Esbarrões no caminho



Capitulo VII
Esbarrões no caminho

-Lúcifer. Podemos conversar um instante?
O loiro levantou os olhos para a ex namorada que havia acabado de parar atrás deles. Esguia, de olhos e cabelos castanhos, envergando o mesmo brasão que ele no peito.
Do outro lado da mesa, onde tentava ajudar os amigos a resolver um dos problemas de Astronomia, Lizzy pode perceber que o primo não gostara da interrupção a sua leitura, mas manteve a postura educada e sóbria que sempre tivera. Acenou positivamente, se levantou, seguindo Kamila Creevey para fora do salão comunal.
-O que foi, Kamila? Aconteceu alguma coisa?
Era apenas uma pergunta educada, Lúcifer sabia muito bem que nada tinha acontecido e que ele teria que perder incontáveis minutos explicando o por que terminara o namoro no fim do ano letivo anterior... De novo!
-Eu só queria... Conversar. – os olhos marejaram – As coisas ficaram tão difícil desde que a gente terminou.
-Podemos conversar o quanto quiser, Kamila, mas eu não sou mais seu namorado.
-Mas por que? Eu não consigo entender, Lúcifer... Por que?
-Nós já discutimos isso tantas vezes... Por Merlin.
-Você tem outra pessoa, é isso?
-Já disse que não... – o tom de voz estava começando a transparecer a impaciência.
-Então eu não consigo entender.
-Kamila, presta atenção. Eu não estou com outra pessoa, eu só não gosto de você como deveria gostar para ser seu namorado, só isso.
-Então você gosta de outra!
Ele levou as mãos à cintura, molhou os lábios com a própria língua num movimento rápido.
-Ta legal, é isso. Você prefere que seja assim, então ok. Eu gosto de outra... Estamos entendidos?
As lagrimas finalmente romperam a face da garota, e ela tentou limpa-las entre soluços surdos. Lúcifer permaneceu inabalado.
-Eu sabia... Sabia que era isso. – murmurava ela até que finalmente se retirou o deixando sozinho no meio do caminho.
-Saco...

