A Toca



Capítulo 3: A Toca

Harry surgiu em frente à casa dos Weasley alguns segundos depois, acompanhado de Tonks, Lupin, Moody e do Sr. Weasley.

A Toca estava escura, a não ser pela luz da cozinha, que aumentou quando a porta dela se abriu e uma Sra. Weasley apareceu sorridente e se jogando contra Harry num abraço apertado e carinhoso.

- Meu querido, que saudade! Tudo bem com você?

- Tudo, Sra. Weasley – respondeu Harry com um largo sorriso.

- Pra você é Molly, por favor. Mas como você está magro! Venha, vamos entrar e comer alguma coisa, você parece faminto.

Harry apenas olhou para o Sr. Weasley, que segurava um riso e indicava a porta, para que entrassem.

- Vamos Harry, não adianta recusar – disse ele.

Ao entrar, Harry notou que um caldeirão estava fumegando no fogão e a Sra. Weasley conjurava pratos e talheres para todos.

- Molly, não vamos comer, já estamos de saída - avisaram Lupin e Tonks.

- É, Molly, temos que ir pra casa – sorriu Tonks em direção a Harry, segurando o braço de Lupin de forma carinhosa.

- Acho que Alvo está mais contente agora – disse o Sr. Weasley, olhando alegre para o casal.

- É, Harry, não adiantou eu falar que ela merecia coisa melhor, a cabeça dura não desistiu e eu acabei aceitando, visto que já não conseguia ficar longe dela – Disse agora um Lupin sorridente como há muito tempo Harry não via.

- Cabeça-dura? Como você se atreve a me chamar de cabeça-dura – Tonks dava beliscões em Lupin, que se limitava a tentar se proteger e ria.

- Acho que a convivência com Hermione e Gina fez a Tonks adquirir alguns genes dos Weasleys – o Sr. Weasley disse, rindo da cena que via.

- Mas a Hermione não é uma Weasley – comentou Harry.

- Você e Hermione há muito tempo são Weasleys, Harry. Eu fico muito triste que você não concorde comigo – disse uma Sra. Weasley um tanto decepcionada.

- Me desculpe Molly, é lógico que eu me sinto da família, é que eu não queria me incluir, podia parecer presunção – Harry abaixou a cabeça, olhando para o assoalho como fazia aos 12 anos de idade.

- Agora chega. Vamos comer e cama, inclusive para você Harry, e não ouse me desobedecer – disse um Sr. Weasley com ares de seu pai, o que fez Harry se sentir em casa e fazendo parte da família.

Após a saída de Tonks e Lupin, a Sra. Weasley serviu um enorme prato de sopa para cada um dos presentes, seguido de pedaços de pão.

Como sempre, a comida da Sra. Weasley estava maravilhosa e Harry sentiu um sono pesado chegando. Moody se despediu, deixando Harry apenas com o senhor e a Sra. Weasley.

- Estão todos dormindo? Rony me disse que Hermione já estava aqui.

- Sim, mais foi uma luta para fazê-los se deitarem. Rony e Hermione pareciam que queriam nos matar, mas Gina parecia furiosa – respondeu a Sra. Weasley.

Apenas ouvir o nome de Gina fazia Harry sentir um aperto no peito e um monstro dentro dele parecia furioso, querendo sair e correr para encontrá-la. Harry apenas sorriu e abaixou o rosto.

- Vamos querido, você deve estar cansado. Arrumamos uma cama para você no quarto do Rony – Apressou-se a dizer a Sra. Weasley.

- OK – limitou-se a responder.

Harry seguiu a Sra. Weasley pelas escadas. Ao entrar no quarto, iluminado apenas por uma vela, notou seu amigo deitado em sua cama e roncando alto. Não havia dúvida, Rony estava dormindo. Ele se acomodou na cama de armar que foi montada no quarto, mal encostou a cabeça no travesseiro e sentiu o sono chagar pesado.




Harry sentiu que já era tarde e estranhou o fato de Rony não o ter acordado com um tapa na cabeça. Abriu os olhos e antes que pudesse pôr os óculos, foi coberto por um mar de cabelos castanhos que ele conhecia muito bem.

- Harry, que saudade! – disse uma Hermione com lágrimas nos olhos.

- Até que enfim você acordou, cara. Mamãe disse que se o acordássemos ficaríamos desgnomizando o jardim por três dias seguidos – Rony finalmente deu um tapa na cabeça de Harry, rindo.

- Rony, você vai machucá-lo – protestou Hermione.

