Ainda te amo



Harry caminhava calmamente pelo lugar que deveria ser considerado o ‘paraíso’, mas aquilo para ele não passava de um inferno, onde não tinha Hermione, certo que ele pode rever Sirius, seus pais, Dumbledore e outras pessoas que haviam morrido na guerra também, eles eram a única razão dele se sentir bem naquele lugar. Dali ele podia apreciar uma das mais lindas noites de inverno, via a neve caindo por toda cidade, várias casas e prédios cobertos pela mesma, uma lua magnífica, mas nada disso o fazia feliz, parou de andar para observar aquela lua, que tantas vezes havia presenciado os encontros dele com Hermione, sorriu sozinho ao pensar nisso, talvez ela, a lua, fosse a única que conhecia todos os segredos dos dois. Sentiu que alguém se aproximava e pode ver que era Dumbledore que estava parado ao seu lado.

- Bela noite não, Harry? – comentou com aquela mesma expressão serena de sempre o olhando através dos óclinhos meia-lua que sempre usou.
- Não tão bela professor... – Ele não havia perdido o costume de chamá-lo assim.
- Sente falta dela não é mesmo?
- Muita – Harry olhou para o ex-diretor ali ao seu lado com uma expressão triste – Eu vejo que ela sofre tanto, e não posso fazer nada... – voltou a encarar a lua.
- Você ainda a ama?
- Amo, eu a amo tanto... – comentou com um certo pesar na voz.
- Sabe Harry – Dumbledore começou com aquele costumeiro ar sábio – Não sei se você sabe, mas anjos a partir do momento em que se tornam anjos, perdem todos os sentimentos em relação às pessoas vivas – Harry o olhou confuso, fez menção de interromper, mas Dumbledore continuou – Isso acontece para que possamos finalmente ‘descansar em paz’, e quando as pessoas amadas morrem também, nosso sentimento em relação a elas volta, como num passe de mágica – comentou divertido – Mas vejo que isso não aconteceu com você Harry...Posso ver que ainda a ama, como acabou de me confirmar...
- Por que isso professor? – Harry lhe perguntou confuso o olhando.
- Não sei Harry, mas de uma coisa eu sei – o encarou profundamente – Anjos tem poderes inimagináveis quando os utilizam para o bem, nem todos os anjos são capazes de usufruir desses poderes, pois é necessária uma vontade muito grande para isso, mas alguns...Conseguem. – Harry podia jurar ter visto um sorriso quando o diretor acabou de falar e sorriu também.
- Entendi professor!
- Mas lembre-se Harry – advertiu duramente – Nada do que você faça vai poder mudar o fato de que você está morto e ela viva, e esse fato possuí limitações das quais você conhece.
- Sim Sr. – respondeu ainda sorrindo.

O dia amanheceu e Hermione acordou se sentindo melhor do que esteve nos últimos meses, não teve pesadelos esta noite e isso a ajudou a acordar com o humor um pouco melhor. Levantou-se e olhou pela janela, viu que fazia uma típica manhã de inverno e muitas pessoas caminhavam, então resolveu que era hora de sair de casa, já não agüentava mais ficar ali confinada ao passado.
Vestiu uma roupa quente, tomou uma xícara de café e saiu para as ruas geladas de Londres, caminhava calmamente, sem se preocupar onde estava indo, queria apenas esquecer dos problemas e encarar a vida de um outro modo, viu várias pessoas caminhando e rindo, casais passeando despreocupados, até que viu uma familiar cabeleira ruiva e mal acreditou quando constatou que era realmente Gina, viu que ela estava com Draco e o filho deles, notou como o menino havia crescido desde a última vez que o viu, e teve real noção do tempo que perdeu em casa, foi caminhando na direção deles até que Gina a notou e sorriu radiante.

