Harry Potter



A Última Horcrux
Escrito por: BastetAzazis
Beta Reader: Ferporcel



Resumo: Dark Snape; se você ainda acredita no Snape, talvez não goste destas linhas...Snape, mau que nem pica-pau, mas ainda assim é capaz de sofrer por um amor grande amor. Não Slash.

N.A.: Esta fic foi escrita para o Amigo Secreto de aniversário do Snape. Presente para a Shey!!!!





Capítulo 3 – Harry Potter


Merda!

Dumbledore estava morto, mas contara suas suspeitas sobre Nagini para o maldito Potter antes de morrer.

Merda!

Voldemort não era capaz de sentir a destruição das Horcruxes, mas Nagini sim. Ela as sentiu, uma a uma, serem destruídas, e sabia que agora ela era o último alvo do Potter antes que ele fosse atrás do próprio Lorde das Trevas.

Agora que era procurado em todo mundo bruxo pela morte de Alvo Dumbledore, minha lealdade voltara-se inteiramente para o Lorde das Trevas. Escondido sob a proteção dele, não tinha escolha senão ajudá-lo como era possível. A derrota de Voldemort significaria a minha desgraça, minha condenação para Azkaban pelo resto da vida.

Entretanto, minhas prioridades mudaram novamente quando Nagini sentiu a penúltima Horcrux ser destruída. Ela jamais contara ao pai sobre as outras, e agora, precisávamos encontrar uma maneira de despistar o maldito Potter e, ao mesmo tempo, garantir que Voldemort fosse destruído antes de tentar usar a porção de sua alma dentro de Nagini. Era praticamente impossível.

Porém, quando contei a ela a segunda parte da profecia sobre o Lorde das Trevas e Harry Potter, a parte que apenas Dumbledore ouvira e que confiara apenas a mim e ao fedelho, eu reconheci o brilho no olhar dela que indicava que um plano estava sendo preparado. Matar Voldemort e Harry Potter. Um não poderia viver enquanto o outro ainda existisse. Parecia simples, simples demais para funcionar; mas era a nossa única chance.

Foi fácil me infiltrar na Ordem novamente. Eu sabia que Minerva confiava cegamente nas decisões de Dumbledore e a procurei uma noite, enquanto Hogwarts ainda não estava repleta de alunos impertinentes e insuportáveis. Algumas horas contando uma história triste de arrependimento, e eu convenci a nova Diretora que apenas livrei o sofrimento do corpo já envenenado de Dumbledore, conquistando para sempre a confiança do Lorde das Trevas e, assim, poder manter tranqüilamente minha posição de espião para a Ordem. Decidimos que eu deveria permanecer escondido e entrar em contato apenas com ela para relatar os passos do Lorde. Com isso, foi fácil organizar uma batalha final...

Sem revelar a verdadeira identidade de Nagini, eu convenci Minerva e, conseqüentemente, o tolo Potter, que seria impossível encontrá-la longe da presença do Lorde das Trevas. Os dois deveriam ser mortos com um único golpe, para que as duas últimas porções da alma de Voldemort fossem destruídas para sempre, sem chance de retorno. Eu lhe disse que as reuniões com os Comensais da Morte costumavam ser perto da caverna onde Dumbledore levara o Potter para recuperar o medalhão de Slytherin, e que o Lorde das Trevas provavelmente seria encontrado, na companhia de sua cobra de estimação, na noite seguinte, enquanto planejava seu próximo ataque.

Quanto ao Lorde das Trevas, ele ficou impressionado quando relatei minha volta à Hogwarts e em saber como Minerva McGonagall acreditara em minhas desculpas e me aceitara novamente na, agora praticamente falida, Ordem da Fênix. Para provar que minha lealdade ainda estava ao lado dele, trouxe-lhe uma importante informação: Harry Potter estava ciente da localização de uma de suas Horcruxes, o medalhão de Slytherin, e tentaria destruí-la na noite seguinte.

Até hoje as lembranças daquela noite parecem meio confusas na minha mente. Talvez porque foram inúmeras vezes retiradas para uma Penseira, ou talvez por causa das inúmeras doses de Veritasserum... Revivê-las quase que diariamente durante o longo julgamento pelo qual passei fez com que essas lembranças ficassem cada vez mais confusas, misturadas com fatos vividos em outra época e com a dor em meu peito que até hoje me consome.

O fato é: Voldemort e Harry Potter jamais sobreviveriam àquela noite. Eu tinha certeza disso quando vesti pela última vez minha roupa de Comensal da Morte e segui para a caverna junto com os outros. O que eu não sabia era que Nagini não havia me confiado inteiramente o seu plano. Não a culpo por isso; ela fez o certo, e eu jamais permitiria que aquilo acontecesse se soubesse de suas verdadeiras intenções.

