A Família Tonks



Capítulo 19 - A Família Tonks



Apesar de ter visto tudo, ele não conseguia pensar em como seria as reuniões da Ordem sem as discussões de Sirius, sem suas brincadeiras, sem suas insinuações irritantes, sem suas constantes invasões de privacidade... Sem sua amizade. Era simplesmente horrível pensar em como tudo vai se seguir sem Sirius. Em como ele vai fazer falta. Em como a vida dele iria ser melhor se aquilo não tivesse acontecido.
Sirius Black estava morto. Seu melhor amigo nos últimos anos estava morto. Perdera Sirius novamente. De uma maneira muito pior do que na última vez.
E agora ele se achava sentado em uma cadeira ao lado da sua melhor amiga nos últimos tempos. Ela dormia profundamente desde que chegaram ao St. Mungus, algumas horas antes. E ele estava esperando-a acordar daquilo que um dia fora alegria, para lhe mostrar a tristeza. Ele não tinha certeza de como iria dizê-la o que aconteceu, e sabia que a morte do primo a afetaria tanto quando à ele. Mas para ele tudo era pior. Ele agora era o último maroto, o último que sobrou de uma amizade perdida pelo destino. Estava sozinho agora.
- Oi - falou Tonks. Ela estava com os olhos bem abertos, quase como se não tivesse dormido por tanto tempo.
- Oi - falou ele, com simplicidade. - Como você está?
- Nada mal - respondeu ela, com um meio sorriso. - Você não me parece muito bem, Remus. O que aconteceu? Estamos no St. Mungus, não estamos?
- Você foi ferida na batalha, e a trouxemos para cá, mas agora está tudo bem - ele tentou sorrir, mas simplesmente não conseguia.
- O que aconteceu? - repetiu ela, notando que ele ainda estava com uma expressão preocupada. - Alguém se machucou? E... E Ginny, Hermione, Harry...?
- Estão todos bem - respondeu ele, ainda sem saber como iria falar sobre o trágico acontecimento. - O Ministério reconhece que estávamos certos desde o início, sobre tudo. Estamos em guerra, Tonks.
- Então - começou ela, respirando fundo. Era bem provável que ela estivesse sentindo o porquê de estar ali, numa cama de hospital, pela expressão de dor que ela carregava no rosto. - Então quer dizer que Dumbledore está de volta? E Sirius foi confirmado inocente?
- Sim - respondeu ele. - O Ministério admitiu que errou sobre Sirius. É uma pena que tenha sido tarde demais.
Tonks o fitou, intrigada, até que falou:
- O que houve com Sirius? - perguntou ela, os olhos marejados de lágrimas.
- Ele... Sirius se foi, Tonks - falou ele, baixando o tom de voz.
Tonks, ao invés de chorar como ele esperava, apenas abaixou a cabeça, respirou fundo e perguntou:
- C-como? Ele est-tava lá, estava bem, c-como? - ela gaguejou, e duas lágrimas silenciosas correram dos seus olhos cintilantes.
- Quando você caiu, sua t... Bellatrix começou a duelar com Sirius, então Dumbledore apareceu e... e Lestrange e Sirius continuaram a lutar, então ela... o atingiu com um jato de luz verde, acredito que seja a maldição, e ele... caiu no Véu - explicou ele.
Tonks se manteve quieta durante essa breve explicação, até que não aguentou mais. Começou a chorar com vontade, e Remus a abraçou. Era quase a mesma cena de dias antes, depois daquela missão complicada. A diferença é que já não era o medo da jovem que a fazia chorar assim, mas a morte de alguém querido pelos dois. Alguém que os queria juntos, unidos.
- Sirius... F-foi culpa minha, eu sei que foi... - balbuciou Tonks, em meio às muitas lágrimas.
- Não foi culpa sua, Nymphadora... - falou Remus, ainda a abraçando, mas foi interrompido bruscamente quando a auror ergueu a cabeça.
- Foi, sim, Remus, foi! - falou ela, ainda chorando, mas mantinha uma expressão de transtorno, como se estivesse com raiva de si mesma. - Eu estava lutando com Bellatrix, eu a deixei escapar, eu a deixei matá-lo! - ela voltou a abaixar a cabeça, e baixou o tom de voz. - Foi culpa minha... A culpa é minha do Sirius não estar aqui, a culpa é minha...
- Não, Tonks, a culpa não foi sua - falou ele, mas ela o ignorou. - Nymphadora, olhe para mim - ela o olhou, os olhos vermelhos de tanto chorar. -, a culpa não foi sua. A culpa não é de ninguém senão de Lestrange, você sabe disso. Se fosse assim, eu poderia levar a culpa já que eu deixei Sirius vir conosco, Dumbledore poderia levar a culpa já que ele não avisou à Harry que Voldemort poderia atraí-lo para o Ministério, e o próprio Harry poderia levar a culpa já que ele nos atraiu para o Ministério, ainda que sem querer.
Aquelas palavras deixaram-na sem palavras, e ela apenas o fitou por algum tempo.
- É só que... É assustador saber que... ele não vai mais voltar - disse a jovem, voltando a chorar.
- Eu sei - falou Remus, voltando a abraçá-la. - Eu sei...

