O retorno de Moody



E assim, uma semana se passou. Choveu todos os dias, mas, Rony e Hermione não viam empecilho algum nesse clima úmido. Ao invés disso, passavam tardes inteiras espremidos na mesma poltrona ou deitados no tapete velho da sala de visitas, aquecendo-se com a lareira e com beijos tão molhados quanto a chuva que caía. O que Hermione mais gostava nessas tardes era de lhe dar pequenos beijos por todo o rosto e deliciar-se depois quando ele fazia o mesmo com ela. Parecia não existir nada além dos dois e do amor que sentiam. E mesmo quando Ginny gritou que não importava quanto tempo eles tinham ficado sem se entender, eles estavam excluindo ela e Harry e os dois não tinham quase nada para fazer um com o outro que não envolvesse camas e roupas jogadas pelo chão, Rony não deu a menor atenção e continuou acariciando os cabelos de Hermione com os dedos. E só quando Harry disse que os dois tavam melosos demais e que sabia que a amizade deles não seria a mesma eles resolveram "sair do universo paralelo" para a vida real.
Exatamente uma semana e dois dias após o começo de namoro dos dois, aconteceu algo que abalou o "sonho" no qual viviam.

- Mamãe, o que tem pro café hoje? - perguntou Rony se espreguiçando. - Eu e a Mione estamos com fome...
- E desde quando você inclui Hermione nas frases? - A Sra. Weasley ergueu uma sobrancelha, enquanto servia ovos e bacon para Tonks.
- Aah... Desde sempre.
- Francamente, Ronald... Eu posso muito bem me servir sozinha...
- Não pedi pra mamãe servir pra você, só disse que estamos com fome...
- Tááá. Chega. - Ginny exclamou, meio de mal humor sentando-se seguida por Harry. - Se encostarmos em vocês dois, sujamos nossas mãos de melado. - Os que estavam sentados riram, menos Rony que se dignou a fazer uma cara séria. - Espero que seja só grude de começo de namoro, porque se for mais que isso... - Ela sacudiu a cabeça. - Harry, me passa o bacon...
E estavam tomando café calmamente, quando ouviram a porta da frente se abrir com estrondo.
Todos pularam da mesa sacando suas varinhas, Rony puxando Hermione para protegê-la.
- Malditos sangues-ruins imprestáveis! Ordinários e usurpadores! Desgraçados! - O quadro da mãe de Sirius começou a berrar do corredor e Alastor Moody adentrou porta adentro. Vários raios estuporantes voaram na direção dele quando entrou, mas, ele bloqueou-os habilmente e gritou:
- Sou eu! Sou eu! Chega.
- Alastor... - A Sra. Weasley exclamou aliviada indo na direção dele, enquanto Tonks exclamava:
- E o Remo?
Moody sentou-se em uma cadeira, desabando, enquanto Tonks corria da cozinha para procurar Remo no Hall de entrada. Todos os outros formaram um circulo em volta de Moody que parecia acabado. Seu olho mágico encontrava-se rachado e vários cortes cobriam seu rosto. Ele escondeu o rosto nas mãos. Tonks voltou, muito nervosa:
- Alastor... Cadê o Remo? - Os cabelos vermelhos muito vivos dela, tornaram-se brancos.
Fez-se um grande silêncio no qual Hermione começou a chorar baixinho, agarrada no braço de Rony. Moody abriu a boca, mas, nenhum som saiu dela:
- CADÊ O REMO?? - berrou Tonks agarrando a frente das vestes de Moody e sacudindo-o. Lágrimas já escorriam livremente dos olhos dela. - ALASTOR!
- Ele morreu, minha menina. - Moody ofegou, pegando na mão de Tonks e dando uns tapinhas consoladores nela, enquanto lágrimas escorriam por seus próprios olhos. - Houve uma emboscada... Muitos deles. Remo não resistiu.
Tonks permaneceu congelada, segurando as vestes de Moody nas mãos, enquanto a comoção se arrastava pelos presentes. Hermione já chorava livremente, acompanhada por Ginny e a Sra. Weasley, enquanto Rony e Harry tentavam segurar inutilmente as lágrimas.
- Oh, Tonks, querida... - A Sra. Weasley esticou os braços na direção de Tonks, mas, essa afastou-se.
- Moody. Chega de brincadeira... Não tem graça.
- Nymphadora. Sei que é um momento difícil, mas, fugir da realidade não vai mudar nada...
- Ele está querendo me enganar, não é? - Tonks chorou, alucinada, saindo correndo da cozinha de novo e gritando: - REMO! PARE DE SE ESCONDER! - Ela voltou pra cozinha, chorando e passou a mão pelos cabelos. - Oh... È mentira. È mentira. Só pode ser. È um pesadelo. - Ela sentou-se no chão e abraçou os joelhos balançando-se pra frente e pra trás. - V-v-vou esperar o Remo chegar... Não saio daqui até ele voltar.
Molly ajoelhou-se ao lado de Tonks e tentou abraçá-la, mas, Tonks empurrou os dois braços de Molly pra longe e continuou balançando-se. - Ele vai voltar. Ele me prometeu. Ele... - Ela parou de se balançar e agarrou os cabelos. De sua boca saiu um uivo de dor tão alto que fez com que o coração dos presentes se apertasse. Molly agarrou-a nos braços, mas, Tonks continuou berrando. - ELE PROMETEU! ELE PROMETEU... Ìamos nos casar... REMO! REMO! - Hermione escondeu o rosto no peito de Rony pra evitar ver aquela cena enquanto Ginny e Harry também iam ajudar Tonks em seu desespero. - Nãããão... Nãooo... O meu amor... O meu amor se foi... - E com um último uivo de dor, ela caiu desacordada.

