"Owner of a Lonely Heart"

"Owner of a Lonely Heart"



Hermione voltou-se para Giny que se mantinha do seu lado esquerdo:

- Você acha que ele vem? – Giny ergueu as sobrancelhas, tomada pela súbita pergunta.

- E - eu... O qu... Ele pode vir... Você sabe... Espera é a última que... É... – murmurou finalmente, mas obviamente não era isso que passava pela mente da mulher. E baixando os olhos voltou-se para o próprio copo que jazia no balcão do bar. Hermione fitou Luna, que se mantinha logo depois:

- O que? – questionou ligeiramente desconecta, até que compreendeu. – Ah sim! Bem... Ele, eu acho... Bom, nunca se sabe... – concordou com um ar compreensivo.

- Ele vem. Com certeza! – afirmou Rony veementemente. Num gesto rápido Luna cutucou-lhe fortemente nas costelas encarando-o com um ar severo. – O que? Eu não quero que ela beba a noite toda! – retrucou num tom ofendido. - Eu que acabo limpando o vômito depois...

Hermione simplesmente fitou os amigos abstendo-se de comentar.

- Joe me vê outra dose.


(...)


- Eu disse “me escolha”. Eu realmente disse “me escolha”! Sério? “Me escolha”? – retrucou Hermione sentindo uma nota de indignação transparecer na sua voz.

- Eu acho romântico... – murmurou o homem simplesmente, pondo mais uma dose de tequila no copo dela. Hermione virou no estante seguinte, acrescentando:

- Não Joe. Não é romântico. É penoso, e horrível! Filme de terror, horrendo! Carrie ensangüentada no baile de formatura! Horrendo!

- Ok, tudo bem! É penoso e horrendo... – Hermione fitou o barman, e após um minuto de silêncio exclamou ultrajada:

- Eu disse “me escolha”!!!


(...)


Giny apanhou o taco de sinuca e se preparou para mais uma tacada:

- Quando você diz pra alguém te encontrar em um bar... Exatamente quanto tempo significa que você deve esperar? – questionou movimentando o taco e passando para o irmão em seguida:

- Vocês acham mesmo que ele não vem? – perguntou o rapaz com os olhos na mulher sentada no balcão do outro lado do bar.

- É eu sei... Está ficando triste de assistir... – murmurou Luna apanhando o taco logo em seguida.

- Triste? Ora por favor! – rebateu Giny tomando um gole de cerveja. – Era triste duas horas atrás, agora é só patético!

- Perdão?! – voltou-se Hermione indignada. – Quem é patética?! – e num tom que provavelmente soaria mais ameaçador, não fossem as doses de tequila que havia tomado, acrescentou - Vocês! Que se dizem meus amigos... – Rony apontou silenciosamente para Giny que piscou fazendo-se de desentendida. - Estão me chamando de patética, pelas minhas costas! E bem na minha cara. – e num gesto rápido demais para o seu estado derrubou uma série de amendoins que ela própria se ocupava em comer. Então, voltando-se para o balcão novamente murmurou com uma voz de descrença. – Ele realmente não vem...

Um bip chamou a atenção do grupo, seguido de um segundo e então um terceiro bip. Giny puxou a bolsa e abriu verificando dentro dela por um momento. Puxando um objeto arredondado, que agora acendia em uma luz vermelho intenso disse:

- Eles estão nos chamando de volta...

- Agente acabou de sair de um turno de 48 horas! – reclamou Luna.

- Vamos... – murmurou Rony também demonstrando cansaço e irritação.

Joe observou enquanto Hermione apanhava a própria bolsa e se erguia com uma leve dificuldade:

- Hei, hei, espere! Você vai embora? – interrogou surpreso. – Você não pode ir embora!

- Desculpe. – murmurou Hermione. – Eu tenho que ir atender ao desastre de outras pessoas!

