.

-Ele está em Hogwarts? Conseguiu salvá-lo e deixá-lo em segurança? –Havia um pouco de ansiedade na voz do elfo, o que deixou Harry um pouco intrigado.

-Sim. Demos a ele o nome de Fëanor e Dumbledore disse que estará a cargo dele escolher se fica aqui, se vai para a Romênia ficar com os outros dragões ou se vai para Almaren. –Harry responde deixando transparecer na voz que gostaria de ter o amigo por perto.

-Neste caso depois falarei com Dumbledore e gostaria de conhecer Fëanor, aliás, é um belo nome. –Firenze fala de modo simpático e Harry sorri sem jeito pelo elogio.

-Amanhã devo vir treinar pouco antes do nascer do sol. Estarei aqui neste lago e trarei Fëanor.

-Certo, então nos vemos amanhã. Prazer em conhecê-los, Rony, Hermione. Desejo-lhes uma volta segura. –Harry troca um olhar com os amigos e juntos observam o centauro sumir pelas árvores, seus cascos quase não fazendo barulho.

-Confia nele? –Rony pergunta a Harry assim que julga seguro.

-Me pareceu ser mais sábio e ponderado que os demais. Em todo caso, depois converso com Dumbledore. –Harry responde de modo tranqüilo, enquanto pegava um sanduíche.

-Mas se fizer isto, Dumbledore saberá que estivemos aqui e seremos punidos. –Hermione o lembra e Rony engasga, enquanto seus olhos mostravam pavor da idéia.

-Se minha mãe sabe que estou aqui, eu não vivo até o natal! –Harry suprimiu o riso e respirou fundo antes de tranqüilizar os amigos.

-Vou dizer a Dumbledore que apenas eu estive aqui. E não se preocupe Hermione, porque ele sabe que estou preparado para entrar na floresta, afinal cresci em uma muito mais perigosa. Ele não vai dizer nada, só reclamaria se eu estivesse desencaminhando colegas. –Harry sorri cúmplice e travesso para Rony, que retribui com um sorriso maroto, algo que sempre faziam quando aprontavam algo.

-Se você acha isso, tudo bem. Só quero que tome cuidado. –Harry teve que se controlar para não demonstrar o quanto o fato de ela ter tocado sua mão e a pressionado, mexia com ele. Era como se de repente todo seu corpo aquecesse e seus membros parassem de responder a sua vontade.

-Falando nisso, o que significa aquela coisa que você falou sobre mim? Aquilo que fez os centauros pararem de implicar conosco. –Rony pergunta o lembrando que não estava sozinho com Hermione como gostaria e havia planejado.

-Disse que era meu irmão de coração, assim se fizessem algo a você, eu certamente buscaria vingança. –Harry responde com um sorriso encabulado, notando o sorriso surpreso, mas contente do amigo.

-Você também é como um irmão pra mim! Saiba que também não permitiria que ninguém fizesse algo contra você. –Harry gostou de ouvir aquilo, mas não gostou do olhar que Rony mandara a Hermione. Por mais que houvesse tentado aproximar os dois, um não conseguia confiar ou gostar do outro.

-Eu não vou me dar o trabalho de comentar o que você insinuou Ronald. Acredito que o melhor que nós podemos fazer é comer e voltar logo para o castelo. –Harry concordou, visto que ter os dois brigando em uma floresta cheia de animais, não era algo muito esperto ou promissor.

Os três comeram rapidamente, dispensando pouco tempo para uma ou outra conversa paralela. Depois Harry organizou tudo na mochila, enquanto Hermione se preparava para sair e Rony olhava ao redor procurando sinais de algum bicho por perto.

-Ei, não dá para ir mais devagar, não? –Harry escuta a reclamação do amigo e olha para trás, vendo que os outros dois tinham dificuldade em passar pelo ramos das árvores e ao mesmo tempo driblar as raízes.

-Desculpe. Esqueci que não estão acostumados. –Harry pára e os espera para continuar.

-Você vai tão rápido que eu já não tenho a mínima idéia de onde estou! –Hermione parecia desconfortável com aquilo e Harry percebeu que a sensação de Rony era semelhante.

-Se vocês quiserem, depois posso ensiná-los a se guiarem pelo céu e pela mata, para que possam se acostumar com esse tipo de caminhada. –Harry observa os outros dois pensarem por um instante, percebendo que aquilo implicaria em futuras incursões na floresta proibida. –Se aprenderem isto, vocês nunca se perderão em local algum.

-Nesse caso, acho que pode ser legal. –Rony concorda passando a caminhar ao seu lado.

-Já eu, não acho que seja uma boa idéia passarmos a sermos freqüentadores dessa floresta. –Hermione não parecia estar com medo, só desconfortável, o que fez Harry se segurar para não rir do apego que a amiga tinha pelas regras.

-Não sei por que não te mandaram para a Corvinal! Lá é o lugar dos sabe-tudo, a Grifinória é para os corajosos! –Rony novamente a provocava e Harry ia interferir quando um barulho chamou sua atenção.

-Pois fique você sabendo que eu sou muito corajosa... –Hermione para de falar ao ver Rony empalidecer e perder a fala. Harry, que os observava, gira para trás junto com Hermione, deparando-se com uma aranha que devia ter quase três metros.

-Bem vindos a minha floresta, filhotes. –A voz grave estava repleta de ameaça, mas nada era mais explicito que a substância gosmenta que escorria de onde devia ser a boca do animal.

