Metamorfose



Capitulo XX
Metamorfose

Jack não saberia dizer há quantas horas estavam ali, afinal, o que agora estava sendo mais preocupante para ele era o quanto ia dar a conta final. Eric e ele há muito haviam parado de conversar sobre o sonho que ele tivera com a mais nova dos Black e ele, de certa forma, agradecia por não estarem mais falando sobre esse assunto. Agora todos estavam contando fatos engraçados sobre a sua infância, sendo a vez de Cygnus, que agora contava a estranha mania que ele tinha de colocar poções do riso em qualquer coisa que oferecia a uma das irmãs e, numa dessas ocasiões, acabara por dar uma poção do sono meio adulterada a Betel, fazendo-a dormir por quase uma semana.
Mas ele parou de falar automaticamente quando ia dizer o castigo que lhe fora reservado por aquela travessura, lançando um olhar meio fuzilador para algo a sua frente.
-O que foi, Cygnus? - questionou Eric, intrigado.
-Malfoy... - rosnou o rapaz entre os dentes, fazendo com que o grupo de amigos se virasse para observar o loiro, sentado em uma das mesas mais adiante, conversando animadamente com alguém que os demais não conheciam.
Já deviam estar lá há algum tempo.
Cygnus se levantou antes mesmo que Eric conseguisse lhe segurar, embora Jack duvidasse que mesmo alcançando-o a tempo, o príncipe fosse conseguir impedir o que se seguiria. Em poucos segundos o jovem Black já estava ao lado da mesa de Joseth, o cumprimentando com cordialidade.
-Olá, cretino, desgraçado e ladrão de irmãzinha... - disse sorridente, depois virou-se para o outro - Olá para você também, Lestrange.
-Vamos... - murmurou Jack se levantando - Acho melhor interferirmos ou então não sairemos daqui hoje...
Noah e Eric o seguiram sem hesitar, mas não havia muito mais o que fazer, já que, mal eles fizeram isso, Cygnus avançara para cima de Malfoy devido a um comentário que o rapaz dissera. Felix se levantou, meio aturdido, afastando-se dos dois, que agora se engalfinhavam no chão.
Jack soltou um xingamento alto, tentando abrir espaço por entre a roda que, num piscar de olhos, se formara ao redor da briga. Alguns homens gritavam, incentivando os rapazes ainda mais, outros faziam apostas e muitos deles berravam para que se usassem as varinhas, como um duelo bruxo digno deveria ser.
Jack bufou de raiva, já meio possesso com tudo aquilo e prosseguiria se não se sentisse esbarrar com algo aparentemente invisível.
A pequena barreira soltou um quase inaudível "Ai" e ele curvou os lábios num meio sorriso, agarrando com nenhuma dificuldade o manto que a encobria, deixando aparecer uma pequena garota com um ar meio autoritário.
-Será que nem aqui você me deixa em paz? - ele murmurou, rouco, ao reconhecer Vega. - Ou eu já estou bêbado demais e estou a ter alucinações?
Ela iria responder, mas teve sua atenção desviada por um copo que voara na direção dos dois.
Acabou se jogando em cima de Lancaster para desviar do objeto.
O rapaz tentou não recordar do sonho que tivera quando a sentiu nos seus braços, mas ficou extremamente difícil quando se encararam.
-O que ainda esta fazendo parado aqui, Lancaster! Vai ajudar meu irmão, anda!
Jack olhou para a briga, sem soltá-la. Sorriu de lado.
-Acho que quem precisa de ajuda ali é o seu namoradinho, pequena...
-Ele não é meu namoradinho!
-O que está fazendo aqui, hein? - ele berrou mais alto que ela, embora o barulho da briga e os berros dos homens não deixassem isso perceptível.
-Nada que seja da sua conta, dá pra me largar?
-Não. - ele falou pausadamente, ao que ela bufou de raiva.
-Lancaster, se você não me soltar... - ela ameaçou num ar sibilante. Jack alargou o sorriso.
-Vai fazer o quê, pequena? - ele questionou num ar desafiador.
-Já é a segunda vez que me pergunta isso, Lancaster. - ela sorriu, meio cínica. - Não espere o mesmo tratamento que a vez anterior.
Agora seria a vez de Jack dizer alguma coisa, mas se calou ao receber uma cotovelada no meio das costas, que o fez ser empurrado para cima de Vega. A pequena teve que fazer um esforço enorme para que não emborcasse e caísse no chão com ele por cima. A idéia não de que isso poderia ser algo realizável não lhe era nem um pouco agradável.
-Não olha por onde anda, não? - protestou ele para o homem, emburrado, quando recuperou o equilíbrio.
