O Pai do Clã



CAPÍTULO XIII. O PAI DO CLÃ

Melhor do que ir à enfermaria para que Mina fosse tratada, Madame Pomfrey conseguiu levar os equipamentos que precisava aos aposentos de Snape. Levou boa parte da tarde para que a vampiróloga pudesse ser suficientemente medicada.

Quando o trabalho da curandeira estava terminado, Mina já se sentia pronta para analisar as amostras que Van Helsing lhe trouxera horas antes. Ela se sentou na cama.

- Já posso ir?

Pomfrey sorriu, juntando os seus equipamentos.

- Vá com calma no trabalho, Srta. Stoker. Você ainda está fraca. – Voltou-se para Snape. – Diretor, o senhor poderia me dar um pedaço de pergaminho? Preciso receitar algumas poções...

Preocupado, ele deu um passo em direção a Pomfrey.

- Por quê? Pensei que ela já estivesse bem.

- E está. Mas será bom que tome alguns fortificantes nos próximos dias.

- Claro...

Mina sorriu ao percebê-lo tão preocupado. Acompanhou os seus movimentos enquanto ele ia à sua escrivaninha, pegava um pedaço qualquer de pergaminho e o entregava para Pomfrey junto com uma pena. A curandeira escreveu a sua receita e entregou-a a Mina, que, sem prestar atenção, guardou-a em seu blazer.

Com cuidado, ela se levantou.

- Eu vou comparar logo estas amostras... Onde está o Senhor Van Helsing?

Snape se aproximou, apoiando Mina e ajudando-a a se encaminhar para a ante-sala aonde a poção que ela vinha preparando há dias a esperava. Com a voz aborrecida, ele respondeu:

- Não sei. Não apareceu mais por aqui.

Mina sentou.

- Estou preocupada...

- Ele não sabe da condição do diretor? – Madame Pomfrey perguntou.

- Não.

- Sabe, sim – Mina imediatamente corrigiu Snape. – Mas está com as mãos atadas. Não pode fazer nada, a menos que eu, a vampiróloga, ponha em meu relatório que o Sr. Snape é um vampiro. Se ele agir sem o meu aval, pode acabar em Azkaban. Agora, se vocês me dão licença... eu realmente quero descobrir quem é o líder do nosso vampiro.

Com um sorriso vacilante, a curandeira retirou-se da sala. Logo chegavam elfos domésticos para levar os equipamentos e poções de volta à Ala Hospitalar e limpar a bagunça que se instalara no quarto de Snape.

Finalmente percebendo o silêncio, Mina pôde começar o seu trabalho.

Severo a assistiu dispor umas duas dúzias de diferentes amostras de um tipo de sangue coagulado na mesa e começar a estudá-los minuciosamente, comparando-os com o resultado da poção que tinha feito.

Ela passava pelo menos cinco minutos em cada amostra, o que explicitava que o dia seria longo...

E, de fato, foi. Horas e horas de um profundo silêncio passara. Horas lentas e agonizantes, onde tudo que Snape pôde fazer foi observar Mina trabalhando... Ouvir a deliciosa tortura dos batimentos cardíacos dela, que se aceleravam todas as vezes que, quase sem querer, ela levantava o olhar para vê-lo... E regorjizar-se com a lembrança daquele sangue, tão quente, tão suave...

Que sangue delicioso...

E também havia o corpo... O corpo tão maravilhoso que ela fazia questão de esconder e deformar naquelas roupas odiosas. O corpo que, por muito pouco, ele não possuiu.

Ele suspirou, tentando tirar aquela lembrança em particular da cabeça, ou o seu próprio corpo começaria a reagir a ela. No entanto, quando ele a observou, inclinada na mesa para melhor observar as amostras, percebeu que o decote outrora discreto estava bem maior pela falta de alguns botões que ele há pouco arrancara. E ele possuía naquele momento um ângulo de visão que deixava este decote bem indecente... Aquela visão simplesmente não deixou que a sua mente parasse de reviver os momentos em que teve aquele corpo em suas mãos.

Quase hipnotizado, ele observou os seios dela subirem e descerem lentamente... E as lembranças voltando... e os seios... Subindo... descendo... subin---

No entanto um gritinho agudo o trouxe de volta à realidade.

- Achei!

Snape cruzou as pernas, imaginando se ela tivera tempo de perceber o estado em que ele se encontrava naquele momento. Mas, a julgar pela excitação em sua voz, ela apenas tinha mente para os seus deveres.