- Você não está em condições de usar uma varinha! Pelo menos fique pra um café... – e após um segundo de silêncio acrescentou. – Além do mais, eu não quero perder o final! – disse obviamente referindo-se a ela e Harry. No que Hermione simplesmente respondeu caminhando em direção à porta:

- Talvez seja para o melhor! Talvez no fundo eu não queira saber!

- Essa é de longe a coisa mais estúpida que eu já ouvi! – mas ela já tinha saído do bar e adiantado no encalço dos outros três.


“In general, people can be categorized in one of two ways - those who love surprises and those who don't. I don't.


Harry adiantou-se atravessando a rua e descendo o pequeno lance de escadas que se antecedia à porta do bar. Num movimento rápido puxou a porta e entrou varrendo o local com os olhos. Não havia exatamente processado o fato de que a amiga já não estava mais lá quando ouviu uma voz chamando-lhe do balcão, Joe o estava observando e informou com um tom de pesar:

- Cara.. Você está atrasado...!


I've never met an auror that enjoys a surprise, because as aurors, we like to be in the know. We have to be in the know, because when we aren't, people die and bad things happen. Am I rambling? I think I'm rambling. Okay, so my point, actually, and I do have one, has nothing to do with surprises or death or bad things, or even aurors. My point is this: whoever said "What you don't know can’t hurt you", was a complete and total moron. Because for most people I know, not knowing is the worst feeling in the world.”


- Porque vocês demoraram tanto?! – reclamou Bailey. E atravessando o grupo num compasso acelerado fez um movimento para que o grupo a seguisse.

- Olá! – cumprimentou Hermione com um sorriso vago. Encostada no balcão ela fitou a mulher enquanto a mesma passava por ela. Bailey parou e fitou-a. – Eu acho que estou um pouquinho bêbada... – Bailey franziu o cenho em desagrado e voltando-se para o grupo:

- Alguém mais bebeu meia garrafa? – vários murmúrios de “não” urgentes se fizeram ouvir no local. Um silêncio seguiu-se até que a mulher parou pondo ambas as mãos nos quadris e com um ar inquisitorial exigiu. – Onde está o resto de vocês?

- Aqui! – exclamou Harry adiantando-se pelo corredor e unindo-se ao grupo. O silêncio tornou-se ainda mais pesado, até ser cortado por uma segunda voz masculina:

- Aqui! – informou Draco surgido de um corredor à esquerda. Giny voltou-se para ele num murmúrio:

- Onde você esteve?

- Eu... – tateou, mas logo foi interrompido pela voz impaciente de Bailey.

- Onde...? – iniciou, mas mudando de idéia retrucou rispidamente. - Esquece! Vocês venham comigo e esperem pelas suas tarefas!

- Eu estava na minha folga... – murmurou Hermione a guisa de desculpa.

- Você está mesmo bêbada...! – lamentou a mulher observando Hermione. - Granger eu lido com você depois!

Hermione não deu ouvidos. Seu olhar jazia em Harry que o retribuiu por alguns segundos antes de acenar de leve e voltar-se para Bailey em silêncio. Ela piscou surpresa com a fugacidade do momento e observou enquanto o grupo se debatia sobre a distribuição dos casos.

- Parem de choramingar todos vocês! - exclamou Bailey assim que Hermione caminhou se postando ao lado dela. Aparentemente uma discussão aquecida havia tomado conta do grupo durante a distribuição dos casos. Harry fitou-a em silêncio e Hermione correspondeu ao olhar por um momento. – Lovegood, você vai. – disse entregando-lhe uma das fichas e indicando um dos corredores.

- Isso! – murmurou contente com sigo mesma, e sem traço algum de cansaço no rosto. Protestos eclodiram vindos de Draco e Giny estava prestes a protestar também quando sentiu uma cutucada do irmão. Voltando-se para onde ele olhava seu campo de visão recaiu sobre Harry, e logo em seguida sobre Hermione, e então Harry novamente. – Tenham um bom sono vocês! – exclamou Luna seguindo pelo corredor.

- Potter! – Harry sobressaltou-se por um instante antes de voltar a atenção para a ficha que a mulher lhe entregava. – Você está com Lupin, vá.

