Who's zoomin who?



MÚSICA: “NOT GOING ANYWHERE” – KEREN ANN



“Secrets can't hide inside. Life has a way of exposing lies. Within the walls of living, the truth is stripped bare. How we keep our secrets outside the livelihood – well, that’s a little different. One thing is certain, whatever it is we're trying to hide; we're never ready for that moment when the truth gets naked. That's the problem with secrets – like misery, they love company. They pile up and up until they take over everything, until you don't have room for anything else, until you're so full of secrets you feel like you're going to burst.”



- Hermione, cadê Rony? – questionou Luna. Hermione parou na cozinha observando a amiga. Ela se mantinha parada esperando a resposta, uma das mãos na cintura, e uma calcinha rosa pink e camiseta combinando.

- Hello Kitty? – falou Hermione confusa. Não sabia que ela se agradava de Hello Kitty. Nem sabia que ela conhecia Hello Kitty... Como a mulher continuava em pé na sua frente ela respondeu. – No banheiro. - Luna deu meia volta e subiu as escadas. Hermione a seguiu.

- Bom dia... – murmurou Giny.

- O qu..? Hei!!! – retrucou Rony abrindo os olhos e pondo a cabeça pra fora do box.

Giny caminhou até a pia apanhando a escova de dente e colocando a pasta. A porta abriu-se novamente:

– Rony! – chamou Luna. – É a sua vez de fazer compras.

- Luna!? – Rony assustou se num espasmo. – Vá embora! – reclamou virando-se de costas.

- Rony... Eu preciso de absorventes... – pediu Hermione. A conversa acabara de lembrá-la.

- Herm..? – o que diabos era aquilo? – Hei!! Eu estou tomando banho aqui! – e observando Luna de calcinha. – Vão embora, todas! E porque você está pelada?

- Absorventes Rony! – insistiu Hermione.

- O que??

- Absorventes. – repetiu Giny com a voz enrolada de espuma. – É a sua vez...

- Coloca isso na lista. – disse Luna.

- Você está andando pelo banheiro pelada enquanto eu estou pelado no banho!! – exclamou um Rony exasperado e irritado.

- Eu não estou pelada. E tudo bem eu não ligo Rony. Pode olhar à vontade... Olha só, sou eu de calcinha no banheiro! – Hermione inclinou-se, só agora notava que o amigo estava no banho. Rony recuou e fechou o box. E voltando-se para as três sorrindo comentou:

- Ele tem um traseiro bonitinho!

- Hermione! – reclamou Rony indignado.

- Eu sei! – murmurou Giny. – Minha mãe sempre disse, parece a bundinha de um bebê!

- Sério? – perguntou Luna. – Eu quero ver... – e num repente abriu o box e observou com um ar analítico:

- Hei!!! – gritou ele.

- Ah! É mesmo...



Hermione caminhou até uma clareira a menos de dois metros de distância deles. Giny seguiu a amiga, o corpo não deveria estar muito distante agora...

- Então... – continuou Hermione observando o local e tomando algumas anotações. – Nós temos um encontro hoje. Oficialmente, e quero dizer...

- Hum… - resmungou Giny. E agachando-se junto a um arbusto examinou o local.

- Nós estamos tentando fazer as coisas direito, sabe? Especificar algumas regras...

- Sei… - resmungou Giny levantando-se. Hermione a seguiu para o outro lado da clareira.

- Giny você está ouvindo? – questionou Hermione com um ar levemente ofendido. A mulher respirou fundo puxando um graveto do canto e remexendo um montinho de terra impaciente:

- Sim, sim! Eu ouvi! – Exclamou ela sem levantar os olhos. – Você tem um encontro com Harry! Boohoo!

- Que mau humor! – reclamou Hermione franzindo a testa.

- Ok… - disse voltando atrás e amaciando a voz. – Aonde vocês vão?

- Ver balsas… Ou andar de balsas… - respondeu Hermione insegura.

- Balsas? – repetiu Giny surpresa.

- Bom… Não é só “balsas”, sabe? Tem todo um significado por trás... – acrescentou ao ver a confusão nos olhos dela.