Harry colocou os óculos e viu a mulher em que sua amiga tinha se tornado. Não havia crescido muito e seus cabelos continuavam revoltosos, mas suas feições tinham mudado e ela se transformou numa garota muito atraente. Notou também que seu amigo tinha crescido muito mais do que ele e agora não era mais aquele garoto magricela e desengonçado de antes. Ele estava muito mais forte e com jeito de homem, passava a segurança de saber exatamente o que queria. Mas, no fundo, ele procurava a pessoa que faltava para lhe dar as boas vindas, porém ela não estava lá. O coração de Harry murchou na hora e os amigos notaram essa mudança.

- Ela está no quarto. Não sabia se você gostaria de vê-la – disse uma Hermione triste.

- Como ela poderia achar que eu não quero vê-la? Apenas não podemos ficar juntos – Harry agora não sabia como olhar para os amigos.

- Se eu não soubesse disso, já tinha arrebentado a sua cara. Ela está sofrendo muito e eu não agüento ver isso – Rony disse para o amigo com um certo olhar raivoso.

- E o que você quer que eu faça? Arrisque expor ela ao perigo e colocar ela na lista de Voldemort como alvo. Eu não estou longe dela porque eu quero, e sim porque não posso arriscar.

- Eu acho que não adianta nada, pois se ela é uma Weasley, ela já está na lista dele há muito tempo.

- Pode até ser que sim, mas eu não vou me arriscar – disse Harry, finalizando o assunto.

Após alguns segundos, Hermione achou melhor quebrar o clima e disse a Harry para descer para tomar seu café, ou então a Sra. Weasley não iria perdoá-lo.

Seus amigos desceram, Harry se levantou e foi em direção ao banheiro. Chegou na porta e quando já ia abri-la, alguém lá dentro se adiantou e abriu a porta.

Não havia jeito, estava frente a frente com ela e não sabia o que fazer. Encarou aqueles olhos castanhos, aqueles cabelos cor de fogo e aquela pele branca, e sorriu imaginando como conseguia se conter e não abraçá-la.

- Oi.

- Oi.

- Tudo bem?

- Tudo bem.

- Porque não foi no meu quarto com os outros?

- Não sei.

- Queria que tivesse ido. Senti sua falta.

- Imaginei, mas não é nada fácil pra mim.

- Eu sei. Pra mim também não.

- Mais foi você que decidiu isso. Por mim ficava tudo como estava antes.

- Eu sei. Mas eu não posso.

- Então é melhor que fiquemos um pouco afastados. Pois eu não sei se agüento – e Gina se afastou, deixando Harry parado em frente à porta do banheiro.

Harry ficou sem ação. Quando finalmente recuperou a consciência, entrou no banheiro, não só para escovar os dentes ou se preparar para o café, mas também para que ninguém visse as lágrimas que desciam pelo seu rosto.



Gina atravessou a cozinha correndo e não parou quando sua mãe lhe chamou. Hermione, sentindo o que tinha se passado, levantou-se e disse à Sra. Weasley:

- Pode deixar que eu falo com ela.

Hermione atravessou a cozinha e avistou Gina sentada no banco embaixo da árvore que existia no jardim atrás da casa dos Weasley. Aproximou-se lentamente e pôde ver que a ruiva chorava baixinho.

- Gina, ele sente a sua falta, mas você tem que entender a situação.

- Eu não tenho que entender nada. Você não sabe o que é gostar de alguém e não poder ficar com ele – disse a ruiva, agora com os olhos faiscando.

- Como você diz isso, Gina? Ainda mais, depois do que eu te contei sobre o Rony? – então os olhos de Hermione se encheram de lágrimas.

- Desculpe, Mione. É que o lance com o Harry esta me deixando louca. Você sabe que eu sou apaixonada por ele desde os dez anos, e quando eu achei que finalmente iríamos ficar juntos, ele vem com esse papo de que não podemos porque pode me pôr em perigo.

Ela pareceu tomar fôlego e continuou.

- O caso é que eu quero me arriscar com ele, participar da vida dele e, mesmo que ele não queira, eu tenho todo o direito de ajudar as pessoas que eu amo nessa luta. Quando estivemos no Ministério e enfrentamos os comensais em Hogwarts eu me virei muito bem. Não vai ser ele quem vai decidir se eu posso ou não posso lutar pelos meus amigos e pela minha família.

- Eu sei – respondeu Hermione. – Você é muito mais grifinória do que eu. Pelo menos teve coragem de se declarar a quem ama e não se escondeu atrás de livros e da amizade.

- Você sabe que eu acho que meu irmão arrasta um bonde por você e vocês só não ficam juntos pela falta de empurrãozinho – Gina sorriu para amiga.