-Tira as patas de cima de mim, Lancaster! - ela bradou, ao perceber que ele a abraçara fortemente, a fim de não cair.
-Por quê, pequena? - ele questionou num tom rouco, esquecendo-se por um instante de que havia ralhado com um rapaz e que, aparentemente, o mesmo não dera muita importância ao fato.
-Você está bêbado... - ela reclamou numa careta e depois sorriu meio de lado. - Será que você pode me fazer um favor, Lancaster?
Jack estranhou o tom gentil dela e arqueou a sobrancelha, limitando-se apenas a encará-la firmemente.
-Sim?
-Vá ver se eu estou no inferno! - ela quase gritou, utilizando a mesma estratégia de antes para se livrar dos braços dele.
Jack deixou escapar um gemido de dor quando sentiu o seu pé ser pisado mais uma vez por ela e, instintivamente, a largara. Pouco segundos depois, a pequena sumira de vista.
O rapaz deixara escapar um bufo de raiva e, não tendo mais a sua atenção voltada para Vega Black, voltou o olhar para a briga que ainda estava a acontecer.
Cygnus e Joseth não mais se atracavam, pois havia um senhor de cabelos grisalhos encarando o primeiro de uma forma meio severa e o impedindo de avançar para cima do outro novamente, ao passo que o outro estava sendo segurado por um Lestrange com um ar de poucos amigos. Mas, aparentemente, ambos ainda tinham a pretensão de avançar para cima do outro, pois ainda trocavam insultos e ofensas.
-Vê se me larga, Felix! – Malfoy bradou, furioso, já com o suntuoso penteado desfeito, um filete de sangue na boca e embaixo do nariz, além da sobrancelha meio cortada. Jack sorriu satisfeito ao constatar isso. – Eu vou quebrar a cara desse desgraçado!
-Pode vir seu maricas, vem! Aposto que você é tão covarde que só tem coragem de bater em mulher! – ele fez menção de avançar para cima de Joseth mais uma vez e, aparentemente, o homem que o estava segurando fizera um esforço imenso para contê-lo. – Ou melhor, em crianças, não? – ele completou num ar irônico. – Agora eu quero ver se você tem coragem de enfrentar essa criança aqui! – bradou, furioso, lançando olhares fuziladores para o homem que ainda o segurava.
-Pelo amor de Merlin, senhores, isso é um estabelecimento público! – a voz meio rouca do senhor se fez presente num tom alteado antes que Malfoy se manifestasse e, aos poucos, a agitação dos presentes foi se abrandando. – Se vocês quiserem se atracar feito dois selvagens, que façam isso em outro lugar!
-Selvagem? – Cygnus urrou, indignado. – O selvagem é ele, que queria enriquecer as custas dos outros! Esse infame de uma figa! Eu só estou fazendo algo que alguém já devia ter feito há muito tempo para que esse maldito saiba qual é o seu lugar! – ele tornou a tentar investir contra Malfoy, mas Noah e Eric o impediram.
-Ah, vamos embora, Lestrange. – Malfoy falou, ajeitando as vestes com certa pompa, como se o que Cygnus acabasse de dizer não fosse com ele.
Cygnus bufou de raiva e gritou um “Pode ir, seu fracote” antes de bufar de raiva e Noah e Eric acharem seguro o bastante para soltá-lo novamente. O senhor, por sua vez, bateu com as costas das mãos no peito de Cygnus, para fazê-lo voltar à atenção para si.
-Controle seu gênio da próxima vez, Black. – ele falou num tom arrastado, ao que Cygnus estreitou os olhos, desconfiado. – A vingança não leva a nada. – e, dizendo isso, virou-se e sumiu entre os outros, não dando a chance de Cygnus dizer nada.
-Ok, estou vendo coisas agora... – ele resmungou, aborrecido.
-É melhor irmos para casa, não? – Noah comentou num murmúrio.
-Não, vamos ficar mais um pouco. – Cygnus falou, passando a mão pelos cabelos. – Não vamos perder a nossa noite só por causa de uma besteira dessa, não é?
Noah e Eric se entreolharam e, por fim, deram de ombros.
-Alias, alguém sabe onde se metera o Jack? – Cygnus questionou, intrigado, correndo o olhar pelo local, até avistá-lo um pouco mais à frente, se espichando de leve como quem procura algo. – Jack, estamos aqui!
O rapaz virou-se e depois esboçou um ar mais sereno, indo de encontro aos amigos. Quando esteve próximo o bastante, pensou duas vezes antes de dizer a Cygnus que vira a irmã mais nova deles ali. Por fim, preferiu se calar, sabendo que aquilo não seria uma boa idéia.
Do lado de fora da taverna, o senhor que havia apartado a briga, preparava seu cavalo para partir, até que o ruído de passos chamara a sua atenção.
