Redenção



Estava tudo escuro. A morte era assim? Meio sem graça. A julgar por tudo o que fizera na vida, ele achava que estaria no inferno em breve. Viu uma luz que lhe incomodava a vista e fez uma careta. Ouviu vozes no fundo, mas não conseguiu discernir o que diziam. Cada parte de seu corpo doía imensamente.
Sentiu duas mãos em seu rosto e uma boca em seus lábios. Sua visão demorou um pouco para entrar em foco, mas ele viu uma moça com cabelos desgrenhados e cheia de olheiras. Quando finalmente conseguiu enxergar direito, viu Hermione Granger sentada à beira da cama, acariciando seu rosto. Ela lhe sorria com lágrimas nos olhos.
Ele tentou falar, mas sua voz não saía. Tentou se mexer, mas descobriu que estava fraco demais para isso.
- Quer me matar do coração, Sevie? – perguntou ela, num sussurro.
Céus, como estava com olheiras! Por quanto tempo ficara inconsciente? Quis perguntar, mas não conseguiu. Aquilo o irritou um pouco, mas sua face não conseguiu demonstrar irritação quando encarou aqueles olhos que lhe sorriam tão marejados.
Ele quis erguer a mão, enxugar as lágrimas dela, mas suas mãos não obedeciam a sua vontade.
- He-Hermione... – murmurou ele, com a voz muito fraca.
Ela sorriu e várias lágrimas escorreram por seu rosto. Ela as enxugou e continuou sorrindo. Pegou uma das mãos dele entre as suas. Ah, sim! Era por esse contato que ele ansiava.
- Estou aqui, Sevie... – ela tocou de leve os lábios dele com os seus e sussurrou: – Eu sempre vou estar aqui...
Algo bem perto de um sorriso se formou no rosto dele.
- Eu te amo – murmurou ele.
Ela voltou a chorar.
Dumbledore, McGonagall, Harry e Rony observavam a cena a um canto. Harry e Rony com um ar incrédulo.
- Sevie, pára com isso – ela disse.
Ele se esforçou para falar, mas conseguiu perguntar:
- Há quanto tempo...?
Não foi preciso concluir a pergunta para que ela respondesse, apertando a mão dele nas suas.
- Quase duas semanas...
Ele conseguiu mover a cabeça e olhar em volta. Viu o quarteto que o olhava.
- Potter... sugiro que aprenda a fechar a mente logo... – sussurrou ele, com um traço de sua habitual voz letal.
Hermione apertou a mão dele com carinho, como quem sentiu muita saudade. Queria abraçá-lo e nada mais que enchê-lo de beijos, mas ele não conseguia nem se mexer. Parecia estar fazendo um esforço a cada coisa que fazia.
- Eu... eu queria falar só com ela... – disse Snape, olhando para Hermione.
Harry e Rony protestaram.
- Lamento muito... mas não posso fazer nada a ela no momento – disse ele.
Hermione riu e voltou a olhá-lo com ternura, enquanto os outros quatro saíam da ala hospitalar.
- Que foi, Sevie?
- Nada demais – respondeu ele. – Só não gosto da idéia daqueles quatro me olhando com pena. Não gosto de compartilhar você com eles...
Ela riu e beijou a mão dele. O braço dele tremia inteiro quando ele ergueu a mão para tocar o rosto dela. Ela sorriu com mais lágrimas nos olhos e segurou as mãos dele em seu rosto, fechando os olhos.
- Você é tão linda... é tão doce... – murmurou ele. – Obrigado por estar aqui...
- Já disse que sempre vou estar aqui, meu amor – ela sussurrou. – Sempre, sempre...
- Como foi que... Quem foi que me achou? Como souberam que eu estava lá? – perguntou ele.
Hermione fez uma careta.
- Bom, eu não sei dizer, Sevie, juro que não sei como. Mas fui eu que te achei... estávamos todos na sala do Dumbledore àquela hora e não sei por que raios teve uma hora em que eu me levantei de uma vez e corri para fora sem dizer nada. O professor Dumbledore, Harry e Rony correram atrás de mim, mas eu não tinha percebido isso na hora. Alguma coisa me levou até o portão. Eu estava sob um efeito meio hipnótico, porque eu tinha certeza de que você estava lá, mas eu até agora não entendi como eu sabia.
Snape olhava-a com as sobrancelhas muito arqueadas.
- Mesmo?
- Eu posso jurar, se você quiser.
- Não, não precisa jurar – ele disse. – Você não sabe?
Hermione fez que não com a cabeça.
- E Dumbledore não te disse?
