Ida ao Bordel



Capítulo XXV
Ida ao Bordel

O resto do jantar transcorreu vagarosamente para Cygnus, já que os assuntos dominantes eram os casamentos da sua irmã e de sua tia.
O casamento da sua irmã, bem, por Merlin, ela era só uma menina! Agora entendia porque nunca gostara de Lupin e, depois, o garoto sempre lhe parecera um pouco afeminado...
O casamento de Persephone o desgostara pelo motivo óbvio: ciúme, ele a queria para si, para sempre. De certa forma, esse pensamento o assustava, saber que a queria tanto. E, tudo bem, ele havia errado, mas casar-se com o tal primo italiano? Ela estava enlouquecendo!
-Black! Você está na Lua? – a voz risonha de Jack despertou-o de seus pensamentos e ele percebeu que já estavam na porta de seu quarto.
-Não, Lancaster, infelizmente estou ao seu lado e não na Lua. – ele respondeu irritado, não sabia se com Jack, por tê-lo interrompido, ou com ele mesmo, por estar pensando em Persephone - O que você quer?
Jack revirou os olhos, estava começando a pensar que Cygnus realmente precisava dormir com alguma mulher, aquele mau humor não era normal.
–Só queria saber se ainda vamos sair hoje à noite. – ele respondeu, o sorriso malicioso formando-se em seus lábios.
-Claro que vamos. – Cygnus respondeu com o mesmo sorriso em seu rosto e o humor definitivamente melhor. – Chame Noah e Eric, eles ainda não sabem aparatar, então eles têm que ir com a gente ou o melhor seria usarmos uma cave de portal...
-Cygnus, Eric e Noah não vêem com a gente. – Jack o interrompeu, um pouco incomodado pelo fato.
-O QUÊ? Às vezes eu me pergunto o que esses dois têm na cabeça, sinceramente, só podem estar apaixonados... – Jack simulou um acesso de tosse para o outro não perceber que ele estava rindo – Mas você vai, não, Lancaster?
Jack assentiu, queria ficar de olho em Cygnus, até o fim da noite ele faria alguma besteira.
–Vou me arrumar, você pode aparatar logo, te encontro lá.
-Ok, não se esqueça de que é preciso sair do castelo para aparatar, já que você não é um Black. – Cygnus lembrou e Jack novamente revirou os olhos, aquela família era cheia de frescuras.
Cygnus riu, sabendo o que se passava na mente do amigo e depois aparatou.
O local não era muito bonito por fora. Uma estalagem de madeira, rústica, caindo aos pedaços, de dois andares. Ainda assim mesmo os trouxas poderiam ouvir a música e os gritos estridentes femininos que emanavam do lugar. Ele não perdeu tempo pensando se estava cometendo um erro, e entrou.
- Cygnus!- ele ouviu uma voz feminina chamá-lo tão logo passou pela porta. Virou-se para ver uma moça ruiva de cabelos encaracolados, lábios pintados de vermelho carmim e um vestido um pouco mais apertado do que o necessário que mostrava muito mais do que seria adequado para uma dama. Mas, então, aquelas não eram damas, eram mulheres da vida, cortesãs ou rameiras, como Persephone gostava de chamá-las. Tentou lembrar o nome da moça, mas parecia impossível. Era com V, não? Vanessa? Victoria?
-Lembra de mim? Viviane?- ela perguntou, beijando-lhe o pescoço.
Antes que pudesse responder uma loira de rosto angelical aproximou-se. Abraçando-o.
-Você nunca mais apareceu por aqui, Cygnus, nós sentimos sua falta. – ela comentou queixosa, fazendo-o rir.
-Calma, meninas, voltei. Viv, que tal você pegar algo para bebermos enquanto eu e... Amelie?- a garota assentiu com um sorriso. – vamos para um quarto lá em cima?
