Ordem de Quê?



Capítulo 2 - Ordem de Quê?


29 de Junho de 1995.
Em meio à chuva lá fora, Nymphadora Tonks entra no Caldeirão Furado. O pub estava relativamente vazio, normal para uma tarde de quinta-feira.
- O que vai ser hoje, Tonks? – pergunta o barman, Tom, enquanto a jovem se aproximava.
- Nada por enquanto, Tom – ela largou uma pasta em cima da mesa. – Tenho que terminar um relatório hoje.
A jovem logo começou o relatório, enqunto travava uma intensa batalha contra o sono. Sono e preguiça eram características comuns dos aurores, naquela época.
- Você não devia estar no Ministério, Tonks? – perguntou uma voz ao lado de Tonks.
- Não, hoje é meu dia de folga, Coleman – respondeu ela, visivelmente amargurada.
- Desde quando você me chama pelo sobrenome? – perguntou o rapaz, que aparentava ter uns vinte e oito anos.
- Desde que terminamos e você virou um completo estranho pra mim – retrucou ela, com um sorriso inegavelmente sincero. – Agora, se me dá licença, eu tenho que terminar isso aqui.
- O que acha de tomarmos um sorvete? Costumávamos fazer isso.
- Ah, sim. Costumávamos – murmurou Tonks. – Não, obrigada.
- Não vejo porque esse interesse por um relatório. No mínimo ele deve ser para semana que vem.
- Na verdade, ele deveria ter sido entregue ontem – disse ela, aumentando o tom da voz. – Mas, como pode ver, não está pronto. Uma boa tarde pra você, Coleman.
A jovem voltou sua atenção ao relatório, ignorando o rapaz, que em seguida saiu do pub. Tudo continuou na mesma, até que, uns quinze minutos depois, ela fora interrompida novamente.
- Com licença, será que poderíamos conversar?
Sem sequer levantar a cabeça para ver quem falava com ela, Tonks respondeu:
- Coleman, eu já lhe disse que não...
- Me desculpe, mas não sou quem pensa que sou – interrompeu a voz. Imediatamente, a jovem olhou para ver quem era.
Um homem alto e de aparência cansada estava em pé à sua frente. Apesar dos cabelos embraquecidos e de algumas rugas, Tonks sabia que ele não devia ter mais que trinta e sete anos. Sem saber exatamente o porquê, sentiu como se já o conhecesse.
- Eu sinto muito, eu pensei que fosse outra pess... – começou ela.
- E eu sinto muito não ser a pessoa que você pensou que fosse – disse ele, sorrindo.
- Ah, não. É um favor, eu garanto – falou Tonks, sorrindo também.
- Posso me sentar? – perguntou o desconhecido, apontando para a cadeira à sua frente.
- C-claro – respondeu ela, ainda surpresa com a repentina aparição. Esperou ele se sentar, e perguntou: – Desculpe, mas você é...?
- Remus Lupin, muito prazer – ela já ia abrir a boca para se apresentar quando ele continuou: – E você é Nymphadora Tonks, pelo que sei.
- E sabe certo – admirou-se, ainda que aquele encontro fosse decididamente estranho. – Só Tonks, por favor. Er... Como sabia meu nome?
- Eu vim em nome de Albus Dumbledore – respondeu Lupin, com simplicidade.
- Dumbledore? – repetiu Tonks, com uma risadinha. – O que Dumbledore iria querer comigo? É mais provável eu ser uma Comensal da Morte do que Dumbledore me procurar.
- Então é bem provável – disse ele, sério.
- Eu... não há porquê Dumbledore me procurar – falou a jovem, agora também séria. – Não falo com ele desde meu último dia de aula, há quatro anos.
- Pois aqui estou, às ordens dele – falou Lupin.
- E o que Dumbledore quer comigo? – perguntou ela, um tanto ríspida. Não estava em um dos seus melhores dias, de fato.
