O Sonho de Snape



Severo Snape foi para seu quarto, pois queria dormir a qualquer custo. Estava exausto e pretendia ficar com ela durante todo o dia seguinte – um domingo.
Tomou um banho quente e demorado, pensando muito. Pensou nela, pensou nos comensais, pensou nela, pensou nos aurores, pensou nela, pensou no estranho rumo que sua vida tomava, pensou nela, pensou em todos os anos que serviu Voldemort, pensou nela, pensou nos anos de espião duplo e, por fim, pensou nela. Ele já havia tomado consciência de que, de alguma forma, ela passara a ser tudo em que ele pensava.
Exausto mas aliviado por falar com ela antes de vê-la adormecer, ele deitou-se em sua cama e nem as preocupações foram suficientes para impedi-lo de adormecer.
Em seu sonho, viu Hermione correr. Ela parecia apavorada. Ela corria. Ele não podia ver de onde, nem para onde, mas ele a via correr. Ele se remexeu na cama. Ele a viu chorar. Ele se remexeu outra vez. Ele viu Voldemort sorrir enquanto falava. Como num choque, ele se sentiu jogado para longe e caiu semimorto no chão. Então se sentiu puxado, como numa aparatação, e logo estava em pé, com trajes de comensal da morte, num lugar onde já havia vários aurores.
Seu olhar correu para Hermione Granger. Ele não esperava vê-la tão bonita. Fazia tempo que ele não a via, ou qualquer um dos membros da Ordem. Ele chegou a sentir saudades de Potter e os outros dois do trio de ouro naqueles tempos de terror. Viu o olhar furioso de Potter em si. Viu, entretanto, algo diferente no rosto de Hermione. Consternação. Ele jamais esperaria ver aquele sentimento na face dela quando a olhasse, mas não teve tempo para refletir. Todas aquelas reflexões haviam sido feitas em segundos. Eles desaparataram ali e logo vários feitiços foram lançados contra eles.
Snape defendeu todos sem problemas, e viu os comensais atacarem os membros da Ordem. Potter estava ali e fora defendido por todos. Uma batalha se iniciara. Começaram as mortes, os gritos, a dor. Nada diferente do que era habitual. Ele sabia que havia tido outras batalhas, mas ele não participara delas, porque Voldemort o queria vivo para a grande batalha final.
E ali estava ele. Todos se dispersaram, saíram das posições iniciais, tanto do lado da Ordem como do lado dos comensais. Nada mais que um grito desesperado de pessoas que queria livrar o mundo de um mal. E ele prometeu a si mesmo que não ia morrer antes de ver Voldemort morto.
Ele atacou e matou vários aurores sem nenhuma dificuldade, como fazia com qualquer verme. Era fácil. Mas ele preferia não fazer isso. Preferia não ter mais fantasmas do que já tinha aparecendo em seus pesadelos.
Defendeu Potter algumas vezes sem ninguém perceber e houve um momento em que, curioso, olhou para a bruxinha brilhante que lutava com bravura. Aquela pequena sabe-tudo, com olhar firme e decidido, que estava ali, pronta para dar a vida pela sua causa. Ela não tinha que fingir estar de um lado que não estava; ela lutava por Potter e pela Ordem, em nome de Dumbledore. Dumbledore. Ele teria que chamar Dumbledore quando aquilo tudo acabasse. Ele só esperava pelo menos viver tempo suficiente para saber que o mundo estaria em paz.
A luta estava sendo longa; embora vários aurores e membros da Ordem tentassem pegá-lo desprevenido, isso era impossível. Ele era bom demais para isso. Entretanto, houve um momento em que Potter ficou desprotegido, e ele viu que um auror ia atingi-lo, ao mesmo tempo em que Lúcio Malfoy lançava um Avada sobre Harry. Ele não teve dúvidas. Defendeu Harry e foi atingido em cheio no peito por um feitiço estúpido qualquer. Sentiu uma dor enorme e seu corpo foi arremessado vários metros para trás.
Hermione Granger correu desesperada no meio do campo de batalha. Um grito de desespero ecoou, e vinha dela. Snape viu, estupefato, a jovem correr em sua direção, sem olhar para nada, sem se ater a nada, sem prestar atenção em nada. Parecia cega. Corria para ele com um ar apavorado.
Naquele momento, ela foi até imprudente, pois não se importou com mais nada além dele. Voou pelo campo de batalha e quase foi atingida por vários feitiços. Os amigos dela não sabiam o que fazer quando viram o objetivo dela. Ela não parecia ter raiva dele, o traidor assassino; ela chorava.