A ruiva concordou e, dando-lhe um último beijo na boca, seguiu para o bar. Cygnus, sorridente, agarrou a loira pela cintura e os dois, entre beijos e carícias, os dois subiram as escadas que levavam aos quartos.
Quando Amelie já estava encostava-se na porta de um e ele preparava-se para abrir a porta uma outra voz feminina o fez parar.
-Cygnus, você voltou. – Ele virou-se, pensando como aquela fama já estava começando a atrapalhá-lo.
-Sylvia, não sabia que você ainda estava por aqui. – ele respondeu, ainda surpreso.
Sylvia fora sua primeira vez, linda, morena, fogosa e muitos anos mais velha do que ele. Seu nome verdadeiro ele não sabia, só a conhecia, como muitos, por Sylvia. Na época ele não entendera como ela, uma cortesã experiente e com vários amantes ricos (diziam até que fora amante do próprio rei), aceitara deitar-se com um menino, mas compreendera que seu pai provavelmente tivera algo a ver com aquilo.
Ela sorriu, talvez também se lembrando da primeira vez que eles haviam estados juntos.
-Ah, eu viajei muito, Cygnus, passei algum tempo na França e agora estou de volta. – ela respondeu, aproximando-se, enquanto Amelie, um pouco chateada, cedia espaço para a mulher mais velha.
-Você cortou o cabelo. – ele comentou, sem saber o que dizer.
Ela sorriu.
–Você não gostou, suponho. Sempre preferiu cabelos longos... Lembrei-me de você enquanto estava na França, sabia?
Ele a olhou sem conseguir esconder a surpresa e ela, encarando como uma pergunta, continuou.
–Tinha um cliente chamado Jean-François. Ele era apaixonado pela irmã Marianne.
Ele continuava encarando-a como se não entendesse nada.
–O que isso tem a ver comigo, Sylvia?
Ela o olhou inocentemente.
–Ah, você sabe, Cygnus. Casamentos em família são ótimos para manter o sangue puro, mas os romances não são. Sempre acabam em...tragédia.
Ele revirou os olhos.
–Do quê você está falando afinal, Sylvia?
A morena deu os ombros.
–Eu só disse o que sei, Cygnus, não me culpe por isso. – ela respondeu, dando-lhe um longo beijo na boca. - Senti falta disso. – ela murmurou. – Passe no meu quarto depois que você, ahm, terminar o que estava fazendo. – ela continuou, então afastou-se rapidamente do rapaz.
- Sylvia, espere! O que aconteceu com o tal Jean-François?
Ela virou-se com um sorriso no rosto.
–Eu esqueci de contar? Ele morreu, Cygnus, assassinado pelo amado da irmã.

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Betelguese deixava o ar da noite entrar pela janela de seu quarto e bagunçar os cabelos negros, enquanto olhava para fora, pensativa. Ouviu uma batida na porta.
-Betel... Sou eu, Stella. - ela ouviu a voz da irmã, uma vez que não tivera resposta.
-Pode entrar, Sté.
Ela viu a irmã entrar, cuidadosa.
- O que houve?
- Eu queria conversar um pouco. Tudo bem?
Betelguese assentiu.
-O que achou da idéia de me casar com Matt?
Betelguese deu de ombros.
-Se ele aceitar participar desse plano maluco seu e da Perse, não vejo nada contra.
Stella parecia estar medindo as palavras, por fim comentou levemente.
-Antes ele do que Lestrange, não?
As palavras da irmã atingiram Betelguese como farpas. Mas a morena sabia que a irmã não tinha a intenção de lhe ofender.
-Não sei, Sté. Você quem sabe. O pretendente era seu, não?
Stella procurou fingir que não percebia o leve tom ofendido na voz da irmã.
-Oras... Ele nunca pareceu realmente gostar da idéia de casar comigo. Gostava de vir aqui no castelo, mas não creio que fosse para me ver.
-Por que você acha isso?
Stella respirou fundo. Já que fora sua decisão tirar aquilo a limpo com a irmã, não seria certo recuar agora.
