Capítulo 6



N/A: Mais interação H/H, deve dizer que esse capítulos me rendeu boas gargalhadas, Hermione colocando a vida do Harry de pernas pro ar, rsrs.
Boa Leitura!!

Capítulo Seis

Na manhã seguinte, Hermione acordou cedo, ao som do canto dos pássaros. Virando-se na cama, olhou pela janela aberta e deparou com o céu muito azul, pontilhado de nuvens brancas. Definitivamente, o dia convidava à vida ao ar livre.
Sem perder tempo, lavou-se e se vestiu, antes de ir para a cozinha à procura de comida para Bichento. Harry Potter fora sarcástico ao perguntar se ela era capaz de puxar um arado, pregar uma tábua ou ordenhar uma vaca. Bem, Hermione não se acreditava capaz de fazer as duas primeiras, mas vira vacas serem ordenhadas, várias vezes, em casa. A tarefa não lhe parecera difícil. Além do mais, depois de seis semanas confinada em um navio, qualquer atividade física seria bem-vinda.
Estava prestes a sair da cozinha, quando um pensamento súbito lhe ocorreu. Ignorando o olhar irado do homem de avental, que a observava como se ela fosse uma louca invadindo o seu reino, ela se dirigiu à sra. Slughorn.
— Há algo que eu possa fazer para ajudar, aqui na cozinha? — perguntou.
A sra. Slughorn arregalou os olhos.
— Não, claro que não.
Hermione suspirou.
— Nesse caso, pode me dizer onde encontrar as vacas?
— As vacas? — a outra repetiu, chocada. — Para quê?
— Vou ordenhá-las.
A mulher empalideceu, mas não disse nada. Após um momento, Hermione deu de ombros e saiu, decidida a descobrir por si mesma onde ficavam as vacas. Seguiu na direção do bosque, à procura de Bichento. No mesmo instante, a sra. Slughorn limpou a farinha das mãos e foi ao encontro do sr. Slughorn, na porta da frente.
Ao se aproximar das árvores, Hermione avistou Bichento. Por um momento, distraiu-se com o pensamento de que tal nome não combinava muito bem com um animal tão grande, de aspecto tão feroz. Embora continuasse sentindo medo, aproximou-se mais do que na véspera, antes de colocar o prato de sobras no chão e murmurar:
— Veja, Bichento, eu trouxe o café da manhã. Venha comer.
Os olhos do animal pousaram na comida, mas ele não se moveu.
— Não quer chegar um pouquinho mais perto? — Hermione insistiu, determinada a fazer amizade com o cachorro de Harry Potter, já que o dono era inatingível.
Infelizmente, o cão não se mostrou mais amigável que o dono, limitando-se a fitá-la com olhar desconfiado e ameaçador. Com um suspiro, Hermione se afastou, deixando o prato no chão.
Um jardineiro lhe explicou onde encontrar as vacas e Hermione foi até o celeiro, impecavelmente limpo e bem cuidado. Então, parou diante de uma dúzia de vacas, que a observavam com seus olhos grandes e brilhantes. Apanhou um banquinho e um balde e se aproximou da mais gorda.
— Bom dia — cumprimentou-a e afagou-lhe a cabeça, enquanto tentava reunir coragem.
Agora que se via diante da tarefa imposta por si mesma, já não tinha certeza de que sabia como proceder. Após alguns instantes de hesitação, Hermione se sentou no banquinho e posicionou o balde sob as tetas da vaca. Lentamente, arregaçou as mangas do vestido e ajeitou a saia em torno de si. Sem perceber a presença do homem que acabara de entrar, afagou o flanco do animal e respirou fundo.
— Devo ser totalmente honesta com você — confessou em voz alta. — A verdade é que nunca fiz isso antes.
Tal admissão interrompeu as passadas largas de Harry, que parou para observá-la com olhar divertido. Sentada no banquinho, ela mais parecia uma princesa ocupando seu trono. Seu perfil bem desenhado era realçado pelos cabelos castanho-dourados que brilhavam aos raios do sol que invadiam o celeiro.
Quando Hermione se abaixou para ajeitar melhor o balde, Harry não pode deixar de notar as curvas promissoras dos seios fartos, insinuados pelo decote do vestido preto. As palavras que ela pronunciou a seguir forçaram-no a reprimir uma gargalhada.
— Isso vai ser tão embaraçoso para mim quanto para você.
Hermione estendeu as mãos e tocou as tetas da vaca, encolhendo-se com uma careta de desgosto. Respirou fundo e tentou novamente, apertando com rapidez, duas vezes seguidas, antes de encolher de novo. Então, espiou dentro do balde, cheia de esperança. Não havia nem uma gota de leite.