- Certo… Então… O que vocês têm pra conversar? – Hermione arregalou os olhos em surpresa. Giny a encarou esperando pela resposta, com um ar mais sério que o usual, Hermione tratou de desfazer o ar desconcertado:

- Por que você diz isso? – rebateu Hermione caminhando em direção ao corpo, e abaixando-se para examiná-lo. Giny a seguiu com um graveto na mão:

- Bom, não é exatamente um encontro certo? Quero dizer... Um encontro seria um jantar ou sei lá... – começou ela vagamente levantando a mão e coçando o nariz. Um cheiro forte e amargo exalava do cadáver. – Mas ele vai te levar pra ver algo especial, com significado... Então, ou ele realmente quer algo mais sério, ou ele está te amaciando pra dizer alguma coisa. – Hermione piscou absorvendo as palavras da amiga. – Olha só pra essa coisa verde! – acrescentou mexendo na orelha do homem de meia idade que jazia no gramado. Hermione voltou os olhos para o corpo:

- Eu não sei… - respondeu Hermione. – Provavelmente alguma criatura o atacou ou algo assim... É melhor chamar Webber. – sugeriu. Ambas levantaram-se caminhando até o auror que observava um segundo corpo com um lenço cobrindo a face. Ao se aproximarem, observaram enquanto ele franzia a testa ainda mais. O cheiro amargo impregnara nas duas.

- Senhor. - Chamou ela. – Nós achamos uma… Uma coisa verde. – informou com um ar confuso. Ele balançou a cabeça afirmativamente.

- Nós achamos um pouco aqui também. – murmurou voltando-se para o corpo da mulher mais uma vez. – Colham uma amostra e mandem para o pessoal de Trato de Criaturas... Nós terminamos aqui.

Hermione escondeu o enfezamento. Era o primeiro caso de homicídio que ela recebia, e além de ter que dividi-lo com Giny, ia acabar tendo que passar o caso para outro departamento...

- O que você quis dizer com alguma coisa pra dizer...? Quero dizer... Será que é uma coisa ruim?

- Hermione sinceramente… - Giny percorreu o lobby do sétimo andar e seguiu até os vestiários, onde pretendia o mais rápido possível trocar aquela roupa encardida por uma limpa. Hermione que estava em seu encalço, captou a irritação dela:

- O que há de errado com você? – Giny não respondeu. Ponderando se deveria continuar Hermione comentou com ar descompromissado. – Eu vi Malfoy escapulindo ontem à noite... – o efeito da frase definitivamente não foi o que ela esperava, visto que a amiga baixou a saia e jogou-a em direção ao armário com uma força considerável para um pedaço de roupa. – Ok...

- É. Ele meio que... – tateou Giny. – Ele passou a noite lá em casa sim. – confirmou. – Mas eu não quero falar sobre isso, por que… As coisas meio que… Não, não foram muito bem… Então… - explicou ela sem graça. Hermione franziu a testa por alguns segundos, até que finalmente compreendeu:

- Oh… Sério?! – exclamou meio surpresa. – Bom… Isso é…

- Eu sei… - murmurou Giny com um ar desolado.

- Bom, eu tenho certeza que é normal… Quero dizer… Acontece com todo mundo! – e após alguns segundos de silêncio. – Ok, nunca aconteceu comigo, mas…

- Eu estou tão… Frustrada!

- Eu imagino…

- Não! Não imagina! – exclamou ela a beira de perder o controle. – Eu preciso de sexo Hermione! Se não, eu vou explodir! Sério! – Hermione observou Giny enquanto ela levantava a blusa com irritação. Nunca tinha visto Giny sair do sério assim antes… Não sabia se gargalhava da falta de sexo da amiga e da incapacidade de sexo de Malfoy ou se compadecia da situação dela tentando acalmá-la. Foi óbvia qual vontade prevaleceu sobre ela:

- Não ria! – reclamou Giny batendo o pé. – Isso não é engraçado! Não! Sério, Hermione pare! – Giny parecia um misto de confusa e furiosa. Aparentemente era absolutamente incompreensível o porquê de um homem não se sentir sexualmente atraído por ela. – SÉRIO! Se fosse você, seria realmente pedir demais pra você transar comigo?

Hermione observou a amiga ponderando a resposta. Um pigarro veio da porta. As duas olharam surpresas:

- Ah! Não me deixem interromper! – pediu Bailey enquanto observava as duas paradas na saleta.



