A Volta de Rony



Hermione continuou sentada no sofá apenas observando o nada, podia sentir que ele ainda estava lá com ela, mas se sentia triste por não poder falar com ele, vê-lo, senti-lo. Ao mesmo tempo se sentiu feliz como a meses não se sentia, era bom saber que ele ainda estava com ela, que ainda a amava, mesmo sendo dessa forma tão...Distante.
Levantou-se e rumou para o banheiro a fim de tomar um longo banho relaxante pensando que havia tido muita movimentação para um dia só, entrou na banheira, encostou a cabeça na borda da mesma e fechou os olhos, apenas pensando em como uma coisa assim era possível, nunca havia lido em lugar nenhum que anjos existissem, muito menos que se comunicavam com as pessoas daquela forma, franziu o cenho ante aquele pensamento, talvez estivesse mesmo ficando louca e esteve falando sozinha esse tempo todo, mas ela podia sentir a presença dele ali, era como se fosse algo que a acalmava. Cansada de pensar sobre esse assunto apenas tentou esvaziar a mente e relaxar.
Após um longo período naquela mesma posição suspirou profundamente e sentiu aquele cheiro, aquele que a muito não sentia, abriu os olhos perturbada, era o cheiro dele, olhou em volta, mas nada viu, talvez não estivesse louca realmente, pensou saindo do banho e se dirigindo ao quarto para poder dormir um pouco.

Harry novamente se encontrava admirando a lua esteve com ela à tarde inteira pensando no que tinha acontecido, pensando se realmente aquilo fora certo.
Sentiu a mão se alguém sobre seu ombro e ao virar-se para ver quem era se deparou com Sirius que sorria para ele, Harry tentou corresponder com o melhor sorriso forçado que conseguiu.

- Que há Harry? – perguntou seu padrinho percebendo que o garoto não estava bem.
- Só acho que fiz uma coisa errada hoje... – comentou vagamente
- Conversei com Dumbledore, você falou com ela não foi?
- Falei – sorriu verdadeiramente para o padrinho – Mas tenho medo que ela sofra mais com isso, sabendo que estou com ela, mas que ao mesmo tempo não posso estar... – disse ficando sério.
- Sabe Harry, às vezes as pessoas que morrem, devem continuar ‘mortas’ para os vivos, pode ser perturbador saber que estamos aqui, mas que não podemos estar com eles, talvez seja mais difícil superar nossa morte, você não pensou nisso não é? – viu que Harry negou com a cabeça – Eu sei que você só queria aliviar o sofrimento dela, mas talvez só o tenha piorado, não estou o culpando – acrescentou ao ver que o garoto adquiria uma expressão triste – Só acho que ela deveria saber que chegou a hora de aceitar que você está morto e nada mudará isso, e agora essa passa a ser sua missão.
- Não sei como fazer isso Sirius – disse com um tom de desespero na voz – Quero que ela pare de sofrer por mim, mas não sei como vou ajuda-la, achei que com o tempo isso passaria...
- Sim, passaria, se ela aceitasse a fato de que você se foi, mas ela sabe agora que você ainda existe e está com ela, então você precisa faze-la entender – completou apertando de leve o ombro do afilhado tentando transmitir apoio – Ela precisa de você – Harry apenas concordou com a cabeça e assistiu seu padrinho se retirar, agora com mais certeza ainda que aparecer para Hermione não havia sido uma boa escolha.

No dia seguinte Hermione acordou pensando ainda no acorrido do dia anterior, já estava convencida realmente de que não era um sonho. Seguiu para cozinha para tomar seu café da manhã quando ouviu a campainha tocar.

- Quem será uma hora dessas? – murmurou para si mesma.

Quando abriu a porta deu de cara com Rony, que tinha uma aparência estranha, parecia transtornado, mas deixou de pensar nisso quando o ruivo abriu um sorriso para ela, que correspondeu.