— Ah, por favor, não torne as coisas ainda mais difíceis — implorou à vaca.
Repetiu o processo mais duas vezes, mas nada aconteceu. Frustrada, na terceira tentativa, apertou as tetas com força excessiva , fazendo a vaca virar a cabeça e lhe lançar um olhar furioso.
— Estou fazendo a minha parte — Hermione declarou, devolvendo o olhar maligno. — O mínimo que você poderia fazer é a sua.
Atrás dela, uma voz masculina advertiu:
— O leite vai coalhar, se continuar olhando para ela desse jeito.
Sobressaltada, Hermione virou-se no banquinho.
— Você! — exclamou, mortificada pela cena que ele acabara de testemunhar. — Por que tem de ser sempre tão sorrateiro? O mínimo que poderia fazer é...
— Bater? — ele sugeriu, esforçando-se para não rir. — Costuma conversar com animais com freqüência?
Hermione não sentia a menor disposição para se submeter a zombarias e, pelo brilho nos olhos dele, era exatamente o que Harry estava fazendo. Com toda a dignidade que lhe restava se levantou e alisou a saia. Então, tentou passar por ele.
Com um movimento rápido, Harry a segurou pelo braço.
— Não vai terminar a ordenha?
— Você já sabe que não posso.
— Por que não?
Hermione empinou o queixo e fitou-o diretamente nos olhos.
— Porque não sei como fazê-lo.
— Quer aprender?
— Não. Se tirar a mão do meu braço — ela falou, ao mesmo tempo em que arrancava o braço do aperto firme —, vou procurar outra coisa que eu possa fazer para pagar pelo meu sustento aqui.
Sentiu o olhar dele segui-la, enquanto se afastava, mas sua atenção foi logo distraída, quando ela avistou Bichento, em seu esconderijo atrás das árvores, a observá-la. Sentiu um arrepio na espinha, mas decidiu ignorá-lo. Acabara de ser intimidada por uma vaca e por nada no mundo permitiria que um cachorro fizesse o mesmo.
Harry observou-a desaparecer e, então, afastou da mente a imagem da garota angelical e voltou ao trabalho que abandonara quando Slughorn o informara de que a srta. Granger fora ordenhar as vacas.
Retomando seu lugar atrás da escrivaninha, dirigiu-se ao seu secretário.
— Onde estávamos, Bill?
— O senhor estava ditando uma carta para o seu homem em Delhi, milorde.
Tendo falhado em sua tentativa com a vaca, Hermione procurou pelo jardineiro que lhe explicara como chegar ao celeiro. Aproximou-se dele e perguntou se poderia ajudar a plantar os bulbos que os demais estavam colocando nos canteiros circulares.
— Cuide dos seus afazeres no celeiro e fique fora do nosso caminho, mulher! — ele respondeu, mal-humorado.
Hermione desistiu. Sem se dar ao trabalho de explicar que não tinha afazeres no celeiro, deu a volta na casa e foi para o único lugar onde estaria realmente capacitada a realizar algo útil: a cozinha.
Assim que a viu desaparecer no caminho de pedra, o jardineiro largou sua pá e saiu à procura de Slughorn.
Sem ser notada, Hermione permaneceu ao lado da porta da cozinha por algum tempo. Oito criadas trabalhavam, preparando uma refeição, cujo prato principal parecia ser ensopado de carne com verduras, além de pão e meia dúzia de outros acompanhamentos. Desolada com as duas tentativas frustradas de ser útil, tratou de ser certificar de que seria realmente capaz de desempenhar aquela tarefa. Então, aproximou-se do temperamental cozinheiro francês.
— Eu gostaria de ajudar.
— Non! — ele gritou, evidentemente confundindo-a com uma criada, por causa do vestido preto simples. — Saia! Saia daqui! Vá cuidar do seu trabalho!
Hermione já estava cansada de ser tratada como uma idiota inútil. Com voz educada, porém firme, argumentou:
— Posso ajudar aqui e é óbvio, pelo modo como todas estão trabalhando, que o senhor está precisando de mais gente.
O cozinheiro pareceu prestes a explodir.
— Você não foi treinada! — o outro trovejou. — Saia! Quando André precisar, ele pedirá ajuda e ele mesmo cuidará do seu treinamento.
— Não há absolutamente nada de complicado na preparação de um ensopado, monsieur — Hermione persistiu, exasperada. Ignorando a tonalidade escarlate que tomara conta das faces do homem, diante da maneira insolente como ela se referia a sua culinária complexa, continuou: — Tudo o que se tem de fazer é cortar as verduras nesta mesa e jogá-las naquela panela.
