Quadribol, uma caixinha de sur



Capítulo X
Quadribol, uma caixinha de surpresas... tristes

O rapaz jazia atento aos livros estudando para a próxima prova. Não poderia pedir a ajuda de Lizzy dessa vez, e Procion, que tinha uma facilidade imensa de entender aquela maldita matéria estava ocupado preparando uma nova quantidade de poção amansa lobisomem para o estoque do pai.
-Estudando sozinho, Potter?
A voz arrastada e gélida em seu ouvido arrepiou-lhe até o mais longo fio de cabelo, virou-se sobressaltado, já esperando dar de cara com o sorriso debochado de Loureine Malfoy, só não esperava que ela estivesse tão perto.
-É... Estou.
-Pelo visto as duas te abandonaram mesmo, heim? – ela riu debochada – Não sei se percebeu, mas essa paz entre as minha primas as fizeram te esquecer... Fico feliz que finalmente elas tenham criado juízo e se afastaram dessa coisa nojenta que você é.
-Feliz por que isso abrir caminho para você, loira? To com espaço na minha agenda agora... – ele não ia perder a chance de irritá-la, claro.
-Não seja ridículo, Potter. Eu tenho bom gosto para homens, assim como a minha mãe... – ele levou um dedo à boca, fingindo que simularia um vomito – Gosto de gente de classe e nível.
-Correção! Você não gosta de gente, Malfoy.
A loira fez uma pose de pensativa.
-Tem razão... Eu não gosto de gente, embora você não esteja classificado no que eu chamo de gente...
Ele fechou o livro, desistindo de estudar a matéria.
-O que você quer, heim? – perguntou impaciente.
Ela sorriu novamente, sentou ao lado dele e cruzou as pernas de uma forma discreta e ao mesmo tempo insinuante, deixando mais coxa à mostra do que seria polido fazer. Fingiu não perceber que ele notara ação, mas ficou satisfeita ao se dar conta que de que JS não resistira a chance de olhá-la, nem que fosse de relance.
-Eu estive pensando, Potter... Sobre o caso da minha amiga Goyle, sabe...
-Amiga... Humph, você se quer chorou a morte dela, seu cubo de gelo.
Loureine continuou a falar como se ele não tivesse a interrompido.
-... Estive pensando a quantas andam as investigações.
-Pergunte para o meu Tio.
-Ah... – começou a enrolar o cabelo, como se estivesse jogando charme para ele... Bom, JS sabia muito bem quando uma garota estava fazendo isso e, na verdade, era isso que Loureine fazia, ele só não compreendia por que – Mas ele só vai me dizer o que é oficial... Tenho certeza que você pode descobrir bem mais.
-E por que eu faria isso?
-Digamos que eu vou saber te recompensar muito bem... – levou novamente os lábios bem próximos ao ouvido dele, o fazendo arrepiar antes mesmo de dizer algo – Pensa nisso ta – Acho que você pode se interessar tanto quanto eu no que podemos descobrir juntos.
Loureine se retirou, mas não sem antes dar-lhe mais um olhar malicioso. Ela nunca havia agido daquele jeito com ele antes e JS sabia que haviam alguma intenção obscura no gesto repentino da menina... Tentou explicar isso para os seus hormônios, mas quem disse que eles lhe ouviam.
-Droga! – chiou resignado, sabendo que acabaria por fazer o que a loira pedira. Loureire era um dos poucos mistérios que ainda lhe restavam desvendar naquela escola... E o único que ele realmente queria – Droga! Droga! Droga!
******************
Para sorte de Lúcifer, quando a goleira de seu time de quadribol apareceu para o treino, naquela tarde, não havia ninguém no campo além dele. Elizabeth veio em sua direção com passos firmes e duros. Parou a sua frente... os olhos faiscando de raiva por algo que o loiro não recordava ter feito.
E, sem nenhuma palavra, virou a mão com tudo no seu rosto.
Foi o tapa mais dolorido que já recebera de uma mulher. Não que tivesse tomado muitos. Antes daquele, apenas o de uma senhora louca, que pensou que o garoto de onze anos (idade que ele tinha na época) havia se abaixado de propósito para olhar sua roupa debaixo quando, na verdade, havia caído sem querer em uma das suas brincadeiras com os primos. E outro de Kamila, quando terminara tudo com ela.
Mas o tapa que Lizzy dera doera bem mais no peito que na face.
- O que foi isso? – perguntou sério, sem demonstrar o que sentia.
-Você é um cretino, Malfoy! – vociferou ela.
-Granger, você vive me dizendo isso e nunca me deu um tapa na cara por esse motivo... O que mudou?
-Você ajudou os dois!
Uma nuvem de compreensão passou pelo semblante loiro dele. Depois um sorriso debochado tomou conta de seus lábios.
-Oh! Procion e JS?
-É! Procion e JS! Você sabe muito bem do que eu estou falando... foi você quem conseguiu as folhas de mandrágora para eles fazerem aquela poção ridícula, não foi?
-Folhas de mandrágora? – ele tinha uma expressão cínica de incompreensão na face – Eles precisavam de folhas de mandrágora?
-Não se faça de idiota, você sabe muito bem que eles precisavam de folhas de mandrágora para preparar a poção de invisibilidade e ver a Charlote nua.
-Caramba... Jurava que eram de salamandras... – se pois pensativo – Será que isso vai alterar muito o resultado?
-Perai... Peraí Malfoy... Está dizendo que sabotou a tal poção?
-Demorou pra entender, heim.
-Mas... mas... Por que?
-Ela também é minha prima, Lizzy. – disse num tom mais calmo – Lembra?
-Mas eu pensei... eu imaginei que... é que eu achei...