No fim daquela tarde, a oriental caminhava pelos corredores, na direção do salão para mais uma refeição. Ainda estava preocupada com o que vira no primeiro dia em Hogwarts, mas não tivera mais nenhum sinal de problemas desde então, embora soubesse que isso não queria dizer nada.
Na verdade a calmaria a deixava inquieta. As perguntas não paravam de borbulhar em sua cabeça. Afinal, não tinha como não se preocupar. O caso Bella e Segundo não era um simples namoro escondido, aquilo era o prenuncio de uma catástrofe, sem precedentes.
Ela conhecia a história, Malfoy tio só se virara a favor de Harry Potter por que se apaixonara pela tia Gina, mas ela tinha certeza que, em tempos de paz ele não entenderia (muito menos aceitaria) tal relação.
E o lado de Bella então? O pai ficaria extremamente desapontado, mas o que mais lhe preocupava era a reação, imprevisível, da mãe da garota. O sangue Black em dose dupla que corria nas veias da mulher tinha lhe rendido um gênio forte demais e reações impossíveis de se imaginar. Não sabia se a tia apoiaria a filha ou à trancaria no alto da torre do colégio para que o garoto nunca mais se aproximasse. Qualquer uma das reações seria bem natural vindo dela.
Somado a tudo isso ainda tinha a chantagem da tal Goyle.
Na sua divagação, acabou trombou em algo e só percebeu ser alguém após ter soltado um palavrão.
-Ora, ora, ora Senhorita Weasley, vou mandar seu pai lavar sua boca com sabão. – não dava para acreditar que trombara logo no tio chato e implicante dos Potter, como ela podia ser tão azarada?
-Olá senhor Jr. Black. – tentou ser polida para terminar logo o assunto – Desculpa o mau jeito.
Ele levou as mãos às costas e a olhou de cima a baixo, a avaliando, como fazia quando ela era uma criança e ele um adolescente que pensava ser melhor que os outros.
Não foram muitas as vezes que se encontraram, é verdade. Mas os poucos eventos sociais em que se cruzaram foram suficientes para fazê-la pegar uma raiva enorme do garoto (atual homem), devido a implicância totalmente espontânea e exclusiva que ele despendia a ela.
-Vejo que cresceu senhorita Weasley. – ela revirou os olhos com impaciência – Eu sei que é obvio, mas eu sempre achei que você nunca deixaria de ser aquela japinha chata que costumava me atrapalhar os estudos.
“Japinha chata” a lembrança do apelido irritante que ele colocara nela fez com que seu sangue fervesse.
-Olha aqui, Black! Eu tenho mais o que fazer do que ficar ouvindo os seus resmungos de velho, ok. Da licença! – e saiu, trombando com o ombro no dele.
Irritada com o encontro inoportuno, Dori entrou com fúria no banheiro. Jogou uma água no rosto e encarou o espelho, a face estava vermelha, algo que só acontecia quando sentia muita raiva. O filho caçula dos Black sempre conseguiu lhe causar aquela reação.
Tentou esquecer o encontro com mais um punhado de água no rosto. Depois entrou em um dos boxes. Quando já havia se recomposto uma conversa lhe fez tardar a saída do local. Achara ter ouvido o nome de um dos primos. Encostou a orelha na madeira para confirmar.
-Estou te dizendo. Ele está caidinho por mim.
-O Lúcifer Malfoy, Goyle? Conta outra...
Dori ouviu um novo barulho vindo de outro boxe, as duas interlocutores também, por isso logo mudaram de assunto e se retiraram do banheiro.
Não dava para acreditar que a cretina já estava dando a chantagem como ganha, pensou enquanto saia do banheiro. Ela tinha que tomar alguma atitude, definitivamente. Mas precisava de ajuda.
Assim que colocou o pé de volta ao salão decidiu o que faria. E o faria já. Seguiu a passos largos e decididos por um caminho que jamais fizera durante todos os seus anos de colégio. Sentiu os olhares dos conhecidos sobre si, mas Dori não era de se intimidar com olhares.
Parou ao lado da pessoa mais apropriada para ajuda-la naquele momento. Engoliu o orgulho e a chamou.
-Charlote. – a irmã demorou a levantar os olhos para ela, num misto de surpresa e repudio pela sua ação – Eu preciso falar com você...
Ao ouvir isso a loira se levantou e a seguiu para fora do salão, sem mais palavras.
Na mesa da Grifinória, os passos incomuns de Dori logo chamaram atenção da família.
-O que diabos está acontecendo? – perguntou Alan a irmã gêmea.
-Algo muito sério, com certeza...
-Acham que devemos ir atrás delas? – perguntou Albert que também fora atraído pela cena.
-Não. Deixem as duas... – disse Anna - Seja o que for está servindo para juntar-las pelo visto.
Enquanto tudo voltava ao normal no salão, as duas irmãs Gui Weasley paravam pela primeira vez na vida, frente a frente, para conversarem.
-Muito bem... O que aconteceu de tão sério?
-Quem te disse que é serio?
-Para você ter me procurado, eu tenho certeza que é sim... Alguma coisa está te preocupando, muito, e posso apostar que é algo em relação aos meus primos.
-Nossos primos...
-Que seja. O que foi?
-Antes de mais nada, Charlote, eu... Eu quero deixar bem claro que... Bom... Eu só te procurei por que acho que você é a que a melhor pessoa da família para lhe dar com esse tipo de situação... E por que eu... Eu não sei o que fazer...
-Ta. – a outra fez um aceno com a mão - Fala logo.
-Eu peguei o Segundo e a Bella se beijando...
Charlote permaneceu imóvel. Expressões inalteráveis.
-Pode repetir por favor?
-Eu... Dori Chang Weasley... Vi... Nesse mesmo corredor... o Segundo, também conhecido como Draco Malfoy II... Nosso primo... Beijando a Bella Lílian... Filha do tio Harry... NA-BO-CA... Compreendeu agora?
-Tem certeza disso? - Dori bufou – Desculpa perguntar, mas é algo tão... Irreal... Você tem absoluta certeza que viu isso? Não confundiu as pessoas? Talvez a Bella com algum outro garoto ou o Draquinho com alguma menina...
-Eu tenho absoluta certeza que eram eles dois, Chalrlote, não sou miope. Eram o Segundo e a Bella, sem sombra de dúvida.
-Santo Merlin... – murmurou a loira – Isso é uma catástrofe...
-Catástrofe vai ser se alguém da família descobrir. – ela respirou fundo – Então pensei? Com quem falar? A Daisy ou o JS contariam para os pais deles. Lizzy? Acabaria soltando para o JS. Albert, Alan, Anna... Lúcifer? Eles matariam o Segundo antes dele dizer algo. Loureine nem pensar e Jonathan e Gregori estão ajudando os dois. Eu não tinha outra opção, tive que procurar você por que... – soltou um suspiro – Por que isso não é o pior.
-Tem coisa pior?
-Eles estão sendo chantageados. Aquela amiga da Loureine os descobriu.
-A tal Goyle, não é... Eu sei de quem se trata... O que ela quer?
-O que não... Quem: Lúcifer.
Charlote soltou uma enorme gargalhada, como nunca fizera na frente da irmã. Dori sempre achou que ela não ria.
-Ela não tem noção de ridículo não?
-Não, já está até espalhando que ele está caidinho por ela, pode um negocio desses?
-Ridícula... – disse a loira quase cuspindo, fazendo Dori lembrar das vezes que a irmã tinha se referido a ela própria daquela forma – Certo, um problema de cada vez. Primeiro nós anulamos a chantagista. Depois decidimos o que fazer com os pombinhos... O que acha?
-Perfeito. – respondeu Dori animada. Então, houve um silencio constrangedor entre as duas.
A oriental levou as mãos a cintura e molhou os lábios, sem imaginar que Charlote a conhecia o suficiente para saber que a irmã estava fazendo um grande esforço para falar o que se seguiria.
-Acho que isso é uma trégua então.
A loira cruzou os braços.
-Sim, é uma trégua... Que vai durar muito mais se você se manter longe do JS.
-Eu digo o mesmo. Pelo bem dos nossos primos... Acho que vale a pena.
-Com certeza vale. Então, fica combinado assim, nada de flertes com o Potter até resolvermos isso. Depois voltamos a disputá-lo normalmente. Combinado?
-Super combinado!

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N/A: Gente, só queria agradecer os comentários... espero que continuem dizendo o que estão achando viu. bjs

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