O cozinheiro emitiu um som abafado, antes de arrancar o avental.
— Farei com que seja expulsa desta casa dentro de cinco minutos! — ele anunciou, ao sair da cozinha.
Nos momentos de silêncio tenso que se seguiram, Hermione olhou em volta, para as criadas que a fitavam, petrificadas, com expressões que iam da simpatia ao divertimento.
— Meus Deus, menina — uma senhora de meia-idade falou, limpando a farinha das mãos. — O que deu em você para provocá-lo? Ele vai mesmo exigir que seja expulsa desta casa.
Exceto por Angelina, a criada que cuidava do quarto de Hermione, aquela era a primeira voz amigável que ela ouvia entre os criados da propriedade. Infelizmente, estava tão arrasada por ter criado problemas, quando só queria ajudar, que a simpatia da mulher quase a reduziu às lágrimas.
— Não que você estivesse errada ao dizer que é simples fazer um ensopado — a criada continuou, dando-lhe um tapinha no ombro. — Qualquer uma de nós poderia se encarregar da cozinha sem André, mas o lorde faz questão do melhor e André é considerado o melhor cozinheiro do país. Agora, convém você arrumar as suas coisas, pois não há dúvida de que será demitida imediatamente.
— Não sou uma criada, mas sim uma hóspede — Hermione informou-a em voz baixa. — Pensei que a senhora Slughorn tivesse informado vocês sobre isso.
A mulher se limitou a fitá-la, boquiaberta.
— Não, senhorita, ela não disse nada. Os criados são proibidos de conversar e a senhora Slughorn seria a última a desobedecer às ordens, pois é parente do senhor Slughorn, o mordomo. Eu sabia que tínhamos uma hóspede, mas... — Lançou um olhar para o vestido simples de Hermione, provocando-lhe intenso rubor nas faces. — Quer comer alguma coisa?
Os ombros de Hermione vergaram de frustração e desespero.
— Não, mas gostaria de preparar um cataplasma para aliviar a dor de dente do senhor McLaggen. Só preciso de alguns ingredientes simples.
A mulher se apresentou como a sra. Pomfrey e lhe mostrou onde encontrar os ingredientes que desejava. Hermione se pôs a trabalhar, temendo que o “lorde” entrasse na cozinha a qualquer momento e a humilhasse publicamente.
Harry acabara de retomar a carta que havia parado de ditar ao ser informado de que Hermione fora ordenhar as vacas, quando Slughorn bateu na porta de novo,
— O que foi, agora? — indagou, impaciente, ao ver o mordomo entrar.
— Foi a senhorita Granger novamente, milorde. Ela... bem... ela tentou ajudar o jardineiro-chefe a plantar bulbos. Ele a confundiu com uma criada e, agora que o informei de que ela é uma hóspede, está preocupado em saber se o senhor está descontente com o trabalho dele e, por isso, mandou-a até lá para...
— Diga ao jardineiro — Harry o interrompeu com voz gelada — que volte ao trabalho. Então, diga à senhorita Granger para ficar fora do caminho dele. E você — acrescentou em tom ameaçador — fique fora do meu! Tenho trabalho a fazer. — Virou-se para o secretário e inquiriu: — Onde estávamos, Bill?
— Na carta para o seu homem em Delhi, milorde.
Harry havia ditado apenas duas linhas, quando ouviu uma comoção do outro lado da porta de seu escritório. Um segundo depois, a porta se abriu e o cozinheiro entrou, seguido pelo desesperado Slughorn, que tentava impedi-lo de todas as maneiras.
— Ou ela sai ou saio eu! — monsieur André declarou aos brados, encaminhando-se para a escrivaninha de Harry. — Não admito que aquela moreninha ponha os pés na minha cozinha!
Com calma assustadora, Harry colocou a pena na mesa e ergueu os olhos para o cozinheiro.
— O que disse?
— Disse que não admito...
— Saia — Harry ordenou com voz macia.
O cozinheiro empalideceu.
— Oui — respondeu, apressado, recuando alguns passos. — Voltarei para a cozinha...
— Saia da minha casa — Harry esclareceu — e da minha propriedade. Agora!
Pondo-se de pé, Harry saiu do escritório e marchou para a cozinha.
As criadas ficaram petrificadas ao vê-lo.
— Alguma de vocês sabe cozinhar? — ele perguntou, sem preâmbulos.