- Rony! Quanto tempo... – disse o abraçando – Estava com saudade, venha entre.
- Também tinha saudade Mione, por isso adiantei minha volta – disse entrando e se sentando no sofá da sala – Gina me disse que você saiu de casa ontem, fico feliz por isso!
- Ah é verdade, achei que estava na hora de parar de sofrer um pouco – comentou vagamente, mas sabia que o aparecimento de Harry só a fez ficar mais confusa e triste, mas não diria nada a Rony, provavelmente a acharia louca – Então, como está com a Luna? – o ruivo namorava Luna há quase um ano
- Nós terminamos – comentou vagamente sem demonstrar tristeza alguma pelo ocorrido – Mas falemos de coisas alegres.

E à tarde se passou, Hermione não tocou mais no assunto ‘Luna’. Os dois saíram para almoçar juntos, no restaurante Hermione notou que Rony a olhava de um jeito estranho.

- Aconteceu alguma coisa Rony? Faz tempo que notei sua aparência...Estranha – perguntou preocupada.
- Ah não, não é nada demais – disse assumindo uma postura séria – Só preciso falar com você.
- Pode dizer – disse simplesmente ficando tensa, alguma coisa séria deveria ser, raras as vezes que via Rony sério desse jeito.
- Não sei como te dizer isso Mi... – começou, mas não parecia estar constrangido nem incomodado, parecia saber bem o que estava falando – Mas há tempos que venho me sentindo estranho perto de você – a olhou nos olhos – O que quero dizer é que estou apaixonado por você Mione – terminou ainda a olhando, Hermione não notou sinceridade nem o sentimento que ele havia confessado nos olhos no garoto, mas ele parecia seguro.
- Rony... – ela estava chocada – Como? Digo...Até um mês atrás nós éramos melhores amigos e só, não entendo como isso aconteceu...
- Nem eu entendo Mione, mas aconteceu – ele a interrompeu.
- Você está tão estranho...

Harry estava ali juntos dos dois amigos, e percebeu também que Rony não estava normal, isso não era bom, claro que ele se incomodou com o fato de Rony se dizer apaixonado pela sua garota, mas nada podia fazer, afinal estava morto, e seria uma injustiça sem tamanho exigir de Hermione que ela não fosse feliz com mais ninguém, mas não podia negar que Rony não estava normal, aquilo não era nada bom mesmo.
Ainda existiam partidários de Voldemort soltos por aí, Rony poderia ter sofrido algum ataque e estar sob alguma maldição, Harry notou que lentamente o ruivo começava a se aproximar de Hermione, e apenas fechou os olhos sentindo uma lágrima rolar quando percebeu que Hermione não se afastaria, que iria beija-lo. Rapidamente saiu dali, não era obrigado a presenciar essa cena.

Logo após o beijo Hermione abriu os olhos confusa, não sabia se tinha feito certo, não sentiu tudo aquilo que sentia com Harry. Merlin! O Harry! Ele disse que não sairia de perto dela, provavelmente estava ali, ou não? Ela não sabia mais o que pensar, apenas achava que seria certo continuar sua vida. Olhou para Rony e viu que o garoto a olhava de uma forma estranha, com um sorriso nos lábios, talvez estivesse apenas cansado.

- Rony, eu...Eu não... – ela não sabia o que dizer.
- Vamos Mi, você não pode se prender a alguém morto o resto de sua vida – ele disse parecendo novamente aquele Rony que ela sempre conheceu, o que a fez sorrir e parecer concordar com ele.
- Tem razão, mas é ainda confuso entende? Eu não... – interrompeu a própria frase parecendo pensar – Apenas não...Me sinto como você, sabe?
- Entendo – disse parecendo frustrado, Hermione jurou ver passar uma centelha de raiva pelos olhos dele, mas fora tão rápido que julgou ser impressão depois – Não peço que me ame como eu te amo, só lhe peço uma chance.