Harry apenas teve tempo de defender Rony de um Avada, mas foi atingido por uma raspa de um Estupefaça que um comensal tentou lhe lançar. Rony logo correu para ajudá-lo, mas ambos estavam prestando tanta atenção na ousadia de Hermione que não chegaram a ver o que se passava à sua volta. Mesmo a presença de Voldemort não era tão importante quanto a estranha atitude da amiga.
A própria diretora da Grifinória teve que defendê-la de alguns feitiços hostis, enquanto defendia Harry e Rony e a si mesma. Lupin e Tonks davam cobertura para McGonagall, mas mesmo eles pareciam apavorados com a atitude de Hermione. Aliás, o próprio Voldemort estava abismado. Mesmo ele parara seus ataques para observar a insensatez da garota, e parecia curioso para saber o que a movia a tanta preocupação.
Por um curto momento, em que Hermione corria, o campo de batalha silenciou-se. Mas foi um momento curto mesmo, porque logo vários comensais lançaram-lhe feitiços, que foram desviados pelos membros da Ordem.
Ele sabia que seus olhos estavam abertos e parados e viu algumas lágrimas encherem os olhos dela. Mas, quando ela viu seus olhos correrem para ela, ela quase pulou – primeiro com o susto, depois com uma visível alegria.
Seus olhos negros expressaram todo o seu espanto e sua curiosidade, mas ela não os analisou por muito tempo. Ela estava atenta quando observou o lugar em volta. Então, pôs-se de modo a conseguir ver tanto Snape quanto o resto do campo de batalha.
O próprio Voldemort a encarava com olhos confusos, mas ainda assim assassinos; ele em pessoa lançou-lhe um feitiço, que ela defendeu com suprema maestria, para espanto dos que a observavam.
- E não é que a sangue-ruim sabe fazer feitiços? – debochou Voldemort ao longe, rindo dela.
- Sei fazer muito mais que isso, Voldie – gritou ela de volta, com uma insolência que lhe era estranha.
Voldemort apenas riu. Não havia mais muita gente viva para combater, e estavam todos exaustos. Ele em breve venceria. Lupin, parecendo apavorado, gritou:
- Hermione! O que você está fazendo?
O olhar dela desceu para Snape, caído no chão. Snape viu nos olhos dela algo de indecisão, de compaixão, e não sabia como ela o julgava merecedor de seus bons sentimentos, mas agradeceu a qualquer entidade que os estivesse olhando que ela estivesse ali.
- Harry, pelo amor de Deus! – exclamou Hermione, apavorada.
- Mione... Eu... eu não posso! – gritou Harry, fraco.
- Ah, você pode sim, ou você não é filho de Lílian Evans e Tiago Potter! – exclamou Hermione, enérgica, com uma força de caráter que não teria sido esperada dela anos antes.
- Seria melhor que a missão de me matar fosse sua, não dele, sangue-ruim – debochou Voldemort.
E logo Voldemort ordenou que Hermione fosse morta, e vários feitiços voaram para ela ao mesmo tempo. Snape viu o olhar dela descer para si, e ela parecia apavorada por alguma razão. Ele logo entendeu por que; ela se atirou no chão para longe dele, em vez de usá-lo como escudo: parecia que ela tinha medo que os feitiços o atingissem. Voldemort atacara Harry pelas costas.
- Você é um merda, Voldie – gritou ela, ficando em pé.
- Eu sou? – perguntou ele. – O seu amigo Potter é que me parece um. Olhe para ele, que figura humilhante e ridícula ele é.
- Você deveria ouvir o professor Snape, Harry – gritou Hermione, séria. – Enquanto você não aprender a fechar a mente e a fazer feitiços não-verbais, você será um fraco. Fraco! Fraco! Fraco!
Snape viu Harry arregalar os olhos, mas o garoto não ficara mais espantado que ele. Hermione Granger o tomava por referência. Ele desejou dizer para ela sair dali. Desejou dizer que ele não merecia aquilo. Mas não conseguia. Sua cabeça girava. Harry pareceu primeiro ter raiva dela, depois no rosto apareceu-lhe súbita compreensão. Ergueu a cabeça e se pôs em pé. Hermione sorriu e disse:
- Professora McGonagall... os nossos ratinhos têm que sair do caminho deles...
McGonagall assentiu e lançou um olhar para Lupin e outro para Tonks, depois para os gêmeos Weasley e para Gina. Aquilo devia ser um código. Um código para falar dos comensais. Snape ficou mais aliviado ao achar que Hermione sairia dali.
Algumas gemialidades Weasley foram usadas e confundiram as vistas dos comensais da morte. Harry só precisava enfrentar Voldemort cara a cara. O bruxo mais velho o olhava com um sorriso de desdém, de braços cruzados.