Luna apanhou o arquivo mais uma vez. Já lera milhões de vezes e ainda não compreendia o motivo da morte da menina… Odiava não compreender. Geralmente as coisas faziam completo sentido para ela, por mais bizarras que fossem para os outros…

Observou enquanto Bailey caminhava em sua direção com Hermione e Giny seguindo logo atrás, estranhamente caladas. Bailey, obviamente, gostaria de um resultado, que ela ainda não tinha nas mãos…

- Então? – pediu a mulher com ar de poucos amigos.

- Eu estava a caminho do... – começou Luna, mas a mulher interrompeu sem dar muita atenção:

- Weasley, Você já levou os resultados da cena do crime para Webber?

- Não, eu acabei de chegar e... – começou Giny, mas a careta de Bailey mudou sua estratégia rapidamente. – Hermione também foi!

- Giny! – exclamou Hermione revoltada. Uma discussão começou.

Luna observou as duas, agradecida pelo fato de que lhe haviam desviado atenção. Estava prestes a dar meia volta e escapulir quando sentiu uma aproximação pelo lado esquerdo. Billy pôs uma xícara de cappuccino do seu lado.

- Bom dia! - Luna levantou os olhos observando o homem que sorria do seu ar estupefato:

- É só um cappuccino! – murmurou ele. Ela observou em silêncio. Seus olhos saindo dos dele para a xícara grande no balcão. Luna considerou... Observando o homem caminhar pelo corredor em direção a sua sala, esperou até que ele saísse de vista. Apanhando o cappuccino e tomando um gole em silêncio. Voltando-se novamente para o balcão, seus olhos encontraram o de Bailey. Ela não sabia muito bem definir o que aquele apertar de olhos significava, mas coisa boa, certamente não era...

Apanhando a pasta do arquivo, ela se apressou pelos corredores em direção ao elevador, procurando o máximo de distância que podia dali. Estava perdida... Pra não dizer f.....

Bailey observou Lovegood escapulir por entre seus dedos antes mesmo que pudesse dizer alguma coisa. Trabalhara com estagiários por tempo suficiente para saber quando um deles saía da linha... Entretanto, o fato era que os aurores não eram de grande ajuda nas relações entre empregados...

Marchando em direção ao elevador, Bailey acelerou o passo para alcançá-lo:

- Miranda! Oi... Eu est... – começou Billy.

- Não! Sh! – mandou ela. Billy calou-se. Conhecia Miranda o suficiente para distinguir quando ela realmente estava irritada, o que não era bom, nada bom. – Sabe. Você pode se achar charmoso, com esse cabelo cheio de mousse, e esse jeito de talentoso. Bom pra você. Mas se você acha que eu vou dar pra trás e assistir enquanto você favorece uma das minhas estagiárias...

- Eu não a favoreço... Ela é boa.

- Ah, com certeza! – rebateu Bailey. Billy franziu atesta em surpresa.

- Sabe... Eu devo apontar que eu sou tecnicamente seu chefe!

- Você não me assusta! – replicou levantando o dedo. Billy recuou dois passos. Olhe... Eu não vou adverti-lo das suas atividades extracurriculares com a minha interna...

- Bom... – murmurou com um ar aliviado.

- Entretanto! – reiniciou. – Se eu vir, você favorecendo Luna Lovegood uma vez por mínima que seja eu vou garantir que ela não ponha os pés em campo por um mês! Só pra balancear as coisas! – os dois se encaram por um momento:

- Sabe... Eles te chamam de Mão de Ferro.

- Eu ouvi falar. – e apertando o botão do elevador Bailey saiu com um ar enfezado. – Granger e Potter, Weasley e Granger... E agora essa! Sexo... Hunf... Tudo que esse povo pensa...



Hermione adiantou o passo em direção ao banheiro. Jurava ter visto Rony no caminho observando enquanto ela corria em direção pelo corredor. Se não fosse o fato de que era Rony... Podia duvidar se ele não estaria suspeitando de algo... O amigo andava meio esquisito ultimamente...

Seus pensamentos foram interrompidos por outra ânsia de vômito. Ela gemeu em desagrado. Odiava aquilo... O vômito e tal. Não sabia exatamente o que pensar do quadro maior... A verdade era essa. Não falara nada para ninguém. Nem Harry. Especialmente Harry... Mas, hoje... Talvez Giny estivesse certa... Hoje seria a chance de colocar tudo às claras certo? E se ele surtasse? E se revoltasse e sei lá... Acusasse a de...

