Hum... Ainda Não



Na hora do jantar, imediatamente olhei em volta, procurando Snape, e eu o encontrei, ainda na mesa dos professores, ao lado daquela linda professora da Academia de Beauxbottons, que dava aula de Poções lá. Tremi de ciúmes, mas encontrei os olhos negros dele fixos em mim. Não pude disfarçar um sorrisinho para ele, ao vê-lo ali, e ele não demonstrou expressão nenhuma. Eu desviei o olhar e fui me sentar ao lado de Harry e Gina.
Antes do jantar ser servido, Dumbledore levantou-se, pedindo atenção. Quando todos olharam para ele, ele disse:
- Tenho uma importante notícia para vocês, alunos de Hogwarts – começou o diretor. – A partir de amanhã mesmo o professor Snape já não será mais professor de Poções em Hogwarts.
Os murmúrios começaram impiedosos, e só os sonserinos não pareciam muito felizes com a notícia. Mas Dumbledore mandou todos se calarem e prosseguiu:
- Por motivos que não são do interesse de ninguém, ele está afastado do cargo, mas permanecerá em Hogwarts para concluir suas pesquisas e para manter o estoque de Poções da Ala Hospitalar em dia. Ele também poderá substituir o professor Lupin nas aulas de Defesa contra as Artes das Trevas que ele não puder ministrar. A substituta dele na cadeira de Poções é a professora Marie Voltaire, ex-Beauxbottons.
Aplausos de praxe; aquela vaca se levantou. Quando se sentou, olhou para Snape e sussurrou alguma coisa e começou a rir. Ela tinha um riso lindo; não pude me controlar de ciúmes. Snape deu um sorrisinho no canto da boca, e só. Mas já era uma resposta bem mais educada das que eu recebia. Levantei bruscamente mesmo antes do jantar ser servido e caminhei para fora do salão, mas ouvi Dumbledore dizer am alto e bom som:
- Srta. Granger, é para você ficar.
Todos os olhos em mim; corei muito e voltei ao meu lugar. Eu era uma estúpida, estúpida, estúpida. Dumbledore numa hora me dá esperanças e depois contrata uma veela para dar aula como substituta de Snape.
Comi de má vontade, tendo que ouvir Gina me xingar cada vez que eu ameaçava levantar sem ter terminado de comer tudo do prato. Meu estômago revirava; fazia tempo que ele não trabalhava. Quando finalmente consegui acabar de comer, apenas lancei um último olhar à mesa dos professores, e vi a tal da Marie-Vagabunda-Voltaire muito perto dele, quase sentando no colo dele. Não quis ver mais nada. Saí do salão a passos largos e cabeça baixa.
Mas de repente decidi parar de me fazer de coitadinha. Decidi parar de me sentir a última das últimas. Como Dumbledore dissera mais cedo, se tinha alguém capaz de fazer Snape parar de me odiar, era eu mesma.
O meu maior problema seria achá-lo naquele castelo. Anti-social do jeito que era, eu duvidava que ele apareceria em público além do que Dumbledore pedisse, ou melhor, mandasse.
Fui andando pelo corredor até chegar ao salão comunal, e logo subi para o meu quarto. Abri meu armário e peguei minha camisola branca. Era curta, com alças de renda fina, era mais ou menos transparente, mas não muito, é que era muito leve. Peguei minha calcinha e meu sutiã – sim, eu durmo de sutiã – brancos pra não ficar muito visível, apesar de saber que ninguém veria. E fui pro banheiro, tomar um banho. Quando já estava vestida, me olhei no espelho.
A minha cara estava um pouco melhor do que estivera naquela manhã mesmo, mas minhas olheiras ainda persistiam. Peguei minha varinha e murmurei um feitiço besta e fácil e meu rosto voltou a ser o de antes, exceto pelo fato de que estava mais magra.
Penteei meus cabelos ainda molhados para não ficarem armados quando secassem e prendi tudo num coque displicente. Não estava tão linda quando a Mariazinha, mas com certeza estava bem melhor que antes.
Peguei um livro para ler e me deitei na cama, mas logo desisti. Levantei-me. Olhei o relógio: passava das dez, ou seja, hora de alunos estarem na cama. Eu podia ir até a biblioteca e ver se achava algo melhor para ler.
Desci as escadas, me esgueirando pelas sombras – embora não adiantasse muito por eu estar de branco – e rumei até a biblioteca com cuidado. Quando cheguei, estava fechada, claro, mas para que serve um Alohomora se você não pode abrir portas? Engraçado como até minha magia parecia ter voltado ao normal.
Abri a biblioteca e vi algo que me paralisou: Marie tinha Snape encostado na parede, e estava beijando o pescoço dele com avidez. Os dois estavam vestidos, mas duvido continuariam assim muito tempo se a minha intromissão não os tivesse atrapalhado.
Os dois pararam imediatamente e me olharam, um pouco alarmados.
- Desculpe, mas isso não é hora de alunos estarem na cama? – perguntou ela, com um sotaque francês horrível e um olhar debochado.
- Tecnicamente, sim – respondi, o mais dignamente que pude. – Mas eu posso andar até mais tarde, por autorização do Dumbledore, já que fui monitora-chefe e estou prometendo fazer 12 NIEMs, o que é uma bela publicidade para a escola. Isso me dá o direito de vir à biblioteca à hora que eu quero. E... ah, pelo amor de Deus, tem muitos quartos em Hogwarts!
Snape pigarreou; parecia levemente corado.
- Srta. Granger? – não ignorei a secada que ele deu no meu corpo, antes de voltar a olhar meus olhos. – Sim, sim, concordo que há vários quartos, mas eu vim aqui para procurar um livro que...
- Severo Snape se justificando para a insuportável Sabe-Tudo – debochei, sem conseguir esconder o ódio e a mágoa na voz. – Eu não estou cobrando satisfações; só não quero a querida professora vindo me torrar o saco sendo que é ela que está errada.
- Qual é a sua casa, mocinha? – perguntou ela, com um sorrisinho de deboche.
- Tire pontos da minha casa e você vai ver o que eu digo pro Dumbledore – eu disse. Não sei de onde me veio tanta coragem. Se fosse o Snape eu tinha baixado a cabeça e ficado quieta, mas aquela mulherzinha merecia a forca.
- Isso não é necessário, srta. Granger – disse Snape, parecendo tentar recobrar a dignidade. Devia ser mesmo desconcertante ser encontrado se agarrando com a professora na biblioteca por um aluno. – Eu mesmo posso conversar com o professor Dumbledore.
Marie olhou-o com um meio sorriso.
- Bom, como bem lembrou a mocinha aqui, temos vários quartos em Hogwarts... Vamos, Severo?
Ainda não sei como não voei no pescoço dela, mas o que veio a seguir me surpreendeu. Snape me pediu licença com uma voz muito letal e pegou-a pelo braço de um jeito bastante grosseiro, arrastando-a para fora da sala. Tive que me esforçar muito para ouvir o que ele disse a ela, mas eu ouvi.
- Você não passa de uma vagabunda – ele disse, no melhor tom de Mestre de Poções dele.
Eu o ouvi bater a porta, irritado, e sentar-se à mesa logo à frente da que eu tinha escolhido. Olhei para ele com o máximo desdém que consegui fingir. Tinha umas lágrimas querendo vir, mas eu consegui segurar essas.
- Olhe, srta. Granger, eu... – começou ele, muito desconcertado.
- Mas por que é que você quer se justificar, professor? – eu perguntei, mais irritada do que gostaria de parecer. – Se acha que vou correr pra fazer fofoca para o diretor está enganado. Não sou esse tipo de pessoa. Faz tempo que não dou a mínima para regras.
Ele fez que não com a cabeça.
- Por incrível que pareça, descobri que estou preocupado com a sua opinião a meu respeito, srta. Granger. Sei que não mereço ser ouvido porque nunca aceitei ouvir você, mas você acha que pode me ouvir?
- Mas o que o senhor acha que eu vou pensar, professor? – perguntei, me esforçando o máximo pra fingir indiferença. – Só porque o professor mais sério e durão da escola tava se agarrando com a professora gostosinha na biblioteca? Não estou tão chocada; ela tava se jogando em cima de você durante o jantar.
Novamente ele fez que não com a cabeça.
- Você está pensando exatamente o que eu não queria que você pensasse. Eu não estava me agarrando com ela, como você disse. Eu estava procurando um livro na biblioteca quando aquela... mulher entrou. Não sei se você se lembra, mas ela já esteve aqui antes, no ano do Torneio Tribruxo.
É claro que eu me lembro dessa puta, pensei, irritada, mas consegui simplesmente responder que lembrava.
- Acho que para ela era... uma questão de honra, porque ela não me impressionou nem um pouco nem daquela vez nem dessa...
