TROFEU E ESCARAVELHO



CAPITULO 14


TROFEU E ESCARAVELHO



Mais uma vez estavam todos reunidos no escritório de Dumbledore que, junto com Aziz, explicava quais eram os planos para a noite. Aziz, Alice, Frank, além dos feiticeiros e das sensitivas iriam tentar encontrar o templo de El- Ahmar escondido sob as águas azuladas do mar vermelho, enquanto Ayla e o diretor iriam levar Harry para um passeio e por mais que desejassem insistir em saber maiores detalhes sobre o tal passeio, ninguém ousou questionar o diretor. Ayla pediu que Josh e os outros deixassem o escritório e fossem para a sala dele.

- Onde nós vamos ? – Harry sentiu-se impelido a perguntar quando já estavam apenas os três

- Vamos para um lugar seguro – explicou Dumbledore os olhos cintilantes, talvez de ansiedade – Destruir o troféu

- Professor , o senhor sabe se Voldemort sente quando um horcrux é destruído ? – indagou apreensivo, sentindo um calafrio percorrer a sua espinha

- Acredito que não, mas não temos como ter certeza, Harry – respondeu o diretor sorrindo tranqüilo

- É melhor irmos – chamou Ayla, sorrindo de forma encorajadora e orientou Dumbledore a passar pelo espelho – Sua vez – a sacerdotisa chamou a atenção de Harry que olhava fixamente para o cilindro que tinha nas mãos: a espada que ganhou de presente de Majana. “Esteja presente. Seja inteiro. Abrace todas as suas faces e domini-as para o que você deseja realizar” Foram algumas das palavras de Majana, palavras que Harry relutava em tornar realidade, haviam sentimentos que ele não queria sentir, pensamentos que não queria ter. Mas tinha . E sentia. – Harry ? – chamou Ayla o olhar desconfiado – Alvo esta esperando, vamos ? – perguntou chamando o garoto a realidade. Sem dizer uma palavra Harry atravessou o espelho, seguido pela sacerdotisa.

Pisaram em um terreno arenoso, iluminado por uma forte e quente luz solar. Girando ao redor dos próprios pés, Harry olhou para o horizonte, nada a não ser areia em qualquer direção que olhasse.

- Onde estamos ? – inquiriu sombrio e desconfiado

- Em uma dimensão deserta – esclareceu Ayla – Nenhuma criatura irá sentir os efeitos do que viemos fazer – justificou a sua escolha e ergueu as mãos sobre a areia que rodopiou e começou a se amontoar e derreter ate formar uma mesa que lhe pareceu um altar.

- Eu faço questão, minha cara – afirmou o diretor, pedindo que a sacerdotisa se afastasse – Harry, vou fazer um feitiço escudo para te proteger da magia que o horcrux guarda – garantiu ao escolhido – No três, certo ? Quando estiver pronto ... – garantiu com a sua gentileza habitual

Seguindo as orientações de Dumbledore, Harry colocou o troféu no centro da mesa e o tampo se modificou , criando uma base que acomodou o troféu e o deixou erguido, ergueu a espada que recebera de Majana e com o fim da contagem do diretor deu o primeiro golpe vertical, partindo o troféu em duas metades. Foi atingido por um forte redemoinho de energia, que arrepiou seus cabelos, estilhaçou seus óculos e quase o fez derrubar a arma e cair desorientado no chão. A força mágica liberada pelo troféu, rodopiou pelo terreno, num turbilhão de areia e pedras, tomou conta do ar afetando seus sentidos, sufocando-o e provocando uma agonia lancinante que parecia exigir-lhe que não continuasse com aquilo, que não destruísse o troféu, mas ordenava que usasse a espada em Dumbledore . Sentia o sangue correr rápido por seu corpo, a pulsação ecoando em seus ouvidos.

Procurando concentrar-se, firmou os pés no chão, e ergueu novamente a espada, dessa vez pela lateral do corpo. Guiando-se pelo instinto, já que ele não conseguia enxergar nitidamente, atingiu o Horcrux pelo lado, finalizando assim o estrago do primeiro golpe. As duas metades superiores do troféu voaram longe, disformes, e rolaram pelo chão. Harry teve a sensação de ouvir um lamento agoniado, pulsante, mas que durou só alguns segundos. O redemoinho cessou, e a paisagem mostrava os efeitos sofridos.

