O Segredo de Agatha



O último dia foi chocante. No dia seguinte ao que eu pedi desculpas ao Potter (eu ainda não superei completamente esse fato), uma conversa estranhíssima com Agatha me levou ao sujeito que ela gosta desde que ela se entende por gente, e que somos amigas. Ela nunca havia me dito quem ele era, e agora eu entendo porque, mas sinceramente? Ela só me contou porque estava com medo que EU me apaixonasse por ele. Agatha Cliverland é (eu digo é, e não está, porque não é um fato momentâneo, pelo contrário, é a coisa mais duradoura que eu já vi) apaixonada por um maroto. Um maroto! Eu tenho que admitir que é o menos maroto dos quatro, mas mesmo assim é um maroto! A conversa que eu tive com ela começou tão estranha, eu mal reconhecia a minha amiga que sempre dava risada dos meus dramas.


Eu estava no salão comunal revisando pela qüinquagésima vez o meu primeiro relatório como monitora chefe. Ainda não havia entregado ao Remo, com medo de ter deixado alguma coisa errada. Isso é paranóia, eu sei! Era só um relatório, afinal de contas!


"Agatha! Acho que terminei por aqui. Vou deixar o relatório com o Remo e depois volto para te ajudar na lição”.Falei tudo muito rápido, já me dirigindo ao quadro da mulher gorda.


"Lily..." Agatha me chamou baixinho. Sério ela estava nervosa. Isso não é nada típico dela! "Posso falar com você um minutinho?"


"Certo”.Eu respondi esperando algum tipo de brincadeira.


"Você vai entregar o relatório ao Remo?" Ela perguntou insegura.


"É". Eu respondi pensando se ela havia bebido alguma coisa anormal.


"Então... Vamos dar uma volta? Preciso falar com você”.


"Agatha, alguma coisa aconteceu?" Eu perguntei, enquanto caminhávamos juntas para a saída do salão comunal.


"Acontece..." Ela me respondeu, e sem explicação parou de falar.


"E o que acontece?". Eu a trouxe de volta a realidade.


"Espere, eu não quero que nos ouçam. Vamos pra os jardins."


"Agatha você está muuuuito estranha". Nós caminhamos, não, Agatha caminhou quase correndo até os jardins. Eu apenas a seguia. Juro que não estava entendo nada!


"Certo”.Ela começou quando julgou que já estávamos distante o bastante. Na minha opinião, nós estávamos quase fora de Hogwarts.


"Qual é o problema?"


"Você é monitora?". Que espécie de pergunta era aquela?


"É Agatha, pelo menos foi o que me disseram." Eu respondi já irritada, mas ela não deu atenção a isso.


"E o Remo é monitor?"


"Quando chegamos as novidades?"


"Então, esse é o problema."


"O problema? Agatha eu juro que estou tentando entender o que se passa nessa sua cabeça, mas você podia dar uma ajudinha, não?"


Ela suspirou meio que sem norte, começou a andar de um lado para o outro como se tivesse que tomar uma decisão muito importante, e finalmente disse. "Ok, eu vou te contar, mas se você rir eu juro que te dou um soco bem no meio da testa."


"É tão sério?"


"É terrível!". Ela parecia mesmo assustada. "Ok, não existem muitas maneira de dizer isso, então eu vou simplesmente dizer."


Eu acenei, ela suspirou e de repente eu fui bombardeada com milhares de informações ao mesmo tempo.


"E gosto do Lupin, e ele é monitor, e você é monitora. E você sabe da tradição dos monitores. E eu estou morrendo de medo que você se apaixone por ele, porque aquele idiota é simplesmente apaixonante e..e..diz - alguma - coisa!". Ela gesticulava com as mãos tão rápido, que eu tive que me afastar par a não receber um tabefe.


"Respira!". Foi a primeira coisa que eu pensei. Tanto para ela quanto para mim.


"Você gosta do Remo Lupin?"


"É".. ela estava com uma cara tão estranha, que se a situação toda não fosse tão chocante, eu riria.


"Você gosta de um maroto?"


"Eu sei que eu estou perdida, pare de fazer essa cara!". Ela disse emburrada, cruzando os braços.


"Eu não acredito que você nunca me contou!"


"Lily, você odeia com todas as suas forças os marotos. Como eu ia te contar que sou apaixonada por um deles?". Agora ela fazia uma cara de quem estava muito doente.


"Mas...mas...ele é um maroto."


