No man's land



MÚSICA: “COBRASTYLE” - TEDDYBEARS



“Intimacy it’s a four syllabic word that means: Here is my heart. Shoved into peaces, try some peppers and please enjoy!”


Hermione levou a xícara de café até os lábios enquanto observava Giny atenta.

- Eu podia ajudar... – ofereceu baixando a xícara. Giny abaixou-se apanhando uma tigela debaixo da pia.

- Você não sabe cozinhar... – apontou ela cética.

- Eu sei. Mesmo assim... – argumentou Hermione. – Eu podia fazer a...

- Calada. – retrucou Giny. – Eu preciso me concentrar, eu esqueci a receita.

- Agente manda uma coruja para sua mãe...

- NÃO! Eu sei fazer isso! – insistiu Giny.

- Ok então... – respondeu Hermione voltando a sentar-se no banco frente ao balcão. – e franzindo a testa continuou. – Talvez não seja tão ruim sabe?

- O que? – questionou Giny se ocupando em misturar os ingredientes numa tigela azul.

- Eu e Harry... Como em... “Nós”, certo? – Giny observou a amiga que tinha as sobrancelhas erguidas em espera de uma resposta.

- Vocês transaram de novo não foi? – perguntou Giny com a cara séria. Hermione piscou.

- Não! – Giny encarou a por um momento. – Nós não fizemos nada! Bom... Quase nada. Dados os parâmetros... Nós... – foi a vez de Giny levantar uma sobrancelha com um olhar acusador, sob o qual Hermione cedeu. – Eu surtei, e agente se beijou no elevador.

- Hunf. – resmungou ela voltando-se para o seu bolo. Hermione esticou o dedo em busca de um pouco da massa.

- Ai! – Giny erguera a própria mão dando uma tapa na sua que recuou vermelha. – O qu...?

- Você não faz idéia do que está fazendo não é? É Harry! – argumentou batendo a massa com mais força. – Você está arriscando a amizade que vocês têm!

- Eu?? – ofendeu-se ela. Não era como se Harry tivesse sido arrastado até lá à força!

- Eu vou ter uma conversa com ele! – cortou Giny. – O fato é que além da amizade, vocês estão arriscando o estágio! Você faz idéia das regras sobre relacionamento entre funcionários?

- Eu sei disso! – defendeu-se Hermione amuada. – E você? Onde você estava ontem de noite? – Giny piscou por um momento:

- Eu... Trabalhando! Todos nós estávamos!

- Não, você sumiu! – Giny parou de bater o bolo e encarou a amiga.

- E - eu... Eu estava tendo um dia ruim. E...

- E o que você faz num dia ruim? Se agarra com Malfoy? – sugeriu Hermione com um ar incisivo. Giny arregalou os olhos culpada:

- Eu... Como você sabe disso?! – Hermione pareceu estarrecida:

- Eu notei! Só um otário pra não notar! – exclamou ela apesar de ter um ensaio de sorriso no rosto. – Sua hipócrita! Jogando na minha cara o que eu fiz enquanto se agarrava com Malfoy pelos corredores!

- Não! Ok, primeiro... É diferente! – argumentou ela voltando para o bolo. – Segundo, Malfoy e eu nunca fomos amigos...

- Até agora... – Giny franziu a testa. – E daí que eu e Harry somos amigos? Nossa amizade não vai a lugar nenhum! É só... Ela só vai... É uma... Mudança! – tateou Hermione meio confusa. Giny observou a amiga chocada e ao mesmo tempo penosa:

- Você se apaixonou por ele! – exclamou Giny num tom de lamento.

- Eu não...!

- Se apaixonou! Você se apaixonou por McSonho! Oh... Meu Merlin!

- Giny! – Insistiu Hermione.

- Oh! Eu sinto pena de você... De verdade! Eu... Isso é triste...

- Eu não estou apaixonada!

- Está. – rebateu Giny que ria da negação da amiga.

- Eu n...

- Está.

- Eu... Merda Giny! – exclamou Hermione sentindo-se derrotada. – Eu odeio você! Você e seu bolo estúpido!

- Você adora o meu bolo. – ponderou com sensatez. Hermione levantou-se irritada. – Aonde você vai? – a mulher não respondeu, pegando o casaco ela saiu com um baque na porta.