- Certo... – respondeu agora prontamente, porém seus olhos recaíram sobre Hermione e ele não pareceu muito inclinado a ir, visto que se manteve no lugar. Entregando uma terceira ficha a Draco ela ordenou:

- Weasley, não você ela. – disse apontando para Giny que recebeu a ficha e então, notando a presença de Harry ordenou severamente. – Potter! O que você ainda está fazendo aqui? Vá! Vá!

- Certo! Eu, ok! – e percorrendo relutantemente o hall seguiu em direção à sala de Lupin. Bailey voltou-se para o grupo novamente:

- Weasley você e Malfoy vão com Webber. – Draco aproximou-se tomando a ficha da mulher que franziu a testa em desagrado, mas teve a atenção desviada pelo irmão:

- Isso significa que ele a escolheu? – questionou Rony.

- Se significa eu acabei de perder quinze galeões... – murmurou a irmã observando Harry se afastar. E seguindo ela própria junto com Malfoy.

Outra presença seguiu-se à saída do grupo. Henry, um dos recepcionistas aproximou-se passando por ela e chamando sua atenção:

- Hei. Granger certo?

- Isso. – confirmou Hermione observando o grupo no fim do corredor

- Joe mandou dizer que “McSonso” passou pelo bar procurando por você.

- McSonho? Ele disse McSonho passou lá procurando por mim? – o rapaz parou para raciocinar um pouco antes de confirmar:

- Nah... Eu tenho certeza de que foi McSonso. – o rapaz afastou-se e Hermione voltou sua atenção para o grupo novamente caminhando até eles.

Bailey estava prestes a seguir caminho quando Rony olhou em volta. Obviamente ele havia sido o único a ser deixado para trás:

- Eu sou invisível...? Hei! E eu?

- Você er... Leve Granger com você e faça-a comer alguma coisa... – acrescentando em seguida. – Faça com que ela fique sóbria e depois me procure! -

- Porcaria... – murmurou voltando-se para a amiga, que havia se recostado na parede e fitava o corredor pelo qual Harry havia seguido. – Hey.

Hermione manteve-se em silêncio.

- Então... Aquilo foi um aceno?

- Foi.

- Agente sabe o que significa?

Não.



- Tem alguma coisa te perturbando. – ela havia insistido pela enésima vez.

- Não aconteceu nada Giny! – retrucou Draco exasperado, e refreando a vontade de dizer que ela o estava perturbando acrescentou procurando parecer o mais calmo possível. – Eu estou bem.

Mas ela não acreditou:

- É sobre, bom... Você sabe... – tateou Giny fazendo um gesto claro com a mão. E ele sabia sobre o que ela estava falando.

Verdade fosse dita, Draco não compreendia muito bem porque não conseguia transar com ela. Afinal, falta de vontade, certamente não era! E...

Talvez ele realmente tivesse um problema mais... Físico. Por assim dizer.

Não! Definitivamente! Ele era um Malfoy! Malfoys não tem problemas sexuais... Simplesmente não têm.

E o que quer que fosse, ele tinha que arranjar alguém, qualquer uma que o fizesse provar para si mesmo que seu problema não enveredava por essas... Áreas...

Bom, não que sua cabeça não estivesse a mil com o que Lupin dissera alguns dias atrás, mas... Ainda sim, ele nunca foi o tipo de cara que se deixava complicar especialmente com relação a sexo. Afinal de contas...

Era só sexo, certo?

- Draco! – exclamou Giny, ele não a estava ouvindo, obviamente. Num sobressalto, ele parou e fitou-a pondo ambas as mãos nos seus ombros e parando no corredor:

- Olhe, já chega com isso ok?! – atirou rispidamente. E mesmo sentindo uma pontada de culpa, uma voz na sua cabeça lhe mandava extravasar a frustração que estava sentindo na primeira pessoa que ele visse. Naquele momento: Giny.