Para espanto de Snape, Hermione abaixou-se ao lado dele em vez de ir embora e segurou uma das mãos dele com firmeza, e parecia inconsciente do olhar dele em si; olhava aflita para a batalha que se travava. Snape observava-a sem saber se estava apavorado ou maravilhado. Como aquela que fora sempre uma Sabe-Tudo insuportável poderia entender? Ele a admirou naquele momento.
Os comensais tombavam. As travessuras daqueles gêmeos estavam ajudando mesmo. Parecia absurdo, mas estavam funcionando mesmo. Ele, porém, não conseguia prestar atenção ao campo de batalha. Ele via que a menina a seu lado estava preocupada com os amigos, mas ela não saía de seu lado, ele, que era considerado um traidor. Ele queria entendê-la, queria se desculpar por todos os anos que tornara a vida dela insuportável. Naquele momento terrível, ele via que ela nunca merecera aquilo.
Ela olhou em volta e desceu seu olhar para ele. Pareceu um pouco assustada ao ver o olhar dele fixo em si. Ele queria falar algo, queria dizer a ela que ela não precisava ficar ali, que eram os amigos que precisavam dela, porém queria dizer também que agradecia por ela estar ali, por ela lhe dar força, por ela fazê-lo ver que ele era uma pessoa com aquele simples aperto de mão que demonstrava confiança e falta de ódio, mas estava mesmo impossibilitado. Não conseguia expressar nem meia palavra. Hermione, como se não soubesse de quem se tratava, olhou para ele mais fixamente, tentando compreender o que ele poderia querer. Ele apertou a mão dela com mais força e algumas lágrimas vieram aos olhos da jovem. Ele não sabia o que ela estava pensando, mas parecia estar com medo. Parecia ter voltado à realidade e visto quem ele era. Ele sentiu pesar por isso. Queria dizer a ela. Ela fora a única que lhe demonstrara compaixão, que se preocupara com ele. Ele, que havia ajudado todos sem eles saberem.
A jovem enxugou as lágrimas que queriam cair e olhou em volta. Com um Accio, chamou os pedaços da varinha dele e a reconstituiu usando um feitiço complicado de reconstituição no tempo, para poder deixá-la exatamente como antes e não criar nenhum problema para quando ele fosse usá-la novamente. Snape tinha os olhos fixos no que ela estava fazendo, e não sabia se estava apavorado ou admirado.
Ela mostrou a varinha para ele e a pôs num dos bolsos internos das vestes dele, o que o fez arregalar os olhos. Ela abaixou o rosto e sussurrou no ouvido dele:
- Eu cometi um erro de julgamento muito grave no primeiro ano... E não vou fazê-lo outra vez, professor.
Snape amou-a naquele momento. Amou a confiança dela, a fé dela nele, a compreensão dela, a sabedoria dela. Ele a amou como pessoa, algo que se julgava incapaz de fazer até ali.
Ela olhou para os olhos dele; em seguida olhou em volta. Os comensais restantes estavam com problemas, em compensação Harry estava muito debilitado, e Voldemort estava se divertindo torturando-o. Lágrimas escorreram pelos olhos dela. Snape queria agradecer pela confiança, queria dizer que ela não havia errado. Ela levantou-se correndo, e ele usou toda força que ainda possuía para segurá-la, para olhar para ela ainda uma vez que não fosse com um olhar de desprezo, para dar apoio, o mesmo que ela lhe dera agora. A mão dele pressionou mais a dela e eles cruzaram o olhar mais uma vez antes de ele soltar a mão dela.
- Harry! – gritou ela, correndo para ele.
Ela só podia ter feito de propósito, para chamar a atenção de Voldemort. E funcionara. Ele parou de torturar Harry e olhou para ela.
- O que foi, sangue-ruim? Você acha mesmo que é capaz de ajudar o seu amigo?
- É o que os amigos fazem, não? – perguntou ela, olhando para Harry.
Snape conseguia ver ao longe a cena e amou-a mais. A amizade que ela dedicava ao Potter o fez sentir uma leve inveja do garoto. Uma amiga como Hermione Granger devia ser uma bênção para todas as horas. Snape decidiu que era hora de Dumbledore aparecer.
Voldemort ensaiou um sorrisinho e olhou em volta.
- Os seus estão tão ruins quanto os meus. A diferença é que os meus não dependem de um moleque fraco.
- O Harry não é fraco! – exclamou ela, com a varinha em punho.
Snape conseguiu sentar-se, usando todas as suas forças, todas as forças que ainda lhe restavam e as que lhe vieram pela presença dela. Ele teve a percepção de que o olhar de Voldemort correra para si.
- Boa tentativa, Voldie, mas não vou me distrair com você!
- Mas que diabos é isso? – perguntou Voldemort, com uma expressão apavorada. - Um seguidor forte, afinal.