Billy subiu o zíper da calça e apanhou sua camisa do chão. Os dois haviam acabado de voltar da patrulha, Luna sabia que não deveria pensar dessa forma, mas ~vê-lo em ação, lá, em campo... Não foi necessáriamente algo que auxiliou no seu auto-controle:

- Isso realmente valeu à pena se atrasar... – murmurou Luna ao subir o zíper da própria calça. Ela era louca, completamente e absurdamente estúpida. Já seria errado transar com qualquer um ali, imagine um dos seus chefes...

Ok, talvez ela não estivesse exatamente arrependida mas... Ainda sim. Era seu chefe. Blly Arnolds, seu chefe, que assim como ela também não demonstrava muito arrependimento, observou ela por algum momento.

- Er... Obrigado... – respondeu Arnolds. E vendo a mulher por a blusa e seguir em direção à porta questionou confuso. – Hãn... Nós devíamos conversar sobre isso... – Luna virou-se com um ar prático e um pequeno sorriso:

- Ah, claro! Definitivamente! – e abrindo a porta ela apanhou as pastas dos arquivos no chão e saiu rapidamente.



- É assustador, tipo, pesadelo de assustador... – murmurou Rony. Ele estava em pé ao lado de Hermione esperando pela chegada de Bailey com os casos para serem despachados. Pequeno detalhe comparado à cena que eles estavam presenciando naquele momento...

- Oi! – exclamou Luna ao se juntar ao grupo levemente ofegante.

- Você está atrasada. – murmurou Hermione ainda com os olhos no casal a poucos metros de distância.

- Eu sei... Eu... – tateou ela, mas sua atenção foi desviada chocantemente ao observar a cena. – O que Giny está fazendo?

- Ela... Ela está conversando... – murmurou Harry exasperado.

- E sorrindo... – acrescentou Luna que sentiu seu queixo cair consideravelmente.

- Gente... Talvez... – argumentou Hermione procurando algo para justificar a súbita atitude recém descoberta da amiga. – Talvez eles sejam, tipo... Amigos! – disse não soando muito convencida ou mesmo convincente.

- Com Malfoy... – concluiu Harry sem esconder a surpresa.

Giny sorriu abertamente, obviamente o que quer que os dois estavam conversando era extremamente interessante visto que ambos pareciam absolutamente entretidos...

- É um pesadelo... – repetiu Rony que agora tinha um leve tom de pálido nas bochechas.

- O que vocês estão fazendo? O que é isso uma feira? Movam-se! – exclamou Bailey ao se aproximar do grupo e notar a atmosfera de desconcentração. – Agora! – acrescentou. O grupo se dispersou em segundos...

- Por que você estava atrasada hoje? – questionou Hermione se aproximando de Luna.

- Eu... Por que... Eu estava nos arquivos, isso. Procurando um... Arquivo. – balbuciou ela.

- Você está estranha... – comentou Hermione.

- Hei! – chamou Giny aproximando-se das duas. – Por que você se atrasou? Você nunca se atrasa... – murmurou Giny para Luna que respirou fundo impaciente, e em seguida resmungou abruptamente:

- Por que você está toda fresca com Malfoy? – Giny franziu a testa e Hermione sentiu uma risada travar na garganta.

- Ouch! Rude! – exclamou Giny ofendida.

- Você não faz perguntas eu não faço perguntas. Ok? – falou Luna acelerando o passo e entrando no elevador. Giny e Hermione param:

- Do que você está sorrindo? – Hermione parou e Giny se afastou.


Ela adiantou-se nos degraus. Tinha duas garrafas de cerveja nas mãos e recusara o chamado dos amigos para almoçar no Joe’s àquela tarde... Supunha que o sacrifício valeria à pena... Não. Ela sabia que valeria à pena, por mais que odiasse admitir. Na verdade nem era um sacrifício... – acrescentou Hermione ao subir mais um lance de escadas. – Ela sabia que não deveria estar fazendo aquilo. Sabia que havia 99,9% de chance que quebrasse a cara, mas... Não podia evitar. E a verdade era que a maior parte do tempo que passava às escondidas com Harry, imaginavam porque diabos eles não haviam feito aquilo antes... Quero dizer... Era pura estupidez, certo?