- Como está Tonks? - perguntou Harry, assim que a Sra. Weasley saiu do quarto, enxugando os olhos na manga rosa da blusa. Após ter perdido os sentidos, Tonks foi levada para seu quarto onde tomou uma poção habilmente preparada pela Sra.Weasley. Harry, Ginny, Rony, Hermione e Moody se encontravam parados ali.
- Ah... A pobrezinha ainda chorou muito antes de a poção fazer efeito. Também... uma perda dessas... - A Sra. Weasley fungou. - Agora está dormindo e Alastor pode nos contar direito oque aconteceu.
Moody suspirou, tão triste e frágil como Harry jamais o vira.
- Vamos nos sentar ali perto da lareira, Deus sabe como estou precisando de um pouco de luz... - Ele mancou pelo corredor até a sala, aonde foi seguido por todos. Quando encontravam-se todos instalados, Harry e Ginny no tapete, Moody e Molly em poltronas e Rony e Hermione em pé de mãos dadas ao lado do fogo, Alastor se pôs a falar:
- Bem... Chegamos na alcatéia quatro dias depois de partirmos. Lupin não tomou sua poção e duas noites após chegarmos, ele transformou-se. Antes, pediu pra que eu ficasse longe, mas, que me preparasse pra fugirmos. Fiquei escondido nas proximidades, em uma espécie de caverna que protegi com um feitico anti invasores, naturalmente. Vigilância constante é oque sempre digo. - Moody tirou o olho mágico da órbita e limpou-o na manga da túnica cinza que usava. - Lupin se integrou ao grupo... Disse que eram guiados por Fenrir Lobo Greyback, oque o deixou meio amedrontado, mas, fora isso, todos o acolheram como igual. Todas as tardes ele dava uma escapada para nosso esconderijo e me contava os horrores que presenciara... Crianças roubadas de aldeias servindo de almoço, jantar... Canibalismo... - Moody sacudiu a cabeça. - No dia em que Lupin me disse que conversaria sobre Voldemort e lutarem pela coisa certa, Greyback apareceu por lá, seguido por mais dois comparsas, também lobisomens. Só posso dizer que ajudei Lupin no que pude... - Moody escondeu o rosto nas mãos. - Greyback o reconheceu da batalha em Hogwarts ano passado. - O rosto marcado de cicatrizes de Moody torceu-se com as lágrimas. - Eles o atacaram. Mesmo não transformados. Lupin matou alguns deles, eu outros... Mas, Greyback o pegou. - Os soluços de Moody eram tão altos que mal se entendia o que ele dizia. - Lupin foi morto... e devorado. Eu teria o mesmo fim se não tivesse aparatado a tempo.
Um silêncio quebrado por soluços seguiu-se após esse relato. Parecia impossível. Lupin morto. Devorado. Era surreal. Harry sentia seu corpo tremer. Não fosse os braços quentes de Ginny envolvendo-o, estaria batendo os dentes. Aquilo parecia um mergulho em águas gélidas de um lago após estar deitado sob o sol por horas. Primeiro Sirius, depois Dumbledore... E agora Remo. Isso apenas provava uma coisa.
Não havia mais tempo. Não. Era hora de partir.
- Oh, Alastor... Que tragédia. - A Sra. Weasley que chorava incessantemente balançou a cabeça. - Acho que precisamos de um pouco de poção. Reanimadora sabe...? Ou talvez mesmo um chá. Venha, querido. - Alastor levantou-se mancando e seguiu a Sra. Weasley até a cozinha. - Querem chá também, queridos?
- Obrigado, Sra. Weasley. - interrompeu-os Harry, erguendo a mão para que ficassem quietos. - Logo vamos.
- Está bem, queridos... Está bem. - E assim que ela virou as costas ele se voltou para Ginny, Rony e Hermione que chorava, muito alterada. Sentiu os olhos arderem.
- A coisa que eu mais queria... - Rony murmurou, acariciando os cabelos da namorada. - Era matar Lobo Greyback.
- Rony! Se o professor Lupin... - Hermione ergueu os olhos pra ele, aterrorizada e pôs-se a chorar mais alto.
- Não é hora pra isso! - Harry exclamou, alterado. - Já temos muito com que nos preocupar! - Os outros olharam pra ele. - Não percebem que chegou a hora? Quantas pessoas que amamos vão morrer até que decidamos partir? - Harry levantou-se, incapaz de permanecer sentado, e começou a andar de um lado para o outro. - Cada dia que atrasamos é mais tempo que Voldemort e seus comparsas tem pra acabar com o mundo bruxo. Preciso terminar o que Dumbledore começou, e se vocês vem comigo, saibam que vamos partir essa noite.


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Esse é o penúltimo cap. da minha fic, agradeço a todos que a lêem, continuem postando suas críticas e elogios, adoro lê-las!

Beijo da Pandora! *_*

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