*~*~*


Tonks saíra do St. Mungus três dias depois, mas os curandeiros a aconselharam a não trabalhar pelo menos por mais cinco dias, pois ela ainda estava fraca. Aconselhar é um termo pouco apropriado, pensou Tonks, já que eles praticamente obrigam você a ficar de repouso. Numa profissão perigosa como a de Tonks, o melhor era nem pisar fora de casa em dias como esse.
Por insistência da mãe, Tonks estava hospedada na casa dos pais em Hertford, mas, depois de um dia inteiro sem poder mudar a cor dos cabelos e sem sair de casa, a auror aproveitou que a casa estava vazia - Andrômeda havia saído com as netas, e Ted viajava à negócios - para dar um passeio por Londres.
Era simplesmente horrível estar novamente sob o comando dos pais, depois de quase cinco anos morando em Londres, sozinha. Segundo a mãe, ela não devia sair de casa, como as recomendações do curandeiro. Mas Nymphadora Tonks fazia suas prórpias regras.
Ela precisava de um pouco de tempo para pensar. Isso era praticamente impossível estando numa casa com Andrômeda Tonks, que queria detalhes da batalha no Ministério. Era quase como se ela soubesse de alguma coisa, e a filha não estava disposta a falar sobre o que aconteceu. Ela não havia falado sobre a morte de Sirius desde que Remus a deu a notícia no St. Mungus.
Parecia que sua vida havia se dividido entre quando Sirius era vivo e quando ele estava morto. Ela não conseguia parar de pensar nisso, e, mesmo estando num lugar cheio como o Beco Diagonal, não pôde evitar as lágrimas que caíam dos seus olhos nem o pensamento de que aquilo tudo fora culpa dela.
Muito menos pôde evitar esbarrar em alguém, deixando duas sacolas caírem no chão.
- Ah, eu realmente sinto muito... - falou, tentando conter as lágrimas que ainda caíam e se abaixando para pegar as sacolas.
- Tudo bem, eu já me acostumei com isso - falou uma voz conhecida.
Tonks se levantou e exclamou:
- Remus! - ela sorriu, esquecendo o que estava pensando. - Que bom vê-lo, o que está fazendo aqui?
- Precisava comprar algumas coisas - respondeu ele. - Passei no seu apartamento mais cedo, uma jovem disse que você não vai para lá há uns três dias.
- Que jovem, Penélope? - perguntou Tonks, mas ele deu de ombros. - É verdade, mamãe insistiu para que passasse o meu repouso em Hertford - ela rolou os olhos para o alto, de maneira impaciente.
- Mas achei que repouso significasse... Bem, repouso - comentou Remus, enquanto andavam de volta para o Caldeirão Furado.
- Imagino que sim, mas eu não suportei ficar sob as ordens de dona Andrômeda novamente - respondeu ela, com simplicidade. - Como você está? Não o vejo desde aquele dia no St. Mungus.
- Bem. Sério - acrescentou, ao ver o olhar de descrença de Tonks. - Quero dizer, ninguém anda muito bem nesses dias que passaram, mas... A vida continua.
- Espero que sim - concordou Tonks. - Mas o que queria comigo, já que foi me procurar?
- Avisar sobre nossa próxima reunião - respondeu ele, fazendo-a ficar um pouco decepcionada, enquanto entravam no Caldeirão Furado. Talvez tenha dado para perceber, já que acrescentou: - E também porque estive preocupado com você, Tonks. Não deu notícias, não falou com mais ninguém... Admito que achei estranho vindo de alguém como você.
- Alguém como eu? - repetiu ela, forçando uma risada, saindo do pub. - Eu só estive... quieta.
- Exatamente por isso eu estranhei - falou o lobisomem. - Eu posso ver que você não está bem, Nymphadora. Talvez um desabafo fosse bom...
- Eu estou ótima, Remus, não se preocupe. E é Tonks - acrescentou, de cara emburrada. Era incrível como ela não se sentia incomodada ao ouví-lo chamá-la pelo primeiro nome, e corrigí-lo era meramente um hábito. - Desabafei o suficiente com Dumbledore quando ele veio me visitar naquele hospital.
- O que você disse?
- Tudo o que pensava sobre ele, a Ordem... Basicamente, tudo - respondeu Tonks, com um sorriso. - Eu não fui mal-educada, se é isso que você está pensando - acrescentou, quando Remus manteve um olhar severo. - Só disse o que pensava, sobre tudo. Ele não pareceu se incomodar, até disse que desabafar faz bem quando se está do jeito que eu estou. Eu não faço idéia o que ele quis dizer quanto à isso, mas tudo bem. Mas, então, quando é a próxima reunião?
- Desocupamos o Largo Grimmauld, temporariamente, então faremos a reunião n'A Toca - explicou ele. - Depois de amanhã. Imagino que você já poderá sair da casa dos seus pais até lá, estou certo?
- Acho que sim - respondeu ela. - Sinceramente, eu não aguento mais ficar naquela casa sozinha. Mamãe sai frequentemente, incrível como ela arranja coisas para fazer numa manhã. E daqui a pouco eu já tenho que voltar - ela olhou no relógio, e teve uma idéia repentina. - Remus, quer ir à Hertford comigo?
- C-como? - perguntou ele, obviamente pego de surpresa.
- Aparatando, eu imagino - falou ela, em tom óbvio, mas rindo em seguida. - Olha, eu sei que Hertford é uma cidade monótona, chata e completamente esquecida da civilização, pelo menos por minha parte, é claro... Mas eu não tenho o que fazer e você também não, eu tenho certeza disso.
Ele pensou por um instante. Era óbvio que ele não tinha vontade de conhecer aquela cidade, mas ele sentia que Tonks estava carente, de alguma forma. Ela ainda não estava convencido de que a bruxa estava bem, não do modo como seu rosto estava cheio de lágrimas quando se encontraram.
- Então, vamos? - ela estendeu a mão.
O sorriso dela era convidativo demais para ser negado.

