Conhecendo Remus Lupin



Era manhã de sexta-feira dia sete de junho e Andrômeda Tonks estava na cozinha de sua casa preparando o café-da-manhã para a filha e o marido. Ela agitava a varinha, os ovos eram quebrados e jogados a frigideira, enquanto o café ficava pronto em uma cafeteira trouxa.

Em um rápido vislumbre ver-se-ia o profeta diário sobre a mesa. Um pouco mais de atenção nos deixaria perceber que a Sra. Tonks parecia perdida em pensamentos, até mesmo distraída. Tudo acabava de ficar pronto quando Nimphadora Tonks, a filha de Andrômeda, atualmente com vinte e um anos, entrou na cozinha e largou-se em uma das cadeiras.

-- Bom dia mãe! – pegou o café, as torradas e os ovos com bacon trazendo tudo para mais perto e começando a comer. Em seguida olhou interrogativa para a mãe que ainda estava parada ao lado do fogão.

Estranho! A mãe nunca deixava de responder ao seu cumprimento matinal. Ainda mais porque na véspera, Nimphadora havia chegado muito tarde e isto sempre rendia uma bronca. Pensando nisso desviou os olhos e viu a manchete de capa do Profeta Diário:

“Ministério da Magia feito de bobo novamente: Sírius Black escapa misteriosamente de Hogwarts”. Uma expressão de entendimento passou pelo rosto de Tonks e ela se dirigiu novamente a mãe.

-- Então é por causa de Sírius que você está assim, mãe?

Andrômeda parecendo estar saindo de um transe sentou-se.

-- Você não o conheceu, Nimphadora! Nunca consegui entender e aceitar aquela história dele ter traído os Potter e ter matado aqueles doze trouxas – Tonks respirou fundo e revirou os olhos, mas a mãe não viu – Este ano acompanhei a perseguição de Sírius. – Pegou o jornal e mostrou para a filha – Essa reportagem diz que o garoto Potter foi atingido por um feitiço “confundus” e que teimava em dizer que Black era inocente. – A moça olhou curiosa para a mãe e esta percebeu que suas conclusões eram as mesmas. – Exatamente! Se ele aproximou-se do garoto porque não o matou? Essa história não faz sentido! – Levantou-se e passou a andar pela cozinha.

Tonks comeu seu desjejum e quando já se preparava para sair a mãe falou:

-- Vou ver Dumbledore! Vou Pedir uma audiência o mais rápido possível. – Saiu.

Tonks terminou de se arrumar e seguiu para o Ministério da Magia onde estava no último ano do treinamento de aurores.

Como havia imaginado, o ministério estava o caos e o dep. de aurores ainda pior. A nova fuga de Sírius Black era comentada em todos os quatro cantos. Por causa da confusão os alunos do curso preparatório foram liberados das aulas daquele dia.

Mais para não perder a viajem do que por qualquer outro motivo, Tonks passou na biblioteca e pegou alguns livros. Em pouco mais de um mês teria que entregar sua monografia de conclusão de curso e ainda não sabia sobre o que iria escrever. Voltou para casa na hora do almoço.

Andrômeda assustou-se ao ver a filha tão cedo, mas a moça explicou que todos haviam sido liberados.

-- Irei ver Dumbledore hoje à tarde. Não quer vir comigo?

Era um convite tentador. Há três anos que havia saído de Hogwarts e seria legal rever a escola. Sem falar que a perspectiva de passar a tarde enfiada em seu quarto lendo era irritante.

-- Quero sim! – falou animada.

-- Ótimo! Sairemos logo após o almoço.

Em seguida um homem de olhos e cabelos castanhos com raros fios brancos chegou.

-- Que surpresa, Srta. Tonks! A que devemos o prazer de sua companhia? – falou enquanto beijava o rosto da filha.

-- Não implica, pai! Agradeça ao primo da mamãe.

Ted a olhou interrogativo enquanto se aproximava e beijava a esposa.