Na planície serena de antes agora haviam montanhas de areia, crateras no chão ao redor deles, uma solida nuvem de areia se afastava em todas as direções . Ayla estava em pé ao seu lado tão ofegante quanto o garoto , olhando apreensiva para o diretor, desmaiado na areia dourada .




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Um a um atravessaram o espelho e pisaram na areia fina de uma das praias do Mar Vermelho . Se fosse dia claro poderiam avistar as montanhas da Jordânia, mas viam apenas as luzes da cidade de Acába na outra margem, tinham apenas a lua cheia e um céu ricamente estrelado para iluminar o caminho.

- Devemos alcançar a parte mais profunda – explicou o sacerdote voltado para as águas tranqüilas, os olhos fechados

- Vamos precisar de muito oxigênio – resmungou Alice, que definitivamente não gostava da idéia de ficar muito tempo embaixo de tanta água

- Iremos por cima ate chegar a hora de mergulhar – Aziz tentou tranqüilizar os outros – Nicole e John providenciarão transporte para todos nós – disse e no mesmo instante sentiram o chão movendo-se, estavam sobre uma superfície da areia fina que voava seguindo o comando dos feiticeiros

Sobrevoaram as águas claras e calmas, sentindo o gosto salgado do mar nos lábios ate que Aziz avisou que era hora de mergulharem, foram envolvidos por uma redoma de energia que lentamente submergiu. A temperatura embaixo da água era agradável e a visibilidade, grande. Podiam ver corais de todas as cores do arco-íris, anêmonas, tartarugas, golfinhos, tubarões, várias espécies de peixes e ate mesmo antigos navios naufragados.

Mergulharam ate alcançar a base de uma montanha com pedras de cor vermelha, Aziz orientou Lara e Mel colocarem as mãos para fora da redoma e tocarem as pedras ate encontrarem a porta, enquanto Nicole e John dirigiam a redoma por toda a extensão de pedra mas apenas quando as duas tocaram ao mesmo tempo e na mesmo altura uma fenda se abriu.

- Aqui – riu Mel que já estava preocupada com a demora em encontrar uma entrada

- A pedra esta quente – comentou Lara apreensiva

- Lara e eu vamos na frente – propôs Mel, fingindo animação

- Eu vou primeiro – discordou John, preocupado com o que poderiam encontrar dentro da montanha

- Mas ... – protestou a loira que não gostava de ser protegida

- John tem razão – avaliou o sacerdote que seguiu o rapaz, Alice e Frank passaram em seguida seguidos das duas sensitivas e , finalmente, Nicole

Entraram em um corredor tão extenso que parecia não ter fim , mas tinha, embora o grupo apenas conseguisse enxergar uma parede de luz banca e leitosa. E ao longo de suas paredes estátuas de homens com cabeça de chacal, armados com espadas, lanças ou machados, alem de pequenas rachaduras que revelavam a formação vulcânica da montanha, o que justificava o forte calor que sentiam, o odor forte de enxofre e a luz avermelhada que o lugar tinha .

- Um vulcão adormecido – disse Aziz olhando ao redor – Vamos cuidar para que permaneça assim

- Era só o que nos faltava , um vulcão – resmungou John

- O que mais poderia ser chamado de “mar de sangue” alem de lava quente, pulsante e mortal ? – indagou Nicole , a voz sarcástica

- Não gostei deles – murmurou Alice ao lado do marido sem tirar os olhos das figuras sinistras

- São apenas estatuas – tranqüilizou-a Frank embora não se sentisse tranqüilo . Sentia-se observado

- Não são estatuas – murmurou Lara ainda pálida – São protetores

- Falem baixo e não façam movimentos bruscos – aconselhou Nicole caminhando ao lado do sacerdote – Devemos demostrar que não somos uma ameaça

- Olhem por onde pisam – aconselhou John atras de Alice , o ultimo da fila que lentamente, cuidadosamente começou a avançar pelo corredor, atentos as estatuas que pareciam observa-los . Chegando quase no meio do trajeto Aziz parou e ergueu a mão esquerda obrigando todos a parar também, retirou a capa ficando apenas com a oshnic que usava por baixo e pronunciou palavras em uma língua estranha para os adultos que os acompanhavam

- O que ele disse ? – Alice indagou, a voz baixa demostrava a apreensão e desconfiança que sentia

- Que não somos invasores – respondeu John baixinho, atento a qualquer movimento das estatuas – Explicou quem ele é e o que estamos fazendo aqui