"Lily, você precisa superar isso!"


"Então todos esses anos você gostou do Lupin?". Eu perguntei, lembrando da única vez que Agatha me disse sobre o ser misterioso. A única informação que eu tinha sobre ele é que ele estava no mesmo ano que a gente.


"É. Patético, eu assumo!"


"Eu - não - acredito!"


"Você acha que iria estar aqui quase tendo um ataque do coração se não fosse verdade?". Ela estava mesmo exaltada!


"Ok! Vamos acertar umas coisas por aqui.". Eu disse como quem pretende colocar ordem na casa.


"Tudo bem.". Ela parecia satisfeita por eu estar tomando alguma atitude diferente do que falar 'Ele é um maroto!'.


"Primeiro, eu quero saber quando e como essa loucura começou."


"Ah." Agatha COROU. Eu fiquei absolutamente estupefata com isso.


"Isso faz ma!!!". Eu disse chegando a uma conclusão brilhante.


"Terceiro ano, eu acho..." Ela começou como quem puxa algo pela memória. "Quadribol! Grifinória versus Sonserina. Clássico! Eles estavam todos lá. Potter e Black jogando, Remo e Pedro na arquibancada...". Ela falava tudo isso com um ar tão sonhador que eu não sabia se ria ou ficava ainda mais chocada. "Por alguma razão estúpida, inexplicável, bem no momento que eu fui passar pelos dois Potter pegou o pomo. Depois disso eu só me lembro de ter sido esmagada, empurrada por todas aquelas pessoas estranhas que resolveram levantar todas ao mesmo tempo. Juro, quadribol pode ser mais perigoso na arquibancada do que no campo." Ela fez uma pausa quando eu comecei a rir da situação. "Então... eu, eu meio que cai desageitadamente bem no COLO do Lupin.". Ela ficou tão nervosa nessa hora, que eu pensei mesmo que ela iria ter um troço. "Você pode imaginar? Eu caindo no colo do Lupin. Eu queria me matar por ter pés que não se equilibravam em arquibancadas agitadas! Sério eu estava púrpura de vergonha!"


"Eu posso imaginar..."


"Mas o Lupin definitivamente não estava nervoso. Ele me ajudou a levantar, sorriu levemente e disse 'Tome cuidado...'".


"Agatha, você está me assustando com essa cara de quem esta tendo um sonho muito bom.". Ela ignorou esse meu comentário.


"Ele achou aquilo tudo muito normal, ou pelo menos não deixou transparecer que tivesse ficado nervoso ou qualquer coisa do gênero.". Agora ela parecia desolada. "Você vê o meu problema?"


"Agatha, eu nem em sonhos me apaixonaria por um maroto. Pode ficar tranqüila porque o Remozinho é todo seu!". Ela me olhou um tanto quanto brava (eu acho que porque eu me referi ao Lupin como Remozinho), depois disse.


"Você fala isso, porque não conhece o Lupin."


"E você conhece?"


"Sim, quer dizer, não exatamente, mas eu sempre que posso e consigo me controlar falo com ele. Lily, acredite em mim quando eu digo que é muito fácil se apaixonar pelo Lupin."


"Agatha, não se preocupe! Eu não vou me apaixonar pelo Lupin." Eu a assegurei.


Ela ainda me olhou desconfiada, mas depois percebeu que eu falava sério. Sinceramente? Aonde a Agatha estava com a cabeça? Eu me apaixonar por um maroto? Mesmo que ele fosse diferente dos outros! Isso estava fora de cogitação!


"Posso ir entregar o relatório para o seu amado agora?". Eu me controlei para não rir.


"O soco na testa ainda está valendo!". Eu ri.


"É tão estranho ver você, Agatha Cliverland, apaixonada!"


"Lily, para!". Ela riu depois disso.


"Você podia vir comigo entregar o relatório."


"Lily, você não pode propor essas coisas, que acarretam no meu descontrole emocional, sem antes me preparar para isso."


"Agatha, você só vai VER ele! Peloamordedeus! Isso faz mesmo mal!"


"Só ver?"


"Só ver."


E lá fomos nós. A Agatha parecia mesmo nervosa, e eu procurava tranqüilizar ela dizendo que não havia nada de mais. Não pensei que gostar de alguém fosse tão problemático. Pelo menos nunca foi para mim. Não posso dizer que já gostei de alguém do mesmo jeito que Agatha parece gostar do Lupin, mas também não era para tanto, era?