-Porque eu vi a sua expressão quando eu anunciei que ele seria meu noivo.
Betelguese desviou o olhar. Não queria mentir para a irmã, mas também não sabia como lhe contar. Ela e Felix foram pretendentes, afinal de contas.
-Você nunca gostou da idéia de que eu me casasse com ele, Bel. Sempre que ele chegasse, você dava um jeito de desaparecer do caminho. Eu via nos seus olhos que você estava furiosa e magoada comigo por alguma coisa, mas não entendia o porquê. Bem, não até hoje à noite.
Ainda silêncio. Stella fez uma última e arriscada tentativa.
-...Você o ama, não é mesmo?
-Sim.
A irmã ainda não a encarava, mas Stella sabia que estava tendo avanços.
-Vocês estão se encontrando faz tempo?
-Mais ou menos. Um pouco antes da mamãe tentar empurrá-lo pra você.
-Quero dizer, tinha uma época que você parecia detestá-lo.
-E eu detestava. Ele me parecia um imbecil arrogante que fazia questão de parecer superior em tudo, e não suportava a idéia de que eu pudesse ser melhor ou igual. Então, ironizava e me desafiava. Mas um dia, quando eu estava realmente furiosa, ele se aproximou de mim mais do que devia e... - ela deu de ombros - Bem, ainda hoje uma das diversões dele é me irritar ocasionalmente.
-Você deve ter odiado a idéia de que ele se tornasse meu esposo, não é?
Betelguese riu, e encarou outra vez Sté.
-Odiei com todas as minhas forças. A idéia, não você, me entenda. Aquele era um segredo meu e de Felix.
- ...Era...?
-Bem, Vega nos viu juntos alguns dias atrás. - o que para Stella, justificava o porquê da caçula saber sobre os dois - E hoje, você acaba de saber. Daqui a pouco, todo o castelo vai descobrir, não? Mamãe vai me matar. Isso se Cygnus não entrar em crise antes.
As duas se abraçaram, rindo. As pazes estavam feitas. Mas havia uma última coisa que Stella queria saber. E já que estava ali, era melhor descobrir de uma vez.
- Vocês se encontram durante a noite muitas vezes, não é? Eu já vi você saindo, mais de uma vez.
- ...eu, bem...sim. Por quê?
Stella notou que a irmã enrubescera, e teve suas dúvidas se realmente queria saber o que acontecia. Talvez fosse melhor descobrir uma coisa de cada vez. Sabia que uma das coisas que Betel menos gostava era de perguntas sobre o que ela fazia ou pensava.
Talvez estivesse certa em suas idéias, talvez estivesse exagerando, afinal. Vega não deixaria algo daquele tipo quieto, afinal.
-Nada não. Curiosidade.
Betleguese estreitou os olhos, mas não disse nada.

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Pouco tempo depois de terem se despedido de Jack, Noah e Eric caminhavam em profundo silêncio, cada qual imerso em seus próprios pensamentos. De quando em quando, o loiro arriscava um olhar meio de esguelha para o príncipe e notava que ele aparentava estar mais pálido do que o normal. Suspirou profundamente e, meio sem jeito, deu um leve tapa em seu braço com as costas das mãos, atraindo, assim, a atenção do moreno para si.
-Vamos dar um jeito. – falou num murmúrio. – Acredite em mim, esse casamento não vai acontecer.
Em resposta, Eric esboçou um pequeno sorriso e meneou a cabeça.
-Eu prefiro não ter esperanças acerca disso. – o moreno avaliou depois de um tempo.
-Sirius tem muito interesse em casá-lo com uma de suas filhas. – comentou calmamente. – E se...
Eric soltou um fraco riso, imaginando o que Noah diria.
-Eu não quero forçá-la a se casar comigo, Noah. – ele suspirou. – Bom, se ela quer se casar com esse tal de Matt, – continuou com um leve tom amargo. – que assim seja feito. Eu não tive nada a ver com a mentira de Cygnus e, provavelmente, ela já deve saber que tudo foi inventado, então, se ela prefere o outro a mim... – ele forçou um sorriso. – eu tenho que aceitar minha derrota, não é?