- Eu só estou tent...
- Eu sei o que você está tentado! E eu quero que você pare! – ok, agora ele deveria parar... Como sempre, deixando a irritação levar a melhor dele acabaria dizendo algo que a magoaria... – Eu não sei o que você está pensando Ginevra, mas eu certamente não preciso de você dando uma de namora! Porque sem ofensa... Você não é. – algo assim.

Giny piscou. Assim que ele professou a última palavra, ela segurou a respiração por um momento. De fato, seu choque era tamanho com a aspereza do rapaz que nem ao menos demonstrou mágoa, não inicialmente pelo menos...

Mas logo, Draco reconheceu a expressão familiar dela. A expressão de quem havia sido profundamente ofendida. Sentindo uma pontada de arrependimento, abriu a boca novamente para murmurar um pedido de desculpas, quando a expressão no rosto dela se modificou. Enrijecendo o corpo ela retrucou afastando-se:

- Bom claramente você precisa de um ar fresco. – disse num tom de frieza. - E eu não vou te impedir. Então, só cuide para que o relatório fique pronto pra que agente entregue pra Arnolds. – e sem esperar por resposta deu as costas e seguiu pelo corredor.

- Isso é ridículo! Eu não sou babá! – resmungou Rony saindo do elevador e enveredando pelo primeiro corredor que viu. Cuidando para que o sanduíche não caísse da sua mão adiantou o passo.

Aquela era a terceira vez que Hermione sumia. E se a amiga não estivesse completamente bêbada, juraria que ela estava fazendo de propósito...

- Hermione é uma bêbada terrível... – murmurou ao sentir um vulto passar ao seu lado. – Giny! – a irmã parou, e assim que Rony observou a expressão nos olhos da garota arrependeu-se imediatamente.

- O que? – retrucou Giny visivelmente irritada.

- Eu... Você viu Hermione?

- Você a perdeu... De novo?! – reclamou Giny. – Não eu não vi!

- Certo... – um momento de silêncio se seguiu.

- Você viu Draco?

- A última vez ele estava na recepção, lá pelo almoço... Por quê?

- Ele ficou de entregar o relatório e não apareceu... – respondeu Giny.

- Relatório sobre o que? – interrogou Rony interessado. Passara o dia todo catando Hermione pelo prédio, daria qualquer coisa por uma pontinha em um caso, qualquer caso...

- Nada, esquece... – murmurou Giny. – Você devia tentar a sessão de Táticas... – sugeriu se afastando.

- Por quê?

- Harry está lá! – concluiu simplesmente.

- Certo claro. – grunhiu Rony.



- Hermione mordeu mais um pedaço da barra de chocolate que Rony Havaí lhe entregue alguns minutos atrás. Não via muito bem o objetivo dele em lhe forçar a comer tanto, mas... Mesmo assim, chocolate era sempre uma boa pedida. Estava procurando Bailey, queria um caso, sabia que estava bem, e assim que conseguisse colocar a visão em um pouco mais de foco estaria pronta para o campo!

Ok, então... Talvez ela não estivesse procurando só por Bailey.

Seria bom se ela encontrasse Harry, ocasionalmente, casualmente quero dizer... Ou, sei lá...

A quem ela estava enganando? Ela estava bêbada.

- Mione. – voltando-se num salto ela arregalou os olhos. Bom, aquilo foi rápido...

- Oi.

- Oi... – respondeu Harry saindo da sala de reunião, alguns arquivos na mão. Um pequeno sorriso no rosto... Talvez ele a tivesse escolhido... – O que houve? – retrucou franzindo o cenho ao observar a barra de chocolate enorme nas mãos da amiga.

- Tequila.

- Oh... – e aqui Hermione não conseguiu captar muito bem o que havia no olhar dele. Culpa...? Talvez... Repensou com uma guinada no estômago. Harry continuava a fitá-la. – Eu estive no bar, sabe...? – disse com um tom de explicação.

- É eu soube. – alguns segundos de silêncio se seguiram até que Hermione reiniciou. – Então...

- Então... Eu, er... - tateou Harry, ele tinha algo a dizer, claro. Mas, não parecia ser fácil...