Os dias foram passando e Hermione assumiu o namoro com Rony, nem de longe ela parecia aquela que era quando namorava Harry, mas era melhor que remoer o passado. Com o passar desses dias o ruivo não havia mudado, continuava estranho e fechado, Hermione tentou questionar várias vezes, mas o garoto apenas desconversava.

Harry resolveu mais uma vez procurar Dumbledore, o ex-diretor sempre sabia o que dizer a ele. O encontrou fazendo o que parecia ser desenhos com a neve que caía utilizando sua varinha, Harry não pôde deixar de sorrir, Dumbledore nunca deixou de ser aquela pessoa calma e serena de sempre. Se aproximou dele e parou ao seu lado olhando os desenhos que o velho amigo fazia.

- Professor? Poderia falar com o Sr.?
- Claro Harry – disse sem parar de fazer seu desenhos
- É sobre Hermione – na hora Dumbledore parou o que estava fazendo e o olhou
- Que há de errado? Andou falando com ela novamente?
- Não, depois que ela começou a namorar Rony resolvi não apareceu mais, apesar de que algumas noites a vejo me chamar, não sei, mas acho que ela sabe que estou ali – completou triste
- Só sabe porque você disse a ela Harry, mas o que queria me dizer sobre ela?
- Eu quero muito que ela seja feliz professor – disse encarando o chão com um tom melancólico na voz – Mas acho que o que Rony diz a ela não é sincero, não que ele esteja fazendo algo de mal a ela, sei que ele seria incapaz disso...Mas ele não parece ser...Ele, o senhor entende?
- Entendo – disse com aquela expressão pensativa – Não sei se deveria lhe dizer isso, porque se você soubesse iria querer interferir com certeza, e você sabe que não é permitido fazer nada que interfira na vida das pessoas...
- A não ser em casos de extrema importância – interrompeu Harry, ao que Dumbledore apenas concordou.
- Mesmo assim, intervenções divinas como essas tem que ser em casos realmente sérios, não apenas sérios para você meu jovem, e sim para todos – disse vendo Harry erguer a cabeça com um olhar confuso – O que quero dizer, é que poucos aqui aprovariam sua intervenção, pois não se preocupam com o estado de Hermione, entende?
- Entendo – Harry estava começando a se desesperar, talvez estivesse acontecendo alguma coisa com ela e Dumbledore não queria contar com medo que ele interferisse – Professor, eu a amo, e como o senhor disse não deve ser por acaso que ainda a amo, preciso saber se algo está acontecendo a ela – disse com urgência na voz, fazendo Dumbledore refletir sobre este forte argumento.
- Está certo, mas que fique claro, que sua intervenção, se acontecer, deve ser mínima – disse sério e preocupado – As pessoas não podem saber de nossa existência, imagine quantos sofreriam mais do que sofrem pela falta de entes queridos? – aconselhou ainda com tom sério e percebeu que Harry entendia ao que se referia
- Entendi, vou tentar intervir o mínimo possível.
- O que tenho a lhe dizer sobre Rony e Hermione é sério, portanto não interrompa enquanto eu estiver falando – Viu Harry confirmar com a cabeça parecendo apreensivo e prosseguiu – Algum tempo, nesta última viagem que Rony fez, alguns comensais ainda existentes querendo vingar a morte de Voldemort o encurralaram e o deixaram sob a Imperius - deu uma pausa para que Harry conseguisse digerir a informação e continuou – Deram a ele a missão de fazer Hermione sofrer, faze-la acreditar que a amava, fazer ele conquista-la, para depois fazer com que ela sofra dos piores jeitos possíveis, e depois, querem que ele a mate. – concluiu o diretor. Harry ficou alguns minutos em silêncio, não acreditava que o professor não havia lhe dito, no começo sentiu raiva, mas aos poucos pareceu entender que Dumbledore só tinha escondido isso por medo de Harry fazer algo impensado que certamente faria.
- Certo professor, obrigado, já sei o que fazer - e saiu sem dar tempo do ex-diretor dizer mais nada. Ele tinha um plano, e ia coloca-lo em prática o quanto antes.

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