- O silencio é uma boa resposta, não é ? – perguntou Frank , colocando-se a frente da esposa como escudo

- Não sei – John respondeu com sinceridade, enquanto Aziz repetia as palavras desta vez exigindo uma resposta. Um forte rajada de vento quente , vindo do fundo do corredor foi a única que obteve

- Frank – chamou o sacerdote – Tente acender uma luz

- Mas ... os guardas .... ??? – protestou o ex-auror apesar de pegar a varinha

- Confie em mim – pediu o sacerdote sem olhar para o bruxo

- Não consigo ! – afirmou Frank espantado e repetindo o feitiço mais algumas vezes

- Tente você John – pediu Aziz e como resposta teve apenas o menear do feiticeiro

- Mais uma vez, nada de magia – afirmou Nicole desnecessariamente

- John fique com Alice e Frank, Nicole com Lara e Mel – ordenou Aziz organizando o grupo e continuaram a caminhar. Sentindo-se mais vulnerável do que nunca Alice aproximou-se do marido

- Não estou gostando disso - murmurou a bruxa, mais para si mesma do que para os outros

- Vai dar tudo certo – Frank murmurou enquanto sua mão procurava a da esposa

- Não estou com medo – negou veementemente o sorriso tremulo , Frank sorriu em resposta. Amava aquela mulher corajosa, teimosa e ao mesmo tempo doce e meiga – Estou com você

- Vai dar tudo certo – garantiu sorrindo, tentando encorajar a esposa e sem olhar por onde caminhava.

- Droga !!! – ouviram John resmungar e foram empurrados violentamente pelo garoto que ficou entre duas estatuas que ganharam vida e avançavam , tentando acerta-lo , uma com uma espada e a outra com uma lança. Ágil , John buscava fazer uma acertar a outra. Frank olhou para o outro lado e a cena era quase idêntica Nicole desviava dos golpes de lança e de machado enquanto Mel ficava entre a prima e a irmã .

- FRANK ?! – ouviu John gritar – PEGUE ! – e o rapaz jogou a lança da estatua destroçada para ele . Frank percebeu que não tinha escolha e começou a lutar , manteve Alice, desarmada, nas suas costas e prometeu a si mesmo que a esposa sairia dali com vida

- AZIZ !!! – gritou Nicole chamando o sacerdote que lutava com as estatuas abrindo caminho para o final do corredor, ate a parede de luz

- LUTEM !PROTEJAM-SE !! FIQUEM JUNTOS !!! – o sacerdote pediu ofegante, avançando rapidamente para a luz no final do corredor – EU TENHO QUE PROSSEGUIR PARA ACABAR COM ISSO

- ABAIXA ! - gritou Nicole e puro reflexo fez com que Alice se abaixasse antes da espada que a garota tomara decepasse a estatua que lhe atacaria pelas costas . Olhou ao redor e percebeu que apenas ela e Lara não estavam armadas e lamentou profundamente não ter o treinamento dos outros. Mel, John e Nicole lutavam ferozmente e com muita perícia, Frank era tão bravo quanto o rapaz apesar de não possuir técnica alguma , sendo guiado apenas pelo instinto, Lara se desviava do seu atacante o quanto podia mas parecia não ser capaz de ataca-lo O barulho do metal contra a pedra das estátuas era assustador, a respiração ofegante dos lutadores era angustiante, sons que começaram a ser cortados por ruidosas, espalhadas e pequenas explosões

- Que foi isso agora ???!!! – perguntou Frank, suado, ferido e muito alarmado com as explosões dentro do vulcão

- Não sei – respondeu Nicole, fora levada para perto do ex-auror pela batalha – Continue lutando e evite ser atingido

- Alice ?? – chamou ao não ver a esposa perto de si – ALICE ? Onde ela está ???

- Com Mel – avisou Nicole apontando para o outro lado enfumaçado pelas explosões onde a loira lutava e Alice jogava pedaços de pedra de outra estatua no atacante , mas durante a troca de golpes Mel, sem perceber, se afastava de Alice enquanto Lara se aproximava ficando as duas lado a lado

- Fique perto de John – avisou a morena que agora carregava uma das espadas – Ele vai te proteger – e rapidamente começou a guiar a mulher ate o primo desviando de golpes esparsos ate que foram separadas por uma explosão violenta e cada uma se viu frente a frente com um atacante e cercadas por lava fervente que começava a escorrer das paredes e a subir das rachaduras no chão

- Péssima idéia – resmungou Alice com uma voz chorosa, sem conseguir tirar os olhos da figura assustadora que erguia a espada acima da cabeça e se preparava para dar o golpe mortal – Péssima idéia .....