-Vamos embora. – ele murmurou, a voz soando um pouco mais feminina, deixando os cabelos grisalhos darem lugar a um negro e longo e a feição se tornando, aos poucos, mas delicada. – Creio que esteja satisfeita agora, não é? – ela suspirou profundamente. – Droga, Cygnus sempre foi um grande cabeça quente. – ela resmungou, observando a irmã montar no cavalo dela e montando no seu próprio. – Só espero que ele não descubra que estivemos aqui hoje.
-Ele não descobriu, Betel. – Vega comentou num murmúrio rouco e, logo em seguida, as duas partiram a galope para casa.

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Persephone já estava quase dormindo quando ouviu as batidas na porta. Suspirou pesadamente, xingando quem quer que fosse que perturbava seu sono.
- Cygnus, é você?- ela perguntou, ainda sem coragem de levantar da cama.
Atrás da porta, Lynx controlou-se para não rir. – Não, tia, é a Lynx. Você não vai abrir a porta?
Persephone suspirou novamente, sua sobrinha tinha a característica de aparecer nas horas mais incômodas: ou quando ela estava com Cygnus ou quando ela queria dormir.
-Você já ia dormir?- Lynx perguntou quando viu que a tia também só estava de camisola e robe.
-Lynx, eu já estava dormindo. Fala, o que você quer?
-Bem, eu e Stella estávamos pensando...Já que os garotos foram se embebedar em alguma taverna, nós podíamos fazer uma festa nossa.
Os olhos castanhos de Persephone brilharam. – Você tem certeza?Faz tempo que não fazemos isso...
-Exatamente!! Então, você vem?
-Claro, só preciso me arrumar...
-Besteira, vamos logo, ainda preciso avisar Betel e Vega, não consigo encontrar aquelas duas.
-Procurando a gente, Lince? – era a voz de Betel que acabava de aparecer acompanhada de Vega.
-Hei? Onde as senhoritas estavam?
Vega olhou para a mais velha, como que pedindo autorização para falar, Betel deu de ombros.
-Bom, estávamos no vilarejo... Fomos atrás dos rapazes. – e antes que Lince abrisse a boca para perguntar como ela completou – A Betel foi de velhinho e eu fui com a capa do papai.
-E o que o idiota do seu irmão estava aprontando?! – esbravejou Persephone, levando as mãos à cintura.
Vega deu de ombros, e sorriu divertida.
-Ah, nada demais, bebendo um pouco e socando o Malfoy... Meu irmão me ama...
Lince olhou em volta, preocupada.
-Acho melhor sairmos do corredor.Vamos pro meu quarto, meninas, a Stella está lá preparando a nossa noite, aí vocês terminam de contar o que aqueles quatro estão fazendo.
Elas seguiram a mais velha das Black até seus aposentos onde encontraram Stella servindo as taças de vinho.
-Será que hoje você vão me deixar beber? – perguntou Vega pegando um dos copos para si.
-Não! – respondeu Lince tirando a taça de sua mão – Você é só suco de abóbora, pelo menos até completar quinze anos, sabe muito bem disso.
-Mas eu completo quinze anos mês que vem, caramba!
-Então...Até lá, nada de bebida alcoólica, maninha. – disse Stella lhe esticando o copo de suco. E, percebendo que ela e Betel não trajavam roupas de dormir perguntou – Onde estavam?
-Na taberna onde aqueles desclassificados foram se divertir... – chiou Persephone, virando o copo de vinho num gole só – Eu mato o Cygnus!
-Na taverna? Foram disfarçadas? – Betel fez que sim, transformando próprio rosto no do velho que apartara a briga, arrancando risos das demais e em seguida voltando à forma natural – E eles... Eles estavam... hum.. se comportando?
-Se você chamar beber como uns gambás de se comportar... – riu a caçula – Credo, eles estavam horríveis... Só falavam besteiras...
-Besteiras? – Lynx olhou para Betelguese – Que besteiras?
-Ah, eu não sei, a Vega que ficou perambulando próxima a eles enquanto conversavam...
Lynx voltou os olhos para a caçula, que sorriu maliciosamente.
-Só conto se me deixarem beber também...
As mais velhas se entreolharam. E, como querendo insinuar que as informações eram quentes, Vega acrescentou.
-Eu não acho que vão querer saber, na verdade... É como se diz por aí: a bebida entra a verdade sai. Mas o que vocês podem querer saber sobre o que saiu de verdade da boca daqueles quatro não é...
Betel riu ao perceber a inquietação da tia e das irmãs e, sem muita demora Stella acabou enchendo um cálice de vinho e esticando-o para a mais nova.
-Muito bem, Vega... Vai falando...

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