Sorriso maldito, fica escondido!
- Então ela resolveu jogar bem sujo... Aquela hora que você entrou... foi só um pouco depois dela. Eu estava... em pé, olhando uma prateleira alta e... Bom, você viu...
Ah-ah-ah! Por nada no mundo eu trocaria a visão do Snape ruborizando. Vingança completa! Não precisava de mais nada. Mas eu ainda quis ser só um pouquinho cruel... Pra compensar as minhas olheiras, eu mereço...
- Pela sua cara quando eu cheguei, você não parecia estar muito contrariado... – comentei com a cara mais inocente que consegui fingir.
Sim! Snape ficou da cor de um pimentão. Lindo, quase aplaudi a cena. Ele fechou a cara ao me ver sorrindo um sorriso maroto, e ele disse:
- Leve em consideração que este velho professor que você odeia é também um simples homem.
Meu sorriso desapareceu por completo. Ele podia não saber, mas tinha se revelado, se aberto para mim. Eu nunca, nunca conseguiria imaginar Snape fazendo uma confissão daquelas a alguém, muito menos à detestável srta. Granger.
Eu olhei para o outro lado e decidi me levantar para pegar um livro qualquer e ir embora dali logo, mas ele pigarreou e eu olhei para ele.
- Cubra-se, srta. Granger – ele pediu, e não parecia tão assustador quanto costumava parecer antes.
Eu olhei para mim mesma. Havia me esquecido que estava naqueles trajes. Muito vermelha de vergonha, conjurei um casaco e o vesti.
- Eu não acredito... – murmurei para mim mesma.
- Em que? – ele perguntou.
Pulei pra trás quando notei que ele estava em pé, ao meu lado, olhando para mim.
- Ahn... primeiro eu chego na biblioteca e vejo a... professora agarrando o Snape. Aí, depois, eu noto que estou seminua na frente dele. Isso é muito... constrangedor.
Ele assentiu.
- Deve ter sido bastante constrangedor. Mas para mim poderia ter sido pior. Poderia ter sido o Potter entrando...
Eu não sei como, mas ri daquele comentário; me surpreendi ao ver que ele me sorria de volta.
- Ele provavelmente teria feito cara de ânsia de vômito um pouco depois de gritar QUE NOJO! – acrescentou Snape, com um meio sorriso no canto nos lábios, parecendo estudar a minha reação.
Gargalhei. Juro que gargalhei. É bem o tipo de coisa que Harry faria, muito provável. Snape sorria para mim.
- Você não está mais horrorosa – ele comentou, mas não senti segundas intenções no comentário. – Eu realmente te fazia mal.
- É, você me fazia mal, mas eu preferia que você tivesse só parado de falar daquele jeito comigo, sem precisar deixar de ser meu professor – eu disse, e ofereci um sorriso amistoso.
Bom, ele achava a tal da Mariazinha uma vagabunda e uma burra. Posso dizer que não sou nenhum dos dois e, apesar de estar magra demais, eu não tinha um corpo dos mais feios. Ele ficou me secando, depois mandou eu me cobrir. Agora estava sendo gentil, à moda dele. E tinha dito antes que eu era a aluna preferida dele. Mesmo que não fosse verdade, pelo menos uma boa aluna ele deveria me considerar. Algo me dizia que eu tinha chances...
- Nunca fui um bom professor – ele comentou, olhando para a estante.
- Era sim, quando não tava me xingando...
- Já pedi perdão. Você quer que eu me ajoelhe? – perguntou ele, um pouco mais grosseiro do que antes. Eu tive um sobressalto com a súbita mudança de humor dele.
- Calma. Eu só fui sincera. Eu gostava das suas aulas quando você tava só explicando a matéria...
- Ah, me perdoe por essa minha variação de humor. Ainda estou bastante constrangido com a cena que você presenciou.
Eu sorri.
- Bom, você me viu com a minha camisola, então estamos quites – eu disse, meio que rindo.
E olhei para a prateleira. Mas o livro que eu queria tava do outro lado da biblioteca; eu só não queria sair de perto dele.
- Ahn... srta. Granger, faz muitos anos que não venho a esta biblioteca, e na minha não tem o livro que estou procurando – ele disse, meio desconcertado. – Você por acaso sabe onde tem o livro de Poções Avançadas do 7º Ano para Professores?
Eu dei um sorriso leve e deslizei calmamente pela biblioteca, tendo consciência do olhar dele em mim. Fui direto para a prateleira e não precisei procurar para saber onde estava; fui direto ao livro. Entreguei-o nas mãos dele e fui procurar o meu sem nem falar com ele.
- Da próxima vez que eu quiser um livro vou falar com você – eu o ouvi dizer, logo às minhas costas. – Eu estava há duas horas e meia procurando esse maldito livro!
Eu o olhei, rindo.
- Eu pego esse livro sempre que venho aqui... Todos de Poções, DCAT e Feitiços, na verdade. Já decorei ele, se quiser, ou se tiver algo muito apagado pelo tempo.
- Hum... você sempre foi de decorar definições de livros – ele comentou.
- Na verdade, eu montava a minha própria a partir de definições de vários livros diferentes – eu disse. – Mas dá na mesma, porque o vocabulário é técnico.
- E para que você ficava pegando tantos livros, além de se distrair, claro? – ele perguntou, sentando-se a uma das mesas e abrindo o livro, mas olhando para mim.
Ai! O Snape tá mesmo interessado em saber? Bom, melhor ser eu mesma... Seja o que Deus quiser...
- Ah, é que... – corei um pouco. – Além de descobrir um jeito de fazer o senhor parar de me odiar...
- E em que um livro ajudaria exatamente? Estava procurando alguma poção ou algo assim? – perguntou ele, sério, olhando para dentro dos meus olhos.
Aha! Dessa vez eu tinha uma varinha e a minha oclumência ia bem , obrigada.
- Bom, na verdade, eu pretendia ver se achava um jeito melhor de fazer uma poção ou outra, mais ou menos daquele jeito que o senhor fazia quando era o príncipe mestiço.
Ele assentiu e perguntou:
- E o que você pretendia com isso?
- Bom, achei que... mesmo sendo grifinória, trouxa, amiga do Harry... Se eu conseguisse descobrir alguma coisa que despertasse o seu interesse... Achei que o senhor esqueceria quem eu era, se aceitasse ouvir as minhas teorias... Era um plano maluco, meio improvável, mas pelo menos tomava meu tempo...
- E pra que esse esforço em me fazer esquecer quem você era? – perguntou Snape, calmamente.
Comecei a me sentir acuada. Eu poderia mentir facilmente, dizer que sempre gostei de agradar aos professores, o que não era mentira, mas a minha maldita cara tinha que ficar toda vermelha! Ele não precisava ler a minha mente para saber o que eu tava pensando. E, pelo sorrisinho no canto dos lábios, eu logo vi que ele tinha entendido. Ainda assim, tentei mentir.
- Bom, eu nunca gostei de ser detestada pelo senhor... Sempre acostumada a ser louvada pelos professores... Sei que vai me xingar por isso, mas é meio uma questão de honra...
Ele sorriu aquele mesmo sorrisinho irritante e murmurou um “sei” antes de pôr os olhos no livro. Eu ia sair à francesa, porque achei que ele já tinha terminado o interrogatório, mas ele, sem levantar os olhos do livro, perguntou:
- E descobriu alguma coisa que pode ser melhorada?
- Sim, senhor – respondi. Aquilo significava que eu ia poder ficar mais tempo perto dele?
- Por exemplo o que? – ele perguntou, fechando o livro e olhando para mim.
- Ah, tenho as anotações enormes no meu quarto – eu disse. – Eu posso ir pegar se o senhor fizer questão de...
- Não, não, temos muito tempo – ele disse. – Agora não tenho nem metade das obrigações de antes. E Dumbledore me disse que, se eu me comportasse direito nas aulas de DCAT que eu desse no lugar do Lupin, ele me deixaria voltar a dar aula de Poções para o sexto e o sétimo anos. Ou seja, nada de cabeças-ocas na sala.
- Hum... parece bom – comentei.
Ele arqueou a sobrancelha. Logo entendi que meu comentário tinha sido meio ambíguo, mas juro que não foi de propósito.
- Bom, então vou pegar o meu livro e ir pra minha cama, antes que a dona Mariazinha resolva voltar – eu disse, rindo, e ele fechou a cara.
- Você vai engolir isso – ele disse.
- Vou, é? Quantos pontos mesmo o senhor vai me tirar? Ahn... nenhum? Boa noite, professor Snape!
Peguei o livro que eu queria e saí. Eu me encostei à parede logo do lado de fora e suspirei. Parecia que eu estava indo bem. Veio à minha cabeça a idéia de que Dumbledore teria contado para Snape e, se ele tivesse feito isso, eu mataria ele com as minhas próprias mãos.