-- Ela esta falando de Sírius. Talvez você se lembre, sempre foi meu primo favorito.

-- Claro! Foi o único da sua família a ir ao nosso casamento e saiu de casa logo depois de você. Mas ele não é aquele que fugiu de Azkaban e todos dizem que é perigoso?

-- Esse mesmo! Só que ontem ele fugiu de novo e os aurores estão em polvorosa. – Nimphadora respondeu animada. Adorava uma confusão – Nos dispensaram das aulas hoje. Eu e mamãe vamos a Hogwarts.

-- Você nunca se conformou com a culpa dele, não é Andie? – Ted perguntou tranqüilo sentando-se para almoçar.

Andrômeda alcançou a varinha e as travessas voaram para a mesa.

-- Não nunca! E acho que já passou da hora de fazer algo por ele. E ninguém melhor que Dumbledore para me contar os detalhes dessa história cheia de furos.


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Mãe e filha chegaram à gárgula que guardava a entrada da sala do diretor pouco antes das duas da tarde. Snape estava saindo de lá tão irritado que nem parou para cumprimentá-las. As mulheres, sabendo que Dumbledore as aguardava, subiram.

Logo que entraram ele se levantou sorrindo.

-- Andrômeda! Nimphadora!

A moça revirou os olhos, o diretor era o único, além de seus pais, que ela desistira de tentar convencer a chamá-la de Tonks.

-- Quanto prazer em revê-las! Sua carta parecia um pouco ansiosa, Andie, em que posso ajudar? – retornou a sua cadeira e apontou para as duas a sua frente, nas quais as mulheres se sentaram.

-- Bom Dumbledore, é sobre toda essa confusão com Sírius – Andrômeda estava um tanto quanto desconfortável.

Sabia que o testemunho de Dumbledore havia sido mais uma prova da culpa do primo quando ele foi enviado a Azkaban. Por outro lado algo lhe dizia que se Sírius havia fugido de dentro de Hogwarts isso tinha dedo do diretor. Ele a olhava interessado sobre seus oclinhos de meia-lua, mas não disse nada. A Sra. Tonks respirou e continuou.

-- Nunca fiquei totalmente convencida da culpa de meu primo. Não só pelo fato dele ser muito amigo do Potter, mas também porque ele sempre odiou e repudiou tudo que dizia respeito às artes das trevas.

Respirou para tomar fôlego, mas agora que já havia começado não conseguia mais parar.

-- Você sabe que até eu que me rebelei contra a tirania dos Black fui sonserina. Sírius era Grifinório, era leal! Eu acredito que ele preferiria morrer a entregar os Potter. Na época não tínhamos argumentos para tentar mudar a idéia das pessoas, principalmente depois que veio a público que ele era o fiel do segredo – respirou novamente.

Dumbledore sorria e isto a deixou mais segura e a estimulou a continuar.

-- Desde ontem uma coisa não sai da minha cabeça – O diretor fez um movimento com a cabeça a estimulando. – Se ele fugiu de Azkaban para matar o garoto Potter, porque ao encontrá-lo, simplesmente não o matou? O profeta diz que o garoto estava com mais dois amigos. – Sorriu sarcástica. – Para um homem que entrega o segredo de seus amigos, mata doze trouxas e um outro amigo, três adolescentes não são nada!

Elas viram que os olhos azuis do diretor brilharam, mas ele permaneceu em silencio.

-- Eu vim aqui hoje porque acredito que meu primo, Sírius Black é inocente. E se ele estiver precisando de ajuda eu estarei aqui para apoiá-lo.

Dumbledore sorriu abertamente. Fez um movimento em direção a porta de seu escritório. Virou-se primeiro para a mulher mais nova.

-- E você Nimphadora, acredita no mesmo que sua mãe? – Tonks surpreendeu-se, achou que a haviam esquecido. Respondeu medindo as palavras.