*~*~*

Um passeio pela praça principal de Hertford foi o suficiente para Remus ver que a cidade era encantadora. Cheia de trouxas, era verdade - dificilmente ela viu algum, além dele e de sua companheira. Então Tonks passou a andar pelo subúrbio, ele a seguindo. Conforme avançavam as ruas, mais bonitas as casas ficaram. Não eram mansões, mas as casas eram simplesmente bonitas. Não se podia comparar com a rua dos Alfeneiros, por exemplo, onde todas as casas são iguais.
Então pararam em frente à uma casa que, provavelmente, tinha o jardim mais bonito da rua.
- Anda, Remus, entra rápido antes que... - mas uma voz interrompeu Tonks.
- Boa tarde, Nymphadora!
A voz vinha de uma senhora um tanto gordinha, na casa ao lado. Ela parecia estar arrumando o jardim, embora olhasse os dois - Tonks e Remus - de forma um tanto suspeita, como se eles estivessem fazendo alguma coisa errada.
- Tia Amélia! - falou Tonks, em um tom falsamente simpático.
- Andrômeda me disse que você não iria sair de casa, pois estava doente - falou a tia, também sorrindo falsamente. - Você não devia desobedecer sua mãe, mocinha!
- É que eu fui encontrar um amigo, tia - a jovem manteve o tom, ainda que Remus tivesse certeza de que ela se controlava para não falar mais nada. - Esse é o Remus, Remus Lupin.
- Boa tarde, meu rapaz - começou Amélia, mas Tonks a cortou.
- Agora nós vamos entrando, Remus, tenho a impressão de que vai chover logo, logo. Até mais, tia Amélia.
A auror abriu o portão, em seguida, a porta, e fechou as cortinas quando fechou a porta. No mesmo instante, ela mudou os cabelos (que antes estavam escuros) para o habitual rosa-chiclete.
- Sente-se, Remus - ela indicou o sofá. A casa estava impecavelmente limpa e, diferente das casas de bruxos, tinha telefone, televisão e vários outros aparelhos eletrônicos dos trouxas. - Eu não aguento mais ficar nessa casa, a cada movimento minha tia acha que estou fazendo alguma coisa ilegal, mamãe fica perguntando sobre o que aconteceu no Ministério...
- Perguntando sobre o que aconteceu no Ministério? - repetiu Remus, enquanto a jovem tirava o casaco.
- É - respondeu Tonks, sentando-se ao lado dele. - Eu não entendo o porquê dela estar tão interessada, só posso supôr que ela suspeita de alguma coisa - ela suspirou pesadamente, o olhar perdido. - Ela chegou a perguntar de Sirius, sabe.
- Como você se sente? - perguntou ele, ao reparar que, ao falar o nome do primo, a auror virou o rosto. Ela não respondeu. - Nymphadora, você não está bem, eu sei que estava chorando antes de nos encontrarmos...
Ele puxou carinhosamente o rosto dela e viu que estava coberto de lágrimas.
- Você deve estar me achando uma boba - ela enxugou o rosto com as mãos. - É só que... eu sinto muito a falta dele, e parece que ninguém entende isso...
- Eu também sinto falta dele - falou Remus, olhando nos olhos da jovem. - Ele foi um grande amigo durante grande parte da minha vida. Mas nós temos que lembrar dele enquanto ele estava conosco, dos bons momentos que passávamos com ele.
- É - concordou Tonks, dando uma risadinha. - Ele sempre foi muito legal comigo... E eu nem tenho uma foto com ele, nem nada...
- Eu tenho uma foto de nós três - falou ele, lembrando de repente. - Da próxima vez que nos vermos, eu lhe dou a foto.
- Não precisa, Remus - falou ela. - Ah, eu tenho uma foto de nós dois, quer ver?
Ela foi até seu casaco e tirou uma foto onde estavam os dois - Tonks com os cabelos loiros - rindo, ainda que de um jeito nervoso, na cozinha do número doze. Aquela foto era de pouco tempo atrás. Ele se lembrava de como Sirius havia chegado de repente na cozinha, achando que ia pegar os dois se beijando, ou qualquer coisa do gênero.
- Do que nós estávamos rindo, afinal? - perguntou Remus, olhando a fotografia, tentando se lembrar, embora ele tivesse uma boa idéia do quê.
- Sirius perguntou porquê nós não estávamos na escada dando uns amassos - respondeu ela, corando levemente. - Depois que ele viu aquilo, ele não parou de falar sobre isso.
- Como é que você se lembra? - perguntou ele, querendo mudar de assunto.
- E-eu não sei - gaguejou ela, guardando a foto no bolso do casaco, novamente. - Eu me lembro de algumas coisas sobre nós, só isso.
- É, eu também - comentou ele, ainda que sem querer.
- Você se lembra daquela vez em que o Monstro entrou na cozinha enquanto a gente estava lá? - perguntou ela, rindo. - Na época eu não dei muita atenção à isso, mas hoje eu esganaria aquele elfo se isso acontecesse.
- É, acho que nós dois agradecemos em silêncio pela interrupção dele - falou Remus, rindo também. - Nós havíamos acabado de bater a cabeça, não foi isso?
- Acho que foi - ela já não tinha um vestígio das lágrimas que correram há pouco; tinha um sorriso no rosto e seus olhos cintilavam mais do que nunca. - A gente tinha medo de se envolver, eu acho... Passamos por situações engraçadas por isso, né?
- É - concordou ele.
Ela falava daquilo tudo com tanta naturalidade que não demorou muito para eles se beijarem. Apesar disso, o beijo mal se intensificou e eles foram alarmados pelo som de vozes de criança, fazendo-os se soltarem e Tonks arrumar os cabelos rapidamente, tudo em dois segundos.
Assim, a porta abriu e duas garotinhas indênticas de uns cinco anos entraram correndo na sala, gritando histericamente alguma coisa sobre um mini-pufe e um gato.
- ...um gato seria muito chato, eles não fazem nada interessante... - falou a primeira menina, com um vestidinho cor-de-rosa e duas tranças.
- Mas os mini-pufes parecem mais pompons coloridos, não tem nada a ver... - falou a outra menina, com um vestido idêntico, só que azul, com o mesmo penteado da irmã.