Harry e Hermione deram um passo para trás, se virando totalmente para a aranha, enquanto Rony deu um passo à frente e se postou atrás de Harry, como se esperasse que o amigo o protegesse.

-Muito corajoso, Weasley. –Hermione fala em tom zombeteiro e Harry gira os olhos, não era bem à hora para provocações.

-Quanto mais medo, mais apetite vocês abrem em meus filhos. –Aquela sentença os fez olhar para cima e engolirem em seco. Das árvores desciam várias pequenas aranhas e de trás deles, outras com mais de um metro, mas menores que a primeira, se colocavam a espera do banquete.

-A grande é sua, Hermione! –Harry diz e rapidamente se afasta, deixando Rony apavorado e Hermione um tanto incerta.

Sem parar para pensar, Hermione formou uma base forte e fez um rápido movimento para baixo e para cima após bater o pé fortemente no chão. Quase imediatamente, um grande bloco de terra se moveu sob a aranha gigantesca, fazendo-a tombar e guinchar enquanto caía, mas sem deixar de espirrar uma substância translúcida e gosmenta na direção de Hermione. Rapidamente a garota fez um movimento circular com as mãos e bateu o pé de trás de sua base, fazendo uma esfera rochosa bloquear a gosma, mas logo depois escurecer e se esfarelar em terra, mostrando a potência do veneno da acromântula.

-Atrás da árvore, Ronald! –Hermione ordena rapidamente, sabendo que o ruivo se encontrava atrás de si.

Sem confirmar se o ruivo havia ou não a obedecido, Hermione saltou com leveza para frente, enquanto suas mãos se moviam graciosamente no ar, como se estivesse executando passos de balé. A enorme aranha já havia se erguido e se preparava para atacá-la, mas uma forte ventania soprou vindo de trás de Hermione e passando em um corredor imaginário na direção da acromântula, que firmou as pinças fortes no chão e não se deixou arrastar, apesar de o vento estar lhe provocando cortes por todo corpo.

-Reducto -O feitiço saiu da mão de Hermione e atingiu a fila de patas da direita, decepando as duas primeiras.

Várias das pequenas aranhas que estavam por perto, correram na direção das patas amputadas atraídas pelo cheiro do sangue. Hermione sentiu nojo ao lembrar que aqueles animais eram canibais, mas um jato de veneno a distraiu desse pensamento e a fez se desviar no último instante. Hermione ouviu um grito e ao olhar para o lado, viu Rony agachado e encolhido, enquanto uma aranha de pouco mais de dois metros avançava para ele. Rapidamente Hermione pegou a varinha, mas um galho enorme a tombou e Hermione viu que havia sido atirado por sua adversária.

-Está na hora do meu almoço! –A acromântula além de faminta, parecia furiosa. No entanto outro grito chamou a atenção de Hermione, que teve tempo de ver que Rony estava para ser devorado.

-Garoto inútil. –Hermione resmunga enquanto corre na direção do ruivo, não havia tempo para procurar e pegar sua varinha, a qual havia caído no chão depois de ser atingida com o galho.

Sem parar para pensar no que fazia, Hermione se lançou sobre o garoto e rolou com ele na grama, tirando-o do alcance da acromântula. Porém não parou para falar, rapidamente se levantou, cambaleando ao sentir uma fisgada na perna, mas ignorando aquilo para executar o ataque.

- Diffindo -O feitiço saiu de sua mão e atingiu um enorme galho, o qual caiu entre a cabeça e o abdômen da aranha, uma região mortal e que atraiu várias aranhas menores.

-Vamos, tem um caminho livre por aqui! –Hermione se vira ao ouvir o chamado de Harry e sai correndo em sua direção, Rony já corria a frente e sem olhar para trás.

Um urro ecoou atrás de si e Hermione olhou para trás para ver a maior das aranhas tentando segui-los e, apesar da falta de patas atrapalhar, ela iria conseguir devido ao caminho acidentado que percorriam, no entanto um enorme feixe de luz cruzou o ar e explodiu em um grande clarão em meio as aranhas. Havia esquecido de que acromântulas eram seres noturnos e que detestavam luz, o que era comprovado pelos guinchos de dor que ela ouvia.

Cerca de dez minutos depois, os três saíam ofegantes da floresta proibida e se jogavam sobre a neve que cobria o jardim de Hogwarts. Não se importaram com o frio ou a umidade, precisavam apenas descansar da corrida que mantiveram, para evitar novos predadores, possivelmente atraídos pelo barulho de luta e o cheiro de sangue.

-Você está sangrando? –Harry pergunta ao ver uma mancha de sangue na perna de Hermione.

-Sim, mas não sinto dor. Na verdade mal sinto minha perna... uma das acromântulas me feriu. –Hermione respirava com muita dificuldade e sua voz não era muito mais alta que um sussurro.

-Vou te levar a cabana de Hagrid. O remédio para curar Fëanor vai dar um jeito no seu ferimento. –Harry fala se levantando e indo até Hermione, que não protesta quando ele a ergue nos braços. –Me diga o que mais você sente. –Já era tarde para perguntar, Hermione acabara de desmaiar ao se aninhar em seus braços.

-Melhor levar ela pra enfermaria. –Rony parecia preocupado, o que quase fez Harry sorrir.

-Confio mais no meu remédio. –Harry praticamente corria até a cabana de Hagrid, apesar de seu tom aparentemente calmo, seu coração batia descompassado no peito.

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