- Ficamos sabendo que a senhorita tem se achado um tanto confusa e que não acredita na versão do ministro sobre os trágicos incidentes no Tribruxo – respondeu Lupin, meio que sem certeza do que falava.
- E...?
- E eu fui mandado para saber sua exata opinião sobre o assunto – continuou ele, com polidez, esperando uma resposta.
Enquanto isso, Tonks travava uma bela batalha dentro de si mesma. Que diferença fazia se ela acreditava ou não no que o ministro dizia? Tudo bem, ela era uma funcionária do Ministério e por isso tinha o dever de acreditar e aceitar tudo o que seu chefe fala. Mas ela não acreditava no ministro, ao menos não naquela situação. E se aquele homem fosse um dos espiões do ministro, como Natalie havia lhe dito uns dias atrás?
Mas Nymphadora Tonks nunca ligou muito para razões e fatos. Apenas para suposições que ela mesma concluía. Mas ela não queria deixar o impulso falar por ela, como fizera tantas outras vezes.
- Acredito no que Dumbledore diz – falou ela, tampando a boca na mesma hora.
Maldito impulso!
- Ah, me desculpe, eu não quis dizer isso! Ah, por Merlin, você é uma estúpida, Tonks... – murmurou Tonks, tentando, em vão, dar uma resposta coerente. – Você deve ser um daqueles espiões do ministro, aposto que vai contar ao Fudge e eu vou ser demitida na segunda-feira, logo de cara!
- Garanto que não sou um espião do Fudge – disse Lupin, aparentemente achando graça no que a jovem falou. – Acho muito difícil que Fudge queira alguém como eu para ser seu espião... mas esse não é o caso.
- E qual seria o caso? – perguntou ela, ainda desconfiada.
- Já ouviu falar na Ordem da Fênix?
- Ordem de quê? – repetiu Tonks.
- Ordem da Fênix.
- Sinto muito, não – respondeu.
- A Ordem da Fênix é uma sociedade que luta contra Voldemort e seus seguidores – respondeu ele, ignorando a pequena exclamação da jovem quando ele disse 'Voldemort'. – E Dumbledore a quer nela.
- Está me dizendo – ela respirou fundo – que Dumbledore me quer sendo membro dessa Ordem do Centauro?
- Ordem da Fênix – corrigiu Lupin. – Mas sim, Dumbledore tem interesse que se junte à sociedade.
- Entendo – falou Tonks, digerindo a informação. – E o que exatamente essa Ordem dos Sereianos faz? Quero dizer, vocês lutam, literalmente, contra Você-Sabe-Quem?
- A Ordem da Fênix – ele deu ênfase especial nas três últimas palavras – luta, literalmente, contra Voldemort, ainda que de forma inteligente. Nunca chegamos simplesmente para lutar contra os Comensais. Há muita pesquisa e inteligência, especialmente por parte de Dumbledore, por trás de tudo.
- Está certo – disse Tonks. – Bem, quando posso me juntar à essa Ordem-do-Sei-Lá-O-Quê?
- Ordem da Fênix – corrigiu Lupin, novamente.
- Tá, tá, seja lá que nome tenha – ela fez um aceno impaciente com a mão. – Quando posso conhecer o restante dos membros?
- Na verdade, haverá uma reunião daqui a pouco – disse ele, consultando o relógio. – Mas imagino que você queira terminar esse seu relatório...
- Ah, não, depois de um convite assim, não conseguiria me concentrar – disse Tonks.
- Então, tudo bem. Imagino que saiba onde o Três Vassouras fica?
- Sei, sim.
- Então, nos vemos lá – ele já se levantou e caminhava em direção ao Beco Diagonal quando Tonks o seguiu.
- Vão fazer uma reunião no meio de um pub? – perguntou Tonks. Aquela idéia era realmente estranha.
- Claro que não – respondeu ele, sorrindo. – Diga à Rosmerta que veio para uma reunião com Dumbledore. Ela lhe dirá o que fazer.
- Tudo bem, então.
- Até logo – disse o homem, aparatando.

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