- Meninas, vamos parar com essa discussão... - interrompeu uma mulher que Remus sabia ser Andrômeda Tonks, embora a semelhança com sua irmã Bellatrix fosse grande. Andrômeda parou de falar ao ver Remus sentado ao lado da filha.
Eles haviam se encontrado há muitos anos, quando Remus encontrou Sirius sem querer no Beco Diagonal, pouco antes do seu segundo ano em Hogwarts, e foi Andrômeda quem havia levado o primo para fazer as compras. Era óbvio que ela não se lembrava dele; isso havia sido, afinal, há mais de vinte anos. Pensando bem, ele se lembrou de que Sirius havia falado que ela foi levá-lo apenas para encontrar o namorado.
- Mamãe, esse é meu amigo, Remus Lupin - falou Tonks, sem dar atenção às duas meninas, que agora procuravam alguma coisa no casaco da auror. - Remus, essa é minha mãe, Andrômeda. E as duas gêmeas pestinhas - ela indicou as garotas, que pegaram algo que parecia um estilingue do bolso do casaco - são minhas sobrinhas, Amanda e Susan.
- É um prazer conhecê-la, sra. Tonks - falou Remus, se levantando.
- É um prazer conhecê-lo também, Remus - falou Andrõmeda. - Estou surpresa em ver mais alguém aqui, Nymphadora não costuma trazer amigos para cá... Estão aqui há muito tempo?
- Não, Remus acabou de chegar - respondeu Tonks, antes que o amigo pudesse responder qualquer coisa. - Eu dei o endereço à ele e nos falávamos pela lareira quando o convidei para vir aqui.
Então Remus percebeu de onde Tonks tirara todas suas conclusões sobre qualquer coisa: a mãe tinha o mesmo jeito de saber as coisas sem realmente perguntar por elas. Para sua surpresa, Tonks mentiu de um jeito convincente sobre como Remus fora parar na casa dos pais dela; ele mesmo quase acreditou no tom falsamente ofendido pelo comentário de Andrômeda, mas a mãe apenas a lançou um olhar pelo canto do olho - era óbvio que não estava convencida.
Então, de repente, saíram faíscas por toda a sala - Remus não soube dizer de onde - , quebrando a janela em que Tonks estava na frente e fazendo os pés da mesinha ao lado do sofá caírem. Todos na sala assustaram-se diante do clarão que apareceu pouco antes, e Tonks instintivamente segurou a mão de Remus, fazendo ambos ficarem extremamente sem graça, embora ninguém mais estivesse prestando atenção nisso. Tonks apenas sorriu nervosamente, e Andrômeda olhava com uma expressão visivelmente assustada para as gêmeas, que mantinham um olhar de falsa inocência.
- De onde vocês fizeram aquilo? - perguntou Andrômeda, obviamente se controlando para não gritar.
- Nós, vovó? - perguntou a menina de rosa.
- Nós não fizemos nada, foi tudo culpa desse estilingue que estava no bolso da tia Dora! - defendeu a outra, de azul.
- E como foi que a tia Dora não as impediu de pegar esse instrumento perigoso? - Andrômeda lançou à filha um olhar de profunda decepção, fazendo Tonks olhar para Remus, como que pensando em alguma forma de sair dali.
- Não sei, ela estava ocupada demais apresentando o namorado dela, vovó - as duas meninas lançaram à tia um sorriso que lembrava muito o de Sirius.
- Remus não é meu namorado - falou Tonks rapidamente, corando. - Er... Melhor começarmos a arrumar essa bagunça, e me devolve essa coisa - ela pegou o estilingue da mão da sobrinha, e o fez desaparecer com a varinha. Em seguida apontou para a mesinha. - Reparo!
- Não precisa, Remus, deixe que nós fazemos isso - falou Andrômeda, agitando a varinha e fazendo a janela voltar ao normal. - Merlin queira que Amélia não veja, seria o acontecimento da vida dela... Se não se importam, eu vou guardar essas coisas lá dentro. Fique à vontade, Remus. E vocês duas - ela acrescentou para as duas meninas, pouco antes de sair do cômodo - , comportem-se ou a tia Dora não as levará para as compras mais tarde.
As duas garotinhas mantiveram o olhar inocente de nós-nunca-fazemos-nada, enquanto Tonks parecia querer azarar alguém naquele momento. Remus começou a pensar seriamente no que falar, mas, para seu alívio, foi Tonks quem falou primeiro.
- Remus, você quer um chá?
- Q-quê? - perguntou ele, um tanto atordoado pela pergunta tão... normal.
- Vamos para a cozinha antes que essas duas inventem mais alguma coisa - falou ela, pegando a mão dele e o conduzindo até o outro cômodo.
Se a sala da casa era reluzentemente limpa, a cozinha era três vezes mais. Talvez fosse algum tipo de ilusão de ótica, já que tudo era muito branco, como a maioria das cozinhas trouxas.
Tonks rapidamente começou a abrir os armários para fazer um chá; era realmente estranho vê-la fazendo tudo sem magia, ainda mais numa cozinha.
- Ela faz isso de propósito, sabe - começou ela, enquanto colocava a panela no fogão, obviamente se referindo à mãe. - Quando ela ameaçou as meninas, ela ameaçou à mim, eu é que não posso sair de casa, pelas ordens dela. E não se assuste se ela perguntar sobre você, Remus, ela sempre quer saber tudo sobre a minha vida, como se já não soubesse.
- Tudo?
- Está bem, quase tudo - riu a auror.
- E por que você não usa sua varinha para fazer isso? - perguntou ele, se levantando e caminhando até onde a jovem estava.
- Remus, eu sou péssima em feitiços domésticos, se lembra? - ele agitou a varinha e fez a panela mexer sozinha. Então ambos se sentaram à mesa. - Obrigada, pelo menos um de nós é bom nisso - ela sorriu com a naturalidade que faltava no sorriso que lançou à tia. - Então, quando é a próxima reunião?
- Ah, sim, será na próxima terça - respondeu ele. - É provável nos vermos antes, Olho-Tonto me pediu para avisá-la que vamos na estação King's Cross sexta-feira. Caso queira ir, todos queremos dar uma palavrinha com os tios do Harry.
