O resgate



Quando Mia, a última do grupo, pisou os pés no primeiro degrau para iniciar a descida, a escada começou a tremer. Assustados, eles se seguraram imediatamente no corrimão. Harry os alertou, como se tivesse se lembrado instantaneamente:

- As escadas de Hogwarts se mexem!

- Muito bom saber disso depois que já estamos nelas, eu diria – comentou Hermes, enquanto tentava se segurar no corrimão mais próximo.

Mia teve que agarrar a mão de Lúthien para que ela não rolasse os degraus. Quando a escada parou de tremer e voltou a ficar estática, estavam diante de uma porta negra trancada com um enorme cadeado. O grupo desceu os degraus de dois em dois, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Aproximaram-se da porta e, desta vez, foi Hermes quem impôs as mãos sobre o cadeado para destrancá-lo. Olhou para Harry e murmurou, num tom desafiador:

- Não preciso de uma varinha para fazer o mesmo que você.

Mia percebeu que Hermes não ia desistir de alfinetar Harry sempre que tivesse oportunidade. Ela apenas esperava que o bruxo adulto soubesse levar a infantilidade do menino, que já estava começando a irritá-la. Será que ele não podia deixar para discutir as desavenças com aquele que brigara com seu pai depois que já tivessem resgatado Daniel e, conseqüentemente, estivessem longe dali? Porque o fato de ainda não terem encontrado ninguém no Castelo não fazia com que Mia se sentisse mais à vontade. Ela continuava achando que estavam sendo vigiados pelos estranhos olhos que viu na orla da Floresta Proibida.

A porta os conduziu para um corredor de paredes de pedra negra e archotes que se acendiam magicamente quando eles passavam. Harry reconheceu imediatamente o lugar:

- Precisamos apenas descer uma escada em espiral e estaremos nas masmorras. Então, basta encontrar a sala onde Daniel está preso. Vamos!

Ele imprimiu mais velocidade aos passos, embora mantivesse a varinha em riste e os olhos atentos. Assim como Mia, também estranhava o fato de que não havia ninguém para proteger o Castelo durante a noite. Será que Voldemort estava tão habituado a ser o Ditador do mundo bruxo que havia deixado a guarda baixar diante do fato, quase inegável, ao menos para ele, de que ninguém poderia vencê-lo ou sequer enfrentá-lo? Harry esperava mais proteção por parte de seu inimigo e sua maldita Polícia Negra, principalmente depois que aqueles garotos haviam conseguido penetrar em Azkaban no ano passado.

No entanto, Hogwarts ainda devia guardar seus estranhos poderes, que faziam com que a penetração das forças do mal no Castelo não pudesse ser cem por cento garantida. A alma de Dumbledore ainda repousava sobre aquele lugar, e o protegeria para sempre enquanto houvesse alguém que fosse leal a ele.

O final do corredor, como Harry previra, dava numa escada de pedra que descia em espiral, com os mesmos archotes mágicos que se acendiam enquanto eles caminhavam. Não havia sequer uma janela no lugar, e eles começaram a se sentir tão sufocados quanto como se estivessem novamente dentro do túnel de terra logo abaixo do Salgueiro Lutador. O ar era gelado e penetrava nos pulmões quando eles respiravam, fazendo com que produzissem uma ligeira fumaça ao expeli-lo. Lúthien cruzou os braços diante do corpo para tentar se aquecer, a calça do pijama de flanela se mostrando insuficiente para conter tanto frio.

Mia começou a sentir a estranha sensação de que aquele ar gélido não era normal. E ela sabia o que aquilo significava. Tentou afastar dos pensamentos o fato de que ali poderia haver dementadores, afinal, não estavam em Azkaban. Mas o fato de ainda não saberem como conjurar um patrono deixou a menina apreensiva. Será que apenas o patrono de Harry seria suficiente? Se aparecesse um grande número de criaturas, talvez não. E então, como poderiam escapar? Isso julgando que Harry conseguisse conjurar seu patrono, coisa que Mia não tinha certeza de que poderia acontecer, já que o homem ainda não estava totalmente treinado depois de ter perdido a memória.

Como se lesse os pensamentos da menina, ele se virou e respondeu:

- Eu sinto algo estranho no ar.

Com essas palavras, todos estancaram. Estavam próximos da soleira que os levaria definitivamente às masmorras, e sentiam que dali não haveria como recuar. O momento de desistir daquela idéia era agora, e eles hesitavam. Afinal, nem tinham a certeza de que Daniel estava vivo. Guiavam-se apenas por um sonho, que parecia absolutamente real, mas em sua essência era, de fato, apenas um sonho.

