Se Pelo Menos Ouvissem o Jimi



A ASSASSINA

CAPÍTULO III – SE PELO MENOS OUVISSEM O JIMI HENDRIX...

Poucos passos depois, Augusto parou e abriu a porta da cabina à sua esquerda. Amélia, logo após Malfoy, entrou. Lá, estavam mais cinco pessoas. Dois garotos enormes, com cara de idiota, um loiro, um moreno e uma garota de longos cabelos negros. O loiro, parecendo estar um tanto irritado com a presença dos recém-chegados, tratou de se levantar.

- Já vi que isso aqui vai ficar muito apertado. – Ele se virou, olhou para os dois brutamontes e disse rispidamente. – Crabbe, Goyle, vamos para outro lugar.

Sem sequer olhar para a cara de Amélia, eles saíram, (esbarrando nela de propósito, aparentemente). Ela respirou fundo e se acomodou. Snape, que entrou em seguida, se sentou ao lado dela e, sem dizer uma só palavra, voltou ao livro.

- Quem eram aqueles?

- Lúcio, meu irmão – respondeu Augusto. – E os seus guarda-costas. Não vale a pena conhecê-los.

Como Amélia estava prestando atenção no que Augusto falava, não percebeu o olhar particularmente hostil que vinha recebendo da garota de cabelos negros. Com uma expressão que demonstrava nojo, ela indagou.

- Augusto, posso saber quem é essa menina?

O misto da expressão repulsiva e do exageradamente carregado sotaque inglês fez o sangue de Amélia ferver. Antes que ela pudesse dar uma resposta bem mal-educada, Augusto, com o já-irritante sorriso estampado no rosto, respondeu.

- Essa é Amélia Lair. Filha do ministro da magia americano Albert Lair. Puro-sangue, naturalmente, e pertence à família mais rica e mais influente dos Estados Unidos. – Ele se voltou para Amélia, para continuar as apresentações – Amélia, essa é Bellatrix Black – Ele apontou para a morena – E esse é Rodolphus Lestrange – Apontando para o garoto moreno, que parecia estar um tanto entediado.

- Também é o seu primeiro ano? – Bellatriz perguntou, um pouco menos hostil.

- Sim. Vocês são todos do primeiro ano?

- Não. – Lestrange respondeu – Eu estou no terceiro. Espero que vocês sejam todos selecionados para a minha casa.

Hã? Como assim selecionados! Eu nem sabia que ia ter isso! Ah, tá! Maravilha! Vou ter que perguntar do que diabos eles estão falando, ou eu vou ficar voando no assunto!’

- Desculpe, mas eu não sei nada sobre Hogwarts. O que você quer dizer com 'selecionados para a mesma casa'?

Bellatrix Black reservou à Amélia um olhar sarcástico. Encostou-se a Rodolphus Lestrange e sussurrou algo como ‘Americanos’. Lestrange suspirou e, pacientemente explicou.

- Bom, em Hogwarts os alunos são divididos em quatro casas: Sonserina, Corvinal, Lufa-lufa e... Grifinória – Essa última foi citada com nojo. – Nós, de famílias de puro-sangue, ficamos normalmente na Sonserina.

Hum. Certo. Então eu acho que vou ficar nessa casa.’

- Tem mais alguma coisa que eu deva saber sobre a escola?

- Sim, tem. Nós, sonserinos, não confraternizamos de maneira alguma com Grifinórios.

- E isso seria por que...?

Ela o olhou exigindo uma explicação. Mal pode notar que os demais a olhavam como se ela tivesse acabado de profanar o túmulo de Merlin. Bellatrix a explicou.

- Isso seria porque Grifinórios e Sonserinos nunca se deram bem. Olha, o critério de escolha é a personalidade de cada um, tanto que já tiveram pessoas de sangue puro que ficaram fora da Sonserina e pessoas sangue-ruim que ficaram na sonserina, pouquíssimas naturalmente. O fato é que as personalidades de Grifinórios e de Sonserinos são bem diferentes! Os Sonserinos são superiores."