Ainda sim havia o perigo de ser pega... Não só pelos amigos, mas Bailey... Ok, então os amigos não eram exatamente um problema. Mas Bailey... Ela era um problema, um grande, grande problema... Ela era um problema maior, bem maior que Lupin. Que apesar de chefe não era exatamente uma autoridade, para nenhum deles pra falar a verdade. Existiam sim regras restritas com relação a relacionamentos no trabalho, e quanto a isso não havia nada que ela pudesse fazer exceto esconder-se, e aproveitar qualquer brecha que surgisse no caminho...

- Você demorou! – reclamou Harry apesar de ter um sorriso no rosto ao se virar.

- Me desculpe! – respondeu Hermione sorrindo. – Quando você disse “com vista” eu não tomei literalmente! – eles trocaram os lanches.

- Então...

- Então... – repetiu ela.

- Nós estamos escapando de novo. – comentou Harry com um sorriso antes de morder seu sanduíche.

- Agente tem escapado bastante ultimamente... – comentou ela encostando-se na sacada do terraço. Mas Harry não pareceu ter prestado muita atenção ao que ela dizia, ele apenas a encarou se aproximando perigosamente:

- Eu quero te ver hoje... – Hermione sorriu e voltou-se para ele:

- Você está me vendo agora...

- Você sabe o que eu quero dizer... – cortou ele se aproximando ainda mais e tocando seu pescoço suavemente. Hermione sentiu a respiração pesar, mas ainda sim argumentou.

- Eu vivo com outras três pessoas... – murmurou já sem ter muita noção do que dizia. Harry começou a beijá-la. Seu sanduíche caiu no chão junto com a garrafa que segurava.

- E...? – sussurrou Harry puxando-a pela cintura.

- E um hipogrifo... Graças a você... – murmurou Hermione sem fazer sentido algum agora. – Harry... – pediu Hermione nada convincente. – Espere... Alguém pode aparecer e...

- Nós estamos escondidos, lembra...? – insistiu Harry completamente alheio ao fato de que ambos estavam no terraço do prédio.

- Hum hum! – Harry abriu os olhos. – Lá em baixo. Agora! Os dois! Vão! – Harry se afastou murmurando:

- Aparentemente não o suficiente... – Hermione se afastou e caminhou em direção às escadas sem dar uma palavra, Harry seguiu.

- Você. – Harry parou. – Lupin quer te ver.

- Certo... – murmurou Harry dando as costas e seguindo escadas abaixo.



- Sou eu? – perguntou Giny recolocando a blusa.

- Não Giny...

- Só diga se sou eu, porque se for agente pode tentar... Sei lá...

- Não é você Giny. – Repetiu Draco apanhando seus sapatos e colocando-os.

- É algum problema? Porque eu entendo... Quero dizer... – continuou Giny tentando soar o mais compreensiva possível com a situação. – Homens também têm... Você sabe. Problemas...

- Giny, eu não tenho problema nenhum! – insistiu Draco irritado. – Venha aqui. – disse ele puxando-a pelo braço e imprensando-a contra a estante. Ela pareceu surpresa apesar de um sorriso surgir logo em seguida em seu rosto. – Vamos fazer isso dar certo de uma vez!

- Certo... – respondeu ela. Ele a beijou. – Espere. – pediu Giny. – Draco não deu muita atenção. – Não, sério, espere... – pediu ela.

- O que? – questionou se afastando visivelmente impaciente. Giny observou o cós da calça.

- Eu tenho que ir... – murmurou ela num tom desconcertado.

- Hãn? – Draco piscou.

- É uma emergência. Eu sinto muito, mas eu tenho que ir! – e apanhando a capa no chão Giny saiu.

- Sério?! Sério?!!


- Nós fomos pegos.

- O que? – questionou Rony que buscava uma pasta na recepção completamente desligado do amigo. – Onde está a pasta azul que eu deixei aqui?

- Malfoy levou... – respondeu a recepcionista levemente ofendida com o tom de voz do rapaz:

- E você deixou? – Rony bufou de irritação. – Como ele pega meu caso assim? Filho da mãe! Eu ia sair em patrulha... – resmungou.

- Rony... – chamou Harry observando o amigo perder as estribeiras.