- Pelo amor de Deus, Gina, não faça nada. Eu não suportaria ser rejeitada pelo seu irmão ou então perder a amizade dele por causa disso.

- Eu não vou fazer nada, mas eu acho que é uma perda de tempo, como no meu caso com o Harry. Nós deveríamos aproveitar o nosso tempo ficando juntos.

Hermione agora olhava para o céu e pensava que seria muito bom ficar com Rony enquanto pudesse, e se alguma coisa acontecesse, pelo menos ela teria vivido um tempo com o grande amor de sua vida. No fim, Gina deveria estar certa.



Harry se recompôs e então foi tomar seu café.

Quando chegou na cozinha, Rony e o encarou e fez um sinal para que Harry o acompanhasse até a sala.

- O que houve? – perguntou a Harry.

- Como assim?

- A Gina passou como um foguete pela cozinha e foi lá pra fora.

- É que eu cruzei com ela no banheiro, tentei conversar, mas ela não quis.

- Cara, eu entendo o que você está fazendo, mas acho melhor arranjar um jeito de você e a Gina conviverem enquanto estiverem aqui em casa.

- Eu sei, mas ela não consegue trocar meia dúzia de palavras comigo sem explodir ou chorar. Eu não sei o que fazer.

- A Mione esta lá fora com a Gina. Vamos torcer para que ela consiga melhorar um pouco as coisas.

- Tomara.

Os amigos se olharam com o mesmo sentimento. De que sua amiga era a única pessoa que poderia resolver um pouco a situação.

- Venha. Vamos tomar café, Harry. Mamãe está esperando.

Os dois amigos se dirigiram à cozinha, onde a Sra. Weasley os esperavam, com o café na mesa.



Após alguns momentos caladas, Hermione resolveu falar com Gina.

- Gina, como você vai fazer com o Harry aqui na Toca? Não dá pra ficar brigando nem chorando pelos cantos o tempo todo.

- Eu não sei, Mione. Simplesmente não consigo me controlar.

- Você se lembra de quando eu te disse pra ser mais relaxada e não se preocupar com o Harry, porque ele acabaria te notando?

- Claro que lembro. Se eu devo a alguém o tempo que tive com ele, é a você.

- Então aceite o meu conselho de novo. Eu sei que o Harry ama você demais e ele não vai conseguir ficar longe de você. Basta que você se controle e o trate com carinho e atenção. O próprio amor dentro dele que ele está tentando conter fará o resto.

- Será, Hermione? Eu não me perdoaria se perdesse o Harry por deixar de lutar por ele.

- Eu sei. Mas confie em mim. Pressioná-lo só irá o fazer ter mais certeza de sua escolha.

- Ok. Eu vou tentar. Embora com você essa tática não tenha dado certo.

- Eu sei. Mas seu irmão é diferente do Harry.

- Sei. Ele é muito mais lento com relação a garotas.

- Não diga isso do seu irmão. Eu não tenho tanta certeza de que ele gosta de mim. Ou talvez ele tenha o mesmo medo que eu de perder nossa amizade.

- O que eu sei é que não é natural duas pessoas se gostarem tanto e ficarem separadas.

- Pode ser, mas eu tenho certeza de que se seu irmão gostar realmente de mim, iremos acabar juntos.

- Vocês têm toda a minha torcida. E no que depender de mim, todos os meus esforços.

- Certo, Ginevra Weasley – disse Hermione, imitando o jeito de falar da Sra. Weasley. Mas agora vamos pra dentro. E pode deixar que eu vou ter uma palavrinha com o Harry.

- Tudo bem – continuou Gina, como se falasse com a mãe. – Vamos, então.

E as duas se dirigiram para dentro da casa com os rostos mais descontraídos.



Quando Harry viu Gina e Hermione entrando na sala, elas pareciam muito mais felizes, e então seu coração sentiu um alívio enorme. Esperava poder pelo menos conviver com Gina nos poucos dias que ficariam na Toca.

Logo que entraram, Hermione fez um sinal para que Harry subisse e Rony ficasse com Gina.

Mal chegaram no quarto de Rony, Hermione foi falando pra Harry:

- Falei com ela e ela vai tentar se controlar. Mas Harry, não cobre nada dela e deixe que a situação se ajeite. Quando estivermos juntos, vamos tentar não falar de coisas que possam machucá-la ou irritá-la.

- Eu sei, Mione, mas juro que não falei nada.

- Tem certeza, não cobrou nada dela?