Hermione jogou mais água no rosto. Não... Definitivamente, quem estava surtando era ela. Harry nunca faria isso, ou agiria assim. – Sacudindo o rosto ela procurou desanuviar a mente. O que ela estava imaginando? Não fazia nem uma semana! Talvez não fosse nada demais certo? Afinal, ela havia comido um sanduíche meio esquisito no almoço de ontem... Talvez fosse isso... Seu organismo pedindo para que ela modificasse o cardápio, visto que ela não agüentava mais comer sanduíche num almoço corrido de menos de vinte minutos... Isso era isso. Simples assim. Mas ela faria um exame... Eventualmente, só pra garantir...

- Hei!

- Oi... – respondeu ela assim que pos os pés fora do banheiro. Rony estava esperando por ela.

- Você parece pálida...

- Pareço? – desconversou Hermione sem parar de andar. – Eu estou bem!

- Tem certeza? – insistiu Rony franzindo a testa.

- Tenho sim! Por quê? – Rony se manteve calado por um momento.

- Er... Não, por nada... – houve um momento de silêncio. – Então... Eu ouvi dizer que você e Giny pegaram um caso de duplo homicídio hoje...

- Foi nós conseguimos... – confirmou.

- Como foi?

- Nós examinamos a cena e catamos uma meleca verde dos corpos... – Rony franziu a testa em desagrado. – Depois mandamos pro Departamento de Trato e Controle de Criaturas, então... Nós vamos perder o caso. Provavelmente...

- Ah... Sinto muito...

- É... Tudo bem... – houve mais um momento de silêncio. – Então...?

- Certo...

- Você quer dizer algo Rony?

- Quem eu? Eu não! Eu já estava indo...

- Ok então...

- Certo.

- Até mais tarde...

- Até.



- Você vai contar a ela não vai? – perguntou Rony abruptamente. Harry bambeou por um segundo quase derrubando seu café.

- Rony! Que diabos...?! – Harry voltou-se para o amigo com ar irritado. – Você está maluco?

- Você vai contar pra ela não vai? – perguntou Rony com um ar extremamente sério.

- O qu..? Eu…? – tateou Harry confuso. – Ah... – compreendeu com um murmúrio. – Vou. Hoje, vou sim... Claro que vou contar! – acrescentou levemente ofendido.

- Ah bom... Porque, bom... – começou Rony num tom mais aliviado.

- Rony pare de me pressionar! – pediu Harry acenando a varinha e limpando a blusa. – Você ta parecendo... Você ta parecendo com ela!

- Não estou! – reclamou Rony. – Eu só estou... E - eu estou preocupado! Só isso...

- Como assim? Você... – começou Harry, mas interrompeu a sentença observando o amigo. E parando no corredor ele voltou-se sério para Rony, que também parou. Não estava muito certo daquilo, mas... Se não muito se enganava já conhecia aquela expressão que jazia no rosto do amigo... – Você ainda gosta dela não é? – Rony piscou, e com um esgar, procurando soar o mais deliberadamente verdadeiro possível:

- Agora isso é estupidez. – desdenhou com um sorriso.

Mas Harry continuava a observar o amigo, sério. Não estava irritado, de modo algum... Só que, fazia tempo que não conversava com Rony sobre aquilo... De fato, desde que voltara de viagem, sua cabeça estava tão cheia e pra falar a verdade confusa e levemente azoada com o envolvimento dele com Hermione... Que só agora percebia culpadamente, que nem ao menos perguntara ao amigo como ele se sentia com relação àquilo... Afinal, já há alguns anos, não era muita surpresa o que ele sentia por ela. Mas eles eram adultos agora... Aquilo já havia acabado não?

- Rony... – começou Harry num tom ameno.

- Harry. Olhe... – cortou Rony. – Não importa ok? – Harry olhou para Rony com ar de quem não punha muita fé naquilo. – Só... Prometa que você vai ser sincero com ela.

- Que seja... – respondeu Harry. Vendo que o amigo não estava disposto a colocar aquilo em pratos limpos. Não que ele pretendesse de modo algum esconder a verdade sobre o que havia se passado nos últimos quatro anos em que ele estivera em Nova York... Entretanto, ainda não decidira muito em como contar a verdade. Algo lhe dizia que Hermione não iria aceitar muito bem a notícia.