- NÃÃÃÃO!!!!! - Nicole ouviu dois gritos distintos. Frank e John correram por entre pedaços das estatuas e poças de lava brilhante para defender Alice e uma grande explosão ocorreu e a fumaça os cegou momentaneamente

- ALICE !!! – ouviram a voz de Frank desesperada chamando a esposa entre a tosse causada pela fumaça – ALICE ???

- Lara ? – chamou Nicole vendo Mel paralisada olhando para onde havia visto a irmã pela ultima vez, mas sem tirar os olhos da estátua que a encarava com o machado erguido mas sem baixa-lo – LARA ??? JOHNNY ??? – chamou mais uma vez ficando assustada com o silencio caótico que tomou conta do lugar após a ultima explosão. As estatuas estavam novamente paralisadas, agora apenas o vulcão os ameaçava

- Aqui – respondeu Alice, a voz abafada e difícil por causa da tosse – Frank ? Estou aqui

- Lara ? – Mel finalmente saiu do torpor em que se encontrava e aproximou-se do lugar onde a irmã deveria estar . A fumaça e a poeira diminuindo , se espalhando mostrou que a estatua havia se paralisado com a espada a poucos centímetros do coração da sensitiva que tinha o pavor estampado no rosto olhando para o ponto onde a cabeça de chacal deveria estar, mas não estava – Lara ? – chamou baixinho vendo o medo e a tristeza nos olhos da irmã. Lara havia decepado a figura de pedra e estava em choque com a violência com que havia se defendido - Acabou, as estatuas pararam – afirmou com suavidade, sua atenção presa na sua gêmea – Aziz deve ter feito alguma coisa – supôs segurando-a pela mão e a ajudando a sair de onde estava. Quando Lara tentou falar alguma coisa a abraçou – Está tudo bem – murmurou sem ter certeza, a irmã tremia em seus braços – Vai ficar tudo bem

- Johnny ... – Lara murmurou baixinho, finalmente encontrando voz – Cadê ele ? – indagou pálida, suada e aflita por não encontrar o primo, apontando para o lado onde Alice , levemente ferida , Nicole e Frank removiam com muito esforço duas estatuas partidas

- Onde esta Johnny ? – inquiriu Mel em voz alta novamente assustada, os olhos arregalados. Não podia acreditar nas suas suspeitas

- Aqui em baixo – respondeu uma chorosa Nicole – Temos que tirar essas coisas de cima dele – gaguejou chorando

- Ele me salvou – Alice afirmou também chorando – Eu não vou me perdoar se ... se ....

- Ele está bem ! – garantiu Frank categórico sem certeza nenhuma – Ele tem que estar bem ! – exigiu para todos e para ninguém em particular – AJUDEM AQUI ! NÃO FIQUEM SÓ PARADAS OLHANDO ! – cobrou as sensitivas que apenas olhavam chocadas para o entulho que soterrava o primo – Ele está bem, temos que tirar o garoto daí – repetia essas palavras para a Alice, para as primas do rapaz e para si mesmo, afinal gostava do garoto, ele era filho de um dos seus melhores amigos e da mulher que o resgatou, ele e a mulher que amava, do vazio e da escuridão da loucura .




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- Harry ??!! O que aconteceu ??? – exclamou Moine vendo o amigo entrar no escritório de Josh, agitado e pálido

- Dumbledore – respondeu forçando a voz a sair – Ele ...

- Foi afetado – respondeu Ayla antes que o rapaz pudesse contar o que havia acontecido – Severo esta cuidando dele – falou como se fosse motivo para tranqüilizar os alunos

- Snape ??? Cuidando de Dumbledore ??? – Ron exclamou com descrença, sendo apoiado pelo muxoxo de Tonks

- A pedido do próprio Alvo – esclareceu a sacerdotisa , seu tom de voz não aceitava replicas – E devo lembra-los que ele confia em Severo

- Mas ninguém sabe o porquê !! – exclamou Harry , apavorado demais com o estado do seu mentor para escutar qualquer argumento

- Apenas Dumbledore pode te responder isso, Harry – afirmou com tranqüilidade Ivy – A maioria das pessoas não entende os propósitos de Dumbledore, e principalmente a sua confiança em pessoas que ninguém mais confiaria, como lobisomens, meios gigantes e ..... Severo, mas ...