Superiores... Interessante.’

- Como assim, superiores?

Mais uma vez, ela foi olhada como se tivesse dito que nunca tinha ouvido falar de Londres. Snape respondeu.

- Nossas idéias estão certas. As deles, erradas. Só isso.

- E quais são as idéias deles?

- Eles pensam que sangues-ruins são tão poderosos quanto os de puro-sangue. Alguns são ainda piores: Pensam que trouxas são tão capazes quanto nós, bruxos, que somos obviamente mais evoluídos.

Ela ergueu a sobrancelha e acenou... Ela teve uma vontade quase incontrolável de dizer o que achava das idéias Sonserinas. Mas preferiu ficar calada, pelo bem da sua saúde física e mental.

Aposto que eles todos mudariam de idéia se ouvissem o Jimi Hendrix apenas uma vez!’

Malfoy, que, definitivamente, era o mais acolhedor de todos, decidiu começar uma conversação.

- Você vai adorar Hogwarts, não se preocupe. Esse negócio de casas e as regras da escola, você aprende lá...

Talvez aprendesse... Mas era melhor mudar de assunto, ou Amélia acabaria discutindo com todo aquele grupo.

- Como vocês se conheceram?

- Família. – Malfoy respondeu. – As famílias importantes inglesas costumam manter contato. Nossos pais são amigos.

Assim eles começaram a falar sobre famílias... E sobre a escola... E infância... E um assunto foi puxando o outro. Amélia nem sentiu o tempo passar. Ao contrário do que ela imaginou, os imbecis preconceituosos se revelaram pessoas incríveis, que nunca deixavam o assunto terminar (claro que essa regra não poderia ser aplicada a Snape... Embora até esse tenha a surpreendido com os seus comentários sempre afiados e inteligentes sobre tudo). Com pouco tempo, Amélia já começou a achar que talvez não fosse tão ruim ser da mesma casa (seja lá como isso funcionasse) que eles.

Uma mulher abriu a porta da cabine para oferecer doces. Só então Amélia percebeu que muito tempo tinha se passado e ela estava com fome. Ela pensou em comprar uns sapos de chocolate, mas...

DROGA!

Eu esqueci a minha bolsa lá na outra cabina!

Droga!’

Malfoy a viu se revirar, à procura de algo.

- Se você estiver sem dinheiro, eu posso comprar doces para você.

- Não precisa, obrigada. Eu devo ter dinheiro na minha mochila, mas a esqueci! Eu já volto. Com licença.

Ela se levantou e foi até a outra cabina, rezando por todo o caminho para que esta estivesse vazia... Mas não estava. Assim que ela colocou a cabeça lá dentro, quatro pessoas se calaram de repente e ficaram olhando-a.

Droga!’

Ela lutou para não ficar vermelha... Não deu certo.

Droga!’

Ao ver a vermelhidão de Amélia, os quatro começaram a rir.

Droga!’

A única garota que tinha na cabine falou mansamente.

- Calma! Nós não mordemos! Foi você que esqueceu a bolsa?

Ela assentiu. A garota sorriu.

- Por que você não entra um pouco?

Por que não?’

Ela entrou e se sentou. Começou a prestar atenção nas pessoas que estavam lá dentro. A garota que tinha acabado de falar com ela era ruiva e tinha faiscantes olhos verdes. Os três garotos eram morenos; um tinha cabelos rebeldes, o outro olhos azuis e o terceiro era muito parecido com alguém que Amélia conhecia, embora não conseguisse se lembrar quem.

- Eu sou Lílian Evans. Esses são, Remo Lupin – o com olhos azuis –, Tiago Potter – o dos cabelos rebeldes – e Sirius Black.".

Black! Isso mesmo! Ele era muito parecido com Bellatriz Black!’

- Er... Eu sou Amélia Lair.

Ela ouviu vários ‘é um prazer te conhecer, Amélia’. Não deixou de notar que todos tinham a tratado como ‘Amélia’... Completamente diferente do tratamento que tinha recebido dos outros. Ela decidiu perguntar a Sirius sobre Bellatriz.

