Cap. 12



Eles se encararam por um instante. Como se estivessem hipnotizados um pelo outro. Então como se tivesse levado um choque, Hermione se afastou. Meio desconcertada falou:


- Eu...  acho que está tudo em ordem, vou descer.


E sem esperar resposta, saiu em disparada do quarto.


Harry ainda ficou um bom tempo parado no mesmo lugar.


 O que estava acontecendo com ele?


Era a pergunta que sua mente insistia em fazer.


Eram amigos.


Mas porque seu corpo parecia não entender isso. Toda vez que Hermione chegava perto, ele reagia de maneira estranha. Era como se uma força o dominasse e o impelia a estar perto dela. E ficou ainda muito mais difícil resistir quando ela passou a língua pelos próprios lábios.


Quando ela fez aquilo seu controle foi por água abaixo. Tudo o que queria naquele momento era beijá-la.


Mas ao mesmo tempo sabia que seria arriscado, estava há muito tempo sem uma companhia feminina e Hermione não podia ser comparada a qualquer uma das quais  ele havia ficado no passado.


Só podia ser a grande distância. Pensava ele enquanto desfazia as malas e guardava as roupas no armário do quarto.


Ficar muito tempo longe dos amigos e das pessoas que amava já se provara não ser uma boa idéia, lembrou ele. O que teria de fazer agora era se controlar ao máximo perto dela, afinal estava confuso com toda aquela situação, não poderia, por um impulso de seu corpo, colocar em risco uma amizade de longa data.


 


Todos estavam reunidos em torno da mesa quando Harry entrou na cozinha.


O cheiro de assado e macarronada impregnava o ambiente, fazendo atiçar a fome de todos.


Entre risos e brincadeiras, Lisa o mandou sentar e lhe ofereceu  a salada.


- Coma querido, está muito magro.


Harry com um largo sorriso no rosto começou a comer. Era impossível não se lembrar da matriarca Weaslay. E ao mesmo tempo em que esse pensamento lhe ocorreu, se deu conta de que precisava lhe fazer uma visita.


Seu olhar se encontrou com o de Hermione e ambos sorriram brevemente. Ela logo desviou o olhar voltando a conversar com o pai.


 Hermione estava achando difícil se concentrar no que o pai estava falando, curiosa em saber o que o moreno sentado a sua frente estava pensando.


Alguma coisa estava diferente nele, estava mais maduro, mais adulto. E esse Harry diferente a estava deixando intrigada. Haviam quase se beijado no quarto, seu corpo, reagiu de forma totalmente desconhecida perto dele. Era como se ele fosse um imã e ela seria inevitavelmente atraída por ele.  


 


O almoço transcorreu alegremente. Todos falavam sobre tudo e nada.


Os pais de Hermione eram ótimos anfitriões, não deixavam as visitas desconfortáveis com perguntas indiscretas. No caso todos estavam curiosos a respeito de Harry, mas ninguém se atrevia a perguntar abertamente, o que não ocorreria na casa dos Weasley. Na toca as coisas seriam diferentes pesou Harry. Teria que estar preparado para responder não só a perguntas diretamente como também as indiretamente direcionadas a ele.


 


Quando a sobremesa foi retirada, Hermione se levantou para ajudar a tirar a mesa, na qual foi imediatamente imitada por Harry. Hábitos antigos nunca morrem. Harry estava mais do que acostumado a fazer isso nas casa dos tios, e em suas viagens, também sempre se virava sozinho.


  


Suas mãos se tocaram sem querer ao pegarem o mesmo prato. Um toque simples, mas suficientemente forte para passar através dos dois um intenso arrepio.


 


Ao mesmo tempo se soltaram. Ambos surpresos novamente com as reações dos próprios corpos. Hermione foi a primeira a se recuperar.


 - Papai, por que você não leva o Harry para conhecer os nossos amigos? - Disse a morena. - Tenho certeza que será muito mais interessante do que lavar a louça.


O pai de Hermione que até então estava saboreando um café, disse animado:


- Ótima idéia Hermione!Venha meu rapaz você vai adorar conhece-los.


 


E  descansando a xícara e o pires em cima da mesa, saíram em direção ao jardim. Harry achou uma boa idéia também, pois estava ficando assustado com o rumo desses sentimentos e a distância o faria se distrair.


 Mal sabia Harry que essa era a mesma intenção de Hermione. Ela precisava desse espaço tanto quanto ele.