- Parece divertido, eu vou - respondeu ela, enquanto vinham as xícaras de chá em direção à eles. Então ouviu-se um barulho de alguma coisa quebrando, vindo da sala. - Aquelas duas vão me deixar louca, o que você viu na sala não foi nada. E não se deixe intimidar com comentários dizendo que somos namorados ou qualquer coisa do gênero, elas falam isso para qualquer homem que estiver comigo, acredite.
Ouviu-se um novo barulho, dessa vez parecendo vir dos fundos da casa, e Tonks deu um resmungo de impaciência, abriu a porta da cozinha, que parecia dar no quintal dos fundos, e perguntou:
- O que vocês estão fazendo aqui?
Pelo visto, as meninas estavam ali para ouvir a conversa dos dois, e, pela expressão de uma delas, conseguiram. A de rosa saiu correndo, enquanto a de azul entrou na cozinha.
- Amanda, o que vocês estavam fazendo? - perguntou Tonks novamente, dessa vez em um tom mais aborrecido.
- A vovó disse que era mais seguro a gente brincar na rua - respondeu a menina, sentando-se no lugar em que Tonks estava há poucos momentos. - Então nós pegamos um pó que estava do lado da lareira e trouxemos pra rua, achamos que ia matar as formigas, mas...
- Mas...?
- Mas aquele pó fez as florzinhas secarem, não foi culpa nossa - defendeu Amanda. Como aquela menininha podia ter apenas cinco anos e ficar fazendo essas coisas?
Tonks respirou fundo e perguntou:
- Que flores?
- Aquelas rosas vermelhas que a vovó tem por todo jardim, aquele pó fez com que algumas secassem...
- Por Merlin, sua avó vai matar vocês se ver isso - a auror saiu da cozinha, ao mesmo tempo em que a outra gêmea, Susan, chegava.
Ela sentou ao lado da irmã, e ambas cochicharam alguma coisa rapidamente, após fitarem Remus por incômodos cinco segundos.
- Você é o Remus, não é? - perguntou Amanda, brincando, aparentemente sem perceber, com suas tranças.
- Sou.
- Podemos chamá-lo de tio? - perguntou Susan, com um sorriso parecidíssimo com o da tia.
- E-eu não sei, não acho que seria apropriado... - começou ele, assustado pela pergunta.
- É que se você é namorado da tia Dora, você é nosso tio - argumentou a menina, ainda sorrindo. - Não acredite no que ela falou, sobre como fazemos esse tipo de perguntas para todos, nós sabemos que vocês estavam se beijando antes de chegarmos.
- Mas nós não estávamos fazendo...
- A vovó pôs um feitiço nas cortinas da sala para ficar de olho no que fazíamos ontem, enquanto ela arrumava o jardim. Ela não viu vocês, estava ocupada demais procurando a chave da casa na bolsa - respondeu Amanda. Agora Remus sabia quem era quem pela cor dos vestidos.
- Então, tio Remie, você conhece a tia Dora há muito tempo? - perguntou a outra.
- Há algum tempo - respondeu ele. Aquelas meninas sabiam como deixar uma pessoa sem graça.
- Quando vocês se casarem, posso ser dama de honra? - perguntou Susan.
- Não, Susan, eu vou ser a dama de honra, a tia Dora gosta muito mais de mim!
- Mas o tio Remie gosta mais de mim! Não gosta? - ela olhou para Remus, esperando uma resposta.
- Eu... gosto das duas igualmente - ele não conseguia pensar no que dizer. - Escutem, eu e sua tia não somos namorados e não vamos nos casar, então não vejo motivo para discussão.
- Mas eu achei que era preciso estar apaixonado para as pessoas se beijarem - reclamou Amanda. - E vocês se beijaram! E quando as pessoas estão apaixonadas, elas se casam! Mamãe sempre diz isso pra gente, ela fala que é por isso que ela se casou com papai, porque eles estavam apaixonados!
- Ou vocês se beijaram sem estarem apaixonados? - perguntou Susan, olhando para Remus. - Porque você parece apaixonado para mim...
Ele desviou o olhar para a janela, e viu Tonks tropeçar na raiz de uma árvore e se levantar quase na mesma hora, com um meio sorriso ao ver que ele a observava. Ele não estava apaixonado por Nymphadora, era óbvio que não; certamente que, se estivesse, não seria uma garotinha de cinco anos de idade que diria à ele o que ele sentia em relação à Tonks. Ou será que seria?
- Essa não é a questão, e vocês têm uma imaginação bem fértil, sabiam? - riu ele, sem saber exatamente o porquê (provavelmente por causa da situação embaraçosa na qual as duas sobrinhas de uma colega da Ordem o colocaram). - Eu sinto lhes dizer isso, mas não pretendo me casar com sua tia, embora ela seja uma mulher maravilhosa...
Ele olhou novamente para a janela, na esperança de ver a auror de novo, mas assim que ele percebeu que ela não estava mais lá, Tonks entrou na cozinha.
- Quem é maravilhosa? - perguntou ela, enquanto se sentava ao lado de Remus (porque sua cadeira estava ocupada.
- O tio Remie acabou de dizer que você é uma mulher maravilhosa - respondeu Susan, antes que Remus pudesse falar qualquer coisa.
Tonks pareceu surpresa com a resposta da sobrinha, mas depois se recompôs e falou para Remus, em tom brincalhão.
- Adorei o apelido, Remie.
- Coisa das suas sobrinhas, Dora.
Ele já esperava por isso, mas se surpreendeu com a surpresa de Tonks. Era provável que ninguém fora da família a chamasse assim, ou sequer soubesse desse apelido, embora Remus achasse que combinava perfeitamente com ela. Ainda assim, ficaram se encarando por alguns segundos, aparentemente sem se darem conta do que faziam, até que as duas meninas resolveram lembrar que estavam ali.
- Avisem quando se beijarem, assim eu posso fechar os olhos - falou Susan, enquanto Amanda já tinha as mãos sobre os olhos, embora ela pudesse ver tudo o que se passava.
Tonks quebrou o contato visual primeiro, e olhou aborrecida para as sobrinhas.
- O que foi? - perguntou Susan.
- Isso é bem nojento, nós não precisamos saber como o amor funciona até termos idade o suficiente, sabiam? - falou Amanda.
Ambos riram; não havia muito mais para se fazer naquele momento.