Hermione olhou para trás e Snape apenas lançou um olhar de relance para encontrar o olhar aterrorizado dela. Ele sentiu pesar por achar que ela pensaria ter feito algo errado lhe devolvendo a varinha, mas sentiu um conforto em saber que Dumbledore esclareceria tudo e, mesmo que ele morresse, ela saberia que não ajudara um traidor assassino. Ele pegou sua varinha e apontou-a para o céu. Chamou Dumbledore por um feitiço que eles haviam inventado meses antes. Aparentemente, nenhum efeito. Tudo ficou escuro e sua última consciência foi uma risada sombria de Voldemort.
Snape mexeu-se na cama, sabendo que sua memória voltara, sabendo que estava dormindo, mas outras lembranças lhe vieram. Lembranças que se resumiam a sons de vozes e a sensações. Ele sabia que era a memória de quando estivera em coma por uma semana.
- Professor Dumbledore, eu não agüento mais isso! – era a voz de Hermione. – Eu preciso vê-lo bem, pela minha vida!
Ele sabia que as mãos dela seguravam as suas e sentia-se reconfortado com isso.
- Acalme-se, minha filha. Ele vai acordar. Mas demora mesmo. Em épocas mais difíceis ele chega a ficar um mês desacordado. Ele vai melhorar.
Snape podia reconhecer um som de choro, em meio à sua visão negra.
- Srta. Granger, você tem que comer – disse Dumbledore.
- Eu vou daqui a pouco – sussurrou ela. – Juro que vou. Bom, talvez seja melhor trazerem alguma coisa aqui. Quero estar com ele.
- Hermione, ele não vai saber que você está aqui – murmurou Dumbledore, pesaroso.
Eu sei que ela está aqui, seu velho idiota!
Parecia que o choro dela aumentou mais, mas ela apertou as mãos dele com mais força e murmurou, abatida:
- Não importa, diretor – sussurrou ela. – Não importa.
Os passos de Dumbledore mostraram a Snape que ele tinha ido embora e ele sentiu os lábios dela nos seus e as lágrimas dela.
- Eu te amo. Você nunca vai lembrar disso, mas eu te amo – sussurrou ela. – E vou estar sempre aqui para você.
Snape se mexeu na cama outra vez. A visão estava o incomodando profundamente. Sua parte consciente brigou com ele por ele ter tratado a jovem tão mal logo que ele acordou. Não era por nada que ela chorava à toa.
- Bom dia, Snape – era a voz dela, em outro momento de consciência durante o coma. – Eu sei que você não está ouvindo, mas hoje estou tão feliz! Madame Pomfrey disse que você vai acordar em, no máximo, uma semana! Isso é bom, não é? Quero dizer, você vai me odiar, mas pelo menos eu vou saber que você está bem!
Outra vez ele sentiu os lábios dela nos seus. Queria beijá-la de verdade. Queria dizer que não a odiaria. Que o amor e a dedicação dela foram as melhores coisas que lhe aconteceram na vida, mas não podia. Estava impossibilitado. Sua condição o deixou irritado, mas a consciência de que ela havia recostado a cabeça em seu peito fez sua raiva anuviar-se e sentiu-se mais leve. Sim, aquela jovenzinha tinha o poder de deixá-lo leve e ele nunca soubera disso. Ele desejava, naquele momento, acima de tudo, lembrar-se disso quando acordasse, pois sabia que se não se lembrasse ele a trataria mal, mais pelo hábito do que por qualquer outra coisa, porque ele nunca a odiara realmente.
Os lábios dela tocaram os seus outra vez, enquanto ela acariciava uma das mãos dele.
- Eu te amo. E vou repetir isso até que um dia você saiba.


GENTE, SE AQUI DESSE PRA VER EM ITÁLICO, VCS IAM VER Q EU COLOQUEI EM ITÁLICO TODAS AS PARTES QUE JÁ ESTAVAM NO PRIMEIRO CAP. BOM, COMO VCS VIRAM, ESTOU RETRATANDO OS MESMOS FATOS PASSADOS NA BATALHA FINAL, MAS DO PONTO DE VISTA DO SEVIE

BOM, A IDÉIA DE FAZER A LEMBRANÇA VIR NUM SONHO FOI DESCARADAMENTE TIRADA DO UMA VIRADA DO DESTINO, TRADUZIDA PELA CLAU SNAPE. ESPERO QUE O FATO DE EU DAR OS CRÉDITOS DA IDÉIA TIRE DE MIM O PEDSO DO PLÁGIO PRA DEIXAR SO UM DE FALTA DE CRIATIVIDADE...

BJOKASSSSSSS, MOÇAS

ATÉ A PRÓXIMAAA!!!!!

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