Ela sorriu sagazmente.

- O nosso misterioso vampiro é do clã do próprio Conde Drácula.

XxXxXxX

Van Helsing caminhava exasperado pelas ruas lotadas de Hogsmeade.

A cena que há pouco vira não saía da sua cabeça.

Quem não o conhecesse e ouvisse o relato, poderia muito bem pensar que toda aquela irritação era por causa de Mina; por ciúmes... mas não. Ou pelo menos ele achava que não, afinal, quem um dia conheceu Emily, jamais poderia se interessar pela filha dela. Aquela irritação toda era, na verdade, por causa do diretor de Hogwarts, Severo Snape.

As tantas mentiras que ele contava só poderiam significar que ele era o responsável pelos ataques... Apenas Mina não queria ver aquilo! Snape era conhecido justamente por ficar perto dos seus inimigos e lucrar com isso – na última guerra do mundo bruxo, ele o fizera... Como alguém poderia confiar de uma maneira tão cega numa pessoa como esta?

E agora ele a tinha mordido, a julgar pela cena. E, se a personalidade de Mina fosse tão fraca quanto aparentava, Snape provavelmente acabara de ganhar uma poderosa aliada.

A melhor coisa que ele podia fazer naquele momento era ficar tão próximo quanto possível do casal... E esperar a confirmação de um terceiro para poder enfiar uma estaca no coração de Snape e acabar com tudo.

Com um suspiro, Van Helsing observou o sol se pôr no horizonte.

Era melhor voltar para o castelo.

XxXxXxX

- Conde Drácula?

Mina assentiu.

- Sem sombra de dúvida. É ele quem deve nos ajudar, mas... Bem, o Conde---

Nesse momento, a porta se abriu, fazendo um estrondo.

Van Helsing entrava, sem tirar os olhos ameaçadores de Snape.

Disse, rispidamente:

- Conde? – Voltou-se para Mina. – Conde Drácula?

Mina suspirou, tentando sorrir.

- Sim, o Conde Drácula. Ele é o pai do clã do nosso vampiro.

- O que significa que teremos que falar com ele?

Ela mordeu o lábio.

- Por favor, não tente matá-lo dessa vez!

Ele sorriu, pegando de baixo da mesa um dos atiradores de flechas que há alguns dias Mina usara para aprender a matar vampiros.

- Claro que não! Quando agente parte?

Ela tentou tirar a arma das mãos dele – que estava estrategicamente apontada para um Snape bastante apreensivo. Quando ele soltou, Mina cambaleou com o peso do objeto e colocou-o displicentemente sobre uma cadeira.

- Muito bem... – Van Helsing deu de ombros. – Eu não vou tentar matá-lo. Decreto de Amizade, ele virou bonzinho, já sei! Quando nós vamos?

- Eu estive pensando... talvez fosse melhor você ir! Quer dizer, você já conhece a fera, de qualquer modo!

Ele sentou-se sobre a mesa, olhando com escárnio para Mina.

- Mina, sinceramente, por que você está nessa profissão?

- Porque minha m---

- Você morre de medo de vampiros! Por que levaria tão a sério um pedido da sua mãe?

Ela baixou o olhar. Com uma voz angustiada, respondeu:

- Ela estava morrendo, Senhor Van Helsing. Claro que eu levei a sério o pedido.

Sentindo que o clima estava ficando tenso, Snape decidiu intervir e, com um tom ameno, voltou ao assunto principal daquela conversa.

- Se o Conde Drácula é tudo o que dizem, ele só vai nos receber se uma mulher nos acompanhar.

- Mas é missão do Centro de Vampirologia! Ele não pode recusar! – Mina protestou.

- Mas nós não fazemos parte do Centro de Vampirologia. Eu sou um diretor de escola, e ele é apenas... um desafeto.

- O que quer dizer que eu não tenho escapatória?

- Exatamente.

Ela suspirou e mordeu o lábio até sangrar – os sentidos de Snape se aguçaram.

Van Helsing, pensativo, disse.

- Mina, por favor, tire os óculos e solte o seu cabelo.

Meio contrariada, ela o fez, arrancado uma expressão um tanto animada de Van Helsing.

- Talvez nós tenhamos que fazer algumas mudanças, antes desse encontro...

XxXxXxX

Reviews, por favor!

Bjus para a Shey, que betou mais esse cap. E, claro, meus mais profundos agradecimentos ao pessoal que revisou: Renata, Lois, BastetAzazis, DevilAir e Rachel Bekter.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.