-- Veja bem, professor! É difícil de deixar de acreditar em tudo que se tem como verdade por tanto tempo. Mas sempre confiei na avaliação que minha mãe fazia das pessoas. Se ela tem tanta certeza da inocência de Sírius Black, acho que posso dar um voto de confiança a ele. Afinal qualquer um é inocente até que se prove o contrário!

O diretor alargou ainda mais o sorriso.

-- O que vou lhes contar é uma historia incrível, mas faz todo o sentido. Eu fiquei sabendo que Voldemort – ambas estremeceram brevemente – iria tentar matar os Potter, os orientei a se esconder com um feitiço fidélius. Me ofereci para ser o fiel do segredo. James disse já ter a pessoa perfeita, Sírius Black seu amigo e padrinho de Harry. Apenas ontem soube o que aconteceu realmente. Todos sabiam da grande amizade de Sírius e James, ele era a opção óbvia. Seu primo convenceu o amigo a colocar Peter Pettigrew como fiel – as duas mulheres arregalaram os olhos – Sírius atrairia a ira dos comensais e de Voldemort, mas não poderia revelar o segredo nem sobre uma maldição e Peter estaria protegido. – O rosto de Dumbledore se entristeceu, ele balançou a cabeça – Sim! Seria o plano perfeito... se Peter não fosse um traidor.

Andrômeda levou a mão à boca e disse um “Por Merlin”.

-- Poucos dias depois que o feitiço foi feito, Pettigrew entregou o segredo a Voldemort e os Potter foram mortos. – respirou pesadamente.

-- Sírius chegou a Godric's Hollow pouco depois da tragédia. Ele melhor do que ninguém entendeu o que havia acontecido e partiu atrás de Peter. Quando se encontraram, Pettigrew gritou que Sírius havia traído os Potter, cortou um dedo, explodiu um encanamento de gás, matando doze trouxas,
transformou-se em rato e fugiu.

Andrômeda estava tão impressionada com a história que demorou quase um minuto para perguntar.

-- Como assim transformou-se em rato?

-- Os três amigos eram anímagos ilegais. Peter transforma-se em rato, Sírius em um cão negro e James podia transformar-se em cervo.

Nimphadora tinha os olhos arregalados e o queixo caído. Aquela história era mesmo tão incrível que era difícil de acreditar.

-- Estava tudo armado – continuou o diretor parecendo um pouco triste – Todos achavam que Sírius era o fiel do segredo, ele traiu os Potter e ao tentar fugir encontrou e matou Peter. Foi enviado a Azkaban sem nenhum direito. – Dumbledore respirou profundamente – Tentei convencer Bartô Crouch a dar um julgamento ao rapaz, mas ele estava tão excitado por ter prendido um Comensal que não me deu atenção.

-- Por que ele demorou tanto para fugir? – Perguntou Andrômeda pensativa.

-- No meio do ano passado ele teve acesso a um jornal onde reconheceu Peter em sua forma anímaga. Ele estava se fazendo passar pelo rato de estimação de Ronald Weasley, ninguém menos que o melhor amigo de Harry Potter. Isso o desesperou e o deu forças para fugir.

-- Mas se ele estava junto de Potter há pelo menos três anos por que nunca tentou nada? – agora foi Nimphadora quem perguntou.

-- Sírius e Remus acham que Peter estava aguardando algum sinal do reaparecimento de Voldemort para então agir. A posição dele era muito cômoda, não tinha porque arriscar o seu disfarce.

-- Remus? – perguntou Andrômeda, franzindo a testa.

-- Remus Lupin! Ele esteve este ano ensinando DCAT aqui.

-- Eu me lembro dele, os quatro andavam sempre juntos – falou quase que para si – Ele era mais quieto que Sírius e James – olhou para Dumbledore – Ele ainda está na escola? Gostaria de falar com ele.

-- Infelizmente Remus se demitiu esta manhã. – Disse tristemente.

Andrômeda o olhou interrogativa, Dumbledore a avaliou por segundos antes de dizer.