Noah abriu a boca para comentar algo, mas se calou ao notar que Eric prosseguiria.
-Do mesmo modo, falta muito pouco tempo para ocorrer o mesmo comigo, já que, creio eu, meu pai já está começando os trâmites em busca de uma mulher ideal para o futuro rei. – deu de ombros, como se não se importasse. – Eu não estou nem um pouco incomodado com isso; penso que, talvez, com uma esposa, seja mais fácil esquecer. Talvez a Stella também esteja fazendo o mesmo.
Noah revirou os olhos.
-Creio que isso é uma declaração de desistência? Eu esperava mais de um príncipe. – inquiriu num ar meio irônico. Eric o mirou, meio atordoado, ao notar que o amigo sorria. – Certo, você fica quieto no seu canto, que eu e o Jack fazemos o trabalho sujo.
Eric arqueou a sobrancelha, meio cético.
-Do jeito que você está falando, eu até penso que vocês planejam matar o rapaz na calada da noite e sumir com o corpo.
Noah riu.
-É uma opção viável, mas que somente será usada quando a situação exigir medidas desesperadas: como a véspera do casamento, por exemplo; mas antes seria mais fácil fazê-lo se passar pelo tal do Lupin e se casar com ela. Quando descobrirem o fato, será tarde demais para desfazer, creio eu. – os dois entreolharam e gargalharam gostosamente.
-Só você mesmo para me fazer rir, Noah.
O outro apenas sorriu em resposta e parou bruscamente no meio de uma bifurcação do corredor, como se tivesse visto algo muito estranho. Eric ao notar o fato, parou também e o encarou de modo curioso.
-Aconteceu alguma coisa?
-É que eu... – ele pigarreou. – eu preciso resolver uma coisa.
-Tem a ver com a mais velha dos Black, suponho. – Eric falou num meio sorriso ao notar que Noah ficara ligeiramente ruborizado.
-É... – ele lançou um olhar meio de esguelha para Eric. – tem a ver com ela, sim.
-Não seria muito indelicado você bater na porta do quarto dela a essa hora da noite?
-Seria muito indelicado de minha parte ficar adiando uma conversa com ela, isso sim. – murmurou num tom distraído. Eric o encarou num ar questionador, Noah sorriu meio constrangido ao notar isso.
-O que aconteceu? – o príncipe inquiriu, percebendo que o amigo empalidecera consideravelmente. – Não me diga que você... Você e ela... Vocês dois... – Noah assentiu, meio incerto, e Eric esboçou um ar surpreso. – Isso foi ontem, não foi? – ele não esperou resposta. – Bem que eu notei que você estava muito estranho hoje.
-Ela saiu do quarto pouco antes de eu acordar. – ele falou num suspiro. - E, sinceramente, eu não sei o que ela pode estar pensando de mim no momento. Eu não consigo entender as reações da Lynx. – ele riu, nervoso. – Creio que nunca vou entender.
-Creio que as Black não nasceram para ser entendidas. – Eric comentou num ar risonho. – Acredito, então, que essa é a minha deixa. Boa noite, Noah e, bem, boa sorte... você vai precisar. – ele riu um pouco.
-Boa noite, Eric. – Noah esboçou um ar meio maldoso. – E sonhe com... Você sabe de quem eu estou falando.
Eric riu e revirou os olhos, enquanto se afastava em meio aos risos prendidos do amigo. Quanto se viu sozinho no corredor, Noah respirou profundamente e caminhou em direção à porta que sabia ser a do quarto da mais velha dos Black.
Lynx se espreguiçou manhosamente quando desceu do parapeito da janela e encobriu-se mais com o chambre que estava usando. Riu consigo mesma. Ela tinha que parar de sentar-se no parapeito da janela à noite, já havia caído no sono diversas vezes ali e, ou acordava com uma tremenda dor nas costas, ou então no chão, estatelada.