*~*~*

- Suponho que você realmente tenha que ir agora - falou Tonks, em frente à lareira da sala de estar.
No sofá ao lado, as duas gêmeas dormiam profundamente, e já batiam dez horas no relógio. Eles não podiam negar que se divertiram muito naquele dia; foi realmente muito bom esquecer dos problemas e conversar à vontade, com outras pessoas. É claro que as duas meninas não pararam de insinuar coisas a respeito dos dois, e simplesmente amaram chamar Remus de tio Remie, fazendo até mesmo Andrômeda rir diante do apelido. Era óbvio para Tonks que ele não gostou do apelido, mas ainda assim ria do assunto.
- E eu bem que lhe disse que a comida de mamãe é melhor que a minha! - falou ela, rindo.
- Isso eu não sei, nunca provei sua comida. Mas já está tarde, e eu já me prolonguei demais aqui - falou Remus. - Foi um prazer conhecê-la, Andrômeda.
- Não seja por isso, Remus, volte quando quiser - disse Andrômeda, que fez um aceno com a varinha, fazendo as netas flutuarem até o segundo andar. - E foi um prazer conhecê-lo também, Remus.
- É, volte quando quiser - concordou Tonks, com um sorriso, enquanto a mãe subia as escadas. Ela parecia uma adolescente pedindo ao namorado para voltar na semana que vem; a comparação era inevitável. - Eu realmente gostei que você veio e conseguiu suportar um dia inteiro com aquelas duas pestinhas. Eu realmente não sei como elas sabem todas aquelas coisas.
- Nem eu - concordou Remus. - Mas admito que elas são adoráveis. São parecidas com você.
- Se isso foi uma piada...
- Não foi uma piada, foi um elogio.
- Então suponho que não vá se importar se eu agradecer do meu jeito pelo elogio - ela chegou mais perto.
- Depende de qual é o seu jeito.
- Ah, você vai gostar, já está acostumado, mesmo - falou ela, pouco antes de beijá-lo.
Assim, era quase como se estivessem, de fato, namorando, embora ambos pareciam detestar a idéia. Os beijos eram cada vez mais frequentes, e cada vez mais insinuantes.
- Não nego que gostei - falou ele, quando o beijo finalmente acabou.
- Sabia que não negaria - disse a auror, rindo.
- Então, nos vemos sexta-feira?
- Acho que sim, a não ser que você queira me visitar antes - ela sorriu. - Mais vinte e quatro horas e eu posso voltar pra Londres.
- Talvez nos veremos antes, então - falou Remus, também sorrindo. - Agora é hora de ir embora, ainda tenho que passar no apartamento do Kingsley para entregar meu relatório sobre a nossa última reunião com nossos camaradas Comensais da Morte.
- Ainda nem fiz o meu - comentou Tonks, pensativa.
- De qualquer maneira, cuide-se - disse Remus. - E fale para sua mãe tomar cuidado, eles pegarão sua família se puderem, sabe disso.
- Fique tranquilo, Remus, eu sei me cuidar, e eles também.
- Então, nos vemos em breve - falou ele, entrando finalmente na lareira. - Boa noite, Dora.
- Boa noite, Remie.
Ele apenas riu; em seguida, as chamas verde-esmeralda o fizeram desaparecer. Tonks suspirou pesadamente e sentou no sofá, olhando para o infinito. A voz de sua mãe a despertou de seus pensamentos.
- Remus já foi, Nymphadora?
- Qu... Ah, sim, acabou de ir - falou ela, um tanto desnorteada.
- Ele é realmente encantador - falou Andrômeda, sentando-se ao lado da filha. - Aonde se conheceram, mesmo?
- Nós... temos amigos em comum - respondeu Tonks, desviando o olhar.
- Entendo. Ele realmente me pareceu familiar, não sabia de onde o tinha visto - comentou a mãe. Tonks sabia que ela planejava chegar a algum lugar com a conversa. - Então, quando nos despedimos, e ele falou 'prazer em conhecê-la', me lembrei.
- Onde o conheceu?
- Ele era amigo do meu primo, Sirius - explicou Andrômeda. - Levei Sirius para comprar o material de Hogwarts quando eles se encontraram.
Tonks soltou uma pequena exclamação de entendimento; naquele ponto da conversa, o melhor era ficar calada para não falar nenhuma besteira.
- Não acha estranho que Sirius tenha morrido numa batalha em que você estava? E que Remus, seu amigo, também estava? - Andrômeda olhou diretamente para os olhos da filha, que não sabia o que dizer.
- R-Remus estava lá? - perguntou Tonks, sem muita convicção. Era óbvio que sua mãe descobrira alguma coisa. - Que coincidência, não?
- Você nunca conseguiu mentir para mim, Nymphadora - falou a mãe, fitando Tonks. - Por que você, Remus e Sirius lutavam na mesma batalha, para o mesmo lado? - Tonks ficou sem palavras, então Andrômeda continuou. - Não acredito nessa história de que conheceu Remus por amigos em comum. Ou será que esse amigo em comum era Sirius Black?
- E-eu... Como chegou à essas conclusões? - ela não gostou do jeito que a mãe perguntou sobre o que realmente aconteceu; estava realmente aborrecida com tudo aquilo e não viu outra coisa para falar senão perguntar de onde ela tirou tudo aquilo.
- Bem, eu não sou cega, sou? - falou Andrômeda em tom sarcástico. - Você luta numa batalha na qual Sirius Black morreu, na mesma batalha em que um amigo de muitos anos de Sirius Black lutou, o mesmo amigo que veio aqui hoje! É, acho que eu sei somar dois mais dois, Dora. Então, vai me explicar tudo isso?
Tonks respirou fundo; ela subestimou a própria mãe.
- Eu conto tudo, mas prometa que não vai ficar zangada - pediu a auror; no fundo, ela sabia que qualquer promessa não adiantaria para fazer a mãe não se aborrecer com o que ia ouvir.
- Está bem, prometo - falou a mãe, impaciente.