- Não – ela respondeu fazendo uma cara aborrecida. – Ele só ficou rindo igual um trouxa aquelas risadinhas dele.
- É bem o tipo de coisa que o Dumbledore faria... Mas e depois que me acharam?
- Trouxemos você para a ala hospitalar, acordamos a madame Pomfrey e eu a ajudei a fazer os curativos e a ministrar as suas poções nos dias certos e coisas assim. Harry e Rony às vezes vinham me ver.
- Como assim?
- Bom, eles reclamavam que eu tinha que sair daqui e...
- Você não saiu daqui? – era mais do que Snape esperava dela.
- Saí sim, algumas vezes. Eu tive que ir ao banheiro e tomar banho, mas eu fazia isso no banheiro da ala hospitalar.
Snape pressionou a mão dela tanto quanto sua força lhe permitia e ensaiou um sorriso para ela.
- E suas aulas?
- Ah... Bom, faltei a todas. A professora McGonagall quis me matar, mas aí eu a desafiei a me fazer alguma pergunta sobre algum assunto das aulas seguintes. Ela nem aceitou o desafio e parou de discutir. Além do mais, nos poucos momentos em que não estava do seu lado olhando para você, eu estava do seu lado lendo algum livro, então ela nem reclamou muito.
- Eu te amo mais ainda agora – ele disse, mas num tom meio zombeteiro, ainda com a voz fraca.
- Como você é bobo! – ela disse. – Você ainda não escapou de me explicar como eu achei você.
Snape deu um sorrisinho no canto dos lábios.
- Quando você me prometeu que sempre estaria comigo... Você falou isso sinceramente, eu suponho... pelo efeito que deu foi algo sincero.
- Que efeito que deu? – ela perguntou.
- Você sentiu minha presença. Quase do mesmo jeito que Molly Weasley sentia a de Arthur Weasley e vice-versa. É uma coisa meio patética para alguém como eu explicar; isso é mais coisa do Dumbledore. Mas á basicamente assim: você disse algo sincero. Já ouviu dizer que promessas bruxas não podem ser quebradas, certo?
Ela assentiu.
- E você jurou que sempre estaria ao meu lado. É claro que eu achei que era um exagero seu, mas não era, pelo visto. O que você falou foi a verdade, o que você realmente achava, o que realmente sentia. Parece que você me ama mesmo, por mais que eu achasse isso impossível. A sua promessa realizou um feitiço muito antigo, que o Dumbledore adora...
- Nem imagino por quê – disse ela, com um sorriso leve.
- É... e como eu amo você acima de todas as coisas... – ele fingiu que não viu os olhos dela marejarem – a sua promessa foi meio que aceita, entende?
- E o que isso significa, exatamente? – perguntou ela.
- Parece que você vai ter que se casar comigo – ele disse, em tom de quem diz “já que não tem outro jeito”, mas de modo zombeteiro.
- Ah, que chato – ela disse com ironia, ainda segurando as mãos dele.
Snape olhou-a sério por um tempo.
- Que foi? – perguntou ela.
- Você se casaria comigo? – perguntou Snape, e desta vez falava sério. – Quero dizer, se eu sobreviver a tudo isso... Você se casaria comigo?
Hermione não conteve as lágrimas. Mais lágrimas. Snape tinha muita facilidade em fazê-la chorar.
- É claro – murmurou ela, sem saber como poderia responder outra coisa. Ela pousou os lábios nos dele candidamente e ele entreabriu os seus. Ela afastou-se, entretanto, sorrindo. – Nem tá inteiro ainda e já quer vir com essas safadezas...
Ela riu; ele sorriu, que era o máximo que podia fazer.
- Bom, agora que já sou mais um velho chato completamente apaixonado como um adolescente... – começou ele, ignorando a carranca que ela fez – será que você poderia me ajudar a me sentar? Minhas costas doem.
- É a idade – murmurou ela, com um riso.
- Vou te mostrar a minha idade assim que estiver melhor – ele disse, com um traço levemente zombeteiro na voz.
- Estou esperando – murmurou ela, ajudando-o a se sentar.
Ele arqueou as sobrancelhas.
- Juro que não vou ter piedade de você – retrucou ele.
- Céus, não tenha! – exclamou ela. – Já faz duas semanas! Parece que já se passaram séculos!
Ele deu um sorrisinho no canto dos lábios.
- Parece que vou ter que pensar em algo mais eficiente para assustar você...