- Ele está desmaiado !!! Sozinho com o Snape !!! – insistiu o rapaz , a respiração arranhava sua garganta, suas pernas não paravam quietas, caminhava de um lado para outro com um pensamento obsessivo: “Dumbledore estava desprotegido, sozinho com um comensal da morte” !!

- A ultima pessoa a quem Severo machucaria seria o diretor – garantiu Ivy, a certeza estava impressa na voz

- Como você pode saber disso ?? – exclamou Ron , apoiando o amigo nas suas suspeitas, apesar do desagrado obvio de Mione

- Conheço Severo – respondeu a loira com simplicidade – E sei que ...

- O quê ??? Você sabe o quê ? - indagou Harry virando-se para encarar a sensitiva que havia soltado um gemido fraco, tomando um susto enorme : Josh carregava a irmã desacordada no colo e a levava para o quarto, Ayla usava uma língua estranha com Andrew e o filho – O que aconteceu ??? – inquiriu desconfiado, trocando um olhar preocupado com os amigos, Neville parecia tremer – O que foi ??? – insistiu quando ninguém pareceu se importar em lhe responder , Ayla e Andrew haviam ido para o quarto do professor, pensou seriamente em segui-los

- Problemas na busca – respondeu Kedar, enquanto conjurava caldeirão e outros apetrechos para poções – Seus pais estão bem, Neville, mas Johnny esta ferido , minha mãe foi ajuda-los – mal terminou de falar e eles apareceram, Ayla estava com a mão direita sobre o corpo ensangüentado e imóvel do feiticeiro que foi colocado na mesa do professor, Alice entrou chorando e, desesperada abraçou fortemente o filho tendo a mão do marido sobre seu ombro , Nicole pegou um pincel e começou a desenhar alguma coisa no rosto do primo, enquanto Mel e Lara apenas observavam

- O que ... O que aconteceu com ele ? – Harry ouviu Ron perguntar baixinho, mas ficou atento quando viu Josh voltar para a sala e acomodar-se em uma cadeira e fechar os olhos , parecendo concentrado

- Algum feitiço realmente muito poderoso – sugeriu Mione a voz fraca e tremula – Não é qualquer feitiço que consegue ferir um feiticeiro

- Você acha que ele tá morrendo ? – Rony perguntou desviando o olhar do rapaz para a amiga que segurava a mão de uma pálida e emudecida Gina

- Ron , por favor, fica quieto !!! – pediu a morena entredentes , indicando a família do rapaz

- Garotos – chamou Frank Longbotton - Fiquem calmos e quietos, eles precisam se concentrar em cuidar de Johnny

- Mas pai .... – começou Neville ainda com a mãe abraçando-o

- Alice , solte o menino um pouco , sim – pediu para a esposa e levou-a ate o sofá , perto de Tonks, que mordia o lábio inferior aflita – O garoto é forte , vai ficar bem – assegurou para a mulher e para os outros

- Remo precisa ser avisado – disse Tonks e ergueu-se bruscamente

- Ele ainda esta transformado – lembrou-a Frank – Não poderá fazer nada , é melhor deixa-lo quieto por enquanto – argumentou sem notar a entrada de uma pessoa encapuzada que logo foi abraçada pelas filhas do professor de DCAT

- Quem é ela ? - Harry perguntou para Frank, indicando a figura

- Não tenho idéia – respondeu o amigo de seus pais – E conhecendo-os como eu conheço sei que é melhor nem perguntar

- O que eles pensam que estão fazendo ??? – ouviram a voz irritada de Rony que olhava para os guardiões sem acreditar no que via: Andrew usava magia para retirar as roupas do primo enquanto a irmã parecia espalhar desenhos pelo corpo dele, Ayla continuava com as mãos sobre ele, Kedar se concentrava na poção que fazia e Aziz colocava alguma coisa nos ferimentos de John

- Eu já vi os efeitos desse poção – comentou Frank – É realmente incrível, muito poderosa

- Por que ele tem que ficar ... pelado ? – perguntou Ron , baixando a voz quando pronunciou a ultima palavra , ele havia puxado Mione e Gina e feito com que virassem de costas para a mesa onde o rapaz estava, sem se preocupar com a palidez da irmã

- Não sei, mas deve ter um motivo – supôs Frank, pelo menos Alex não havia ficado sem roupa, mas os ferimentos dela não eram físicos, como os do garoto