No dia seguinte, organizaram as carruagens para Hogsmeade, mas eu disse a Dumbledore que pretendia sair da propriedade e aparatar para o povoado. Carruagens demoravam demais e eram tediosas. O diretor concordou e disse que eu podia ir, e por isso fui, livre.
Meus cabelos estavam bem melhores. Eu tinha adorado voltar a cuidar deles. Eles eram muito enrolados, e eu não queria que ficassem lisos. Era só cuidar que ficavam com umas ondas perfeitas. Era final do inverno, por isso um ventinho frio ia contra mim e fazia meus cabelos esvoaçarem. Eu estava me sentindo tão mais leve! Mesmo não sendo amada, era uma vitória tão grande não ser mais detestada!
Cheguei ao lado de fora da propriedade e aparatei dali, apenas para desaparatar na frente da loja de artigos Poções. Eu queria ir à loja para começar a desenvolver eu mesma as minhas próprias pesquisas. Mataria uns três ou quatro coelhos de uma vez só: aumentaria meus NIEMs de Poções, teria uma bela distração para fora do horário de estudos, teria mais chances de ingressar na Universidade de Poções de Londres, e, sempre que surgisse uma duvidazinha eu correria para procurar uma resposta. Se nenhuma viesse, eu poderia falar com Snape. Então teria que explicar toda a minha pesquisa a ele. Sim, isso o deixaria impressionado, não só um belo corpo de uma vagabunda que se joga nele. É claro que, como ele mesmo lembrou, ele era homem também. Bom, tenho vários lados por onde atacar.
Estava com esses pensamentos quando entrei na loja. O dono de lá me saudou com entusiasmo e veio correndo ele mesmo me atender e perguntar por que eu ficara tanto tempo sem aparecer por lá.
- Bom, eu tava mal, meio depressiva... Agora que melhorei.. estou de volta – eu disse, rindo.
- E aquela sua pesquisa, já conseguiu algum resultado? – perguntou ele, com visível interesse.
- Bom, na verdade... eu comecei a fazer os cálculos e coisas assim, mas não tirei do papel ainda... Tá difícil, estou achando um monte de erros. Sabe que sou meio perfeccionista, né, num quero falhar na prática se ainda tiver falhas na teoria...
- Mas você tem que ir se adaptando aos poucos – disse ele. O nome dele, se não me engano, era Aurelius Brown, era um velho mestre de Poções.
- Ah, sim, senhor, mas são falhas demais. E eu ainda não estou planejando um atentado contra Hogwarts...
Ele riu e eu também.
- Você trouxe aquelas suas anotações? – ele perguntou, cochichando, como se fosse um segredo. – Eu gostaria de dar uma olhada, para saber em que passo você está...
- Ai... só trouxe a lista dos ingredientes que eu estou precisando – respondi, fazendo uma careta. – Me desculpe, sr. Brown, não pensei que se lembrasse de mim depois desses meses todos...
- Mas você é um gênio! Quem poderia se esquecer de você? – perguntou ele, um tanto dramático. – Venha, venha, deixe-me ver essa sua lista! Faço questão de atendê-la pessoalmente.
Estávamos indo para um corredor mais especializado, do lado daquele, e dei de cara com Snape.
- Ahn... oi, professor – eu disse.
Algo no rosto dele me fez pensar que ele havia prestado muita atenção na minha pequena conversa.
- Ah, Snape! – exclamou ele. – Essa mocinha é sua aluna?
- Era, até ontem, quando deixei o corpo docente de Hogwarts – disse ele friamente.
- Ah, é, você me disse – o sr. Brown pareceu pesar com aquilo. – Mas tente olhar os trabalhos desta jovem aqui; ela tem umas idéias geniais! Você já mostrou algo para ele, Granger?
Eu estava muito vermelha, muito mesmo.
- Ahn... não – murmurei.
- É, nunca fui um professor muito receptivo – disse Snape calmamente. – Mas agora que tenho mais tempo... Quem sabe, não, srta. Granger?
- Bom, vamos, vamos. Pego todos os ingredientes que você quiser num minuto... – disse o sr. Brown. – Por minha conta, claro.
Arregalei os olhos; não faço idéia da expressão do Snape.
- Ahn... não, não, senhor, não posso aceitar... São tão caros...
- Por isso mesmo! – disse o sr. Brown. – Seus pais estão mortos, então você só poderá contar com o dinheiro que eles te deixaram, e sei bem que não foi muito... Esses ingredientes já comeram uma boa parte da sua conta em Gringots e... Nenhum teste é perda, mas sim ganho, minha menina!
Ele parecia mesmo entusiasmado, mas fiquei um pouco vexada por Snape ouvir sobre a minha situação financeira.
- Bom, então... tá, mas... olha, eu pago pelo menos a metade... Os ingredientes são mesmo caros e... eu não ia me sentir bem de deixar o senhor levar um prejuízo desses por causa das minhas idéias malucas...
- Presente de aniversário, Natal e do que mais você quiser – retrucou ele. – Você não vai pagar nada. Se quiser se sentir melhor, considere isso um suborno barato para você voltar aqui mais vezes, em vez de me abandonar sem notícias por meses!
Eu sorri e ele, arrancando a lista gigantesca das minhas mãos, correu de um lado para o outro, enchendo uma cesta rápida e cuidadosamente.
- Hei! Não posso vender isso para um estudante, nem mesmo um maior – disse ele, analisando um certo ingrediente da minha lista.
Tirei um pedaço de pergaminho da parte interna do meu casaco e entreguei a ele.
- Bom, agora eu posso, já que aquele velho maluco autoriza – disse o sr. Brown, alegre, elétrico, sorrindo.
Snape estava ao meu lado, de braços cruzados, observando o movimento do velho dono da loja.
- O que o senhor queria era muito urgente? – perguntei para Snape. – A minha lista é... extensa.
- Eu vi... Tem um metro mais ou menos – comentou Snape. – Onde é que você trabalha com isso tudo?
- Ahn... no meu quarto – respondi, preparada para levar uma bronca.
- Dumbledore permite isso? – perguntou ele, parecendo muito irritado. – Ele não sabe que existem ingredientes que reagem de jeito imprevisto? Algumas fumaças são tóxicas, sabia?
- Sim, mas quando esse tipo de acidente acontece eu vou dormir no quarto da Gina.
- Dumbledore autoriza você a comprar estricnina em pó e não te dá um laboratório nas masmorras? – perguntou Snape, cruzando os braços.
- Bom – eu corei muito. – Ele chegou a oferecer, mas... ele disse que tinha que pedir autorização para o senhor porque as masmorras são o seu domínio...
Snape pareceu compreender. Eu virei o rosto logo, para ver o sr. Brown com uma cara muito alegre, ainda pegando as coisas no meio da lista.
- Ai... estou com peso na consciência de deixar ele me dar isso tudo – murmurei, mais para mim do que para ele.
- Bom, ele parece realmente empolgado com a sua pesquisa particular, qualquer que seja ela – disse Snape.
