Desafios



Capitulo XVIII
Desafios

Lynx deixou Noah descansando na companhia de Jack e saiu, preocupada em achar Persephone o mais rápido possível, já que sua tia possuía os medicamentos para os ferimentos dele. No entanto, Lynx procurou primeiro no salão de jantar, achando que a tia poderia já estar tomando café, pois ela normalmente acordava cedo, bem, na verdade, ela madrugava, mas nada.
-Persephone, você está aí? - ela perguntou batendo na porta do quarto da tia.
Não obteve nenhuma resposta, exceto um pequeno murmúrio, suficiente para Lynx ter certeza de que ela ainda estava dormindo. Bateu de novo, com mais força e, apesar de não obter nenhuma resposta, a porta, que só estava encostada, abriu.
Lynx, agradecendo aos céus por sua tia ser descuidada, entrou no quarto, pensando em pegar os medicamentos e as poções e sair rapidamente, deixando a tia dormir.
Tecnicamente, ela estava certa e sua tia ainda estava dormindo. No entanto, ela não estava sozinha tampouco estava vestida.
“Respire fundo, Lynx, respire fundo” ela repetia para si mesma, como um mantra, tentando não gritar.
Ela se acalmou e analisou a cena com cuidado. Persephone estava nua, sem nenhum lençol cobrindo-a, deitada sobre seu irmão. Pelo menos ela não via quase nada do seu irmão, ela pensou, agradecendo a Merlin.
Ela viu quando o irmão começou a espreguiçar-se, movimentando os braços. Pensou em sair, mas suas pernas não seguiam seus pensamentos, ela continuou estática.
-Droga, Perse, não sinto meu braço, você dormiu por cima dele. – ele reclamou, ainda com a voz sonolenta.
Ela riu.
-Você está reclamando? Então saia do quarto.
Ele deu uma risada alta e gostosa.
-Querida, hoje nós não vamos nem sair da cama, quanto mais do quarto. – ele respondeu, descendo suas mãos até os quadris dela e finalmente abrindo os olhos, para dar de cara com Lynx, parada na beira da cama - Perse, acho melhor a gente levantar. - ele falou sério, sem tirar os olhos da irmã gêmea.
-Cygnus, o que você ta falando? Não íamos passar o dia todo... - Ela começou confusa, mas decidiu seguir seus conselhos quando olhou paro o sobrinho e percebeu que ele estava falando sério. - Ah, não. - ela terminou, com medo de o quê, ou melhor, quem ia encontrar quando se virasse.
-Lynx, você vai passar o dia todo aí, mana? - ele falou, resolvendo quebrar o silêncio constrangedor entre ele e a irmã.
Persephone suspirou. Melhor Lynx vendo os dois juntos do que sua irmã. Ela saiu de cima de Cygnus devagar e pegou um lençol para se cobrir, resolvendo afinal olhar a sobrinha, que começa a recuperar-se do choque e achar toda a situação muito engraçada.
-Então, Lynce, o que você deseja? - Persephone perguntou irritada com a interrupção.
-Só os medicamentos para Noah, titia. Então deixo vocês em paz. – ela falou, rindo para Cygnus, que tentava se vestir o mais rápido possível.
Persephone sorriu inconscientemente.
-Aqui estão. - ela falou, dando a Lynx uma enorme quantidade de frascos que estavam arrumados sob uma mesinha de madeira - Se você quiser, assim que eu me vestir, passo lá para aplicá-los. Lynx... Você não vai contar isso pra ninguém, vai?
Lynx controlou a vontade de rir da face de preocupação da tia.
-Claro que não. Mas mantenham a porta fechada da próxima vez, poderia ter sido outra pessoa.

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-Tente não se exaltar, Vossa Alteza. A calma é tudo na animagia.
-O senhor fala como se fosse muito simples, senhor Potter.
-E é... Basta ter calma. – respondeu Jack, sentado a sombra do carvalho.
Noah olhava tudo com uma expressão desconfiada. Já havia se refeito da seqüência de noites de lua cheia. As primeiras do resto de sua vida. Não fora algo agradável, mas imaginava que seria bem pior. O fato de não lembrar de muita coisa ajudava e muito.
-Ai droga! – a voz de Cygnus chamava a atenção de todos para si – De novo não.
Noah sorriu de lado enquanto Jack soltava uma gargalhada alta. Os pelos do rosto de Cygnus insistiam em crescer desordenadamente, o que demonstrava que o rapaz provavelmente se transformaria em um mamífero.