Aquele jantar daquela noite fora cansativo, mas ela estava satisfeita pela irmã e pela tia, apesar de não ter achado muito estranho o fato de a irmã ter mudado, assim, tão rápido, de pretendente.
Ela sabia que Betelguese tinha a ver com isso, porque, numa das ocasiões em que cavalgara junto com a irmã, elas foram interceptadas por Lestrange e a mais velha soube que aquela troca de farpas entre os dois não era mera questão de inimizade.
O que a irmã lhe dissera também não lhe saía da mente, mas ela preferia acreditar que os rapazes só haviam inventado aquela história de mentira ao perceberem que Betel os estava espionando.
Meio ilógico, talvez; talvez estivesse um tanto quanto obcecada em achar que todos os homens são uns cafajestes, que preferia acreditar que o que o irmão disse fora mesmo verdade e não puro capricho. O que importava? Eles iam tornar tudo real hoje à noite... Preferiu esquecer esse fato.
Tornou a se espreguiçar mais uma vez, sentindo todo o cansaço do dia cair sobre o seu corpo. Suspirou enquanto retirava o chambre e já se preparava para deitar na cama quando batidas na porta a impediram de completar o feito. Revirou os olhos. Talvez pudesse ser a Persephone, com aquela idéia insana de sair atrás de Cygnus e dos outros, tentando convencê-la a ir junto. Bufou de raiva quando sua mente divagou a imagem de um certo loiro nos braços de outra e meneou a cabeça bruscamente.
-Pode entrar. – ela grunhiu de leve em resposta à nova batida na porta e se enfiou de qualquer maneira debaixo das cobertas, enquanto a porta se abria de forma receosa.
Lynx já ia se preparar para dizer algo, mas o que pretendia dizer morreu com um leve engasgue em sua garganta, enquanto ela sentia o rosto ferver furiosamente ao se deparar com o vulto de Noah parado à frente da sua porta. Inconscientemente, se encobriu mais sobre as cobertas. A garota tentou dizer algo, mas tudo o que saíra foi apenas um ruído estranho.
-Precisamos conversar. – ele murmurou pausadamente.
-Não temos nada para conversar, Richards. – comentou num ar frio. – Então, peço-lhe gentilmente para que se retire do meu quarto, se não quer que eu use magia para te forçar a fazer isso.
Aparentemente, o que a morena dissera não fizera muito efeito no rapaz, pois o mesmo adentrou calmamente o quarto e fechou a porta ao passar.
-Temos algo para conversar sim, Lynx. – ele avaliou num ar sério e a garota apenas esboçou um ar carrancudo. – E eu creio que você não teria coragem suficiente para me azarar. – ele falou num meio sorriso, enquanto se aproximava da cama dela. Lynx arqueou a sobrancelha, meio cética, apesar de se sentir um pouco tensa devido à proximidade cada vez maior entre eles.
O sorriso de Noah se alargou e ele apenas se limitou a sentar-se, meio receoso, na cama ao lado dela e respirar fundo.
-Só porque eu deitei na sua cama, Richards, isso não significa que o senhor pode se sentar na minha também. – ela falou de modo rápido e rouco, quase atropelando as palavras. Noah a encarou com um ar surpreso e divertido, mas não saiu do lugar. – Vamos, o que o senhor está esperando? – ela resmungou, ao que ele esboçou um ar divertido. – Eu aqui e o senhor lá. – ela gesticulou, apontando da sua cama para uma poltrona encostada a um canto do seu quarto. Noah riu um pouco.
-Você está nervosa. – ele avaliou, divertido.
-O senhor é quem está me enervando. – ela grunhiu, irritada. – Por que não se levanta e volta pro lugar de onde veio, Noah Richards? – ela bufou de raiva. – Aposto que os seus amigos já devem estar se divertindo muito, não? - concluiu num ar arrastado.