- Mione! Que bom que saiu de casa – disse feliz a abraçando ao que a morena correspondeu.
- Achei que já estava na hora de parar de sofrer – comentou com um sorriso triste.
- Ainda bem que pensa assim – a ruiva a olhou e percebeu que ainda estava bem abatida, mas nada comentou.
- Ah, olá Draco – Draco estava com o filho no colo e olhou para Hermione com um ligeiro sorriso no rosto, a verdade é que ele havia ficado bem mais sociável desde que começou a namorar Gina.
- Oi Hermione, como tem passado? – perguntou educadamente.
- Estou...Indo, e vocês, como vai a vida de casado? E o Matt? – Matt era o filho deles, que tinha pouco menos de um ano.
- Estamos bem, obrigado – comentou Draco – Hey, Granger – continuou com uma falsa expressão carrancuda que lembrava os tempos de Hogwarts – Não quer vir conosco? Não que eu queira, mas a Weasley gosta de você né, fazer o que... – e sorriu no final, juntamente com Gina que pareceu apoiar a idéia. Hermione riu levemente e se deu conta que há tempos não o fazia.
- Claro Malfoy, mas que fique claro que é só pela Gina, pois sua companhia também não me agrada – aceitou sorrindo sinceramente. Draco riu também e seguiram para casa deles conversando sobre como andam as coisas no ministério e os últimos acontecimentos dos meses. Hermione realmente perdera muitas coisas.

Ela não se lembrava de ter passado uma tarde tão agradável em meses e se arrependeu do tempo que perdeu trancada em casa.

- Então, daí eu disse que ele não deveria ter feito aquilo – Draco terminava de contar uma história aparentemente engraçada, pois as duas moças riam – Mas quem disse que ele me escuta?
- Ai Draco, só você mesmo – Hermione ria alegremente, parecia ter conseguido se livrar das más lembranças. Olhou no relógio e viu que já estava ficando tarde – Bom gente, eu preciso ir, obrigada pelo convite, foi uma tarde maravilhosa.
- Já vai Mione? Fique mais um pouco – pediu Gina ao que Draco concordou.
- Preciso mesmo ir, está tarde e já os aluguei demais...
- Imagine, mas se você diz – comentou Gina – Foi um prazer ter você aqui, fiquei realmente feliz, apareça sempre que quiser – disse abraçando a morena, logo após Draco também se despediu.
- Pode deixar – sorriu para eles e saiu da casa, caminhando até a sua, já estava escurecendo e havia poucas pessoas nas ruas, mas estranhamente ela não se sentia sozinha, nem com medo.

Harry estava andando ao seu lado, obviamente ela não poderia vê-lo, mas ele estava ali como sempre esteve, e estava feliz por ela ter saído de casa depois de tanto tempo. O moreno passou o dia inteiro tentando movimentar alguns objetos, pois quando se é anjo não se pode interferir na vida das pessoas, a não ser em caso de necessidade extrema ou de uma grande força de vontade, como Dumbledore havia dito, e Harry tentou o dia inteiro, mas não teve sucesso, ficou meio frustrado no começo, mas imaginou que não seria uma coisa fácil de se fazer.
Ele observava Hermione caminhando tranqüilamente ao seu lado, olhou para frente e viu um jornal velho sobre um banco na calçada, correu até lá e ficou encarando o jornal, tentado fazer com que ele se movesse, usava toda a sua força. Já estava quase desistindo, mas quando ela ia se aproximando conseguiu fazer o jornal cair do banco e flutuar levemente até o chão em frente à morena. Hermione parou e encarou o jornal confusa, olhou para a copa das árvores e percebeu que não ventava.
Harry a olhou maravilhado pelo fato, levantou do banco e se postou ao seu lado e assoprou levemente o pescoço da moça. Hermione sentiu um calafrio gostoso percorrer seu corpo e logo se lembrou dele, olhou em volta, mas nada viu. Harry comemorou, finalmente havia conseguido algum progresso.

- Hermione...Pode me ouvir? – tentou cheio de esperança, mas Hermione só retomou a caminhada pensando que realmente deveria ter passado tempo demais em casa, já que sentiu a presença de Harry ali, do nada.