-Isso vivia acontecendo comigo... – comentou Jack entre risos, se levantou e foi até o outro – Vamos, se concentre e volte ao normal sozinho, anda.
Cygnus lhe lançou um olhar irritadiço, mas decidiu tentar. Felizmente conseguiu.
-Viu... Nem doeu. – caçoou o outro – Além do mais, tenho certeza que sua titia ia te achar uma gracinha de barba.
Os demais começaram a rir.
-Muito, muito engaçado, Lancaster!
-Você pelo menos está tendo alguma evolução, Cygnus. – arfou Eric, descontente – Já eu...
-Não é bom se precipitar, Vossa Alteza. – voltou a dizer Alexander – Como disse você precisa ter calma, se não nada acontece.
-Além do mais você está no principio de seu aprendizado como mago, Eric, natural que tenha mais dificuldade que o Cygnus.
-Eu sei, Jack, eu sei. O que foi? – perguntou ao perceber o olhar desconfiado que Jack dava para o lado direito deles.
-Nada. Achei ter ouvido algo... Mas foi o vento com certeza.
A alguns metros dali a mais nova das Black ralhava silenciosamente com a prima ruiva, no intuito de fazê-la parar de produzir barulhos indevidos.
-Eles vão acabar nos descobrindo, Lyra, fique quieta!
-Ta bom, ta bom... Desculpa, eu só tropecei.
-Não tropece!
De volta a sombra do carvalho, Eric pediu licença aos amigos e foi caminhar, precisava desesperadamente esfriar a cabeça.
Ele sabia que Cygnus estudava magia há muito mais tempo do que ele e, por isso mesmo, era normal que conseguisse transformar-se primeiro em um animal. No entanto, continuava sentindo-se frustrado cada vez que não conseguia sequer criar pêlos no rosto. Ele parou de andar e chutar as pedras pelo caminho quando viu Stella, sentada à beira de um riacho, esperando seu cavalo terminar de beber água.
Ele aproximou-se devagar e sentou ao lado da garota, assustando-a.
-Desculpe-me, srta. Stella, não foi minha intenção assustá-la.
Stella apenas o encarou, um tanto quanto surpresa e envergonhada, antes tornar a voltar à atenção para o riacho, fixando seu olhar firmemente nele, a fim de não encarar Eric. Sté sabia que estava a fugir dele desde aquela noite e, inconscientemente, algo lhe dizia que, dessa vez, não havia como escapar. Eles tinham que conversar, mas ela não gostaria de ser a primeira a dar a palavra, então, resolveu dizer apenas um simples e curto "Tudo bem".
Eric apenas suspirou devido ao que ela falara e optou por desviar o olhar dela e passar a mirar o riacho com um olhar meio distante. Um silêncio meio reconfortante e meio denso se estabeleceu entre os dois. Sté mordeu o lábio inferior de leve e respirou fundo.
-Como vão as aulas de animagia? - ela perguntou, contudo não tornou a encará-lo.
-Não muito bem, pareço não conseguir fazer nada certo. É um pouco frustrante.
Stella esboçou um pequeno sorriso.
-Isso é normal, animagia é muito difícil, principalmente para um iniciante como você.
Ele suspirou.
-Eu sei, mas mesmo assim, quando penso em Noah transformando-se em lobisomem, quero de toda forma estar lá para ajudá-lo.
Stella percebeu aos poucos sua vontade de fugir dele desaparecer com aquelas palavras.
-Eu gostaria de poder ajudá-lo, mas...
-Você não pode, não nesse assunto. Mas poderia explicar-me porque não nos falamos direito desde nosso beijo.
Sté arregalou os olhos momentaneamente e encarou-o de modo quase brusco. É claro que esperava que ele tocasse nesse assunto, mas não de um modo tão... direto.
Respirou fundo e piscou algumas vezes, observando Eric esboçar um ar sereno e sério, sentiu-se meio incomodada com aquele olhar e meneou a cabeça de leve, antes de dar de ombros e suspirar.
-Eu... Eu não sei... - ela respondeu baixinho, abaixando o olhar antes de tomar coragem de encará-lo novamente. - Eu, sinceramente, eu não sei, Eric.
Ele suspirou chateado.
-Eu só queria entender! Você se sentiu ofendida? Não gostou?
Ela corou novamente.
-Não é nada disso. Eu só não sei me comportar com você por perto, não sei o que eu sinto de verdade, Eric.
Ele olhou para o riacho, sem conseguir encará-la.