Harry pensou e então ficou abismado com a capacidade de Hermione de deduzir as coisas, pois tinha certeza de que nem Gina se lembrava dele ter perguntado o porquê ela não foi ao seu quarto. Portanto, não poderia ter contado a Hermione.

- Ok. Acho que realmente devo ter falado algo errado, mas pode deixar, vou tentar me controlar.

- Espero que sim, porque senão será impossível viver nessa casa com vocês dois juntos – finalizou Hermione para que pudessem voltar para a sala.

Hermione e Harry desceram as escadas. Ao chegar na sala, Harry se depara com uma Gina sorridente, de olhar terno e cheio de amor. Harry então percebeu que a luta para manter Gina longe seria difícil e dependia dele, pois ela não estava facilitando.



No dia seguinte a chegada de Harry, ele resolveu que já era hora de iniciar os trabalhos para a busca das Horcruxes (ele se permitiu passar o seu primeiro dia na Toca de forma tranqüila, mas não podia perder o foco no motivo de sua ida para a Toca: se preparar para a luta final com Voldemort), e logo de manhã avisou a Rony e Hermione que eles teriam uma conversa particular no quarto de Rony, após o almoço.

No horário marcado, eles se reuniram no quarto de Rony. Assim que tiveram certeza de que não havia ninguém os escutando, eles iniciaram a conversa.

- O que vocês já descobriram sobre R.A.B. ou sobre as peças de Godric Grifindor ou Rowena Revenclaw que poderiam ser as Horcruxes? – iniciou Harry.

- Eu procurei em todos os livros que achei e não descobri nada sobre qualquer peça de Rowena Revenclaw, e as únicas informações de peças sobre Grifindor que foram citadas neles foram as que já conhecemos, ou seja, o chapéu seletor e a espada de Grifindor – respondeu Hermione.

- Eu pesquisei sobre R.A.B. e pra variar não descobri nada, pois sou um inútil – disse um Rony desanimado e de cabeça baixa.

- Não fale desse jeito, Rony, você sabe que é muito importante para a nossa missão e que conto com você para me ajudar – disse Harry num tom de repreensão e estimulação ao mesmo tempo.

- Isso mesmo, Rony. Sem você, essa equipe não é completa e você sabe disso – completou Hermione, procurando animá-lo.

- Espero que possa ajudar, embora ache que minha presença não faça a mínima diferença.

Tentando manter a conversa, Harry sugeriu que eles deveriam pesquisar azarações e feitiços enquanto estivessem na Toca esperando o casamento de Gui e Fleur.

- Eu pensei nisso e trouxe uma série de livros de feitiços comigo. Dei uma olhada em alguns e anotei os que achei que seriam úteis – Começou Hermione. – Acho que vocês deveriam dar uma olhada neles também e escolherem alguns. Quando definirmos quais treinaremos, podemos começar a treinar perto do lago.

- Ótimo, Mione, mas temos que ter cuidado, pois somos os únicos que sabemos sobre as Horcruxes e isso deve permanecer assim. Se Voldemort desconfiar, será muito mais difícil encontrá-las e destruí-las – comentava Harry, quando teve uma sensação estranha, como se alguém os estivesse observando. Num movimento brusco, saltou em direção a cama de Rony. Ele sentiu seu corpo bater contra alguma coisa e logo Gina apareceu deitada sobre a cama de Rony, meio coberta pela capa de invisibilidade de Harry, que ela havia pego escondida.

- Gina, o que você está fazendo aqui? – gritou Harry.

- Estou fazendo minha parte e me preparando para lutar contra Voldemort – retrucou a garota.

- Você não poderia estar aqui escutando a nossa conversa, e você não vai participar disso.

- Quem é você para me impedir? Minha família corre tanto perigo quanto qualquer um, e eu tenho o direito de lutar por ela.

- Eu não permitirei que você vá com a gente, é muito perigoso.

- Eu vou onde quiser e você não manda em mim.

- VOCÊS QUEREM CALAR A BOCA? – berraram Hermione e Rony juntos.

Hermione olhou para Rony, que parecia saber exatamente o que ela iria dizer.

- A questão, Gina, é que você não tinha o direito de estar aqui, pois não foi convidada. E Harry, ela tem todo o direito de lutar por sua família – falou Hermione num tom calmo, enquanto Harry e Gina observavam com os olhos arregalados e as bocas abertas. – Agora vocês dois, escutem, a situação é a seguinte: a Gina já sabe, então o melhor é contarmos com sua ajuda pelo menos enquanto estivermos na Toca. Quando formos sair, DECIDIREMOS se ela vai conosco ou não.

