Discussões



Capítulo 1 – Discussões


26 de Junho de 1995.
O Ministério da Magia britânico se enchia vagarosamente. Num elevador lotado, uma jovem auror lia, pela terceira vez, a matéria d’O Profeta Diário, cuja manchete dizia o seguinte:
TRAGÉDIA NO TORNEIO TRIBRUXO
A jovem, que trajava vestes pretas e tinha cabelos ruivos, saiu para o Nível Dois, e seguiu para o seu cubículo no Quartel-General dos Aurores.
- Fala aí, Tonks! – disse uma mulher, que devia ter uns vinte e cinco anos, para a primeira.
- E aí, Penélope? – cumprimentou Tonks, não tão animada quanto Penélope.
- Por que essa cara? – perguntou a outra, sentando-se de frente para a escrivaninha da amiga.
- Ah, eu não sei. É toda essa história em relação à Você-Sabe-Quem, isso têm me deixado confusa – disse Tonks, sentando-se na sua cadeira após guardar o sobre-tudo e a bolsa.
- Então, aí vai uma verdadeir razão para você ficar desanimada: - falou Penélope, se levantando. – Reunião em dez minutos com o Scrimgeour.
- Ótimo – murmurou Tonks, se levantando também. – Minha manhã está, literalmente, completa.
- É mesmo – concordou a amiga. – Vamos?
Elas seguiram para a sala de reuniões, onde Rufus Scrimgeour já esperava, com alguns aurores, o resto do pessoal.
- E sobre o que é essa tal reunião? – quis saber Tonks.
- Não faço idéia – respondeu Penélope, enquanto mais e mais aurores chegavam à sala. – Pelo que entendi, é uma reunião rápida, só para repassar as medidas normais.
- Reunião rápida, tá legal – retrucou a jovem, sarcasticamente. – Esse leão-marinho considera uma reunião perdida se durar menos que duas horas. Lembra a última? O assunto era apenas entrega de relatórios sobre aquele interrogatório com o Fletcher, e durou duas horas e meia.
- É verdade – disse Penélope, sufocando risadinhas, pois o chefe começara a falar.
- Achei que seria conveniente fazer uma pequena reunião sobre os próximos procedimentos de segurança, vendo que o Ministro deseja uma mudança mais rigorosa para este semestre, como usualmente – começou Scrimgeour, energicamente. A reunião mal começara, e Tonks já sentia vontade de dormir.
Talvez ela tenha até cochilado, pois não pareceu digerir nenhuma palavra que o chefe falou. Só quando ele pediu um relatório à Felipe Savage, que trabalhava nos mesmos casos que Tonks, ela parou para ouvir o que Scrimgeour estava falando, vendo que ela poderia ser interrogada a qualquer momento.
- ... e, como de praxe, pergunto a você, Kingsley, como estamos na caça ao Black?
- Temos informações de que ele tem passagem recente pela Ásia, senhor – respondeu Shacklebolt, um bruxo negro alto, de voz calmante. – Estamos mais perto de pegá-lo que nunca, se me permite.
- Assim, espero, Shacklebolt – disse Scrimgeour.
Até parece, pensou Tonks, não pegaram Black quando estava na Grã-Bretanha e não vão pegar quando está na Ásia.
- ... e, assim, termino nossa reunião – disse Scrimgeour, mas foi interrompido por Tonks.
- Se me permite, senhor, não acha que devemos dar atenção especial aos acontecimentos recentes em Hogwarts?
- Acontecimentos recentes...? – repetiu o chefe. Todos os aurores voltaram aos seus lugares.
- No torneio, senhor - explicou Tonks. – Um garoto morreu e o outro diz que viu Você-Sabe-Quem voltar. Não devíamos fazer alguma coisa?
- Minha cara srta. Tonks, não acredita realmente na versão de Dumbledore sobre os fatos, acredita? – disse Scrimgeour, dando uma risadinha, junto com alguns aurores.
- Não é questão de acreditar – continuou a jovem, teimosa. -, mas sim de ser coerente. Não temos real prova de que Dumbledore e o garoto Potter estejam mentindo, temos?
- Não temos real prova de que tampouco estejam falando a verdade, srta. Tonks – disse Scrimgeour, dessa vez mais sério que antes.
- É, mas mesmo assim devíamos ser precavidos – retrucou ela, sem se importar com os múrmurios na sala.
- Você tem que saber em quem acredita, senhorita – cortou-a Scrimgeour.
- E eu sei disso, mas...
- Mas você não está mais em Hogwarts – falou o chefe, secamente. – E, por isso, deve ser leal ao Ministério da Magia, e não à sua ex-escola.
- Então, agora, temos que escolher um lado, é isso? – explodiu a auror. – Nem opinião própria se pode ter, agora?
- Sem discussão, srta. Tonks – disse Scrimgeour, ignorando o último comentário. – Reunião encerrada.
Os aurores saíram em silêncio, Tonks sem dar o braço a torcer.