- Bom, ela tá incluída naquilo que eu tava falando ontem pro senhor... – comecei.
- Assim vai fazer eu me sentir muito importante, srta. Granger, isso tudo começou para conseguir uma trégua comigo... – ele disse, com um meio sorriso.
- Bom... é – eu disse, corando incontrolavelmente. – Viu só? O senhor não me faz tão mal assim!
Ele assentiu. O sr. Brown ainda andava de um lado para o outro.
- Aqui! Pronto! Finalmente, meu anjo! Tudo aqui, de presente para você. E veja se vem visitar esse pobre velho de vez em quando aqui – disse ele, sorrindo e me entregando uma cesta enorme. – Bom, eu não usaria um feitiço encolhedor nisso aqui...
- É, eu sei... Se as escamas de sucuri reagirem com o cianeto de sódio... – murmurei sorrindo. – Era uma vez Hermione Granger... Pode deixar, sou razoavelmente cuidadosa.
A cesta era enorme, mas eu conseguia carregar.
- Espere, Granger – disse Snape, quando eu estava indo. – Tenho bem menos ingredientes para comprar. Posso levar os seus para Hogwarts enquanto você vai fingir que é uma adolescente normal por Hogsmeade.
Eu ri; ele deu um sorrisinho no canto dos lábios.
- Aí eu aproveito e levo tudo para um laboratório de verdade... O que é acoplado ao meu está desativado, e não vou precisar dele. Está sujo e inabitado há alguns anos, mas nada que uma boa varinha não resolva.
Meu sorriso foi enorme. Eu ia poder fazer a minha pesquisa num lugar decente sem precisar dormir no chão depois e ainda ia ficar pertinho do Snape... Que mais eu poderia querer (por enquanto)?
- Ahn... se não for dar trabalho... – eu disse.
- A não ser que você queira vir comigo ver as coisas lá e depois faça o seu passeio... Ou então... Bom, vou demorar uma hora aqui, porque os meus ingredientes são menos mas são mais perigosos, caros e raros... Portanto, vamos demorar, não, sr. Brown?
- É... pode deixar as coisas aí, Granger. Volte daqui a uma hora e meia mais ou menos...
Eu assenti, deixei as coisas no lugar que ele me mostrou e saí da loja, rumo à concentração de lojas de roupas.
Bom, não vou descrever como foi experimentar umas dez mil roupas diferentes, porque isso não interessa mesmo. O fato é que voltei carregada de sacolas para a velha loja de Poções.
- Viu? Você pôde gastar o seu dinheiro em algo melhor para você, e aposto que foi bem menos do que gastaria aqui – disse o sr. Brown.
- É verdade – eu disse. – E então, professor, já terminou as suas compras?
- Já – disse ele. – Mas tenho que comprar um casaco novo, desculpe por esquecer de avisar... Será bem rápido.
- Não tem problema.
- Bom, nos encontramos daqui a meia hora, então? – ele perguntou.
Assenti e pedi para o sr. Brown guardar tudo pra pegarmos depois. Incrível, ele nunca acha que estou abusando da paciência dele!
Segui para um lado e ele para o outro. Então me lembrei de uma loja que eu queria muito visitar, porque ia ter a festa de comemoração de um ano de morte do Voldemort, e eu tinha que ir. Tinha que comprar um vestido! A festa ainda estava longe, mas era melhor já deixar o vestido comprado para não ter problemas depois... Além do mais, vestidos caem pela metade do preço quando não é época de festas.
Fui a passos largos para a loja em questão. Vendia roupas de gala femininas e masculinas, mas só os vestidos me interessavam. Uma vendedora mais velha, que costumava atender eu e as meninas quando tínhamos bailes de Hogwarts para ir, correu para mim.
- Granger, você está viva! O que a trás para esses lados? – perguntou ela.
- Daqui a um mês tem a festa de um ano de morte do Voldie – eu expliquei, ignorando a careta que ela fazia. – E é na primavera. Você tem alguma coisa muito especial pra mim, Dora?
- Claro, minha florzinha... Nossa, você está mais magra... Mas tá com um corpo escultural... – comentou ela. – Tenho um modelo legal para você...
- Ah, não, poupe-me dos seus espartilhos assassinos! – exclamei, mas estava de bom humor.
Ela fez uma careta.
- Você ia ficar linda com um dos espartilhos que temos... – retrucou a vendedora.
- Tá, mas não adianta ficar linda se eu não conseguir respirar... – eu disse. – E eu não tenho seios; odeio fingir que tenho!
- Não seja exagerada, Granger – disse ela. – Bom, vamos ver o que tenho para você aqui...
Ela olhou em volta.
- Alguma sugestão? – perguntou ela.
- Acho que a srta. Granger vai ficar bem de verde musgo.
Dei um pulo para trás. Snape de novo! Tá certo que eu amava ele, mas aquilo já era demais!
- Você tá me seguindo? – perguntei.
- Claro que não; eu disse antes que vinha comprar um casaco – ele disse, sacudindo os ombros.
- Eu não sabia que era aqui – eu disse.
- Aha! – gritou Dora, assustando tanto eu quanto o Snape. – Achei um lindo! Concordo com ele, Granger, você vai ficar linda de verde musgo. Combina com a cor da sua pele e do seu cabelo.
Eu fiz uma careta.
- Vai querer que eu use adereços prateados também, professor? – perguntei.
- Não, dourados é melhor – disse Dora. – Olha, parece que estamos misturando Sonserina e Grifinória!
Eu e Snape trocamos um olhar, um pouco constrangido por parte de ambos. Posso jurar que ele pensou a mesma coisa que eu!
- Ahn... e como é o vestido? – perguntei para ela.
Ela pegou o vestido e me mostrou.
- Mas... essas costas... muito abertas, eu não... não sei se... – Deus, como era constrangedor escolher um vestido na presença de Snape!
- Muito abertas? Aquilo ali na vitrine são costas abertas... Isso aqui não tem costas!
Ruborizei até a raiz dos cabelos.
- Então, o que está esperando para ir experimentar? – perguntou Dora.
Fiquei ainda mais vermelha, mas eu não ia deixar Snape ver que eu estava tão constrangida por causa dele. Fui para o provador e tratei de me trocar. O tecido das costas começava só a partir de uns dois dedos acima da bunda. Tinha um decote quadrado na frente, era longo, de mangas regatas adornadas com pequenas flores douradas. As costas eram abertas demais e o lado dos seios era ligeiramente visível, porque a abertura corria um pouco para os lados. Corei muito ao imaginar que Snape me veria daquele jeito, mas tentei me acalmar. Respirei fundo e abri a porta do provador.
Quando saí, metade das vendedoras da loja estava esperando, mais Snape, que estava de braços cruzados com cara de entediado no fundo, como se fosse muito árdua a tarefa de esperar.
As vendedoras assobiaram e aplaudiram.
- Ah! Foi feito para ela! – disse Dora, rindo. – Está linda! Agora, dê uma voltinha para vermos as costas...
Corei muito, mas decidi ignorar a presença constrangedora de Snape. Dei uma volta demorada e bastante afetada.