-Só o Jack e o Cygnus foram. – ele respondeu num tom doce. Lynx sentiu um leve calor percorrer todo o seu corpo ao captar a intensidade com a qual ele a encarava e se controlou para não sobressaltar-se ao notar que ele se aproximava dela. – E eu não preciso voltar para lugar nenhum, pois meu lugar é aqui... – completou num murmúrio rouco, avançando gradativamente para cima de Lynx, de modo que ficasse com seu tronco sobre o dela e os braços em cada lado do seu corpo, fazendo com que os rostos ficassem muito próximos.
Em resposta ao ato do rapaz, Lynx se encolheu sobre o colchão e o encarou com uma mistura de surpresa, constrangimento e lascívia. Sentiu o coração dar um salto dentro do peito e a respiração descompassando à medida que via o rosto dele cada vez mais perto do seu com os lábios estrategicamente entreabertos...
-Noah... – ela o chamou num fio de voz, após ter sentido os lábios dele roçarem de leve os seus, fazendo-a estremecer. Em resposta, ela apenas recebeu um beijo no canto dos lábios. – Eu, bem, eu preciso te contar uma coisa... – ela prosseguiu, tentando não suspirar devido às sensações que a maciez dos lábios dele em sua face provocava e, muito menos, quando sentiu uma das mãos dele pousar em sua cintura, por cima das cobertas.
-Pode falar, Lynce. – ele sussurrou, meio ofegante, se afastando um pouco dela, apesar de ter apertado a cintura dela de leve. – Eu estou ouvindo. – ele sorriu para ela, encarando-a de modo penetrante, enquanto colocava uma das mechas negras do cabelo dela atrás da orelha. Lynx abriu a boca para falar algo, mas silenciou novamente quando sentiu a mão dele descer calmamente até a sua nuca, começando a acariciá-la de modo gentil. – Olha, eu sou péssimo com palavras e tudo mais. – comentou, meio corado. – Mas eu gosto de você, Lynx, e tudo o que aconteceu entre nós ontem à noite foi importante para mim. Foi especial.
-Você estava bêbado, Richards. – ela murmurou, quando finalmente conseguiu falar, sentindo o corpo ferver ao descobrir que suas suspeitas estavam corretas.
-Mas hoje eu não estou. – rebateu num ar sério. – E eu ainda quero você, Lynx. – ele beijou-a de forma meio lasciva, fazendo-a sentir um leve tremor e respirar fundo. – Eu quero que você seja minha novamente.
-Noah... – ela o chamou novamente, quando notou que ele segurou de modo firme e gentil a sua nuca e preparava-se para beijá-la mais uma vez. O loiro abriu os olhos e a encarou, meio confuso.
-Você não... – ele pigarreou quando notou que sua voz não saíra. – Você não quer, é isso?
-Acontecequenãotemcomoeusaberseeuqueroounão. – ela falou, depressa, fazendo-o esboçar um ar intrigado. A morena respirou fundo. – Não... Não aconteceu nada, Richards.
-Como assim...?
Ela corou furiosamente.
-Não... Nós não... – ela pigarreou. – você sabe.
-Não? – ele questionou num tom significativamente rouco, encarando-a com um ar completamente pálido. Lynx sentiu vontade de rir, mas se controlou. Apesar de tudo, ela se sentia satisfeita ao saber que ele ainda desejava e veio procurá-la essa noite com o pensamento de tê-la em seus braços novamente.
-Não. – ela falou, baixinho. – Você... Você sonhou com isso. – falou num ar pausado. – Eu... Eu ouvi tudo. – ela corou mais uma vez. – Quer dizer, eu presumi que você disse, já que você, bem... – ela pigarreou. – Lynx e gemidos estranhos.
A reação do loiro foi imediata e Lynx prendeu o riso quando ele se afastou dela como se tivesse acabado de receber um choque e, inevitavelmente, com o movimento brusco, acabou por cair da cama.