Naquela noite, Harry Potter aparatou, junto com os membros remanescentes da Ordem da Fênix, na entrada da mesma caverna que ele visitara em companhia de Dumbledore um ano atrás. O Lorde das Trevas já os esperava, e rajadas de maldições cortaram o ar, direcionadas a Harry e seus amigos. Mas o fedelho havia crescido, amadurecido, e parecia capaz de controlar a raiva e fechar sua mente.

Muito bem, Potter – eu pensei enquanto o observava se defender e atacar os Comensais a sua volta.

Em pouco tempo, bruxos dos dois lados estavam fora do páreo, e finalmente, Harry Potter e Voldemort se encontravam frente a frente. Esta era a minha deixa.

Atravessei o espaço que me separava dele desviando de maldições e corpos, caídos no chão ou cambaleantes, que ainda tentavam resistir. Num instante eu me vi atrás dele, sem que Potter notasse minha presença. No instante seguinte, Nagini se colocou entre os dois inimigos e, antes que Potter conseguisse lançar a Maldição da Morte, ela mostrou sua verdadeira forma.

Como esperado, Potter perdeu toda a determinação para atacá-la. Ela caminhou vagarosamente até ele e começou a falar em língua de cobra. Jamais tive chance de descobrir o que conversaram, mas ela deixou Potter furioso. Eu já tinha visto aquele menino perder a razão antes. Assim como o pai dele, era fácil fazê-lo agir sem pensar. Mas Nagini conseguira mais que isso, ela conseguira fazer com que o maldito Potter, o menino que fora salvo pelo amor de sua mãe, o menino que Dumbledore tanto admirava pelo coração puro, juntasse ódio suficiente para lançar uma Maldição da Morte eficaz. Ele estava prestes a atacar Nagini, e isso eu não poderia permitir.

– Avada Kedrava!

A Maldição soou pela clareira à frente da caverna; um coro formado pela minha voz e a de Potter, fazendo com que tudo mais a nossa volta se calasse.

Um raio verde saiu da varinha dele, cruzando a noite escura até atingir Voldemort em cheio. Um segundo raio verde saiu da minha varinha, e Harry Potter também caiu imóvel no chão.

Durou apenas um segundo, e logo depois, eu estava cercado pelos simplórios Sr. Weasley e Srta. Granger. Como se a insuportável sabe-tudo e o ruivo desprezível fossem capazes de me impedir de alguma coisa. Era a imagem de Nagini que me impedia de me mover.

O corpo do Lorde das Trevas estava caído no chão, mas uma fumaça verde começou a se formar a sua volta. Nagini aproximou-se dele e começou a falar:

– Sim, seu plano era perfeito – ela dizia virada para a fumaça. – Usar sua herdeira como uma Horcrux garantiria que você vivesse em mim, não é?

Seu tom de voz ficava cada vez mais alto, e os sobreviventes na clareira começaram a se aproximar, cercando-a, apreensivos do que estaria por vir.

– É uma pena que a herdeira acabou superando o mestre – ela continuou com um sorriso doentio. – Eu vivi tanto tempo com um pedaço da sua alma em mim que tomei a liberdade de dividi-la com o Potter. Pena que ele não teve tempo suficiente para aproveitá-la...

Com essas palavras, todos se voltaram para o outro corpo caído no chão. Ele também estava envolto numa fumaça esverdeada.

Mas então, apenas eu parecia ter percebido uma coisa: a voz de Nagini começava a falhar. Observando-a com mais atenção, era possível perceber que ela estava não apenas com dificuldade em falar, mas se esforçava para manter-se de pé.

– Transferir uma Horcrux não é tão simples quanto criá-la, entretanto – ela continuou para a fumaça verde. – As Trevas exigem muito mais que uma simples vida. Elas exigem o seu próprio sangue.

Ela parou de falar por um instante, para recuperar suas forças, então continuou:

– Mas então eu pensei: se eu vou ter que morrer para que meu pai use a última parte da alma dele em mim, ele não vai se importar se eu morrer para transferir sua Horcrux para um lugar mais seguro.

Nagini caiu de joelhos no chão, já era claro que não tinha mais forças para se manter em pé. Mas eu ainda ouvi a risada dela, debochando de Voldemort, ecoar na clareira.

– Infelizmente – ela continuou depois que parou de rir –, parece que o Potter não teve uma vida assim tão próspera...

A fumaça verde envolta dos dois corpos pareceu se juntar e, agora, envolvia o corpo de Nagini. Ela soltou outra gargalhada, e então, eu ouvi suas últimas palavras, assistindo-a morrer sem poder fazer nada para impedir.

– Você pode tentar, mas não vai conseguir reviver em mim. Eu também estou partindo.