- E então? – perguntei rindo, ainda de costas, meio de lado, olhando para elas.
Mais aplausos. Arrisquei um olhar rápido para Snape e vi os olhos dele brilhando de um jeito muito estranho.
- Imagine só... o rapazinho que for te acompanhar na festa... – começou Dora, com um ar sonhador que me lembrava muito a saudosa Luna Lovegood. – Ele vai dançar com você... Não vai ter onde encostar se não for em pele nua...
Fiquei mais vermelha que um tomate; senti minhas faces queimando. Uma das vendedoras disse:
- Alerta vermelho! Alerta vermelho! Homem presente! Homem presente!
Todas olharam para Snape.
- Eu estou no meu canto – ele se defendeu.
- Não é isso – eu disse rindo.
- O que é então? – perguntou ele.
- É que os homens têm que continuar pensando que eles é que falam bobagens, e que as mulheres são santas e puras...
- É, a Daharana avisou porque senão o nível aqui ia descer – eu disse, rindo. – Aí o senhor ia ficar constrangido.
- Vai levar o vestido, Granger? – perguntou Dora.
Fiz uma careta.
- Você sabe que sou condicionada aos meus bolsos – disse Hermione. – E você tem a triste mania de escolher os mais caros para mim.
- Hum... Três galeões é muito para você? – perguntou Dora.
(N.A.: o valor dos galeões aqui foi usado comparativamente com o livro 6, em que uma jóia preciosa foi vendida a dez galeões, como sendo um preço alto, mas baixo para a jóia)
Meu queixo caiu.
- Impossível, Dora, acho melhor você pegar alguma coisa mais simples, e rápido, antes que o professor Snape me mate – eu disse, lançando a ele um olhar de incerteza.
Ele suspirou.
- Embrulhe o vestido, Dora, ela vai levar – disse Snape.
- Mas eu não posso pagar tudo isso, eu... – comecei.
- Embrulhe, Dora. Por minha conta – disse Snape.
Abri a boca para protestar, mas ele me interrompeu.
- Você ficou bem nele, vai ser uma bela vitória ver uma grifinória com as cores da Sonserina e não estou com paciência para ver a madame experimentando quinze mil vestidos.
- Mas então eu venho outro dia e... – comecei.
- Embrulhe, Dora, o dinheiro é meu e faço com ele o que eu quiser – disse Snape.
- Eu não vou usar – eu retruquei, cruzando os braços.
Ele suspirou, irritado.
- Já fui comensal, e posso usar uma Império em você sem peso na consciência – retrucou ele.
- Tente a sorte! – exclamei, desafiante.
- Granger, aceite o presente por caridade a mim, então, que recebo comissão por venda – disse Dora, tentando apaziguar os ânimos.
Cruzei os braços, irritada.
- Ih, ih – riu Daharana. – Acho melhor você não cruzar os braços assim; uma boa parte do lado dos seus seios ficam à mostra.
Corei muito e corri para o provador. Me troquei rápido e logo que cheguei ao caixa, decidida a pagar eu mesma os malditos três galeões, o vestido já estava embrulhado e pago.
Quase xinguei Snape de muitos nomes feios que me vieram à cabeça, mas peguei a sacola e saí logo da loja, afinal não queria escândalos.
Andamos lado a lado em silêncio até a loja de Poções e, depois de pegar nossas compras, aparatamos na frente dos portões de Hogwarts.
Ainda andamos em pesado silêncio; eu estava tendo dificuldades com a minha cesta. Ele pegou-a das minhas mãos e, como eu insistisse que ele não podia carregar tudo sozinha, ele me deu os ingredientes dele para levar, dizendo que tinha um muito perigoso no meio.
Mais um pouco de silêncio, até que ele comentou:
- Você... hum... ficou bastante atraente com aquele vestido – ele disse, parecendo não ter muita certeza de que estava falando o certo.
Fiquei escarlate, pior que um pimentão.
- Ahn... obrigada – consegui balbuciar.
Achei que ele ia falar mais alguma coisa, mas não falou.
Finalmente chegamos às masmorras e aquele silêncio constrangedor acabou.
Deixamos tudo na bancada do laboratório dele (que laboratório!) e ele abriu a porta que dava para o meu. Estava empoeirado, cheio de teias de aranha, mas tinha uma bancada enorme e maravilhosa, um armário gigantesco para os ingredientes e uma pia profissional. Abri um sorriso enorme. Apesar da sujeira, para quem não tinha nada era o paraíso.
- Bom... eu vou correndo guardar as roupas depois virei correndo limpar aqui, pode ser? – perguntei.
- À vontade, é seu – disse ele, sacudindo os ombros. – Você apenas terá que entrar pelo meu laboratório por enquanto, enquanto não consigo uma porta nova para cá... A daqui está muito velha e está emperrada, além disso.
Corri a todo vapor e joguei as compras de qualquer jeito em cima da cama, para depois correr de volta às masmorras. Eu estava feliz porque só havia alunos do primeiro e do segundo ano na escola, já que o resto estava em Hogsmeade. E o mais legal era que os pivetes estavam nos jardins.
Mas, ao chegar no andar, ouvi vozes vindas do laboratório. Parei.
- Marie, se você não quiser receber uma Cruciatus saia daqui imediatamente. Estou esperando uma aluna aqui e...
- Ai, Severo, acho a sua voz tão sexy... – a vagabunda murmurou com uma voz de puta das melhores.
- Tudo bem, saia daqui – ele disse, sem emoção nenhuma.
- Hum... você me despreza... É por isso que eu quero você – ela disse. – Vou te fazer rastejar, seu orgulhoso...
- Tá, mas já pode sair – disse ele com um ar entediado.
- E se eu fizer isso? – só ouvi a voz dela seguida de perto por um gemido abafa do... dele.
- Você não passa de uma vadia – ele disse, mas a respiração já entrecortada.
- Bem que você gosta, né?
- Na verdade, não – ele disse. E deixou a voz mais letal e mais sussurrada para dizer: - Você é o tipo de mulher que serve para ser usada uma ou duas vezes e depois jogada fora.
Eu ouvi um tapa ruidoso e fiz questão de recuar muitos passos, para depois fazer de conta que vinha casualmente pelo corredor. Ela passou tão rápido que nem me viu. Entrei pouco depois; ele arrumava as coisas calmamente, mas a respiração estava acelerada. Evitei olhar mais para baixo no corpo dele... Evitei mesmo, eu não queria que ele me surpreendesse procurando... alguma coisa ali.
- Ah, Granger... Quer ajuda com a sua sala?
- Minha sala – repeti. – Isso faz eu me sentir importante... É bem sonoro... minha sala. Mas não, obrigada, eu tenho que ver onde eu ponho cada coisa.
Abri a porta e disse que ia deixar a porta de ligação entre os dois laboratórios aberta. Ele assentiu e voltou a arrumar as coisas dele. Eu fui para o meu laboratório e tratei de começar a arrumar aquela bagunça. Enquanto fazia, cantava uma música que me vinha à cabeça. Era a I don’t Wanna Miss a Thing, de outra banda trouxa, o Aerosmith.