- Em Junho do ano passado - começou ela, calmamente. - eu tive uma pequena discussão com meu chefe por causa do que ocorreu em Hogwarts no ano passado, em que Harry Potter achou que Você-Sabe-Quem havia retornado, se lembra? - Andrômeda deu um pequeno aceno de reconhecimento com a cabeça. - Bem, eu acreditei desde o princípio naquela teoria, e fui convidada a fazer parte da Ordem da Fênix.
- Mas era só o que me faltava! - exclamou Andrômeda, visivelmente surpresa e zangada. - Primeiro teve a idéia maluca de se tornar auror, e agora isso! Não é à toa que não tem tempo para nos visitar, do jeito que se arrisca! Já foi para o St. Mungus mais de uma vez, pelo que me lembro...
- Mamãe, a senhora disse que não iria ficar zangada - murmurou Tonks, no mesmo tom calmo de antes. Aquela cena era totalmente previsível.
- ...e Você-Sabe-Quem voltou! Francamente, não é nenhum consolo saber que sua única filha está no centro da guerra! - continuou Andrômeda, sem dar atenção ao que a filha acabara de dizer.
- Eu sei que não é...
- Se arrisca tanto, mas não sabe como sua mãe sofre por isso! - ela realmente não ouvia o que Tonks dizia. - Ah, por que você não virou jornalista como seu irmão... Uma profissão muito mais tranquila, escrever sobre a guerra me parece mais seguro do que lutar nela...
- Eu sei disso...
- ...aprontava muito em Hogwarts, deu mais trabalho do que metade da escola na época, e agora faz parte da sociedade secreta que quer derrotar o maior bruxo que já existiu! É claro que não estou contando Dumbledore, mas isso não é o bastante!
- Eu sei, mamãe, eu sei! - exclamou Tonks, fazendo a mãe parar e olhar para ela. - Eu sei que desapontei você e papai quando estava em Hogwarts, eu sei que desapontei vocês quando fui sozinha para Londres, eu sei que desapontei todos quando me tornei auror! E eu sinto muito por não ser a filha perfeita que você sempre quis ter, mas eu tenho a minha própria vida, fui eu quem escolhi isso tudo!
- E eu sei disso, Nymphadora, eu e seu pai sabemos - Andrômeda falou isso com uma arrogância que não era sua, a fazendo parecer sua irmã ainda mais.
- Então por que não perde a chance de reclamar disso? - perguntou Tonks, com impaciência. - Eu fiz tudo isso porque quis, e nunca me arrependi de ser auror, muito menos de entrar para a Ordem!
Houve um momento de silêncio, onde ambas apenas ficaram de olhando. A ira era mútua; havia anos que não discutiam assim.
- Remus está na Ordem? - perguntou Andrômeda, agora com a voz calma.
- Está, assim como Sirius estava - respondeu Tonks, um tanto emburrada. - Eu sabia desde o ano passado que ele era inocente, e ele falava muito bem da senhora.
- Ele foi um bom primo. O único decente da família, pelo menos da nossa geração - comentou a mãe. - Quem o matou?
- Q-quê? - ela se surpreendeu com a pergunta.
- Quem matou Sirius? - repetiu Andrômeda, impaciente.
- Foi... Bellatrix Lestrange - respondeu Tonks. A mãe deu um suspiro triste, e Tonks continuou: - Ao menos foi o que Remus me disse quando eu acordei no St. Mungus.
- Vocês realmente se dão bem, não? - perguntou a mãe, deixando a jovem um tanto aliviada com a mudança de assunto; ela ainda não conseguia falar de Sirius sem chorar depois de algum tempo.
- Ele é uma pessoa maravilhosa - respondeu a filha, sorrindo. - A Ordem me trouxe coisas boas, sabia? Olho-Tonto Moody faz parte, e agora eu sou sua protegida no Ministério. Ele é um pouco paranóico, mas tem sido um grande amigo. E Remus... - ela soltou um suspiro involuntário. Ia falar de novo, mas Andrômeda a interrompeu.
- E Remus acabou se tornando mais que um grande amigo, não é isso? - perguntou a mãe, com um sorriso que lembrava muito o de Sirius.
Tonks a olhou, com espanto. Desde quando Andrômeda Tonks faz piadinhas sobre relacionamentos?
- Outra vez me subestimou, Nymphadora, quase como fez há pouco - comentou Andrômeda, mantendo o sorriso e pegando uma foto de Ted Tonks, na mesinha ao lado. - Como já disse, não sou cega. Eu vi o jeito como ele a olha. Me lembrou muito como Ted olha para mim - ela colocou a foto do marido de volta no lugar. - E as meninas me falaram que viram vocês dois se beijando pouco antes de chegarmos.
- Aquelas fofoqueiras! - exclamou Tonks, sem se conter. - Eu devia saber que elas tinham achado alguma coisa para poder chamar Remus de 'tio'!
- Admito que fiquei um pouco chocada quando soube, afinal ele é um pouco mais velho que você, mas acho que não se escolhe muito isso - comentou ela, rindo diante da surpresa da filha. - Mas ele é realmente muito educado, parece ser um rapaz bom. Admito que foi o primeiro namorado seu que gostei.
- É, teria sido, mas não somos namorados - disse a jovem, um tanto encabulada.
- Como não? - perguntou Andrômeda, olhando diretamente nos olhos da filha.
- Eu não sei - respondeu a filha, com sinceridade. - Nós nunca realmente paramos para falar do nosso relacionamento. Quero dizer, nós nos beijamos e depois fingimos que nada é nada. É que... Eu não sei, acho que nem eu nem ele queremos admitir que temos algo além de amizade...
- Entendo. Realmente achei que estivessem namorando - comentou ela, se levantando. - Você tem até um brilho a mais no olhar quando com ele, ou dele. Em todo caso, eu vou dormir. Amanhã será um dia cheio, seu pai vai voltar para casa logo de manhã.
- Acho que eu também já vou dormir - ela seguiu a mãe até as escadas, mas tropeçou no primeiro degrau e teria caído se a mãe não a tivesse segurado. - Obrigada.
- Certas coisas nunca mudam - comentou Andrômeda, irônica.