-Eu não posso ajudá-la a entender como você se sente, Stella. Mas sei como me sinto, eu gosto de você. E gosto de estar com você. Se você não gosta de mim como eu gosto de você, tudo bem, mas não me afaste, Stella.
Sté sentiu o rosto ferver com o que Eric dissera e o coração bater descompassado contra o peito, ao mesmo tempo em que sentira que havia perdido a capacidade de respirar. A morena lançou um olhar meio de esguelha para ele e abriu a boca para falar algo, mas tudo o que conseguiu arrancar de si foi um longo suspiro. Eric, então, se levantou calmamente, ao que ela apenas o acompanhou com o olhar.
-Eric, eu... - ela começou num tom rouco, ao que ele esboçou um breve sorriso.
-Não precisa dizer nada agora. - ele estendeu a mão para que ela se levantasse. Sté hesitou por alguns instantes, mas, por fim, decidiu aceitar a ajuda para se levantar. - Eu só quero que pense no que eu te falei. - ele passou a mão pelos cabelos num gesto nervoso, soltando a dela num gesto delicado.
Sté procurava não encará-lo usando o ato de ajeitar o vestido de um modo mais demorado do que o normal para isso.
-E eu quero que saiba que eu nunca fui tão sincero com nenhuma garota quanto eu fui agora com você.
Ela apenas assentiu com um meneio de cabeça, ainda com um olhar meio baixo, mas o levantou quando notou que Eric se aproximou dela o bastante para que os corpos estivessem quase unidos.
Sté sentiu-se estremecer perante o toque suave das costas das suas mãos sobre a sua face e sorriu, meio acanhada.
-Você é tão linda, tão diferente de todas. – ele murmurou rouco, ainda com suas mãos percorrendo sua face. – E eu simplesmente não consigo me manter longe de você. – ele continuou, aproximando o rosto mais e mais do dela.
-Eric, eu...Eu...
-Não diga nada, Stella, não estrague nosso momento. – foi só o que ele falou antes de beijá-la.
Ao contrário da primeira vez, hoje ela não se surpreendeu com o beijo, já estava de certa forma esperando por esse momento desde que o vira. Quando então a língua dele abriu caminho na sua boca, ela deixou-lhe entrar e correspondeu avidamente ao beijo.
Ela sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo quando ele a trouxe mais para perto pela cintura com a outra mão ao passo que a outra desceu até a nuca, como se Eric estivesse se certificando de que não havia forma dela escapar. Stella subiu as mãos e o enlaçou pelo pescoço, notando que logo depois Eric sorrira entre seus lábios e a apertou mais contra si.
Stella riu de leve por entre os lábios dele quando sentiu os dedos dele acariciando de leve a sua nuca, fazendo-a sentir, ao mesmo tempo, cócegas e um arrepio gostoso descer na sua espinha. Num lapso, chegou a pensar no quanto seria bom sentir o beijo dele sobre o seu pescoço e beijou-o com mais avidez, pondo-se na ponta dos pés, como que para permitir que ficassem mais unidos ainda.
Pôde entreouvir um longo suspiro escapar nos lábios do rapaz quando ele cessou o beijo de leve, beijando-a agora no canto dos lábios, fazendo Stella riu novamente. A morena enterrou os dedos nos cabelos escuros do rapaz de uma forma lenta e virou um pouco o rosto, como se o incentivasse a descer o beijo. E foi isso o que o rapaz iria fazer até que...
Os dois se separaram num pulo ao ouvir o relinchar do cavalo e encararam-se completamente constrangidos. Eric coçou de leve a nuca enquanto deixava escapar um longo suspiro e encarou Sté num sorriso meio arrependido.
-Eu não queria chegar a esse ponto, bem, eu... - ele respirou fundo. - Na verdade, eu só... - ele pigarreou. - É melhor eu ir embora. Os outros já devem estar me procurando. – ele a encarou de forma incerta por alguns instantes e depositou um beijo no canto dos lábios dela antes de se afastar e sorrir. - Pense no que eu te falei.
-Eu... Vou pensar. - ela falou num murmúrio rouco, ao que ele sorriu e, fazendo uma leve mesura, se afastou calmamente.
Stella, quando se viu novamente sozinha, respirou fundo e passou a mão de leve pelo pescoço. Inevitavelmente, não deixou de pensar como seria se eles não tivessem se afastado. Sorriu um pouco.