Quanto mais caminhávamos em direção a sala da monitoria, mais distante ela parecia ficar. Isso pode parecer ilógico, mas pelo menos era a minha sensação, porque nós nunca chegávamos! Quando finalmente alcançamos o corredor, cuja última porta se referia a sala tão esperada eu ouvi uma voz que definitivamente quase me fez mudar de planos.


"Aluado, mas não tem como você nos livrar dessa?" A tal voz falava.


"Pontas, se você quiser aprontar das suas não faça de tudo para ser pego."


"Uma decepção Aluado." Uma terceira voz entrou na conversa.


"Black". Agatha sussurrou.


"Porque eles ficam se chamando desse jeito estranho? Aluado, Pontas...". Eu perguntei.


"Eu não sei. Mas já ouvi Remo chamar Black de Almofadinhas..."


"Almofadinhas?". Eu quase comecei a rir.


Nós não percebemos, mas havíamos parado no meio do corredor para ouvir a conversa que se desenrolava.


"Deve ser alguma coisa que só os marotos entendem...". Agatha presumiu.


"Mas eles não ficam se chamando assim em público."


"Não, mas qualquer bom observador conhece esses 'apelidos'."


"Faça-me um favor Agatha, quando você estiver namorando Remo, pergunte a ele o que significa."


"Lily!!!". Ela berrou, nos tirando do anonimato e fazendo com que a porta da monitoria se abrisse.


Lupin, Potter e Black nos encararam um tanto quanto nervosos.


"A quanto tempo vocês estão ai?". Ele perguntou suspeito.


"Fazendo alguma coisa errada, Potter?"


"Depende." Ele respondeu.


"Depende do que?"


"Você me diz. Eu fiz alguma coisa errada?". Ele perguntou isso com um ar angelical falso.


"Vejamos." Eu abri o pergaminho que havia levado para entregas a Remo. "Vocês, Potter e Black, azararam um total de sete pessoas na semana. Nada mal, uma por dia. Também, causaram tumultuo na aula de poções e feitiços. Não, me enganei. Vocês só azararam seis pessoas, sendo que o Snape sofreu um dobro...É talvez você tenham feito algo errado."


Potter fez uma cara de desgosto. "Lily, por favor, você tem que nos livrar dessa. Nós não podemos ficar esse fim de semana em detenção!". Aquilo tudo estava muito engraçado. Potter me implorando para não pegar uma detenção.


"Eu não posso fazer nada.". Aquilo me soou um pouco cruel. Mas eles tinham azarado as pessoas, não? Não havia como escapar. Detenção. "Se vocês não podiam ficar de detenção nessa semana, porque raios fizeram tudo isso?"


"É mais um hábito do qualquer outra coisa." Black se pronunciou.


"Ninguém saiu ferido."


"O Snape passou dois dias na ala hospitalar." Eu respondi rapidamente.


"Mas o Snape, é o Snape.".


"Potter!". Eu berrei o desaprovando.


Quando tudo parecia que ia explodir, eis que surge o amado da Agatha.


"Eu tive uma idéia.". Lupin se pronunciou, e Agatha suspirou. Eu torci para que aquilo tivesse sido inaudível. "Se você concordar Lily."


"Que idéia?"


"Espalhar as detenções. Ao invés de colocá-las para o fim de semana, aplicamos uma em cada dia da semana que vem."


Potter, Black, Lupin e até mesmo Agatha me olhavam com expectativa.


"Por favor, Lily, nós vamos cumprir todas as detenções." Potter pediu mais uma vez.


"Tudo bem..." Eu respondi derrotada.


Mas eu não esperava aquele tipo de agradecimento. Eu o havia feito um favor e era daquela maneira que ele retribuía? Potter correu em minha direção e me ABRAÇOU! "Obrigado.".


Sério eu devo ter ficado num estado de choque depois daquilo, porque não vi nem Potter nem Black indo embora. Só voltei ao planeta Terra quando Agatha me puxou pelo braço e disse que eu estava muito estranha.


"Nós vamos indo então Lupin...". Agatha teve que falar, pois eu definitivamente não estava em condições.


"Certo Agatha.". Lupin respondeu, e eu vi um sorriso iluminado no rosto da minha amiga.


"Espera, espera, espera." Eu disse quando recobrei a fala. "O relatório!". Eu estava esquecendo do que viera fazer. Olha em que estado deplorável o Potter me deixava. Eu já estava sofrendo de problemas de memória.

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