- Er... Sirius, não? – Ele confirmou – Bom, hoje eu conheci uma garota que também tem sobrenome Black e...

Ele nem a deixou terminar de falar.

- A Bellatrix? – ela assentiu – Quer dizer que você já teve o desprazer de conhecer a minha querida priminha? Não se preocupe, eu não sou nada como ela! Espero que aquela...

- SIRIUS! – Tiago interrompeu, temendo que a palavra seguinte fosse um tanto inapropriada. Depois falou com Amélia, se desculpando. – Eles não se gostam muito, sabe? Bom, mas aqui está a sua bolsa!

Ele a entregou a mochila, que parecia não ter sido mexida. Amélia pensou em deixar a cabina, mas foi parada com uma pergunta de Remo.

- Também é caloura, não?

- Sou sim!

- Por que você não passa um tempo aqui?

Ela passou quinze maravilhosos minutos conversando com essa quatro pessoas. Amélia gostou muito deles. Até esqueceu que tinham outras pessoas esperando por ela... Isso até a mulher que vendia doces chegar. Só então ela se lembrou da outra cabina. Despediu-se de todos, pegou a bolsa e saiu.

Olhos surpresos a encaram quando ela voltou. Bellatrix, que parecia um tanto desapontada, falou.

- Pensei que não ia mais voltar.

- Eu fiquei um tempo na outra cabina. Black, eu conheci o seu primo...

- MEU PRIMO! - Ela interrompeu - Que dizer que você já teve o desprazer de conhecer o meu querido primo Sirius? Fique tranqüila, eu não sou como ele! Eu queira que aquele...

- Calma, Bella! – Augusto Malfoy interrompeu imediatamente – Bella e o primo não se dão muito bem.

Eu tenho a estranha impressão de ter visto essa cena antes...’

O resto da viajem pareceu voar. Amélia tinha adorado passar o tempo com eles, mesmo não concordando com o jeito deles pensarem. Mas o tempo dela tinha acabado; A viagem tinha chegado ao fim.

Ela saiu do trem seguindo os amigos (?). Assim que chegou do lado de fora, viu que um grandalhão estava chamando os alunos novos. O cara era simplesmente Pavoroso! Ele tinha uma enorme barba e... Ele era gigantesco! Amélia nunca tinha visto um homem tão medonho em toda a sua vida.

Ela não queria ir a qualquer lugar com aquele homem. Mas não teve muitas escolhas, já que, assim que percebeu que ela ia ficar parada, Augusto Malfoy a arrastou.

O grandalhão se apresentou como Rubeus Hagrid, guarda-caça da escola. Ele também disse que iria escoltar os alunos até o castelo, onde ocorreria a cerimônia de seleção.

Os calouros começaram a seguir o grandalhão por um caminho escuro e estreito. Eles passaram nessa trilha por um tempo, até que, depois de uma curva, todos puderam finalmente ver Hogwarts.

Wow!’

Amélia ficou maravilhada. Hogwarts era um castelo colossal. Ficava em cima de um penhasco e, como era noite, via-se várias luzes brilhando pelas numerosas janelas. Era maravilhosamente, extraordinariamente inexplicável. Um sorriso espontâneo se formou nos lábios dela.

- Cada barco pode levar quatro de vocês! Vamos, acomodem-se!

A voz do grandalhão trouxe Amélia de volta à realidade. Ela até se envergonharia, se não tivesse percebido que todos os outros alunos também tinham olhado o castelo igualmente abobados. Malfoy tocou de leve na mão dela e começou a guiá-la para o barco. Eles se acomodaram, seguidos por Bellatrix e Snape.

Eles esperaram um tempo até que todos os alunos fossem para seus respectivos barcos. Quando todos já estavam acomodados, os barcos começaram a deslizar, ao mesmo tempo, sobre a água. O grandalhão mandou os alunos baixarem a cabeça. Eles entraram numa espécie de túnel que acabou, provavelmente, debaixo do castelo. Os alunos desembarcaram.