Ao perceber seus pensamentos, Stella meneou a cabeça e foi de encontro ao seu cavalo. Se as coisas continuassem assim, Sté não tinha tanta certeza se poderia continuar a responder pelos seus atos.

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-Posso saber o que as mocinhas estão fazendo aqui?
Vega e Lyra deram um pulo ao reconhecer a voz de Lancaster a suas costas.
A aula estava praticamente terminada com a saída repentina do príncipe, mas as duas não notaram quando o jovem cavaleiro também se retirou, deu a volta por trás de algumas árvores e as surpreendeu espionando o grupo.
-Nós... Bem... É que... Nós estávamos...
-Bisbilhotando, jovem Lyra? – ele perguntou com um sorriso divertido nos lábios.
-É... É acho que seria isso mesmo. – ela respondeu com a mesma graça na voz – Queríamos ver como são as aulas de animagia, senhor Lancaster, nada demais.
-Não precisa me chamar de Lancaster. – ele disse amavelmente – Pode me tratar por Jack. – então seus olhos caíram sobre a figura emburrada de Vega – Mas isso não se aplica a você, senhorita Black.
-Nem em sonhos eu te trataria pelo seu primeiro nome, atrevido.
Ele riu gostoso do bico que ela fazia.
-Bom, a aula terminou por hoje, mas o que acham de vir amanhã acompanhar tudo de perto, ao invés de bisbilhotar, heim? Fica mais fácil entender quando se escuta as explicações.
-Não acho que meu pai vai me deixar assistir.
-Eu me entendo com ele, ruivinha, pode deixar.
A garota ficou tão feliz que não resistiu e o abraçou, fazendo Jack rubrar por um momento e o bico de Vega aumentar mais ainda.
-Obrigada Jack! Eu vou contar à Sté! – e saiu correndo deixando os dois a sós.
Jack ainda sorria da alegria da menina quando olhou a jovem Black de lado.
-Virá com ela amanhã?
-Claro que não... Você acabou com toda a graça.
Ele riu demoradamente.
-Ai, pequena... Só você para me fazer rir, sabia?
-Por que continua me tratando por pequena, Lancaster?
Ele se aproximou dela, com um sorriso maroto nos lábios.
-Já disse, por que é o que você é... Mesmo beijando bem.
Ela apertou os olhos na direção dele, sorriu também.
-Você ainda lembra disso, Lancaster?
-Não tem como esquecer, pequena...
-Que bom que lembre bem daquele momento, por que ele nunca mais vai se repetir. – disse pomposa e, passando bem rente a ele, seguiu na direção em que a prima se fora.
Mas Jack segurou-lhe o braço, não permitindo que ela se afastasse como pretendia. Levou a boca próxima ao ouvido dela e sussurrou arrepiando-lhe toda a espinha.
-Não brinque assim com um homem, pequena... Você não vai dar conta do problema que está arrumando.
Ela o encarou com raiva.
-Você é muito atrevido mesmo, Lancaster. Me solta anda...
-Atrevido? Só por que estou segurando seu braço? – ele afrouxou o aperto no braço dela por um momento, mas não a deixou se afastar, antes que Vega tivesse qualquer movimento Jack a enlaçou pela cintura e puxou-a para junto de si – Atrevido eu seria se fizesse isso... – aproximou os lábios do dela e completou num sussurro – Ou isso... – e a beijou.
Por um segundo a mente de Vega parou. Não tinha certeza do que estava acontecendo, apenas de que a sensação era extremante agradável.
Jack subiu uma das mãos até a cabeça dela, apoiando-a gentilmente, enquanto aprofundava sua língua na boca pequena da garota, tornando o beijo bem mais prazeroso e real que o anterior. Foi quando ele sentiu as mãos miúdas a arranharem seus braços, fracamente. Teve vontade de parar de beijá-la só para pergunta-lhe se aquilo era pra afastá-lo ou incitá-lo ainda mais. Mas não o fez, continuou aproveitando ao máximo o contato que tinham por que sabia, logo ela iria cair em si novamente e empurrá-lo para longe.
E foi exatamente o que Vega fez, poucos segundos depois.
-Seu... Seu... - ela arfava sem conseguir completar a frase.
-Seu o que, Pequena? – ele sorriu-lhe divertido, levando as mãos na cintura – Isso é para você aprender a não brincar com um homem, entendeu.
Ela bufou em resposta e saiu correndo, deixando um Jack sorridente para trás e jurando a si mesma que aquilo não ficaria assim. Ela daria o troco, só não sabia como...ainda...

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