-- Ele é um Lobisomem – As duas se sobressaltaram, mas foram rápidas em disfarçarem. – Foi por causa dele que os três amigos se tornaram anímagos. Para poderem estar com ele durante as luas cheias. Durante este ano ele usou uma nova poção que o permite manter o controle nesse período. – Os olhos de Dumbledore se entristeceram – Após a fuga de Sírius, Severus “deixou escapar” a condição lupina de Remus e ele preferiu se demitir.

Nimphadora soltou um bufo de irritação, nem conhecia o tal Lupin, mas já tinha tanta antipatia por Snape que o ato de seu ex-professor a irritou.

Andrômeda apenas balançou a cabeça. Severus e Sírius sempre se odiaram, e por tabela Snape odiava também os amigos do primo. Essa era uma atitude bem Sonserina.

-- Você sabe para onde ele fugiu? – Perguntou a Srª. Tonks, Dumbledore a avaliou – Quero ajudar. Sempre o achei inocente!

-- Não sei. Imagino que ele tentará se esconder antes de se comunicar.

-- E Remus, onde posso encontrá-lo.

-- Ele ficará alguns dias em Hogsmead.

O Diretor lhe entregou um pedaço de pergaminho com o endereço e as duas se despediram, seguindo para a saída do castelo perdidas em pensamentos.

Estavam quase no saguão de entrada quando Nimphadora trombou com alguém e caiu. Já se levantava pedindo desculpas quando ouviu a voz de Snape falando sarcasticamente.

-- Preste mais atenção por onde anda Srta. Tonks – Ele não fez nenhum movimento para ajudá-la.

Tonks levantou-se respondendo no mesmo tom.

-- Obrigada pela ajuda, Snape! – já passava por ele quando ouviu.

-- Tudo bem, Severus? Como tem andado? – Nimphadora parou e olhou interrogativa para a mãe que parecia muito íntima do morcegão das masmorras.

-- Vou bem, Sra. Tonks – falou formal.

Andrômeda sorriu e deu um beijo de cumprimento no rosto de Snape.

-- Deixe de besteiras, Severus. É verdade que não nos encontramos a mais de vinte anos. Mas daí me chamar de “Sra. Tonks” é um pouquinho de exagero, não?

Nimphadora estava paralisada de susto. Sua mãe havia dado um beijo no rosto de Snape – “Eca” – pensou. Ela estava chocada!

-- Ok Andrômeda! O que a trás de volta a Hogwarts? Você não vinha aqui nem quando sua filha cumpria detenções toda semana – mas lhe deu um sorriso de canto de lábios.

Tonks bufou e cruzou os braços “porque afinal estavam ali perdendo tempo conversando com Snape!?”

-- Vim saber notícias de meu primo – disse tranqüila. O sorriso de Severo sumiu.

-- Esqueci como você gostava daquele.... – balançou a cabeça – mas imagino que nem Dumbledore tenha informações sobre ele – Andrômeda imaginou que Severus seria a última pessoa para quem Alvo diria algo relacionado à Sírius.

-- É verdade, mas eu nunca acreditei na culpa dele e depois do que Dumbledore me contou......

-- Ele lhe contou aquela historia fantasiosa que Black com a ajuda do Lobisomem infiltrou na mente do Potter e dos outros dois Grifinórios idiotas. – Snape a interrompeu, irritado.

Nimphadora estava muito mal humorada de ter que ouvir aquele Sonserino falando mal dos Grifinórios. Mas Andrômeda apenas sorriu.

-- Não se irrite Severus. Você ainda lembra do nosso acordo.

-- Não falamos sobre Sírius Black! – Ele sorriu concordando.

-- Nunca tentei mudar sua opinião sobre ele e não é agora que vou tentar. Mas posso lhe pedir um favor?

Ele a olhou resignado, ela sorriu.

-- Não vou pedir que você o ajude, mas não atrapalhe ok?

Severus respirou pesadamente e falou sério, porém não havia o traço de sarcasmo em sua voz.