-Que eu também queria ver a Charlote nua. Não foi isso? – ela abaixou a cabeça, envergonhada por ter dado um tapa nele. Por isso não viu quando ele abriu um sorriso doce e levou a mão até seu queixo a fazendo voltar a encará-lo – Eu tenho opções melhores na minha família, sabe...
Lizzy abriu a boca e gaguejou tentando pedir desculpas. Lúcifer não parecia preocupado com isso, ela só o via se aproximando mais e mais de seus lábios que teimavam em não emitir som algum.
Deu-lhe um beijo demorado, só a soltando quando os ouvidos felinos escutaram a aproximação do resto da equipe.
Antes mesmo que Lizzy pudesse entender que o beijo acabara Alan apareceu ditando táticas para o treino que iniciariam, como cabia ao posto de capitão que ele ocupava.
-Quero ver você agarrar algum gole hoje, priminha... – debochou Lúcifer quando finalmente seguiram para o campo.
E ela nem podia revidar por que, como ele imaginava, Lizzy também duvidava que fosse conseguir se concentrar.
***********
Os dias passaram tranqüilos até o primeiro jogo de quadribol do ano, a não ser, talvez, pela misteriosa falha na poção dos meninos.
JS não levou o caso tão a serio, estava bem mais preocupado em conseguir informações contundentes sobre o caso Goyle, para poder finalmente entender o que Loureine queria dele.
O amigo por sua vez estava obcecado em desvendar o que dera errado. Andava com o livro para cima e para baixo relendo passo a passo à preparação da poção, sem conseguir entender o que causara a falha.
A única boa noticia era que Lizzy havia voltado a falar com os dois, sem, aparentemente, se lembrar do ocorrido. Imaginaram que ela os tinha perdoado, sem dar-lhes o troco, por que a poção não dera certo e eles não puderam usufruir de seus préstimos.
Os dois estavam tão felizes com isso que se quer perceberam que a amiga estava mais sorridente que o comum.
Quem notou diferenças no humor do primogênito dos Malfoy foram os primos de sua idade. Muito embora ele não estivesse escondendo nada realmente - já que Alan, Anna e Albert o conheciam bem o suficiente para saber o motivo da mudança - Lucifer não foi capaz de contar o que havia acontecido entre ele e Lizzy, quando os primos gracejavam, tentando-lhe arrancar alguma informação, ele apenas sorria. Nada mais.
Charlote e Dori continuavam estranhamente unidas. A oriental cada vez mais preocupada com a marcação cerrada que Junior fazia-lhe, desde o dia que a pegara bisbilhotando uma conversa com JS.
Na época ela se saiu bem, dizendo que apenas queria confirmar se JS havia ido falar com o Auror ou se encontrar com alguma lambisgóia. E, embora o jovem Black não parecesse acreditar na história, teve que liberá-la depois das explicações.
Chegou o dia do primeiro e mais esperado jogo do campeonato. Grifinória contra a Sonserina. Era assim desde que Bella e Draco II havia assumido, em seus segundo ano, os postos de apanhadores das duas equipes. As disputas entre a Potter e o Malfoy costumavam durar horas, nenhum admitia perder para o outro. Na primeira vez que se enfrentaram Bella levara a melhor, na segunda, porém, Draco a superou.
Aquele ano seria o da revanche.
As arquibancadas estavam lotadas quando o time da Sonserina e o time dos Weasley – como era chamado o time da Grifinória, já que, com Alan, Anna e Lúcifer de atacantes, os gêmeos Greg e Jonathan de batedores e Lizzy defendendo o gol; apenas Bella Lílian não tinha sangue dos ruivos naquele grupo – entrou em campo.
Procion já estava quase perdendo o começo da partida, entretido com o livro de poções que lia pela milionésima vez.
Era estranho não ter funcionado, pensava. O preparo foi seguido à risca. Não tinha como dar errado, não podia ter dado errado... Ah não ser que algum ingrediente estivesse errado.
Finalmente a única resposta para o que acontecera veio-lhe a cabeça.
-Malfoy, cretino! – chiou ao se dar conta do óbvio – Ele trocou os ingredientes, só pode ser isso! – o cabelo laranja virou vermelho sangue quando ele virou sobre os calcanhares, seguido para fora do colégio – Quando o safado descer daquela vassoura eu pego ele!
Mas não chegou se quer a porta do castelo. Um grito de mulher o fez voltar-se novamente e correr na direção anterior.
********
O jogo já devia ter começado e nada da outra aparecer.
Daisy achou estranho, afinal sua amiga Jenifer Smith não costumava perder um jogo da Grifinória, apensar de pertencer a Lufa-lufa, como ela.
O problema era a paixonite que a garota supria por um dos atacantes do time dos leões. Lúcifer Malfoy era o colírio dos olhos da amiga, a resolução cor de rosa de todos os problemas de mau humor dela. Tanto que no último aniversário de Jenifer, Daisy fizera questão de presenteá-la com uma foto nada ortodoxa de Lúcifer. Logicamente a Smith adorara.
Preocupada com a demora ela resolveu ir atrás da outra. Não demorou muito para encontrá-la...
A alguns corredores dali a foto perdida de seu primo, rasgada em dois pedaços e, logo depois sua amiga, sem vida mergulhada numa poça feita de seu próprio sangue.
Ela gritou, como nunca gritou em sua vida... Nem mesmo quando perdera os próprios pais.
A imagem da amiga querida com a jugular cortada fora demais pra ela. Suas pernas bambearam, mas, antes que desmaiasse uma mão lhe deu apoio.
Daisy virou o rosto na direção do peito da pessoa, e foi abraçada em seguida... As lágrimas jorrando-lhe pela face.
-Merlin, não... – murmurava Procion, também absorto com a cena – A Smith...

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