Foi quando Mia ouviu o farfalhar de asas, que batiam ligeiras diante de seus olhos. Ela avistou o dragão vermelho, que ficava prateado conforme voava sobre o campo de batalha. Choupanas pegavam fogo, e ela ouvia o grito desesperado dos inocentes que morriam queimados enquanto o estranho rei proclamava que seu deus era o verdadeiro, e que ele não teria misericórdia dos hereges. A ruiva sabia que precisava lutar para reaver Hogwarts. Ali estava sua vida, seu passado, presente e futuro. Aquele Castelo era tudo aquilo que eles tentaram criar e proteger, mas que a ganância de um deles quase colocou a perder. Por isso, Hogwarts agora ficava escondida, e o mundo daqueles que tinham habilidades mágicas precisava permanecer envolto pelas brumas, sem que os outros pudessem encontrá-lo. A ganância de um rei, no entanto, não fizera com que o poder eterno da magia deixasse aquele lugar. Não fizera no passado, assim como a sede de poder do ditador do presente também não o faria.

- Haja o que houver, precisamos seguir em frente – disse Mia, de maneira decidida, quebrando o silêncio e a indecisão dos amigos. - Daqui não há mais como recuar.

Harry era o primeiro da fila e cruzou a porta que dava num amplo corredor, ainda maior que o do andar de cima. Neste, os archotes já estavam acesos, uma luz azulada e fria tomando conta do local. O homem caminhava com a varinha em riste, e conforme andava, sentia o frio lhe tomar os ossos, penetrando na carne como se fossem afiadas espadas.

Ouviram um barulho que vinha do fim do corredor. Mia, lembrando-se do sonho como se ele fosse real, não conseguiu se conter e correu para lá, deparando-se com o que parecia uma sala trancada e sem qualquer abertura na porta de madeira grossa.

- Será que Daniel está aqui?

- Não sei – Harry não parecia exatamente decidido. – Esta porta não se parece com aquela que vi no nosso sonho, Mia.

- Mas não faz sentido. Eu me lembro de que ela ficava no final do corredor. Caminhamos até aqui, onde estará o Daniel agora?

O olhar de Mia era de súplica quando questionou quem quisesse ouvir. Foi então que deram pela falta de Lúthien.

- Onde ela está? – perguntou Hermes, correndo os olhos pelo corredor em todas as direções. – Ela estava aqui agorinha mesmo!

- Agorinha quando? – questionou Mia, também preocupada. – Eu não reparei se ela desceu as escadas até o fim.

Os corações deles se acalmaram quando avistaram, de uma das salas do meio do corredor, os cabelos loiros da menina, que fazia sinal para que eles se aproximassem.

Correram imediatamente naquela direção, entrando em seguida na sala. Lá estava Daniel, sentado num banco de pedra batida, parecendo desolado. No entanto, ele em nada lembrava o garoto maltratado dos sonhos. Embora estivesse visivelmente cansado, suas vestes não estavam rasgadas. Ele usava uma espécie de uniforme, com o escudo negro da capa entrecortado por uma enorme serpente.

- Não acredito que vocês estão aqui – Daniel disse, levantando-se em seguida, o tom de voz alterado de quem está visivelmente desesperado. – Eu disse para não virem! Eu avisei para que vocês não saíssem de lá, Mia!

Sem entender muito bem o que ele dizia, e infeliz pela forma como foi recebida pelo amigo, Mia abriu a boca para argumentar, mas foi interrompida por uma voz que caminhava em direção ao grupo.

- Eles fizeram exatamente o que eu esperava, Daniel. E parece que estamos novamente diante um do outro, não é mesmo, Potter? Lembra-se de mim?

Um homem de cabelos longos e compridos e olhos acinzentados saiu da penumbra que o escondia e adentrou pela porta da sala. O sorriso lhe tomava o rosto enrugado pela velhice, mas ele emanava uma aura de poder maligno que assustou os três amigos. Hermes gritou quando viu a figura que seguia o estranho homem: tratava-se de seu próprio pai. Harry apenas respondeu, a voz carregada de ódio antigo:

- Lúcio Malfoy. Como eu poderia me esquecer de você?




Deathly Hallows? Meu Merlin! PERFEITO!!!
Eu estava terminando de ler nesse fim de semana, por isso não consegui postar na sexta. Mas não se preocupem, pelo menos por enquanto não teremos spoilers do sétimo livro, tá? Podem continuar lendo a fic sem problemas, mesmo porque, ela já está terminada! Portanto, vou tentar postar mais rápido, só faltam 3 capítulos e o epílogo! *nervosa*

Espero a opinião de vocês, sempre!

Beijos!

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