*~*~*~*

- Sabe, Tonks, você devia ser mais cuidadosa – disse Penélope, enquanto se sentavam no Caldeirão Furado.
- Estou num país livre, não fiz nada de errado – retrucou Tonks, irritada.
- O que foi? – quis saber Anna, que acabara de chegar à mesa com Natalie. Ambas trabalhavam no Departamento de Cooperação Internacional em Magia.
- A Tonks, aqui, teve uma pequena discussão explosiva com Rufo Scrimgeour – respondeu Penélope, com um leve sorriso no rosto.
- Com Scrimgeour? – repetiu Natalie, com o mesmo sorriso.
- No meio de uma reunião que continha metade dos aurores presentes – continuou Penélope.
- E qual foi o motivo?
- É por causa de toda aquela história que Dumbledore contou sobre Você-Sabe-Quem – respondeu a amiga, indiferente.
- Ah, Tonks, você sinceramente não acredita na história do Dumbledore, acredita? – perguntou Anna, visivelmente descrente.
- Não estou dizendo que acredito – respondeu a auror -, estou apenas dizendo que a segurança devia ser reforçada, só por precaução.
A verdade é que Nymphadora Tonks tinha uma parcela de dúvida, tanto sobre a versão do diretor de Hogwarts, quanto sobre a de Cornélio Fudge.
- Você não me engana, Tonks – disse Anna. – Depois de doze anos de convivência quase diária, é fácil saber quando mente. Na minha opinião, Dumbledore está, como há muitos anos, velho. Só que, dessa vez, a velhice finalmente atingiu o seu cérebro. Ele pode, muito bem, ter pirado.
Maldita convivência!
- Isso é verdade – concordou Natalie. – Ouvi dizer que o ministro andou escolhendo alguns funcionários de confiança para ficar de olho no restante, justamente por causa desse tipo de coisa. Tonks, você não devia sair falando sobre seus pensamentos assim. Se alguém que não gosta de você do Ministério ouvir isso tudo, estará em confusão. Só tome cuidado, está bem?
- E quando foi que Nymphadora Tonks seguiu as regras da sociedade? – ironizou Penélope. – A propósito, gostei dos cabelos.
- Obrigada – agradeceu, com visível mau-humor.
Elas continuaram o almoço normalmente, sem tocar mais no assunto, o que deixou Tonks mais tranquila, apesar de presa em seus pensamentos. Por que agora o Ministério fica, de repente, querendo colocar todos contra Dumbledore? Até semana passada, o ministro pedia conselhos ao diretor. Agora, eles estão em uma guerra quase declarada!
Aquela coisa toda deixava Tonks cada vez mais confusa. Ela ficou algum tempo ali, imersa em seus pensamentos, até que alguém a interrompeu.
- Tonks! - chamou Penélope. - Anda, temos que voltar!
- Qu... ah, sim - compreendeu a jovem, levantando-se.
Enquanto se levantava, reparou num grupinho ao fundo do pub. Na realidade, não se podia ver todos os seus componentes, apenas Kingsley Shacklebolt e outros dois homens que Tonks desconhecia.
- Grupinho sinistro esse, não? - comentou Natalie, que, pelo visto, também reparara. - Estranho ver alguém como Shacklebolt com gente assim. Ele é um funcionário de alto escalão, não é?
- Imagino que o ministro goste dele - disse Tonks, para as amigas que observavam o grupo. - Interromperam meus pensamentos para ir embora e agora ficam aí, paradas? Depois eu que sou indiscreta.
E saíram.




*~*~*~*

N/A: A autora pede comentários! ;D
Beeijos

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