E se a resposta dele fosse não? E se ele não a tivesse escolhido, quero dizer... Se ele tivesse escolhido ela... Não deveria ser tão difícil certo?

- Lupin pediu alguns arquivos, eu estou sozinho no caso, talvez... Talvez se você puder vir agente poderia...

- Hey!! Granger! Porque você não está com Weasley?! – Hermione fechou os olhos por alguns segundos voltando-se para encarar Bailey, que havia acabado de avistar os dois em frente a sala de reunião. – Eu espero que você não tenha acabado de sair dessa reunião Granger! – reclamou a mulher, um tom de aviso alarmante tomando-lhe a voz. Hermione preparou-se para responder, mas Harry foi mais rápido, obviamente, vantagens da sobriedade...

- Ela não estava. – explicou. – Mas eu estava pensando se ela poderia entrar no caso, veja... Eu estou sozinho e...

- Não. Ela ainda está bêbada.

- O que?! – interveio Hermione alarmada. – Não! Eu estou bem!! Vê?! – insistiu Hermione afastando-se e fazendo um quatro com as pernas. – Totalmente sóbria! Bem, olhe! – disse estirando os braços e tocando o nariz com a ponta dos dedos. – Bem, eu estou bem!

- Não está não!

- Mas... – iniciou Harry. Entretanto o olhar de Bailey cortou a sua fala instantaneamente. – Certo. – disse afastando-se e lançando um olhar de pesar para a amiga, Hermione meramente grunhiu.

- Se arrependendo daquela última dose agora, não? – cutucou Bailey se afastando.

- Hermione! Finalmente! – exclamou Rony saindo de um corredor à direita.



Aquilo era ridículo! E ela odiava a si mesma por isso. E mesmo assim, que horas eram novamente? Certo.

Giny respirou fundo tentando se lembrar do motivo pelo qual passara a última hora procurando por Malfoy.

Oh, claro! Pra encher a cara dele de bolacha!!

Porque, não só ele Havaí sido rude, insensível e... Insuportável com ela, como a fizera de babaca esperando pelo relatório que nunca veio. E pior! Quem tivera que explicar a Arnolds a falta de relatório? Ela!!

Sério!?

Ela o odiava! Não... Ódio era eufemismo... Realmente!

Ok... Foco. Talvez ele estivesse dormindo em um dos quartos, aquele preguiçoso e monte de...

Giny virou a esquerda em um longo corredor abrindo a primeira porta. Um pequeno quarto com dois beliches desarrumados entrou em seu campo de visão. Estava vazio. Talvez o seguinte... – ponderou Giny deleitando-se em acordar o homem com uma estuporação... Ah espere, então ele não acordaria.

Certo, talvez só uma sacudida violenta, ou um sanafão na nuca... Abrindo a porta sem nem pensar duas vezes, Giny ascendeu a luz e fitou o quarto, e parou abruptamente.

Ela havia encontrado Draco, exceto... Ele não estava sozinho.

Observando o homem erguer o rosto incrédulo Giny sentiu a raiva de minutos atrás ser lavada em uma fração de segundo. E ao invés, algo mais, algo além de pura raiva ou, ódio... Algo fazendo sua garganta fechar e seu peito doer violentamente.

Como...? O qu...?

- Giny... Eu... – respirando rasamente Giny fitou os olhos dele por um breve momento. E sacudindo a cabeça forçosamente bateu a porta atrás de si, não antes dele notar um par de lágrimas escorrendo-lhe pelo rosto.



Hermione observou o reflexo no espelho. Gotas de água escorriam pelo seu rosto, e agora, ela começava a realmente sentir-se melhor. Rony recostou-se na parede do banheiro e observou a amiga em silêncio.

- Você parece melhor... – disse simplesmente enquanto a mulher apanhava uma toalha e secava o rosto.

- É... – respondeu Hermione. Um momento de silêncio se seguiu no qual ela e o amigo encararam-se através do espelho. – Eu não consigo lê-lo. – constatou abatida.