-- Certo Andie! Se ele ficar fora do meu caminho, também não irei atrás dele – deixou escapar um sorriso de canto de lábios e se despediu. – até qualquer dia Srª. Tonks! – Beijou a mão dela, ela lhe sorriu e ele virou-se rapidamente para Tonks – Nimphadora! – fez um aceno curto com a cabeça e saiu balançando as vestes como de costume.

Andrômeda seguiu para a saída do castelo, a garota ainda ficou parada tentando assimilar aquela história. Não conseguia entender aquela intimidade entre sua mãe e Snape. Saiu correndo atrás da mãe que já estava nos jardins.

-- Mãe que estória e essa de ‘Severus’ para cá, ‘Andrômeda’ pra lá? Desde quando vocês são.... íntimos? – falou fazendo uma careta.

-- Nós fomos noivos – a mãe falou sorrindo para a filha sem parar de andar.

“Como assim noivos? Sua mãe noiva de Snape?” – Tonks travou no meio do jardim analisando a informação.

-- Vamos Nimphadora! – falou virando-se para trás – ainda quero falar com Lupin. Venha logo que eu te conto tudo.

Tonks correu para alcançá-la.

-- Então conta logo! – falou esbaforida.

-- Quando eu estava com dezesseis anos meu pai me avisou que havia feito um contrato de noivado entre eu e o neto de um amigo dele. Acho que meu pai sabia que eu ia dar problema. Na época eu já namorava seu pai, escondido claro. Sabia que os Black nunca o aceitariam. Eu procurei Severus em Hogwarts, estava um pouco assustada, não sabia se ele estaria querendo cumprir o acordo. – Olhou para a filha – Você tem idéia de como eu estava me sentindo?

Tonks negou com a cabeça, não conseguia pensar em como seria se tivesse que se casar com alguém que não amasse.

-- Na época Sírius me disse que nunca deixaria que eu me casasse com Severus. Eles se odiavam desde sempre. Ele e os amigos me deram cobertura quando eu procurei “meu noivo” para dizer que não me casaria com ele e que já namorava outro.

Nimphadora pensou que sua mãe havia sido muito corajosa em dizer isso na cara de Snape.

-- Mas vocês até pareciam muito amigos para quem noivou obrigado e depois terminou porque você já tinha outro.

-- Severus pensou por uns minutos e então disse que tudo bem. – Andrômeda sorriu – Não questionei os motivos dele, fiquei muito aliviada. Então nós combinamos que fingiríamos um namoro e que depois que eu terminasse Hogwarts veríamos o que fazer.

-- Fomos juntos a umas duas festas na escola. Meus pais ficaram muito contentes ao saber que eu havia aceitado meu futuro noivo – Riu alto.

-- Pouco tempo antes da data do noivado descobri que estava grávida. – Suspirou – Fiquei muito assustada, então sabe qual foi a primeira coisa em que fiz?

-- Procurou papai, não?! – falou Tonks ansiosa para saber o restante da estória

-- Procurei Severus. – disse Andrômeda sorrindo.

Nimphadora arregalou os olhos.

-- Simplesmente corri para a casa dele. Nunca entendi o que me fez agir assim. Nós até havíamos nos tornado amigos, mas o mais lógico seria procurar Ted ou Sírius.

-- E ele? – Tonks nem acreditava. Do que conhecia Snape ele deveria ter xingado sua mãe e a expulsado de sua casa.

-- Depois que me acalmou, foi atrás de seu pai e o trouxe para conversar comigo – Tonks ainda parecia não acreditar, será que estavam falando da mesma pessoa? – Eu fiz questão de dizer que ele não sabia de nada. A minha traição quebrava o acordo. Ele não pode ir ao meu casamento, mas me mandou um belo presente. – sorriu.

-- Sabe Nimphadora, naquele quase um ano e meio em que fingimos um namoro nós conversávamos muito. Tínhamos um acordo de não falar sobre Sírius. Severus é um cara muito inteligente e era uma companhia agradável.