Ela virou o rosto na minha direção, murmurando um Adeus. Eu tentei correr até ela, mas aurores se juntaram ao Sr. Weasley e à Srta. Granger, e sem eu perceber, tomaram minha varinha e me prenderam. Eu nunca mais a vi. Não sei onde a enterraram ou o que foi feito do corpo dela.

Meu julgamento pareceu ter durado séculos. Enquanto a única coisa que queria era lembrar do rosto de Nagini, a Confederação dos Bruxos, responsável pelos julgamentos de todos os envolvidos com Você-Sabe-Quem, me obrigava a reviver aquela noite. Minerva McGonagall tentou depor a meu favor, mas depois da morte de Potter, até ela duvidava da minha história sobre Dumbledore ter morrido envenenado. Pobre Minerva, sua punição por ter acreditado na minha história tola foi o remorso que a corroeu até seus últimos anos de vida.

Depois de muita deliberação, várias inspeções nas minhas lembranças, e nenhum depoimento que realmente pudesse me inocentar, eu fui condenado a passar meus últimos dias em Azkaban, como pena pelas mortes de Alvo Dumbledore e Harry Potter. O fato da profecia indicando que Harry Potter precisaria morrer para que Voldemort fosse derrotado pareceu não ter surtido nenhum efeito no meu julgamento.

Claro que tudo isso já estava previsto no meu plano com Nagini. Eu tinha preparado uma poção pouco conhecida pela maioria dos bruxos e que apenas poucos mestres em Poções eram capazes de preparar corretamente. Uma poção capaz de imitar a morte, como eu sempre alertava os cabeças-ocas do primeiro ano, mas que nunca me deram atenção. Assim que pus os pés em Azkaban, eu desfaleci. Nenhum Curandeiro de St. Mungus foi capaz de descobrir a causa da minha morte, muito menos suspeitar que era uma morte falsa, efeito da combinação de doses exatas de acônito e mandrágora. Até hoje ainda ouço comentários sobre a pobre Tonks, responsável pela minha escolta até a prisão e que perdeu seu cargo de auror por causa disso. Ela deve estar melhor ensinando em Hogwarts, ao lado de Lupin. Afinal, não se pode confiar um cargo de tamanha responsabilidade para alguém que diz amar um lobisomem.

Quanto a mim, depois da minha morte declarada, foi fácil fugir do hospital bruxo sem ser notado assim que acabou o efeito da Poção. Tive que sair do país, claro. Minha foto ficou estampada nos jornais por tempo suficiente para jamais ser esquecido. Mas devo dizer que a transferência da herança de meus avós para um banco na Suíça alguns anos atrás foi muito cômoda. Assumi a identidade de um recluso mestre em Poções e até publico algumas de minhas pesquisas esporadicamente, embora me recuse a continuar dando aulas. Meu dinheiro é suficiente para manter meus pequenos gastos sem precisar recorrer à tortura que é ensinar adolescentes cabeças-ocas.

Entretanto, às vezes me pego pensando que trocaria a tranqüilidade da minha nova vida pela presença instável e volúvel de Nagini. Agora eu só a encontro nos meus sonhos, nas lembranças daquela outra vida, que por várias vezes se resumia a obedecer aos caprichos dela ou preocupar-me com sua segurança. Não me arrependo de nada que fiz em toda minha vida, mas se pudesse voltar no tempo, sei que seria fraco o bastante para tentar impedi-la. Mesmo que fosse inútil, mesmo que sua vida significasse a imortalidade do Lorde das Trevas. Eu não me importaria em viver num mundo dominado por Voldemort se a tivesse do meu lado. Mas Nagini puxou ao pai, e seu ódio por aquele que a gerou e a transformou no seu amuleto de segurança era tão grande que ela preferiu abdicar a própria vida para vê-lo derrotado.

Agora eu sei que ela não me amava. Assim como Voldemort jamais fora capaz de amar alguém, ela também não conhecia esse sentimento. Nós éramos felizes como amantes, mas eu jamais estaria acima de seus planos de se vingar do pai. Sua morte não foi honrosa, não foi um último sacrifício para livrar o mundo do domínio do Lorde das Trevas. Ela foi movida puramente por ódio e vingança. Nem o meu amor foi grande o suficiente para fazê-la desistir.

E este foi o meu castigo. Sempre vivi sem seguir uma lei ou um princípio, apenas me importando comigo mesmo. A única mulher que me fez agir diferente me deixou para cumprir sua promessa de vingança. Eu achei que com o tempo deixaria de sentir a falta dela, mas não. Mesmo depois de tantos anos, ela ainda assombra meus pensamentos, e eu sei que jamais estarei livre desta maldição enquanto viver.

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