I colud stay awake just to hear you breathing
Eu poderia ficar acordada apenas para ouvir você respirar

Watch you smile while you are sleeping
Assistir você sorrir enquanto você dorme

While you’re far away and dreaming
Enquanto você está longe e sonhando

I could spend my life in this sweet surrender
Eu poderia gastar a minha vida nessa doce entrega

I could stay lost in this moment forever
Eu poderia ficar perdida nesse momento para sempre

And erevy moment spend with you is a moment I treasure
E cada momento gasto com você é um momento que eu louvo

I don’t wanna close my eyes
Eu não quero fechar os meus olhos

I don’t wann fall asleep
Eu não quero dormir

Cause I’d miss you, babe
Porque eu sinto sua falta, querido

And I don’t wanna miss a thing
E eu não quero perder nada

Cause even when I dream of you
Porque mesmo quando eu sonho com você

The sweetest dream will never do
O sonho mais doce nunca será o suficiente

I’d still miss you, babe
Eu ainda sentiria sua falta, querido

And I don’t wanna miss a thing
E eu não quero perder nada

Não sei por quê, mas um silêncio mortal se fez na sala ao lado. Senti uma necessidade absurda de perguntar se estava incomodando, afinal ele adorava o silêncio, ao que ele respondeu aparecendo na porta.
- Incomoda, mas dá para suportar – ele disse calmamente. – Eu apenas me perguntava por que a srta. Granger anda tão romântica... Quem será que deixou a sabe-tudo assim?
- Nem queira saber – respondi com um suspiro. E voltei às minhas tarefas. O laboratório já estava surpreendentemente arrumado.
Mas de repente eu o senti me abraçar pelas costas, na cintura. A boca dele no meu pescoço, aquela respiração quente na minha orelha... Fiquei completamente molhada entre as pernas de uma hora para a outra; senti meu coração acelerar e minha respiração se descompassar.
- Acho que vou persuadir você a me contar... – ele sussurrou no meu ouvido, e estremeci.
Ele sentiu meu estremecimento. Aquelas mãos grandes dele eram bastante ousadas, e começaram a correr um pouco para cima e para baixo no meu corpo, mas não muito. Nem muito ao sul nem muito ao norte.
- Ser seu professor sempre foi terrível... – eu o ouvi sussurrar no meu ouvido, também ele com a respiração entrecortada. – Tudo o que eu queria fazer eu não podia.
Estremeci mais uma vez, incapaz de responder. Só agora eu notei o quanto estava vulnerável. Sozinhos nas masmorras num dia em que não havia ninguém no castelo.
A língua dele passeou pelo meu pescoço de um jeito que me fez gemer; eu ouvi uma risadinha vinda dele. Céus, que risada deliciosa!
- Acho que você gosta disso... – ele sussurrou. – Hum... vejamos... Do que mais será que você gosta?
Uma das mãos dele começou a descer, mas eu a segurei. Ele parou e senti o olhar dele em mim.
- Me desculpe – ele disse, mas ainda sem me soltar. – Você não quer?
- Só acho que... parece que você está com muita pressa – murmurei, com a respiração acelerada. Ah, sim, eu o queria, mas tinha uma questão de orgulho grifinório no meio de tudo.
- Ah, entendo – ele beijou meu pescoço e me soltou.
Ah! Droga! Senti falta daquele toque dele.
- Seu laboratório está ficando muito bom – ele disse, olhando em volta. A respiração já estava começando a se regularizar nele, mas ainda havia um estranho volume além do normal, perceptível mesmo ele estando com o sobretudo. Não fiquei dois segundos olhando para lá. – Pelo menos já conseguiu deixá-lo limpo. Já vai começar a arrumar os materiais?
Eu o olhei, ainda um pouco envergonhada, mas me levantei e abri o armário para ele ver. Ele pareceu se espantar. Claro, eu já tinha tudo organizado e mais ou menos catalogado lá dentro.
- Você fez isso tudo em menos de meia hora e ainda reclama que eu estou com pressa?
Eu ri do comentário, ele deu um sorrisinho e disse que ia terminar de guardar os novos ingredientes dele.
Continuei com os meus trabalhos, arrumando o armário, limpei a pia. Ajeitei toda a bancada. Passei pelo escritório dele rumo ao corredor; ele estava lavando caldeirões.
- Já vai fugir? – ele perguntou.
- Não, não. Tenho que pegar os meus caldeirões e minhas anotações e meus outros ingredientes... Bom, tenho que pegar tudo relativo às minhas poções. Tudo no meu quarto. Vou ter que subir e descer umas vinte milhões de viagens, mas tudo bem...
- Eu posso ajudar – ele disse calmamente.
Fiz uma careta.
- Sonserinos não entram no salão comunal da Grifinória, professor.
- Eu posso esperar você do lado de fora. Tenho aqui um carrinho para transportar caldeirões. Alguns vidros de ingredientes podem vir dentro de caldeirões. Quantos você tem?
- Quatro – respondi. – Um de aço, um de titânio, um de cobre e um de prata com zinco.
- Prata com zinco? – perguntou ele, fazendo uma cara de interesse.
- Estou trabalhando em uma poção inoxidante, senhor – respondi, corando um pouco.
- Até onde eu me lembre, só temos feitiços para esse fim – disse ele, e parecia tentar disfarçar estar impressionado. – Está conseguindo?
- Bom... no plano teórico, está quase pronta... – respondi, esquecendo a vergonha e pegando um pedaço de pergaminho que estava no lixo dele. Comecei a rabiscar. – Tenho que dosar algumas quantidades ainda... Claro, é uma poção não-ingestível, para fins de limpeza de laboratório, mas acho que pode ser importante... Caldeirões e prata oxidam com muita facilidade, e eles são usados para fazer a poção mata-cão. São muito caros... Por isso projetei o caldeirão de prata com zinco... Deu um trabalho, mas achei que, se conseguisse uma liga mais ou menos estável, seria mais útil, porque o zinco não é tão eletronegativo, então daria estabilidade... mais difícil de oxidar... Os fabricantes de caldeirões de prata ganham rios de dinheiro com isso... Eles vão mandar me matar, mas eu nem ligo... E... ai, estou te irritando? Falei muito rápido?
Olhei para ele com incerteza, mas ele ainda analisava meus rabiscos.
- Isso é... – ele estava procurando uma palavra – incrível. Eu nunca tinha pensado em algo tão... tão simples... Dumbledore me xinga toda vez que peço um caldeirão de prata novo... Mas como você fez para projetar um caldeirão?
- Bom, primeiro eu procurei as normas de segurança do Ministério da Magia da Inglaterra e os padrões internacionais – fiz um esforço para me lembrar. – Tenho tudo anotadinho, caso eu precisasse projetar outro. Depois que tinha todas as medidas e bla bla bla, tive que conseguir a prata e o zinco... Bom, fui revirar os seus lixos. O senhor nunca me pareceu alguém que se importasse em reaproveitar... Sempre que uma poção estava mais ou menos e tinha conserto, mesmo assim você mandava tudo para o lixo, então fui procurar na sala de metais algum caldeirão de prata antigo. Todo oxidado, claro, mas era só pegar um livro de química trouxa, provocar umas reações de oxidorredução das mais legais e obter prata e mais um excessos que guardei para o futuro. Caldeirões de zinco são baratos, porque não servem pra quase nada, então comprei um. O Senhor Brown quis me matar, disse que eu ia gastar meu dinheiro à toa, mas aí eu expliquei pra ele a minha teoria. Acho que foi a primeira vez eu ele ficou realmente impressionado comigo...
