Um problema Real



Capitulo I
Um problema Real

-Senhorita Black?
A jovem que se encontrava olhando a vista da janela levantou os seus olhos e encarou o elfo doméstico sem expressão nenhuma.
-Sim?
-Vossa mãe lhe chama para o almoço.
Suspirando ela deu as costas à janela, donde via os preparativos para o festival que começaria logo.
Pôs-se a andar pelos longos corredores do castelo dos Black.
O almoço da família era sagrado e ela não devia faltar, como insistia a sua amada mãe.
Pelo menos, a Sra. Hera Black não tentaria empurra-lhe mais um idiota para se casar com ela.
Lembrou-se do que fez com o Lestrange e sorriu. Não pôde evitar. Era uma Black. E os Black sempre faziam o que queriam.
Cruzou com a jovem irmã em um dos corredores. Os cabelos muito negros e a pele muito branca, característica da família.
Seguiram juntas para o almoço, sem pronunciar uma palavra, porém.
Não estavam se falando desde o último pretendente que a mais velha expulsara do castelo.
A caçula queria casar-se logo, mas só poderia fazê-lo depois de sua irmã. Em contra partida a mais velha não parecia querer se casar tão cedo... Daí o motivo da briga entre as duas.
-Que bom que já chegaram... Minhas filhas.
Stella Black rolou os olhos. Tinha certeza de que a mãe esquecera o nome das filhas.
Assim como muito de seus antepassados que tiveram nomes de estrelas, uma tradição na família, Stella a início teria o nome de uma. Mas a mãe, uma bruxa puro-sangue de origem italiana, resolveu lhe dar o nome de Stella, que significa estrela em italiano.
Stella se encaminhou até a longa mesa de jantar e sentou-se com muita delicadeza, fora ensinada para ser uma moça fina e educada. Por isso, tocava piano, falava inglês, francês, italiano e grego, além de ter aprendido todas as regras da etiqueta. Se quisesse poderia ser grossa, mas gostava de mostrar que sabia as boas maneiras. E que, acima de tudo, mesmo sendo uma mulher era inteligente.
Ainda almoçavam sem que nenhum ruído entrasse no local até que se ouviu o barulho da porta se abrindo. Todas se viraram para ver Betelguese Black entrar. A irmã do meio estava com o vestido abarrotado e as faces, geralmente pálidas, estavam vermelhas. Chegara ali correndo, era evidente.
-Por onde esteve?
A voz da mãe, cortante como gelo, não alterou a expressão da moça, que estava mais séria do que o normal.
-Eles estão vindo pra cá.
As demais irmãs se entreolharam.
Vega, a caçula, se levantou num impulso. Onde estava seu pai nessas horas?
-Temos que avisar o papai, mãe! Rápido!
-Sente-se, Vega. - disse a mulher friamente - E você também Betel, vamos comer como pessoas civilizadas que somos. Eles que nos aguardem terminar.
Vega bufou irritada e voltou a sentar-se, obedecendo a mãe. Não era comum a visita do Rei e de seus cavaleiros, mas a mãe parecia não achar aquilo importante o suficiente para atrapalhar-lhe o almoço.
Stella voltou a comer calmamente. Para ela, o rei e seus cavaleiros estarem vindos não era grande coisa. Não entendia a afobação da irmã caçula.
Alias, desde que Vega se enfurecera com ela por causa do Lestrange ela não reconhecia mais a irmã. Para ela, aquela ali não era a mesma Vega que deixava ela e Betel trançarem os seus cabelos e lhe chamava de Sté.
A irmã do meio voltou para a mesa e continuou a comer. Parecia ansiosa, assim como Vega.
Dez minutos depois, Winly, o elfo doméstico dos Black, entrava no Salão.
-O rei, os príncipes, e seus cavaleiros encontram-se aqui, minha senhora.
-Mande-os aguardar... - disse a mulher simplesmente - Ofereça-lhes algo para beber, se assim desejarem.
-O Rei quer falar com o seu marido, senhora.
A mãe lançou um olhar tão perturbador ao elfo que até mesmo as irmãs se assustaram.
-Então, avise Sirius pela lareira e deixe-me comer em paz!
As meninas assistiram o elfo se retirar e a mãe voltar a comer silenciosamente. Sabiam que não deveriam mais abrir a boca ou então ficariam trancafiadas em seus quartos sabe-se lá até quando.
Ao final da refeição se retiraram em silêncio, deveriam seguir para seus aposentos, mas antes dariam uma pequena bisbilhotada na sala de visitas do castelo, onde o pai já se encontrava com os visitantes.
Precisavam saber o que fizera com que o Rei de todos os ingleses viesse ao castelo dos Black.