O grandalhão pediu para que os estudantes continuassem o acompanhando. Amélia olhou desesperadamente para Augusto Malfoy, que apenas sinalizou para que ela continuasse seguindo Snape e Bellatrix. Os três foram na frente. Amélia os seguiu cabisbaixa.

Quando ela levantou o rosto, percebeu que o cenário mudara completamente. Agora caminhava num gramado e estava logo na frente do resplendoroso castelo. O grandalhão bateu três vezes na porta que dava acesso à escola. Ela se abriu.

Um bruxo estava esperando logo atrás da porta. O grandalhão disse quem ele era, mas Amélia não escutou. Aliás, não prestou a mínima atenção; não conseguia parar de admirar o castelo! E dentro do castelo! Era tão impressionante quanto o lado de fora!... Não! Era ainda mais impressionante! Os alunos foram levados até uma sala vazia.

- Bem-vindos! – Ela, pela primeira, vez prestou atenção em quem estava falando. Era um senhor de longos cabelos e barbas. – Eu sei que vocês devem estar morrendo de fome, mas, antes de comer, devem ser selecionados para as suas devidas casas. Essas, a propósito, são quatro: Grifinória, Sonserina, Lufa-lufa e Corvinal, cada uma representa um fundador da escola. Essas casas serão como a família de vocês, enquanto estiverem estudando aqui. A seleção vai ocorrer logo. Eu voltarei assim que estivermos prontos para iniciá-la.

Então o senhor saiu. Amélia pensou em perguntar quem ele era para Augusto, mas ele estava absorto numa conversa com Bellatrix (que já tinha deixado claro que não ia muito com a cara de Amélia), que ela achou melhor não interromper. Então foi para Snape, com o sorriso mais meigo que conseguiu colocar na cara.

- Snape, er... Você se lembra quem é esse cara que saiu agora? É que eu não prestei atenç...

- Alvo Dumbledore. – Ele a cortou – Professor de feitiço e vice-diretor. Ele é também o diretor da Grifinória.

- Ah.

Ele voltou a se concentrar na porta, evitando olhar para Amélia. Ele obviamente queria por o assunto por encerrado. Mas ela ainda tinha uma dúvida.

- Er... E aquele outro? O grande? O que nos tro--

- Eu sei de quem você está falando. – Ele a cortou de novo. Ela começou a se irritar com os modos dele – Aquele era Rubeus Hagrid. O guarda-caça.

Assim que ele acabou de falar, Dumbledore entrou novamente na sala, com um sorriso encantador nos lábios. Ele chamou os alunos, que fizeram um fila e saíram da sala.

Entraram num lugar esplendido! Tinha velas flutuantes, teto encantado, fantasmas... Era maravilhoso! Amélia ficou admirando o lugar, abismada!

Até que não será tão mal viver aqui!

“Amber, Willian”

- Oooooooi, de novo!

Ela olhou para o lado e logo reconheceu os garotos (e a garota) que tinha conhecido quando fora pegar a mochila. Quem disse ‘oi’ foi Tiago.

- Oi – ela respondeu, sem conseguir sorrir por causa do nervosismo pré-seleção.

- Não falamos com você antes porque estava com a prima de Sirius... – Tiago continuou - Você sabe, eles...

- Não se dão muito bem. – Ela interrompeu, quase rindo. – Já me disseram isso duas vezes, e uma delas foi você!

"Black, Bellatrix"

Bellatrix Black se moveu confiante para um banquinho. Dumbledore colocou um chapéu velho e aparentemente sujo na cabeça dela.

"SONSERINA", o chapéu gritou.

- Ah, eu sabia! – Sirius disse, triunfante. – Eu tinha certeza que aquela vac...

“Black, Sirius”.

- Oops, acho que sou eu!

E Sirius correu, para ser selecionado para a Grifinória. A cerimônia passou rapidamente. Logo chegaram no 'L' (“Ladern, Veyda - LUFA-LUFA”)... E logo chegaram em...

"Lair, Amélia".

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