- Não é para menos – comentou Snape.
Sorri de volta e continuei:
- Então ele me deu o caldeirão e disse que queria que eu o mantivesse informado dos meus avanços. Demorei um bom tempo, tive que dormir uma semana seguida no chão do quarto da Gina, mas sim, tenho um caldeirão de 60% de prata e 40% de zinco.
- Por que essa proporção? – ele perguntou, sentando-se, parecendo mais interessado ainda, inclinando-se sobre a bancada.
- Bom, pensei que a poção mata-cão precisava de um caldeirão com muita prata, porque é exigência que seja preparada num caldeirão de prata. Perguntei para o sr. Brown, e ele me disse que o senhor era um dos poucos mestres de Poções que preparava a mata-cão, então eu desisti de perguntar, o senhor entende...
Snape assentiu e eu continuei:
- Aí eu tive que estudar igual a uma desgraçada, ler todos os livros que eu achava, fazer umas contas absurdas, em que misturei aritmancia, matemática trouxa e química trouxa. Isso me tomou mais ou menos uns três meses. Mas finalmente acertei as proporções ideais. Se o senhor quiser saber os detalhes, eu tenho tudo anotado, cada passo, mesmo os erros, para não cometê-los de novo. É que meu arquivo tá uma zona, eu tenho que arrumar.
Fomos juntos pelo corredor até o salão comunal da Grifinória. Ele levava aquela espécie de carrinho para transportar caldeirões. Ele parecia muito pensativo, por isso eu não disse nada no caminho. Eu disse a senha e entrei no salão comunal. Logo voltei com três caldeirões empilhados desajeitadamente nos meus braços, com alguns ingredientes dentro. Snape correu para me ajudar. Voltei para meu quarto e coloquei o resto dos ingredientes dentro do último caldeirão, a minha obra de arte, o meu caldeirão que eu mesma projetei. Snape pegou-o e passou algum tempo analisando-o, tentou comprimi-lo para verificar a resistência, olhou a espessura.
- Bom, acho que vou analisar isso aqui lá no meu laboratório, se você permitir.
- Claro, professor.
Fomos andando; eu levava o meu caldeirão e ele levava o carrinho. Foi engraçado encontrar Dumbledore no corredor. Ele nos viu e sorriu. Paramos para falar com ele.
- Ah, parece que de ontem para hoje as relações entre vocês melhoraram muito – comentou o diretor, com um sorrisinho que me deixou um pouco irritada.
- Pois é... A srta. Granger está desenvolvendo uma pesquisa muito interessante, da qual só tomei conhecimento hoje por um feliz coincidência – disse Snape. – Cedi a ela o laboratório acoplado ao meu, mas é claro que pretendo conseguir uma porta para ele o mais rápido possível.
- Ah, tudo o que ela queria! – exclamou Dumbledore. – Cuide bem dela, hein, Severo?
- Pode deixar, diretor – disse ele com um sorrisinho maroto.
Eu quase enchi o velho de tapas, mas me controlei. Ele estava armando alguma coisa.
Mas, em fim, chegamos ao laboratório e Snape me ajudou a arrumar os caldeirões e o resto dos ingredientes. Mas ele parecia procurar alguma coisa, algo que eu bem sabia o que era. Tirei do bolso os meus pergaminhos encolhidos e os aumentei. Entreguei tudo nas mãos dele com um sorriso. Ele pegou tudo sem nem me olhar e, sentando-se à minha bancada, começou a leitura. Leitura que aliás, terminou pouco depois do horário de almoço.
Eu ficara catalogando meus ingredientes e fazendo anotações organizadas naquele meio tempo. Snape sequer olhou para o lado uma vez. Nunca tinha visto ele tão absorto com alguma coisa. Claro que aquilo inflou meu orgulho. Eu tive receio de desconcentrá-lo, pois tinha a sensação de que ele iria me xingar se eu o tirasse daquele transe.
Quando ele finalmente ergueu os olhos para mim, eu o olhei, ansiosa.
- E então? – perguntei um pouco apreensiva.
- Mesmo as suas falhas são perfeitas – ele comentou, com um suspiro, lançando um último olhar aos meus pergaminhos.
Tenho plena consciência do quanto corei com o elogio. Ele deu um sorrisinho no canto da boca.
- As coisas mudaram tanto... – murmurei, desconcertada.
- Até ontem eu te humilhava na sala e agora já quase te agarrei e fiz vários elogios – resumiu ele, calmamente. – Demais para a sua cabeça?
- Até que não, mas ainda não me acostumei à idéia – respondi, com um sorriso tímido.
- Com os elogios ou com as minhas mãos abusadas? – perguntou ele, meio que se debruçando na bancada.
Eu fiquei escarlate.
- Ahn... os dois – respondi, muito sem jeito.
Ele riu. Ah, ele tinha uma risada muito contida, mas tão gostosa de ouvir! Ria de novo, vai!
Então ele se levantou e caminhou para mim. Acho que recuei um quase nada; só ouvi a porta do laboratório dele se fechando e se trancando, para depois a porta de ligação entre os dois laboratórios também se fechar e se trancar.
- O senhor não parece estar com boas intenções – comentei, com um sorrisinho encabulado.
- Eu não tenho boas intenções nunca, srta. Granger – ele sussurrou, mais perto. – Sou uma pessoa podre por dentro.
Ele envolveu a minha cintura e me puxou para si com um movimento leve, mas um só. Senti meus seios comprimidos pouco abaixo do peito dele. A outra mão dele foi para os meus cabelos, enquanto ele mantinha os olhos fixos nos meus. Eu poderia me perder naquele oceano negro. A mão dele que estava na minha cintura me pressionou mais, forçando meu corpo a ficar completamente grudado no dele. Ah, sim, ele estava excitado. Muito. Ele tirou os olhos dos meus e olhou para baixo, para os meus seios.
- Não sou tão linda quanto a Mariazinha – eu murmurei, quase em tom de desculpas.
- Tenho que discordar – disse ele, e me beijou.
Céus! O que tenho a dizer? Que beijo foi aquele? Abri a boca assim que nossos lábios se uniram. Não sei se ele estava esperando uma resposta tão rápida, mas quando a língua dele encontrou a minha... Não sei dizer o que senti. Fiquei imaginando qual a experiência de Snape para levar alguém às nuvens daquele jeito. Nunca tinha sido beijada daquele modo tão possessivo, mas as mesmo tempo tão carinhoso. Nunca tinha imaginado um Snape tão sedutor e tão atraente. Simplesmente não combinava.
As duas mãos dele foram para a minha cintura e me pressionaram ainda mais contra ele. Ah, sim ele tinha uma pegada das melhores, e sabia muito bem o que fazer.
A boca dele deslizou pelo meu rosto e desceu até o meu pescoço. Ele achou rápido justo a região mais sensível do meu pescoço e depositou ali muitos beijos antes de passear com a língua por ali. Tá bom, vou confessar que eu gemi. É claro que ele ia querer alguma coisa em troca por me deixar daquele jeito, mas acho que eu não relutaria muito. Os meses anteriores estavam distantes na minha mente.
Eu o abracei. Não tinha experiência quase nenhuma, mas, como um ser humano, ou seja, um animal, por mais racional que seja, eu tenho extintos. Já tinha dado uns amassos no Krum e no Rony, mas nada como aquilo.
