Capítulo 2



Something in your eyes keeps haunting me (Alguma coisa no seu olhar continua me perseguindo)
I'm trying to escape you (Eu tento escapar de você)
And I know there ain't no way to (E eu sei que não há como)
To chase you from my mind (Te afugentar de minha mente)


The Cult - Painted On My Heart


- Coma logo... Tenho coisas mais importantes a fazer – Draco avisou enquanto desamarrava Hermione.

Era noite, e a chuva forte que caia do lado de fora do castelo podia ser ouvida. Vez ou outra o som de um trovão era também ouvido. Draco ficou a observá-la enquanto a mulher se alimentava. Cerca de cinco minutos se passaram, sem que Hermione dissesse uma palavra.

- A tempestade a assusta, Granger? – ela o olhou, confusa – Não disse uma só palavra desde que cheguei, e isso é muito estranho. Acreditava que seu passatempo favorito era me irritar quando vinha até aqui.

- Não é nada – Hermione respondeu e voltou sua atenção para a comida, o deixando ainda mais confuso. Permaneceram em silêncio por mais algum tempo, até que ela o chamou – Malfoy...

- Eu sabia que não conseguiria agüentar. – o loiro revirou os olhos.

- Você percebeu que há quase uma semana Lucius não veio até aqui? – ele não respondeu – Eu deveria imaginar que você não perceberia...

- E por que me preocuparia com isso? Não é problema meu.

- Você é mesmo muito burro, Malfoy. – ele fez uma careta – Seu pai não veio mais me torturar, mas ainda assim eu continuo viva.

- Para minha infelicidade...

- Não entende que eles devem estar planejando alguma coisa? – ela questionou.

- Não seja estúpida... – Draco levantou da cadeira em que estava, ficando de costas para Hermione. A lembrança da conversa de Lucius com outros comensais veio a sua mente.

- Pense comigo, Malfoy... Eles não me deixariam viva por tanto tempo. Voldemort deve ter um plano maior que simplesmente descobrir a localização da Ordem, e certamente eu preciso estar viva para que esse plano dê certo – ela explicou, mas Draco não disse nada – Você não sabe nada sobre o plano, não é?

- Não – ele confessou.

- Eu imaginei. – o loiro virou-se para Hermione e a encarou – Veja pelo lado bom... Talvez, muito em breve eu finalmente morra... Uma sangue-ruim a menos no mundo.

Draco ficou parado por alguns segundos, antes de caminhar até Hermione e a amarrá-la novamente. Ainda havia comida no prato da mulher, mas ele não se importava se ela não saciara a fome. Tirou a bandeja do colo dela, e saiu da cela, batendo a porta. Hermione deu um pequeno sorriso, depois mirou a pequena e única janela do lugar. Não podia ver nada além da escuridão da noite; apenas conseguia ouvir a chuva.

***********************

- Então é isso... O plano envolve a Granger – ele disse para si mesmo enquanto se afastava das masmorras. Questionava-se como pudera ser tão burro e não ter percebido antes. Odiava a posição inferior na qual se encontrava. Parou ao ver alguém se aproximando – Lucius?

- Darei uma última chance a prisioneira. – ele falou.

- Como assim? Vai matá-la?

- Não... Mas darei a chance a sangue-ruim de colaborar por vontade própria.

- Qual é o plano, Lucius? – o homem ergueu a sobrancelha – O que acontecerá se ela não colaborar por vontade própria?

- Ah... Breve ficará sabendo – Lucius sorriu.

- Eu exijo que me diga agora mesmo! – o pai gargalhou.

- Exige? Quem você pensa que é Draco?

- Eu sou um comensal e também sou seu filho! – Draco respondeu.

- Meu filho? Eu deixei de ter um filho quando este me envergonhou na frente do mestre. Deveria aceitar sua posição, Draco. Você é um nada... Um simples subalterno que serve para alimentar uma prisioneira imunda. Você não pode exigir nada...

Lucius sorriu antes de seguir em direção as masmorras. Draco ainda ficou parado por algum tempo, as palavras duras do pai ainda em sua mente. Respirou fundo, e fechou os olhos... [i]“Eu sei que você não é como seu pai, e é triste observar que se destruirá por ser tão covarde e temer seguir próprio caminho!”[/i], a voz de Hermione surgiu de repente. Sentiu vontade de gritar e sumir; pela primeira vez desejou ter dito uma escolha e ter seguido um caminho diferente.

Olhou para a direção em que o pai acabara de seguir, e embora não soubesse qual o plano que Lucius tinha em mente, sabia que seria terrível para Hermione. Do mesmo modo que a morena não acreditava mais em salvação para ela, Draco também não acreditava que pudesse se salvar. Ele não era capaz de voltar no tempo e alterar o passado, muito menos mudar o futuro negro que certamente o aguardaria. Mas ele poderia fazer alguma diferença no presente.

Resolveu ficar escondido e esperar que Lucius retornasse. Já estava se irritando com a demora do pai, mas cerca de quarenta minutos depois, finalmente o bruxo deixou as masmorras. Assim que o homem se afastou o suficiente, Draco saiu de seu esconderijo atrás de algumas peças de mármore, e fez o caminho até as masmorras. Caminhou até a cela em que Hermione se encontrava, e abriu lentamente a porta de madeira. A cela estava escura, então Draco pegou a varinha para iluminar o local.

Hermione não estava na cadeira amarrada, mas simplesmente caída no chão. Aproximou-se devagar, e aos poucos foi percebendo a péssima condição na qual a bruxa estava. A respiração dela estava muito fraca, e suas roupas sujas de sangue. Havia algumas marcas roxas em suas pernas e braços. Deveria deixá-la daquela maneira, sabia o quanto deveria estar sofrendo, embora duvidasse que pudesse morrer, já que Lucius a queria viva. Era uma possibilidade. Entretanto, Draco fez uma escolha que antes julgaria completamente impossível.