- Mas pra que você quer me assustar, Sevie?
Ele bufou e desviou o olhar.
- Você não vai para a batalha final – ele disse, sério.
Ela fez cara de quem não entendeu.
- O Lorde das Trevas mandou Malfoy tomar conta de você, que é uma das poucas que supostamente dará trabalho. Só que, como a mente do Potter é um lixo, o lorde sabe tudo, sabe o que se passou entre nós, pelo que você contou. Isso é mesmo um inferno, porque tive que dizer a ele que seduzi você e coisas assim. Aí ele me perguntou como você é, se é que você me entende.
Hermione corou até a raiz dos cabelos.
- E o que você disse?
- Aconselhei Malfoy a tentar descobrir, porque você é deliciosa – respondeu ele sério.
Ela ficou ainda mais vermelha e desviou o olhar.
- Entende por que não quero que você vá?
Hermione fez que sim com a cabeça em silêncio. Respirou fundo. Ele tentou adivinhar o que ela estava pensando e ela, por fim, disse:
- Não vamos falar disso agora. Você ainda não está bem.
- Mas tenho que ir assim que o lorde me chamar – retrucou ele.
- E quando você acha que ele vai te chamar? – perguntou ela, aflita.
- Muito em breve.
Ela cerrou os olhos com força, para reter as lágrimas.
- É hora de você comer – disse ela, mandando as lágrimas de volta.
- Ah... não que eu consiga... – murmurou ele, indicando com o olhar a tremedeira das mãos.
- Por isso estou aqui... – ela retrucou sorrindo. – Pra te dar de comer na boquinha igual a um bebê.
Ele fechou a cara numa carranca e ela riu. Acariciou o rosto dele com carinho.
- Oh, Severo, deixe-me fazer isso por você... É tão bom vê-lo acordado depois de duas semanas pulando a cada vez que você se movia um pouco e depois eu constatava que você ainda não ia acordar!
Snape encolheu os ombros.
- Quantas vezes eu já disse que amo você? – ele perguntou, um pouco mais tranqüilo.
Hermione abriu um sorriso largo e tocou os lábios dele com os seus de leve. Snape já os tinha entreabertos, mas ela afastou-se e foi pedir a comida dele.
- Daqui a pouco seu almoço chega – disse ela calmamente, voltando a sentar-se na cama, ao lado dele, pegando uma das mãos dele entre as suas e acariciando-a de leve.
- Eu não sei se algum dia eu fiz algo de bom para merecer você, mas eu juro que todos os dias agradeço aos céus por você existir na minha vida...
- Você nunca me disse que me amava – murmurou ela, lembrando-se de quando Dumbledore falara que vira Snape admirando a foto dela por muito tempo, sem sequer notar a presença dele. – Desde quando...?
- Desde o seu 4º ano, acredito – respondeu ele. – Claro que eu me senti um pouco assanhado, mas eu sabia que não era só o seu corpo que eu desejava... Isso me consolava um pouco.
- Nossa... deve ter sido difícil... Me viu com o Krum... com o...
- Está bem, não precisa lembrar dessa parte – tornou ele, algo aborrecido. – Foi realmente difícil. Cada vez que eu via algum desses seus namoradinhos, eu tinha vontade de estuporá-los.
Hermione deu um sorrisinho.
- Ainda não acredito que você me deixaria ir embora sem me contar sobre os seus verdadeiros sentimentos... – suspirou ela.
- Se você estivesse na minha posição, faria o que? Aquele professor desagradável que todos odeiam de repente chegaria e falaria: “Com licença, srta. Granger, vamos conversar”. Então eu a levaria para um lugar mais reservado; você provavelmente morrendo de medo de ser torturada... E então eu diria “Eu te amo”. O que você faria? Sairia correndo, ou me daria um tapa, ou ficaria me olhando com cara de desentendida...
- Shh – sussurrou ela. – Eu não sei o que faria. Mas saber era um direito meu... – houve uma pausa, e Dobby trouxe a comida. Ela agradeceu e, quando o elfo foi embora, ela virou-se para Snape. – Hora de comer agora.


MEU POVO E MINHA POVA!!!!

TO COM SAUDADES DE ATUALIZAR ESSA AQUIU!!! FAZIA TEMPO, NÉ???

ESPERO NÃO DEMORAR MUITO PRA ATUALIZAR O PRÓXIMO CAP

BJOSS

ANNINHA SNAPE

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