Minha pequena experiência anterior me dizia que homens gostavam de carinhos fortes. Minhas mãos passearam pelas costas dele exercendo a maior pressão que eu conseguia. O legal é que ele pareceu gostar daquilo.
Agora as mãos dele resolveram que passar só por cima da minha blusa não tinha a menor graça. Ele levantou a minha blusinha e as mãos dele começaram a correr pelas minhas costas, ensaiando qualquer coisa no fecho do meu sutiã.
A voz dele, muito rouca, sussurrou suavemente no meu ouvido:
- O que você quer que eu faça?
Fechei os olhos e suspirei.
- O que mais você sabe fazer? – perguntei.
Ele deu um sorrisinho no canto dos lábios.
- Muitas coisas – ele sussurrou com a boca no meu ouvido e eu estremeci.
Eu devia ter falado outra coisa. Aquilo foi um sinal verde? Bom, talvez um amarelo-esverdeado... Uma das mãos dele desistiu de subir só nas costas e começou a correr pelo meu lado, tocando levemente o lado dos seios. Não reagi contra. Isso provavelmente foi como que um pedido para continuar. Na verdade era, mas eu estava constrangida. Eu não estava esperando tanto de uma vez só.
Essa mesma mão tocou meu seio direito, mas ainda por cima do sutiã. Não sei, parecia que ele queria aquilo há muito tempo, porque apertou o meu seio de um jeito... Não chegou a doer, mas foi com força. E depois puxou a parte que cobria o meu seio para o lado e para baixo e começou a brincar com meu mamilo. Fechei os olhos outra vez.
- Parece que você gosta disso – sussurrou ele. – Estou certo?
Não pude responder. Apenas suspirei e entreguei a ele um gemido quando ele pressionou mais meu mamilo. Ele continuou com aquela mão, enquanto a outra ainda pressionava a minha cintura de encontro ao corpo dele e ele beijava o meu pescoço.
Ainda não entendo direito como deixei ele fazer tanto. Tanta intimidade, de um dia para outro. Passei muito tempo me sentindo uma vagabunda e me perguntando se ele não achava que eu era tão vadia quanto a Mariazinha. Aos poucos a consciência se acalma.
A mão dele que estava na minha cintura desceu para a minha bunda, e a que estava no meu seio fez o mesmo. Ele me apertou contra o corpo dele, contra o membro enrijecido dele, escondido por tantas roupas. Ah, foi tão bom ouvi-lo gemer, principalmente quando eu deslizei a minha mão e apertei com força aquele pequeno volume. Ele soltou um gemido abafado, um bem parecido com o que eu ouvira enquanto a Mariazinha estava com ele na sala.
- Ah, então foi isso que aquela puta fez... – murmurei, mais para mim mesma do que para ele, mas ouvi-o rir aquela risadinha gostosa e contida.
- Foi – ele disse, com a voz tão rouca que chegava a ser irreconhecível. – Eu sabia que você estava ouvindo... Mas saiba... você faz melhor.
Eu sorri. Duvidava que fosse verdade, mas era bonitinho da parte dele fazer eu me sentir segura. Minha mão continuou brincando com o volume dele, que eu sentia cada vez mais enrijecido. Ele parara as carícias... Hum, fazê-lo perder o controle era delicioso. Parara as carícias para sentir as minhas... Minha mão se manteve lá, enquanto meus lábios começaram a beijar o pescoço dele e passear a língua por lá. Ah, nada melhor que ouvi-lo abafar gemidos! Nada melhor que sentir o corpo dele estremecer e os quadris dele começarem a se mover contra mim, me pedindo mais.
- Hum... passei cinco meses ouvindo asneiras – eu disse, me afastando com um sorriso meio malvado. – Por mais que eu queira e por mais que eu goste, permita-me esta doce vingança.
Ele deu um sorrisinho no canto dos lábios.
- Minha deliciosa e vingativa srta. Granger, eu mereço ser pisado mesmo – ele disse, puxando-me para um beijo longo e possessivo. – Bom, acho que você tem que almoçar. E Dumbledore está de olho em mim. Se quiser, posso pedir o almoço aqui. Ou você prefere ir até a cozinha? Já passou do horário.
Eu ri. Ele ainda estava excitado, a respiração ainda estava entrecortada. Ele passou a mãos pelos cabelos (não tão oleosos quanto pareciam) umas três vezes durante aquela pequena fala.
- Pode deixar que eu trago o almoço, professor. Tenho que testar meu caldeirão na prática ainda, então... O que o senhor quer?
- O que eu quero? – ele me olhou. – Que perguntinha estúpida, srta. Granger. Mas mesmo assim pode trazer qualquer coisa que esteja disponível na cozinha.
Corei um pouco, mas assenti e saí destrancando as portas e andei pelo corredor rumo à cozinha. Acho que tinha um sorriso bobo e retardado no meu rosto, mas eu não estava conseguindo escondê-lo. Minha mente repassava furiosamente o momento anterior, as mãos dele, os lábios dele, o... dele. Ah-Ah-Ah! Ninguém acreditaria que eu me sentia daquele jeito se eu mesma não dissesse.
Ainda sentia que estava completamente molhada entre as pernas. Outra vez pensei nele, no jeito com que ele me segurava. Ninguém nunca antes fizera eu me sentir daquele jeito: descontrolada, excitada, apaixonada. Ele seria o meu primeiro e também o meu único amor. Eu não queria amar mais ninguém. Não daquele jeito. Eu nunca conseguiria ficar com ele no final do meu filme, mas queria aproveitar o momento, as coisas como aconteciam.
Cheguei à cozinha e pedi aos elfos almoço para duas pessoas. Tive que responder a eles quem era a segunda pessoa e eles pareceram muito espantados. Não era para menos.
Voltei pelo corredor com aquela bandeja nas mãos, novamente agradecendo que não houvesse pirralhos no corredor e agradecendo mentalmente que a cozinha também fosse num pavimento tão baixo quanto as masmorras.
Cheguei logo ao laboratório, apenas para parar à porta e observá-lo lendo minhas anotações outra vez. Deixei a bandeja em cima da bancada dele, enquanto conjurava uma toalha para forrar a extremidade da mesma bancada. Ele ergueu o olhar para mim e disse:
- Veio rápido. Ansiosa pelo que virá depois?
- E o que virá depois? – perguntei com descaso.
- Estou pensando em testar o seu caldeirão. Já tenho que fazer a poção do Lupin para esse mês mesmo.
Ele deu um sorrisinho no canto dos lábios quando viu minha expressão misturada de espanto e alegria.
- O senhor vai... vai fazer... vai usar meu caldeirão para...? – não fui capaz de concluir a pergunta.
- Não encontro erros na sua teoria, e você sabe que sou muito bom nisso – disse ele calmamente. – Nada melhor do que testar a prática, não?
Assenti, ainda incapaz de articular as palavras.
Ele me puxou pela cintura e me deu um beijo daqueles, ainda mais intenso que todos os outros.
- Ei! – exclamei quando ele afastou o rosto. – Você está de castigo!
Afastei as mãos dele de mim e acrescentei:
- E tenho que almoçar. Dumbledore me mata se eu não comer. Só que odeio comida fria.
- Juro que quando você parar de frescura eu vou te pôr doidinha.
- Mais? – perguntei com um sorrisinho, sentando-me à bancada.
Ele deu uma risadinha curta e seca, fazendo que não com a cabeça e sentando à bancada para almoçar também.


BOM, AQUI ESTÁ O TERCEIRO CAP... ESPERO NÃO DEMORAR A POSTAR O PRÓXIMO....

QUEM GOSTOU LEVANTA A MÃO!!! |O|

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