Mais uma vez o moreno sentiu a frustração o invadir, mas ele não desistiria assim tão facilmente, continuou seguindo a moça até a casa dela.
Assistiu ela entrar e logo em seguida a seguiu, atravessando a porta já fechada. A casa de Hermione era grande e majestosa, ela até achava ser grande demais para ela, mas Rony a deu de presente, alegando ser o primeiro presente de verdade que dava a ela, já que agora como jogador de quadribol tinha condições para isso, e só por essa razão que a mulher não se mudava.
Subiu para seu quarto a fim de tomar um banho quente, enquanto Harry permaneceu na sala olhando as fotos que havia em uma estante. Pôde ver uma em que estavam ele, Rony e Hermione, era o final do 4º ano, aquele ano Hermione o havia ajudado tanto e foi no final do mesmo que Harry se descobriu apaixonado por ela, sorriu ao lembrar de tudo que passaram naquela época.
Encontrou também uma foto dos dois no final do quinto ano, estavam abraçados e sorriam alegremente, se lembrava daquele dia também, tinha feito um mês de namoro com ela e já naquela época sabia que Hermione era a mulher de sua vida, como continua sendo até hoje.
Perdido em pensamentos nem notou quando a garota descia as escadas já de pijama, sorriu para ela, talvez esperando um outro sorriso em resposta, que não veio, viu ela se sentar no sofá e fechar os olhos. Olhou novamente a foto dos dois e teve uma idéia.
Fez todo o esforço possível e conseguiu mover um pouco o porta-retrato, fazendo Hermione abrir os olhos confusa. Se esforçou mais e fez com que ele caísse no chão, a garota olhou espantada e se levantou indo até a foto a pegando nas mãos, olhou bem para foto dela e de Harry ali e sorriu ainda confusa. Olhou em volta mais uma vez se achando louca e voltou a olhar a foto.

- Lembro-me bem deste dia – ela comentou vagamente para ela mesma, mas Harry que estava ao seu lado ouviu.
- Eu também... – sussurrou no ouvido dela sabendo que ela não ouviria, mas se espantou quando ela assumiu uma expressão de espanto e olhou na direção dele parecendo assustada e recuou uns passos para trás também assustado. – Hermione? – disse novamente
- Harry?! – ela chamou achando realmente que estava louca, o garoto sorriu.
- Você pode me ouvir? – ele perguntou.
- Isso não é possível – ela recuou até uma parede – Estou ficando louca, eu juro que ouvi Harry falar comigo.
- E ouviu mesmo – disse o garoto divertido observando o espanto dela.
- Harry? Não, isso não é possível – ela negava com a cabeça.
- Também achava que não era possível e estou tão assustado quanto você, bom, talvez nem tanto – disse e riu da cara dela.
- Mas...Você está morto – ela ainda não acreditava
- Bom, tecnicamente sim, mas considerando que mortos não falam né...
- Por isso mesmo que estou assustada, mortos NÃO falam – disse com veemência.
- Mas anjos falam... – Ele disse contente.
- Anjos? – ela sorriu confusa – Anjos não existem
- Eu existo, e você não está louca, pode me ouvir não pode? Então é sinal de que eu existo! – afirmou feliz por estar falando com ela depois de tanto tempo
- Então, por que nunca falou comigo antes? E por que não posso te ver? – ela estava começando aceitar o fato, embora ainda achasse loucura.
- Eu também não sabia que você poderia me ouvir, até que Dumbledore disse que se um anjo quiser muito uma coisa, ele pode conseguir...Mas existem limitações, acho que por isso não pode me ver nem me sentir se eu te tocar.
- Dumbledore? Nossa, isso é muito insano – comentou se afastando na parede e se sentando no sofá ainda com a foto na mão – Foi você que derrubou a foto?
- Foi, e o jornal também, inclusive provoquei aquele arrepio em você – disse se sentando ao seu lado.
- Eu sinto sua falta – ela comentou olhando pra foto – Desde que você se foi eu nunca mais me senti feliz como era antes...
- Também senti sua falta – ele disse olhando da foto pra ela com uma expressão triste – Mas eu nunca fui de verdade, toda noite te vejo dormir, aonde você vai eu a acompanhando, nunca te deixei... – Ela sorriu realmente feliz, fazia muito tempo que ela não sorria assim – Mione, eu não poderei falar com você assim sempre, isso consome muita energia, então quero que saiba que sempre estou com você, nunca a deixei – a voz dele ia se tornando mais distante à medida que falava.
- Não, Harry...De novo não – ela tinha os olhos marejados – Eu amo você.
- Também amo você, minha Hermione – a voz dele estava bem distante agora, até que sumiu.


N/A: mais uma vez desculpem qualquer erro

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