- Eu sei. – e aqui, ele tentou sorrir simpaticamente. Um sorriso que Hermione não retribuiu, apesar de sentir-se agradecida pela tentativa. E então, uma súbita vontade de falar a verdade sobre o que estava passando tomou conta dela... Afinal, ali estava ele, Rony. Seu amigo... Ele a julgaria? Hermione não sabia...

Verdade fosse dita, cansaço e ansiedade se misturavam de maneira usual em seu estômago. Talvez ela devesse ter contado a verdade a Harry assim que fez aquele teste. E de fato, esse era o plano. E então, eles pesariam em algo, juntos...

E além do receio de que Harry poderia voltar-se contra ela, algo mais surgiu. E tudo virou de pernas para o ar. E ela não sabia o que fazer ou mesmo pensar...

O que ela faria se ele respondesse “Não”? O que ela faria...?

Um clique de fechadura se fez ouvir no banheiro e a porta abriu em um movimento rápido. Hermione ergueu os olhos e voltou-se para o amigo, que fitava a porta.

Harry entrou no cômodo, dando alguns passos até erguer o rosto e observar a presença dos amigos.

Hermione notou a incerteza de Harry, que apesar de durar meros dois segundos, foi suficiente para que ela acenasse em silêncio para Rony. Num movimento brusco acenou a porta. Rony titubeou um momento, os olhos recaindo sobre Harry que se ocupava em lavar as mãos. Murmurando uma desculpa qualquer se apressou em sair do local.

Silêncio incidiu no banheiro.

Hermione fitou o rapaz ao seu lado, os olhos ainda baixos, a torneira escorrendo... Um olhar mais cuidadoso, e ela, que o conhecia já a tanto tempo, pôde notar que seus olhos estavam levemente vermelhos. Ele não parecia feliz... Ou então, talvez estivesse simplesmente cansado. Tão exausto quanto ela... E então, sem erguer os olhos ele comentou:

- Você já tomou um café...? Ajuda com a ressaca. – sugeriu pigarreando em seguida. A sua voz soou tremida e ainda sim, ela pode notar um tom de suavidade.

Pesar. Considerou sentindo a garganta fechar de súbito.

- Oh. Você vai ficar com ela. – professou Hermione sem registrar como manejara um tom tão monótono quando em verdade queria gritar, expelir os pulmões de tanto berrar. Mas não podia, não conseguia, estava... Cansada, cansada e sozinha.

- Eu a pedi em casamento. – continuou Harry, como se sua voz pertencesse a outra pessoa, outra pessoa que não estivesse completamente devastada por dentro. – Isso significa algo. – um bip cortou-lhe a sentença, mesmo que Harry suspeitasse não ser capaz de formar qualquer outra coerentemente. Pois sua garganta parecia ter fechado.

Outro silêncio pesou no local.

Hermione encarou-o, perdida em palavras. Em pensamentos, em coisa alguma, em qualquer coisa. Ele piscou erguendo os olhos e fitando o teto por um momento e um novo bip chegou-lhe aos ouvidos. Ambos fitaram o aparelho preso no cós da sua calça.

- Eu tenho que ir. – murmurou desviando os olhos. – Hermione nada disse, seus olhos ainda fitavam o local no qual ele apanhara o aparelho. Sua mente estava uma pilha de...

Nada.

Completamente alheia aos redores, nem ao menos notou quando ele afastou-se alguns passos e saiu porta à fora sem mais uma palavra. E uma vontade urgente de sair, de respirar assaltou-lhe, queria sair daquele banheiro, daquele prédio, daquele lugar, pra longe. Bem longe.

E ainda sim, seus pés estavam grudados no mesmo lugar enquanto seus olhos observavam a porta movimentar-se em silêncio e fechar em outro clique.