Giny entrou no vestiário, pondo a capa de lado. Estava completamente exausta. Pra não dizer frustrada e irritada. Claro contando o fato de que ela se encontrava numa situação que nunca estivera antes...

Talvez ela não fosse... Não, o problema não era com ela, definitivamente, não era com ela. Talvez, pensou novamente, com a memória da conversa com Hermione voltando à mente. Talvez o problema era que aquilo tudo estava corrido demais certo? Quero dizer... Considerando que ele era quem era, talvez, partir pro sexo com uma Weasley fosse demais pra ele... Talvez ele tivesse algum problema com relação à pressão... Além de literalmente...

- Hei! – cumprimentou Draco entrando no vestiário e começando a trocar de roupa.

- Hei... – murmurou Giny de volta. Como ela poderia colocar aquilo? Talvez ele nem quisesse nada demais... Talvez fosse só sexo. Certo?

- Eu ouvi dizer que você e Granger conseguiram um homicídio duplo hoje... – insistiu Draco a guisa de conversa, mas Giny parecia estar com a mente em outro lugar:

- Foi... – respondeu Giny. E voltando-se de frente no banco onde havia sentado, desembuchou de uma vez. – Hermione e Harry têm um encontro hoje. – Draco parou ainda voltado para o próprio armário. Aquilo era um toque?

- Não é um pouco tarde pra se “conhecer melhor”? – comentou tirando a blusa e apanhando outra no armário.

- Provavelmente... Ou... É só o jeito deles de acertarem as coisas sabe? Tipo... Quando você tem um problema e... – tateou ela, procurando por um eufemismo, o mais rápido possível. – E você precisa resolver...

Draco parou e voltou-se para Giny. Não podia deixar de rir da falta de jeito de quem ele sempre pensou ser no mínimo extremamente desbocada... E sentando-se de frente para ela observou-a por um momento em silêncio:

- Você está rindo de mim? – perguntou Giny, sentindo se ofendida.

- Vamos sair. – disse simplesmente. Giny piscou confusa por um momento.

- Sair? Tipo... Encontro? – questionou insegura.

- É. Agente se encontra no Joe’s... Você se arruma toda, eu pago pela comida... – Giny franziu a testa desconfiada:

- Você está tirando uma com a minha cara? – ele sorriu.

- Não.

- Sério?

- Sério. – Draco observou a mulher sentada, enquanto ela parecia pensar. Não a culpava por estar indecisa. Ele próprio não tinha muita certeza sobre aquilo, entretanto... Considerando a situação, talvez... Ir um pouco mais devagar era a solução, certo?

- Eu suponho que... É... Ok, então... Quero dizer... Eu tenho folga amanhã no último turno então... – respondeu Giny refreando um sorriso.

A porta do vestiário se abriu dando espaço para Hermione que parecia extremamente enfadada. Luna entrou logo em seguida, e Rony segurou a porta parecendo irritado. Aparentemente os três estavam no meio de uma discussão afogueada:

- O que eu estou dizendo é que deve haver certas regras!

- Regras? – questionou Luna surpresa e indignada.

- Absorventes Rony! – resmungou Hermione caminhando em direção ao próprio armário e puxando um vestido vinho. Estava atrasada, atrasada e irritada. – Foi tudo que eu pedi!

- Eu sou um homem! Eu não compro produtos femininos!

- Oh! Isso é totalmente machista! – cortou Hermione. Luna seguiu para o canto do vestiário em busca do seu armário enquanto Rony retrucava irritado:

- Eu não quero ver você caminhando quase nua pela casa! – gritou ele para Luna, que se absteve de responder. – Ou vocês passeando no banheiro enquanto eu estou tomando banho!

- Isso é sobre Luna estar pelada? Porque eu duvido que você vá fazer com que ela se cubra! – rebateu Hermione.

- A quantidade de pele à mostra não é a questão! É a sua casa, você tem que fazer alguma coisa! – Hermione tirou a blusa e pôs o vestido, baixando a calça logo em seguida. Rony virou-se de costas.

- O problema é com Luna não é? – murmurou Hermione baixando o tom de voz. – Você gosta dela... É isso? Você ta afim de Luna? Porque se for, tudo bem... Eu entendo, totalmente... De verdade.

- Na- não! Não é isso! Luna não é de quem eu to afim!