- Foi mal. Você estava dizendo...? – cortou Rony meio impaciente.

- Bailey pegou agente.

- O qu...? Ela pegou vocês transando? – Harry olhou em volta.

- Não! – exclamou ele. – Beijando! Ela pegou agente se beijando...

- Isso é pior! – rebateu Rony.

- Como? – exasperou-se Harry.

- Eu não sei! Mas é ruim! – Harry encarou o amigo por um momento.

- Você está certo...

- Como ela ficou?

- Eu não sei... Com raiva acho... – pensou Harry só agora notando que a reação dela não foi tão extrema quanto esperava. – Quero dizer... Ela não gritou nem nada sabe? – Rony pareceu preocupado. – É eu sei... – murmurou Harry apanhando sua pasta e indo em busca de Webber com Rony em sua cola.

Considerando o fato de que era Bailey, Harry supunha que seria muito melhor se ela simplesmente houvesse berrado com ambos até que eles não agüentassem mais... Mas não, ao invés disso, ela mantinha os dois numa tensão terrível, sem saber qual seria o seu próximo movimento. Talvez... – acrescentou mentalmente. – Isso era exatamente o que ela queria... De algum modo Harry não estava surpreso...

- Então... Você contou a ela? – Harry voltou-se para o amigo mais sério. De súbito sabia a que ele estava se referindo.

- Não...

- Harry! Você tem que contar. – exigiu Rony com um ar irritado.

- Eu sei disso!

- Então fale a verdade de uma vez!

- Eu vou falar... Eventualmente! – Rony franziu o cenho. Não gostara da resposta.

- Olhe... Ela gosta de você. E se você gosta dela também você vai ter que falar a verdade! – aconselhou Rony. – Além do mais, ela é minha amiga. E eu não quero que ela sofra.

- Eu sou seu amigo! – retrucou Harry ofendido.

- É diferente... – cortou Rony virando em um dos corredores. Harry parou por um momento observando Rony se afastar, passando mentalmente a conversa. Até que deu meia volta e seguiu adiante.



- Sério... – murmurou Giny descendo as escadas com marcas visíveis da falta de descanso no rosto. – Sério... – ela caminhou até a cozinha e apanhou uma xícara grande. Onde Rony pôs uma enorme quantidade de café.

- Isso é impossível... Fisicamente eu quero dizer... – murmurou ele desconcertado e servindo sua própria caneca de café preto.

- Eu não dormi nem uma hora completa! – reclamou Luna. – Sério...

- Isso é completamente desrespeitoso! – resmungou Giny sentando-se na bancada da cozinha. – Eu tenho 48 horas de turno hoje. E eles também! Quarenta e oito Rony!

- A casa é dela... Não é como se agente pudesse simplesmente proibir os dois, certo? – e com uma pontada de esperança acrescentou. – Agente poderia?

- Talvez... – murmurou Luna também parecendo tão esperançosa quanto ele.

- Talvez ele tenha entrado em abstinência... Sabe, durante esse tempo lá... – sugeriu Giny com um ar curioso na feição cansada.

- Talvez não existam mulheres em Nova York...

- A noite toda. Sério...

- Tão injusto...

- Totalmente.

- É...

- Tudo que eu estou dizendo é que agente está fazendo isso de trás pra frente! – insistiu Hermione sorrindo. Harry sorriu também e sentou-se na cama.

- Como assim? – questionou ele em busca de sua blusa. Estavam atrasados, os dois.

- Você sabe... Está tudo fora de ordem. – recomeçou Hermione puxando o lençol para si.

- Hei!

- Eu estou com frio... – murmurou ela sorrindo. – De qualquer forma... Primeiro você sai, num encontro, depois faz sexo, e aí só depois é que você cria intimidade. – Harry parou de calçar o sapato ouvindo as palavras da amiga. Hermione notou o silêncio repentino. – OK, eu não quis te pressionar ou...

- Não... – falou ele de súbito. – Sabe... Você está certa. – concordou ele com um sorriso, Hermione retribuiu. – Agente deveria fazer isso direito.

- Exato... – concordou ela na mesma linha de pensamento.

- Então... Que tal... Um encontro...?

- O que você tem em mente?

- Eu não sei... Que tal, balsas...? – Hermione sorriu.

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