Harry tentou respirar fundo assim que largou a porta atrás de si. Tinha uma chamada a atender, Lupin estava precisando dele, mas não conseguia pensar nisso. Mal conseguia respirar... Tentando novamente, sentiu o peito arfar. Doía... Mais do que ele jamais esperaria, de uma maneira que ia além da consciência de estar magoando a si mesmo, mas de estar magoando a melhor amiga... Hermione. E assim que ouvira a si mesmo dizendo aquelas palavras parte dele, aquela parte que gritava de arrependimento queria esquecer tudo e perguntar como ela estava. Se ela estava bem... Se ela estava magoada...

Como...? Como era tão difícil? Aquilo era certo, ele estava...

Piscando novamente, sentindo os olhos arderem seguiu sem raciocinar em direção ao elevador invadindo assim que as portas abriram. Bailey estava lá.

Tentando ao máximo se recompor ele postou-se alguns passos atrás da mulher em silêncio. Mas assim que havia entrado, a mulher captou-lhe os olhos vermelhos e a feição perturbada, ela sabia.

Em silêncio, sem olhar para trás ela apertou um botão vermelho ao lado da porta, e o elevador parou. Bailey fitou a porta por um momento, esperando.

Ela sabia que viria, e veio. Um suspiro, e um barulho forte. Harry havia esmurrado a parede e caído em silêncio novamente. Ela podia ouvir a sua respiração acalmando-se lentamente...

- Ok...? – perguntou ela. Harry pigarreou antes de responder:

- Sim. – ela não se virou, não insistiu, apenas apertou o botão novamente e a porta abriu-se. – Obrigado. – murmurou Harry saindo em direção ao hall.



Hermione acenou para mais uma dose. Joe ergueu uma sobrancelha mas não protestou. Sabia que a mulher não estava bem, e pelo estado no qual praticamente deslizara no balcão... Bom...

As coisas provavelmente não terminaram da melhor maneira possível.

Hermione virou a dose e pôs o copo na mesa pedindo outra. Um corpo jogou-se no banco ao seu lado. Pondo uma bolsa grande e marrom sobre o balcão Giny murmurou:

- Oi.

- Oi. – rebateu Hermione virando outra dose. Giny acenou para o copo da amiga, entendendo a pedida, Joe pôs uma dose para ela.

- Você parece terrível. – disse a mulher. Hermione encarou-a por um momento, ela também não parecia estar nos melhores dias... Mas ao invés de expor o pensamento meramente comentou:

- Ele me largou.

- Oh... – foi tudo que ela disse antes de apanhar a dose de vodka e virar, acenando também para uma seguinte. – Vamos jogar um jogo então. Que vida presta menos...

- Você não quer jogar comigo.

- Por quê? Porque seu namoradinho te largou...? – retrucou Giny com azedume. – Vamos! Eu ainda vou primeiro, eu sei que vou ganhar. Eu sempre ganho... – Hermione meramente apanhou um amendoim do balcão e pôs na boca. – Eu acabei de pegar Draco transando com uma das atendentes.

- Eu sinto muito. – disse Hermione após um momento de ponderação.

- Sua vez. – erguendo o copo de tequila em uma das mãos, virou a dose antes de responder:

- Eu estou grávida.


As aurors, there are so many things we have to know. We have to know we have what it takes. We have to know how to take care of our victms... and how to take care of each other. Eventually, we even have to figure out how to take care of ourselves. As aurors we have to be in the know. But as human beings, sometimes it's better to stay in the dark, because in the dark there may be fear, but there's also hope

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Comentários (2)

  • Venatrix

    Por Favor Atualiza!!!!!Amo Grey's Anatomy! e Ja Adoro a Sua Fic!!!!!!Por favor não me deixe nessa agonia!Mesmo que eu tenha ideia do que pode acontecer, ainda sim, não é a mesma coisa! 

    2013-01-29
  • Nety_Potter

    ATUALIZAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!PLEASE!!!!!!!!!!!!!Serio sou super fã de Grey's Anatomy e já assisti a quase todas as temporadas mais mesmo assim to muito anciosa para ler os proximos capitulos!!!!!!Então por favor Atualiza! 

    2013-01-29
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