- Ah, então tem alguém! - cortou Hermione virando de costas e apontando para o zíper nas costas. Rony subiu-o.

- Rony eu não entendo qual o problema, de verdade! – exclamou Luna, que obviamente não ouvira a última parte da conversa. – Nós somos todos amigos certo?

- Sim! Somos amigos! Não somos irmãos ou nada disso! – reclamou Rony. – Eu acho que vocês não compreenderam totalmente a situação! Eu: Homem. Vocês: Mulheres!

- Ta bem Rony, agente entendeu você é um homem! – retrucou Hermione pegando um par de sandálias pretas e calçando as. Giny, que havia perdido a noção por um momento assistindo a discussão, cortou de repente voltando à realidade da situação:

- Ele não comprou os absorventes? Você não comprou? – reclamou Giny voltando-se para o irmão. Draco levantou-se desconcertado:

- Ok... Essa conversa não é pra mim... – e caminhando até a porta saiu apressadamente.

- Eu não acredito nisso Rony! – retrucou Giny irritada. Rony olhou para Giny e voltou-se para Luna irritado, ela o interrompeu antes mesmo de abrir a boca:

- Não! Rony, tudo bem! Nós entendemos! – exclamou ela levantando o dedo. – Você é um homem! Mas nós, nós somos mulheres! Três delas! E mulheres têm ovários!

- E vaginas! – acrescentou Hermione. – E nós precisamos de absorventes! Se acostume com isso!

- Eu não sou seu irmão... – murmurou Rony repetindo o que havia dito antes. Num tom de confirmação.

- É, é... Que seja... – cortou Luna. Hermione pôs o casaco longo bege e apanhou a bolsa, estava saindo. Finalmente.



Ela caminhou pelo corredor alcançando o elevador. Olhando no relógio anotou mentalmente: nove e meia. Estava atrasada. Culpa de Rony... Faria questão de explicar isso à Harry, ela odiava se atrasar... Para qualquer coisa. Entretanto...

Aquela tarde decidira que iria compartilhar suas suspeitas com o amigo... Não tinha certeza de como ele iria reagir, mas... Era definitivamente a coisa certa a se fazer. Ser sincera, certo? Sobre tudo. Afinal, aquele encontro significava justamente que ele estava disposto a algo mais, fosse o que fosse...

Hermione saiu da cabine telefônica e atravessou a rua em direção ao bar. Harry estava na porta esperando por ela. Ao identificá-la sorriu brincando:

- Eu tenho uma garrafa de vinho esperando por você à meia hora... – Hermione sorriu.

- Vê... Isso é exatamente porque eu gosto de ter você por perto! – retrucou.

- Então... Nós precisamos conversar... – começou ele.

- Nós precisamos... – respondeu Hermione ficando séria. E após um segundo, sorrindo novamente ela acrescentou com outro sorriso. – Vinho primeiro. Depois conversa...

- Oh, então você está tentando me embebedar pra depois tirar vantagem de mim! De novo. – Hermione sorriu prestes a revidar com uma resposta levemente ofendida, mas o sorriso no rosto do amigo havia morrido, e ele obviamente observava a cabine da qual ela havia acabado de sair. Num misto de choque e culpa, voltou-se para ela. – Hermione eu sinto muito... – Por um momento, Hermione achou que ele estivesse brincando... Desculpas? Pelo quê? E voltando-se para alguém atrás dela ele questionou num tom frio e mordaz:

- Allison. O que você está fazendo aqui? – Hermione voltou-se para encontrar uma mulher alta e loira em pé aproximando-se dos dois. Ela tinha uma pequena bolsa nas mãos e um longo casaco preto. Voltando-se para Harry ela respondeu com um sorriso curto:

- Você saberia se tivesse se importado em ler pelo menos uma das minhas cartas... – E voltando-se para ela, acrescentou estendendo a mão direita que Hermione pegou em um cumprimento. – Oi. Eu sou Allison, Allison Dodson. – Hermione se manteve calada. Se havia uma palavra que definia sua mente agora era absoluta e emaranhada confusão. - E você deve ser a mulher que está dormindo com o meu noivo. Certo?



“The thing people forget is how good it can feel when you finally set secrets free. Whether good or bad, at least they're out in the open, like it or not. And once your secrets are out in the open, you don't have to hide behind them anymore. The problem with secrets is even when you think you're in control, you're not.”

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