As duas já estavam entrando na rua principal de Hogsmead. Tonks estava impressionada com a história, algumas vezes já havia se perguntado como a mãe tinha escapado dos casamentos arranjados da família Black.

-- Nunca imaginei que alguém pudesse achar Snape agradável – falou pensativa, dando de ombros.

Andrômeda a olhou com um meio sorriso, mas nada disse.

Em seguida chegaram à pequena estalagem. Dirigiram-se ao recepcionista que mandou um elfo avisar ao Sr. Lupin que a Sra. e a Srta. Tonks desejavam vê-lo.

Remus recebeu o recado e ficou pensativo. Não tinha idéia de quem seriam, mas apesar de estar muito cansado não quis ser descortês. Pediu ao elfo para levá-las para a sala ao lado da recepção. Desceu alguns minutos depois.

Ao chegar a sala viu uma mulher que deveria ter a sua idade. Era muito bonita alta, magra com longos e espessos cabelos negros e olhos muito azuis. Ele teve certeza de que a conhecia, embora não se lembrasse de onde.

A outra, sem dúvida a Srta. Tonks, era pouco mais que uma adolescente. Não deveria ter mais que vinte anos. Tinha os cabelos .... azuis? Olhos muito verdes que faziam um grande contraste com os cabelos, usava uma calça jeans rasgada, coturnos e uma camisa rosa choque com um logotipo que Remus não reconheceu. A vivacidade dela era contagiante.

Assim que entrou as duas o olharam. Andrômeda o reconheceu imediatamente. Ele estava bem mais velho, tinha muitos cabelos brancos e um ar cansado. Porém os olhos inteligentes e sensatos do mais certinho dos marotos estavam lá evitando qualquer duvida sobre ele ser Remus Lupin.

Andrômeda percebendo que ele não a reconhecia, aproximou-se estendendo a mão em um cumprimento.

-- Remus Lupin estou certa? Talvez se lembre de mim pelo nome de solteira: Andrômeda Black.

-- Andrômeda?! – disse de olhos arregalados – A prima preferida de Sírius! – Ela concordou com a cabeça e ele abriu um grande sorriso.

Tonks não pode deixar de pensar que ele ficava muito mais jovem sorrindo. Ela teve vontade de sorrir também. Andrômeda apontou para a janela, onde Tonks estava.

-- Nimphadora, minha filha – apresentou.

A moça ficou um tanto irritada, dizendo rapidamente.

-- Somente Tonks, por favor, Sr. Lupin – Aproximou-se para cumprimentá-lo. Tropeçou no tapete e só não caiu estatelada no chão porque Remus a segurou na última hora.

Murmurou um agradecimento corando e sentou-se no sofá mais próximo para evitar o risco de novos incidentes.

Remus nem teve tempo de pensar sobre a presença das duas ali. Andrômeda balançou a varinha em direção a porta e entrou no assunto.

-- Foi Dumbledore que me disse onde encontra-lo. Eu decidi procurar o diretor depois que soube da prisão seguida de fuga de Sírius ontem.

Ele ficou apreensivo imaginando se Dumbledore haveria contado sobre sua licantropia para elas. Ele sabia que agora um grande número de pessoas saberia, mas ainda se sentia desconfortável com isto.

-- Então Lupin....

-- Me chame de Remus – interrompeu sorrindo.

-- Certo! – Foi a vez dela sorrir. – Então em chame de Andrômeda – Ele concordou com um aceno breve. – Nunca acreditei que Sírius fosse mesmo culpado, mas as evidências eram muito fortes – suspirou – Quando vi que ele havia fugido debaixo do nariz de Dumbledore tive certeza de que havia algo ai. Ele me contou sobre a animalgia....

Remus se mexeu desconfortável na cadeira “com certeza ele também havia contado sobre a licantropia” – pensou.

Nimphadora percebeu a mudança no homem ao seu lado. Ela havia estudado bastante sobre lobisomens no curso preparatório para aurores e ele não parecia perigoso.