Imediatamente, Hermione concluiu que o cozinheiro pedira demissão por causa dela. Horrorizada com a idéia, adiantou-se, mas o olhar de Harry indicou que se ela se oferecesse para ocupar a posição, as conseqüências poderiam ser nefastas. Ele olhou em volta, furioso e contrariado.
— Será possível que ninguém aqui sabe cozinhar? — repetiu.
A sra. Pomfrey hesitou e, então, falou:
— Eu sei milorde.
— Ótimo. A partir de agora, é a responsável pela cozinha. No futuro, por favor, dispense aqueles molhos franceses horríveis que tenho sido obrigado a comer. — Com isso, Harry virou-se para Hermione e ordenou: — Fique longe do celeiro, dos jardins e da cozinha!
Ele saiu e as criadas se viraram para Hermione com um misto de choque e gratidão. Envergonhada pelos problemas que havia causado, ela se limitou a abaixar a cabeça e continuar a preparar o cataplasma para o sr. McLaggen.
— Ao trabalho! — a sra. Pomfrey ordenou a todas com um sorriso. — Temos de provar ao lorde que somos capazes de cuidar da cozinha, sem termos nossos tímpanos ofendidos, ou nossas mãos atingidas por colheres de pau!
Hermione ergueu os olhos, fitando a mulher com olhar surpreso e horrorizado.
— Ele é um tirano cruel — a sra. Pomfrey explicou, referindo-se ao cozinheiro francês. — Somos profundamente gratas por ter-nos livrado dele.
Com exceção do dia em que seus pais haviam morrido, Hermione não se lembrava de ter tido um dia pior em sua vida. Apanhou a mistura que seu pai a ensinara preparar para aliviar dores de dente e saiu.
Como não encontrasse McLaggen, procurou por Slughorn e o encontrou saindo de um aposento repleto de livros. Lá dentro, avistou Harry sentado a uma escrivaninha, conversando com um homem de óculos.
— Senhor Slughorn — chamou com voz sufocada e estendeu-lhe a mistura —, poderia fazer a gentileza de entregar isto ao senhor McLaggen? Diga a ele para aplicar o cataplasma sobre o dente e a gengiva, várias vezes ao dia. Vai ajudar a tirar a dor e diminuir o inchaço.
Distraído mais uma vez pelo som de vozes próximas à porta de seu escritório, Harry largou o papel que estivera lendo, levantou-se para abrir a porta. Sem perceber a presença de Hermione, que já subia a escada, dirigiu-se a Slughorn:
— Que diabo ela fez desta vez?
— Ela... ele fez um remédio para o dente de McLaggen, milorde — o mordomo respondeu com voz tensa, apontando um dedo trêmulo para a escada.
Harry virou-se e estreitou os olhos ao deparar com a figura delicada e cheia de curvas que subia a escada.
— Hermione — chamou.
Ela virou-se, preparada para ouvir um sermão rude, mas ele falou com voz controlada, embora autoritária.
— Não use mais roupas pretas. Não gosto.
— Sinto muito se as minhas roupas o ofendem — ela respondeu com dignidade —, mas estou de luto pela morte de meus pais.
Harry franziu o cenho, porém esperou que ela desaparecesse para voltar a se dirigir a Slughorn.
— Mande alguém até Londres para comprar roupas decentes para ela. Então, livre-se daqueles trapos pretos.
Quando Sirius desceu para o almoço, Hermione se sentou ao lado dele, em postura submissa.
— Meu Deus, menina! O que aconteceu? Está pálida como um fantasma.
Hermione confessou suas desventuras da manhã e Sirius ouviu os lábios trêmulos de riso.
— Excelente! — exclamou quando ela terminou. — Vá em frente e vire a vida de Harry de pernas para o ar, minha querida. É exatamente do que ele precisa. Na superfície, ele pode parecer frio e duro, mas se trata de mera aparência. A mulher certa será capaz de descobrir a gentileza que se esconde dentro dele. E quando isso acontecer, Harry vai fazê-la muito feliz. Entre outras coisas, ele é um homem muito generoso...
Sirius ergueu as sobrancelhas, deixando a frase interrompida no ar. Hermione se sentiu constrangida diante do olhar atento do primo e se perguntou se Sirius poderia estar acalentando alguma esperança de que ela fosse essa mulher. Além de não acreditar que houvesse nem sequer uma fibra de gentileza em Harry Potter, ela não queria nenhum tipo de envolvimento com ele. Porém, em vez de dizer isso ao bondoso Sirius, mudou de assunto com muito tato.
— Devo receber notícias de Draco nas próximas semanas.
— Ah, sim... Draco — ele murmurou com expressão sombria.

N/A: E então gostaram? Comentemmmmmm!!!

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