*~*~*~*

N/A: Enfim, postei! *coro de aleluia* Eu realmente sinto muito pela demora, mas eu tava meio sem criatividade um tempo, e depois veio o livro... fiquei três dias lendo em inglês e, admito, esperava mais do final. Maaas, sem falar de livro nenhum, porque os spoilers vem e vão se deixarem! (:
Então, eu dediquei a minha última semana de férias a escrever o capítulo e ler dois livros do vestibular - não que eu seja CDF, mas é necessário. Mas as aulas começaram, e eu já to ficando meio sem tempo de novo, então sem previsão para o próximo capítulo, porque, por enquanto, a minha semana tá calma, mas vale lembrar que eu tenho que ler mais cinco livros pro meu querido vestibular e mais dois pra minha aula. ¬¬

Como eu fiquei quase um mês sem postar, resolvi responder todos os comentários =D Aí estão eles:

MiLiNhA pOtTer: Agradeço pelo elogio e o capítulo está aí. ;*

{Larissa Tonks } |LUTO| : Ah, que bom que você gosta da fic. Tá aí! Beijos

Sâmya Carvalho : Peço desculpas novamente, e espero que continue comentando. Beijos

Gude Potter: Aaah, que bom que você tá gostando da fic! Fico realmente muuito feliz! Beijoos

Ana L. Weasley [LUTO]: Sabia que você não ia desistir! É só pensar nos seus fãs, Ana! huaiahu Valeu por dar uma levantada no meu astral, e dar umas dicas na fic. Já sabe como eu sou neurótica por causa dela. Beijooos ;*

Pah Black Princess: Tá bem, a minha semana deve ter durado duas semanas, mas o capítulo finalmente está aí! huaiahua Espero que goste. Beijão

Hanna: Concordo plenamente. Mas isso só no próximo capítulo! Que bom que você gosta da fic, eu sou meio neurótica quanto à qualidade. ;D Beijos

Larissa Manhães: Estamos em Agosto e o capítulo tá aí! Eu sinto muito pela demora, de verdade. Ah, e sabia que eu sempre penso em ti quando eles se beijam? É inevitável, você vivia pedindo por beijos! huaiahua ;**

Millinha_Black: Aaaah, que bom que você gosta das fics! É realmente ótimo quando a gente sabe que gostam do que fazemos. (: Beijão

Bia Black Potter: Muito obrigada pelos elogios! Eu AMO esse casal, eles são muitos perfeitos *-* Beijoos

Diana Black: Enrolados eles sempre foram! huaiahua Tudo bem, eles vão aproveitar mais um pouquinho... Prometo. ;**

Debyh Wood: É, ele não ficou vivo. Fazer o quê, eu não sou a JK! E se fosse, acredite, muita gente que morreu não teria morrido... Mas vai entender aquela autora! Infelizmente, eu não tenho tido tempo pra ler fic alguma, então peço desculpas. Quando puder, eu dou uma passada lá. ;**

lila black: Ah, eu também me candidataria! E o final desse casal fofo já dá pra ler! Beijão

Marcela Almeida: Aaaah, pois é! Aquela parte já chegou! E sim, você sabe que eu sou fanática por esse casal, então eu nem preciso dizer nada, preciso? Acho que não! Beijão

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