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-A questão é muito delicada, Senhor Black. E o senhor é o único a quem posso recorrer. - elas ouviram a voz do Rei que saíra bastante baixa.
-Diga-me logo do que se trata e verei se posso mesmo ajudá-lo.
-É o meu filho.
Sirius franziu a testa.
-Qual deles?
-O mais velho.
-Eric?
-Esse mesmo...
-E o que tem ele?
-Ele... - o rei hesitou, parecia procurar as melhores palavras, mas não as encontrava - Ele anda estranho... Anda fazendo coisas estranhas... Anda...
-Desenvolvendo magia? - perguntou o pai das crianças com um sorriso cínico entre os lábios.
Era realmente coisa do destino que logo aquele príncipe desenvolvesse a magia, sendo a família real britânica descendente de trouxas por tantos séculos.
Rei Richard, o atual soberano do reino, fora particularmente complicado de aceitar o fato da existência de uma outra sociedade quando assumiu o trono.
Sirius Black fora o encarregado de lhe contar sobre o mundo mágico. Era um conselheiro real, assim como seu pai fora antes dele.
Por anos, Rei Richard resolveu ignorar o mundo que Sirius havia lhe exposto, o que para os bruxos era até satisfatório, dado a não interferência do Rei trouxa em suas questões.
Mas voltando a atualidade, saber que finalmente aquele Rei teria que conviver com um bruxo de baixo do próprio teto era reconfortante para o Senhor Black.
As meninas, que ouviam escondidas a conversa, trocaram olhares surpresos. Seria aquilo mesmo verdade? O filho mais velho do rei, o tal Eric, era mesmo bruxo? Sabia fazer magia como elas?
-Mas ele é trouxa! - Vega falou, fazendo uma careta de nojo.
Stella, sua irmã mais velha, e sempre muito mandona, pediu com um gesto que ela ficasse quieta, para que pudessem ouvir o resto da conversa. Vega fez uma careta, mas calou-se, voltando a prestar atenção na conversa.
-Eu gostaria de dar-lhe os parabéns pelo vosso filho, mas vejo que sua Majestade não está muito feliz com a situação...
-Não, Sirius, realmente não estou. Meu filho não poderia ter escolhido uma hora pior para desenvolver...- ele calou-se por um instante, era como se não fosse capaz de acreditar nas próprias palavras. E provavelmente o rei não seria capaz de acreditar nelas se não tivesse visto com seus olhos a manifestação dos poderes do filho. - De qualquer modo, eu preciso da sua ajuda.
- Perdoe-me, Majestade, mas não sei como posso fazer para ajudá-lo. Acredito que o senhor saiba que não posso tirar os poderes de seu filho.
O Rei pareceu surpreso e talvez um pouco desapontado com essa afirmação.
-Eu... O pensamento nunca nem me passou pela cabeça! Não, não, eu quero que meu filho aprenda a... Bem, aprenda a controlar seus poderes, pelo menos.
Sirius franziu a testa. Ora, ora, aquela era uma novidade muito boa.
-Sua majestade quer mandá-lo para uma escola de magia? Hogwarts é uma escola em ascensão, e tem ótimos professores, se me permite acrescentar. No entanto, receio que seja um lugar muito perigoso para o futuro regente do reino.
-Sim, sim, esse é meu receio também. Eu esperava que você, como conselheiro real, pudesse hospedá-lo em sua casa e ensiná-lo magia.
Sirius sorriu. E as garotas, acostumadas aos sorrisos do pai, perceberam que era isso que ele planejara desde o início.
-Estou aqui para servi-lo, meu senhor. Se essa é sua vontade, ensinarei magia ao seu filho como se ensinasse a um dos meus.
O Rei pareceu mais do que satisfeito com aquela resposta e rapidamente concordou. Depois se retirou, dizendo a Sirius que o esperaria no salão para o baile. Tão logo o barulho dos passos do rei deixarou de ser ouvido, o pai voltou a falar.
-Agora, minhas crianças, vocês podem aparecer. Não é muito educado ouvir as conversas dos outros. Mas, venham, temos muito que conversar sobre nosso novo hóspede.
As meninas saíram do seu esconderijo, atrás de uma das enormes cortinas de uma das sacadas, a qual, haviam pulado pela sacada da sala ao lado.
Sentaram-se nas cadeiras onde antes o Rei estivera.
-Muito bem. Já sabem que teremos visitas por algum tempo, então, espero que se comportem.
-Quanto tempo esses... Trouxas... Ficarão aqui, pai? – perguntou Vega com certo nojo.
-O tempo necessário para o rapaz aprender a lhe dar com sua condição... Como vocês.
-Isso pode levar anos. – comentou Betelguese.
-Vai levar anos, Betel... – ele arfou finalmente, ao lembrar das dificuldades que teriam – Merlin me proteja da ira da sua mãe quando souber. – voltou a sorrir para as meninas – Mas quero que entendam a importância do que está acontecendo.
-Como assim, pai?
-Simples, Sté... Depois de tempos de domínio trouxa, finalmente a Inglaterra terá um Rei bruxo quando esse menino assumir o trono. Quero que entendam a importância disso e o por quê de fazer questão de sermos nós, os Black, a educá-lo para que se torne um bruxo respeitável.
Logicamente que elas entendiam isso. Sabiam bem das brigas políticas e as disputas de poder entre as famílias ricas e puras da sua sociedade.
-Os Malfoy dariam toda a fortuna para terem esses trouxas nas terras deles. – disse o pai – Essa será a maior influência que um bruxo vai conseguir junto ao reino, filhas... Por isso, tenho dois pedidos a fazer-lhes.
-E quais seriam, pai? – perguntou Sté, seria.
-Primeiro, me ajudem a fazer a sua mãe entender tudo isso e, segundo, sejam amáveis com os trouxas.
Vega revirou os olhos, seu pai tinha uma mania irritante de pedir-lhes coisas impossíveis.

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