Os dois permaneceram calados, mas pareceram concordar com Hermione.

- Eu aceito, mas ela não deve saber de mais nada enquanto não decidirmos se ela irá conosco ou não – Harry disse, decidido.

- Ok, ela só vai nos ajudar nas escolhas dos feitiços e nos treinos perto do lago. Vai ser muito útil, pois assim poderemos treinar em pares – concluiu Hermione.

Na realidade, Harry tinha concordado rápido porque sabia que Rony nunca permitiria que sua irmãzinha saísse nessa busca tão perigosa. Gina tinha aceitado porque sabia que podia contar com Hermione para convencer os outros de que ela deveria ir, pois sua ajuda seria muito importante.





Os dias se seguiram, os quatro escolhiam feitiços durante a noite e os treinavam durante o dia, tendo o cuidado de que ninguém os visse ou soubessem o que estavam fazendo.

A todos que perguntavam, diziam que iam passear no lago ou simplesmente andar pelas redondezas.

Era um pouco complicado convencer as pessoas a deixá-los andar por aí sozinhos, mas eles diziam que não iriam longe e estavam com suas varinhas para proteção.

Harry ficava cada vez mais impressionado com Gina, pois dominava todos os feitiços cada vez mais rápido. Nos duelos que faziam para treinar, conseguia vencer qualquer um deles às vezes (sendo que vencia Rony com mais freqüência do que os outros, deixando Rony embaraçado por causa de Hermione). Ela parecia querer provar a Harry que podia enfrentar qualquer coisa se estivesse com eles.

Caminhando para casa, Hermione estava com os cabelos mais bagunçados do que o normal devido ao treino. Ela não se importou com isso, tamanha era a sua disposição a elogiar Gina:

- Impressionante aquele feitiço de confusão que você usou contra o Rony hoje, Gina. Ele perdeu a noção de onde estava rapidamente e quase deu de cara com aquela árvore – Hermione segurou o riso ao lembrar da cena.

- Isso só aconteceu porque eu estava distraído. Ouvi seu grito quando Harry pisou no seu pé e fiquei preocupado. Também, quem mandou usar o feitiço das pernas bambas nele? – protestou Rony, com os olhos baixos, achando as pedras e pedaços de madeira que estavam no caminho muito interessantes.

- Não podemos deixar este tipo de coisa acontecer quando estivermos lutando. É o tipo de coisa que pode pôr tudo a perder – Harry olhava de modo duro para os colegas. – Nós nos importamos uns com os outros, mas só concentrados na luta conseguiremos nos manter vivos.

- Eu sei, Harry. Por isso eu entendo o que você fez – naquele instante, Rony olhava para a irmã com preocupação.

- Não precisa se preocupar comigo, irmãozinho, eu sei me cuidar muito bem, viu? – Gina olhava com um olhar assassino para Rony.

- Vocês não vão começar, não é? Não podemos perder tempo com isso, teremos pouco tempo a partir de amanhã – disse Hermione, num tom de reprovação.

- Por que você acha isso, Hermione? – Harry perguntou.

- Não é obvio? O casamento de Gui e Fleur está se aproximando. Logo os convidados estarão por aqui. Além do mais, a Sra. Weasley vai precisar de nossa ajuda – respondeu Hermione. E não é porque estamos nos preparando para uma guerra, que eu não vou me preparar pro casamento. Não vou aparecer de qualquer jeito na cerimônia. Não quero parecer uma bruxa.

- Mas você é uma bruxa, Mione. Não entendi o problema – Rony olhava de modo confuso para a menina.

- Eu quis dizer que não quero estar feia e mal vestida no casamento, seu trasgo! E pra isso tenho que me arrumar. Pois embora você nunca lembre, EU SOU UMA GAROTA!

Hermione apressou o passo para se distanciar dos meninos seguida por Gina, e não pôde ouvir Rony falar baixinho:

- Eu sei que você é uma garota, Mione, e é simplesmente impossível você estar feia, você é linda de qualquer jeito – os olhos dele fitavam a garota andando rapidamente e pisando com raiva o chão.

- Você disse alguma coisa, Rony? – perguntou Harry.

- Não é nada Harry, é melhor apressarmos o passo pra alcançá-las.

- Tudo bem. Mas você sabe que pode me contar o que quiser, não é?

- Sei. Quem sabe um dia.

- Quem sabe um dia o quê, Rony?

- Nada, depois te falo. Disse Rony, querendo pôr fim na conversa.

Então o grupo seguiu em direção à Toca. As meninas foram na frente e os dois garotos em seguida.

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