Lynx ouviu o rapaz falar algo muito embolado enquanto seu rosto estava tão vermelho que ela se admirou que ele não chegou a explodir por causa disso. Prendeu o riso e meneou a cabeça de leve.
-Tudo bem. – ela falou, baixinho, ao que ele parou de falar e arriscou encará-la. – Não foi nada.
-Eu... Eu... Desculpe-me. – disse num tom rouco, escondendo o rosto entre as mãos e respirando fundo. – Não era para a senhorita ter ouvido esse tipo de coisas... Quer dizer, não era para eu ir imaginando essas coisas... Não era... Não era para eu sequer cogitar o mínimo de um pensamento desses com... Desculpe, Lynx. – ele riu, nervoso. – Céus, que vergonha.
Lynx soltou uma breve risada, ao que Noah, meio aturdido, retirou as mãos do rosto e a encarou com o cenho franzido; sentindo um leve arrepio percorrer seu corpo ao notar que ela estava agachada no chão, ao lado dele.
-Foi tão bom assim para o senhor imaginar que foi real, Richards? – ela comentou num tom meio rouco, fazendo-o inspirar profundamente.
-Eu... – ele começou, mas seu raciocínio se perdeu quando notou que ela sentara sobre o seu colo e sorriu da mesma forma que sorria para ele no sonho. – Agora eu estou tendo uma alucinação?
A morena riu, constrangida, e negou.
-Eu vou fazer uma coisa. – ela falou de modo meio arteiro – Mas você vai me prometer que não vai fazer nada. Senão... – ela sorriu de forma meio maldosa, enquanto passava de leve a ponta sua varinha sobre o rosto do rapaz.
-Acho um pouco difícil, Lynx. – ele confessou, num tom rouco, ao reconhecer-se praticamente na mesma posição com que ela o jogara na cama no sonho em que teve. Sentiu-se ofegar quando sua mente divagou pelo que viria depois. – Principalmente se você continuar... – ele fez um ruído estranho com a boca que lembrou a Lynx uma tentativa de esconder um gemido. – fazendo isso. Você está se aproximando de um terreno muito perigoso e eu sou capaz de perder as estribeiras.
Ela apenas sorriu meio de lado e aproximou ainda mais seu corpo ao dele, deixando-o praticamente colados e um de frente para o outro. Noah mordeu o lábio inferior ao notar que ela enlaçara a sua cintura com as pernas. A Lynx da realidade não era muito diferente da do seu sonho, ele cria. Sentiu uma vontade louca de puxá-la mais para si pela cintura, mas parou as mãos no meio do caminho ao notar o olhar de censura que ela lhe lançava. Não, aquela Lynx era pior. Muito pior.
-Eu disse quieto, Richards. – ela murmurou, num tom autoritário. Ele apenas engoliu em seco, imaginando o que aquela doida iria fazer para deixá-lo mais maluco ainda por ela.
Lynx, calmamente, ergueu as mãos e enterrou os dedos no cabelo do rapaz, ainda segurando a prova de que poderia azará-lo se ele se atrevesse a desobedecer as suas ordens. Respirando fundo, a morena se aproximou dos lábios dele, beijando-o de forma lenta e provocante. Divertiu-se ainda mais quando desceu as mãos e o enlaçou pelo pescoço e aproximou ainda mais os corpos. Ela sorriu entre os lábios dele ao notar como aquilo o estava afetando.
Noah forçou Lynx a encerrar o beijo e, com isso, ele mesmo inclinou o rosto para atacar o pescoço da morena. Lynx riu, aproveitando a deixa para aproximar do ouvido dele calmamente.
-Isso é só para você saber o que perdeu, Richards. – e, dizendo isso, desapareceu.
A morena, do outro lado da porta do quarto, sorriu quando entreouviu um praguejar do loiro, enquanto controlava a sua respiração descompassada. Noah Richards aprenderia que não se pode mexer com Lynx Black.

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