-- .... e sobre Peter Pettigrew ter sobrevivido – Remus completou – É verdade, eu o vi. Eu, Harry Potter, Hermione Granger e Rony Weasley. Mas ele fugiu e sem ele não temos como comprovar a inocência de Sírius. Por isso ele teve que sumir de novo.

Ele estava visivelmente constrangido, sabia que havia sido sua culpa a fuga de Pettigrew. E que se não fosse a interferência de Sírius ele poderia ter atacado as crianças. Um arrepio passou pelo seu corpo. Levou um susto quando sentiu algo apertar sua mão. Olhando rapidamente viu que a moça Nimphadora segurava suas mãos apertando-as levemente como que para lhe passar força. Sorria sinceramente. Remus desviou rapidamente os olhos, mas não soltou a mão dela.

-- Não temos como provar porque o ministério não vai acreditar na sua palavra nem na das três crianças – Andrômeda falou um pouco pensativa. Ele apenas concordou. Ela recostou-se no sofá com certa irritação – Típico! Esse Ministério da Magia só tem retardado!

-- Mãe!! – Tonks soltou as mãos de Remus e olhou entre alarmada e irritada para a mãe, que balançou as mãos mostrando que era aquilo mesmo que achava.

Nimphadora bufou “o pior e que mamãe está certa” – pensou. Então virando-se para o homem que assistia entretido a muda discussão entre mãe e filha, falou:

-- Ela adora falar mal do Ministério, só que eu me formo auror em menos de um mês. Se alguém escutá-la estarei enrascada – Baixou a voz e falou apenas para si – Acho que já estou, principalmente se encontrarmos Sírius Black. – Suspirou.

Remus não pode deixar de sorrir, a moça lembrava muito Padfoot. Perguntou antes que pudesse se conter.

-- A que casa você pertenceu?

-- Fui da Grifinória. – sorriu – Apesar de meu pai ter sido da Lufa-lufa e minha mãe da Sonserina – Fez uma careta que Andrômeda ignorou. Remus sorriu novamente.

-- Então é a segunda Black a envergonhar a família – Olhou para Andie que sorria discretamente. “Seria orgulho de mãe?” – perguntou-se.

Tonks o olhava intrigada

-- Sírius foi o primeiro Black que não pertenceu a Sonserina e sim a Grifinória – A moça arregalou os olhos, mas lembrou-se da mãe dizendo isso a Dumbledore, só que naquele momento estava mais preocupada com outras coisas.

-- Remus, se Sírius fizer contato me avise, certo? Quero ajudar no que for possível.

-- Se ele fizer contato, aviso que você me procurou e se ele concordar eu avisarei vocês. – Concordou sério e então como que lembrando de algo, acrescentou – Mas isso não pode complicar as coisas para Nimph...., digo Srta. Tonks...

-- Fala sério, Remus! – interrompeu enérgica. – A única pessoa que me chama de “Srta. Tonks” é o Snape! – fez uma careta – Me poupe!!

Remus não pode inibir o pensamento de que ela ficava uma graça irritada.

-- É só Tonks! E se o primo é inocente nós vamos ajudá-lo e fim de papo – Ele também gostou de ver a explosão dela, era a reação de uma verdadeira Grifinória.

-- Ok Tonks! – sorriu para ela – Avisarei se Sírius der noticias.

Os três se despediram e as duas mulheres se foram. Remus sorriu pensando que Sírius adoraria conhecer Nimphadora Tonks.


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Oi, eu gostaria de dar algumas explicações:
Sei que Andrômeda Black não tinha idade para ser noiva do Snape e sei que o pessoal que gosta de tudo Cannon, não vai gostar. Mas foi só isso que eu saí do que poderia ser. De resto tentarei seguir fiel os acontecimentos dos livros. A história será grande pois vou seguir o relacionamento dos dois até o final do Príncipe Mestiço.
Para quem ficou curioso com o "noivado de Andie e Severo" ele está mais explícito na Fic "Quando o amor acontece" aqui mesmo na FeB.
Beijinho e se você leu, deixe um Comment!!!

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