Caminhou até a pequena janela que havia na cela, e após conjurar um pedaço de pano, molhou-o com água da chuva. Voltou para perto de Hermione e se ajoelhou. Com o pano molhado, começou a limpar o sangue que havia na face dela, fazendo-a tremer, e ao mesmo tempo abrir lentamente os olhos.

- Fique quieta. – ela estranhou o tom de voz dele, mas seu corpo doía demais para questionar. Draco limpava lentamente todos os ferimentos causados pela última visita de Lucius.

- Por que está aqui? – não conseguiu evitar a pergunta.

- Eu não sei, Granger. – respondeu sinceramente, e pareceu suficiente naquele momento. Ela apenas fechou os olhos, e continuou a sentir o toque suave dele aliviando sua dor.

Após limpar a pele dela, Draco apontou a varinha para Hermione e murmurou alguns feitiços de cura que conhecia. Certamente não conseguiria deixá-la em perfeitas condições, mas era o que estava ao seu alcance naquele momento. A mulher não disse nada, e por mais que parecesse estranho estar sendo ajudada por Draco Malfoy, não conseguiria contestar. O loiro a ajudou a se sentar e a encostar-se na parede. Depois, ele levantou para ir embora, mas ela o impediu.

- Obrigada.

- Eu não fiz nada demais, Granger...

- Você fez mais que imagina. – ela deu um pequeno sorriso – Você deu um pulo muito grande e significativo para a salvação.

- Não confunda as coisas. – Draco alertou.

- Não estou confundindo, alegra-me descobrir que não está tão perdido quanto eu imaginava. – ele se virou para olhá-la.

- Eu não tenho salvação... Nós não temos... – ele falou.

- Talvez eu realmente não tenha, mas eu acredito agora você possa vir a ter, Malfoy.

- Você é tão ingênua... – Draco sorriu ligeiramente.

- Lucius me surpreendeu com essa visita.

- Ele disse que seria a última.

- Não que eu goste das visitas, mas... O que me espera parece bem pior que isso. – ela suspirou.

- E você não tem medo? – Draco a olhou bem nos olhos.

- Muito – Hermione confessou e deu um pequeno sorriso.

- Mas seu medo não é pelo que vai acontecer com você. – ela ficou em silêncio – É medo pelos seus amigos...

- Como...

- Posso não ser tão esperto quanto você, Granger. – ele sorriu – Mas também sei observar.

Ela correspondeu ao sorriso, e baixou a cabeça. Draco finalmente se afastou e deixou a cela. Caminhou sem pressa em direção ao próprio quarto, enquanto uma sensação completamente desconhecida parecia querer se apossar de seu corpo. Entrou no quarto, e seguiu até a janela. A chuva estava mais fraca agora. A lembrança da última visita à Hermione ainda permanecia em sua mente, mas diferente das outras vezes, ele desejou continuar pensando nela...

************************

- Acorde! – Draco assustou-se ao encontrar Lucius ao lado de sua cama.

- O que houve? – ele questionou enquanto sentava na cama, e passava as mãos nos olhos.

- Ontem eu acabei me excedendo com a sangue-ruim, preciso que dê um jeito nela?

- Dê um jeito?

- Sim... Leve algumas poções e comida também – Lucius ordenou – Precisamos dela em boas condições!

- Está bem... - ele assentiu, mas permaneceu deitado.

- Agora, Draco! Se a sangue-ruim morrer, o mestre não ficará nada feliz – Lucius alertou, antes de deixar o quarto. Draco resmungou alguma coisa, e levantou da cama. Tomou um banho rápido e foi fazer o que pai ordenara.

Chegando à cela da mulher, a encontrou adormecida. Deu um pequeno sorriso, e depois de colocar a bandeja com café da manhã sobre um banco, caminhou até ela com as poções. Abriu um dos frascos, e após molhar um pedaço de pano com o líquido azulado que havia dentro dele, começou a passar levemente no braço de Hermione. Ela não despertou imediatamente, mas após algum tempo, a mulher abriu os olhos.

- Nem comece... – ele a advertiu, fazendo-a sorrir – Foi Lucius quem mandou trazer as poções.

- E se ele não tivesse mandando? Viria aqui hoje? – ela perguntou.

- Eu não venho todos os dias trazer suas refeições? – Draco revirou os olhos.

- Não se faça de desentendido, Malfoy... Perguntei se viria... – ela pausou por um momento – Cuidar de mim?

- Claro que não! – afirmou. Ela sorriu ainda mais.

- Acredito. – ele a olhou nos olhos, mas preferiu não responder. Após limpar os ferimentos com o líquido azulado, pegou o outro frasco com líquido incolor e passou nos mesmos lugares.

Faltava apenas o rosto, então Draco abriu o terceiro frasco, contendo um líquido também incolor. Molhou um outro pano e começou a passá-lo cuidadosamente na face dela. Evitava o contato visual, tentando concentrar sua atenção nos ferimentos. Sabia que ela o observava, mas parecia temer retribuir o olhar. Sem querer, acabou encontrando o olhar de Hermione. Ficou imóvel por alguns instantes, até que balançou a cabeça e se afastou.

- Aqui está o café da manhã – disse simplesmente e saiu. Preferiu não esperá-la terminar.


N/A: Bom... Aqui está o capítulo 2... =D Eu realmente gosto dessa fic, apesar de achá-la um pouco chata, hehiuehuiehuiehuiehe... Anyway... Espero que vcs curtam a idéia... =D Breve eu posto mais, oks!? Agradeço a todos que leram, comentaram e votaram!! Um beijo enorme! Pink_Potter : )


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