 


Os amigos a que Hermione se referiu eram na verdade os cavalos da família. Os estábulos ficavam nos fundos da casa.


Conforme iam andando, Harry observava que o lugar mais parecia uma fazenda do que uma simples casa de campo.


- Sr.Granger,  há quanto tempo sua família mora aqui?- Perguntou Harry, antes que pudesse se deter.


Ao perceber o olhar do Sr. Granger, completou:


Desculpe-me, mas é que Hermione nunca falou desse lugar.


- Certo, bem,foi quando Jake completou três anos. Ele era um garoto muito inquieto, nada o fazia se entreter e ele era muito agitado. Foi idéia de uma terapeuta trouxa de que se ele praticasse alguma atividade ao ar livre como natação ou equitação, talvez ele se mantivesse mais calmo- Ia dizendo o Sr. Granger ao se aproximarem dos estábulos.- Entenda meu jovem, Hermione não podia ficar se ausentando tanto tempo do trabalho para leva-lo pessoalmente a lugares como este. Então eu e sua mãe decidimos comprar este lugar, pois além do Jake eu também estava precisando relaxar um pouco.-Completou o homem rindo- Não é fácil ser mãe solteira, fazemos o que podemos para ajuda-la, mas a presença de um pai é, em algumas ocasiões necessária.


 


Harry que havia ficado perdido em pensamentos, olhou para a construção na qual haviam chegado.


O estábulo era um amplo espaço com quatro baias, dispostas uma em frente à outra. Nos fundos estavam expostas várias celas e equipamentos de montaria, e os alimentos dos animais .


 


O Sr. Granger conduziu Harry até a primeira baia.


- E então Harry o que acha?


Na primeira baia estava um animal de pequeno porte. A sua cor era de um caramelo escuro, com uma mancha branca próxima ao pescoço. Era extremamente dócil, como Harry pode perceber assim que lhe ofereceu uma cenoura, incentivado pelo Sr. Granger.


O animal aceitou de muito bom grado este gesto roçando o pescoço no braço do moreno.


- Este é o Duke, o cavalo do Jake.


- Duke?  Repetiu Harry estranhando o nome do animal.


- É eu sei, é nome de cachorro- Disse o Sr. Granger rindo- Mas eu vou fazer o que? Jake deu esse nome a ele assim que o viu, há dois anos, e o danado do animal não atende por nenhum outro.


Rindo, se viraram para olhar os outros. O segundo e o terceiro eram animais um pouco maiores.


- Este é o meu Tristan. Extremamente forte e um bom companheiro, está meio velho, mas ainda consegue andar boas distâncias.


Harry admirou o porte do animal


  De uma cor um pouco mais escura que de Duke, Tristan era um animal que não se intimidava com qualquer coisa.


- Essa é Íris, companheira de Tristan, é com esse casal que pretendo começar a criação de  cavalos.- O sr. Garanger apontou.


Íris era branca como a neve, de lindos olhos azuis. Harry imaginou como seria os filhotes desses dois exemplares.


 


- E por ultimo, mas não menos importante.  Honey , a favorita de Hermione.


 O pêlo de Honey era de um castanho límpido e claro, os olhos eram de um castanho mais escuro.


O cavalo olhou para Harry com a mesma curiosidade que dispensaria a uma coisa qualquer. O porte altivo e atlético do animal demonstrava que ele se sentia superior, e não perderia tempo com um simples visitante


Exceto por um centauro e um hipogrifo, Harry nunca tinha visto um animal tão belo de tão perto.


- É muito bonita Sr. Granger. Qual é a raça dela?


 É um puro sangue inglês.


Harry se lembrando de um comentário feito há muitos anos atrás disse:


- Eu achei que Hermione não gostasse de cavalos.


O Sr. Granger entretido em dar um pouco de aveia para Honey respondeu


- E não gostava mesmo. Quando tinha apenas oito anos, levou um tombo durante uma aula de equitação. Desde então nunca mais montou.


- A não ser um Hipogrifo. - Se lembrou Harry rindo.


- Um o que?


Harry então lhe explicou o que era um hipogrifo, mas omitiu o porque de estarem sobre o lombo de um, já que o Sr. Granger não tinha conhecimento do ocorrido a tantos anos atrás.


E contar para o pai de Hermione que ela ajudou a libertar um fugitivo da prisão, não pareceu ser uma boa idéia no momento.

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