- Quem você viu tomar essa poção ?- perguntou Mione tão interessada como se estivesse em uma aula

- Alex, a mãe de Nicole e Andrew – respondeu Frank sucintamente

- Mas a poção não é para ser bebida, Alex ficou horas mergulhada nela – contou Alice, observando que os guardiões se postavam em volta do caldeirão, a mesa de madeira já havia sido transformada em uma rasa banheira de prata

- Porque ? – indagou Mione interessada na poção que usava elementos mágicos e trouxas

- Longa historia – censurou-se Frank – Somente eles podem contar

- Devemos ajudar agora ? - Alice indagou para Kedar que acenou – Venham – chamou todos – Fiquem perto do caldeirão e coloquem as mãos sobre a fumaça – orientou a mulher, lembrando de quando havia feito o mesmo pela amiga feiticeira – Ela sugará um pouco da energia de vocês – explicou

- Já chega – avaliou Kedar alguns minutos depois e Ayla levou o caldeirão ate John derramando a poção que o cobriu totalmente , e levou a banheira para o quarto de Josh

- E agora ? – perguntou Gina a voz chorosa

- Agora esperamos – respondeu Aziz olhando de forma carinhosa para a ruiva – Eu os aconselharia a irem descansar – começou olhando para os rostos cansados que o olhavam com grande expectativa – Mas acho que não iriam ...

- Não – Andrew cortou rispidamente sentando-se ao lado da irmã, os braços cruzados, a postura rígida

- Não há mais nada que ... ??? – tentou Gina , querendo fazer alguma coisa

- Fizemos o que podíamos – garantiu Kedar os olhos baixos – Agora é com ele

- Josh está em contato com o espirito dele – contou Aziz, compreendendo a aflição da ruiva – Isso ira ajuda-lo a entender o que está acontecendo e a voltar quando estiver pronto. Talvez seja melhor deixa-la sozinha – emendou

- Que ?! – exclamou a ruiva que se enrolava numa poltrona, parecendo um gatinho desamparado, e que não entendeu a ultima observação do sacerdote

- Só vou ver se ela está bem – respondeu Kedar que saia do escritório

- Ele foi atras de Lara – esclareceu Aziz e continuou explicando o que havia ocorrido no templo. Depois foi a vez de Ayla contar o que havia acontecido com Dumbledore



Lentamente percorria os corredores, cega pelas lagrimas que era incapaz de segurar. Queria correr, gritar, liberar a dor e a culpa que sentia, mas não podia. Sabia que era emoção demais . Sentira alivio ao ver que a tia estava inconsciente. Não suportaria encara-la quando se sentia tão culpada pelo estado do primo. Não conseguia encarar os olhos de ninguém, apenas sentia os olhares acusadores sobre ela . Parecia que todos a acusavam, ate mesmo o tom de voz de Aziz estava carregado de seu desapontamento com ela

Os acontecimentos da noite invadiam seus olhos, tomavam o lugar dos corredores, das paredes distorcidas pelas lagrimas. A lua cheia refletida na água, as brincadeiras alegres dos golfinhos, a brisa salgada no rosto, as brilhantes cores dos corais, as tartarugas, o vulcão, a luta, o medo paralisante, Johnny inconsciente, sangrando sem parar, a volta para o espelho , o corpo do primo ferido deitado na mesa, aguardando a poção que talvez não fosse capaz de cura-lo .

Caiu de joelhos no chão, soluçando, buscando contato com o mundo real, com o tempo presente, implorando por controlar-se, implorando que os deuses ajudassem John. Implorava por perdão
Não ouviu a voz suave que falava com ela, mas sentiu os braços fortes que a envolveram firme, carinhosamente. Reconheceu a segurança, o amor que eram tão familiares. Sentiu-se flutuar e tentou se alimentar naquela solidez que a envolvia, ate que finalmente não foi mais capaz de conter o tormento que sentia e deu vazão ao pranto. Os soluços tornando-se histéricos, frases desconexas, palavras soltas que não faziam sentido




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- Acho que, no final das contas, tenho que te agradecer – Sirius começou usando um calculado descaso

- Não sei porque – respondeu a feiticeira usando um tom semelhante

- Pelas crianças – respondeu ele e dando de ombros acrescentou – Por tentar me salvar do véu, por ficar quando poderia ter voltado com seus deuses

- Não há razão para isso – discordou a feiticeira, minimizando o que havia feito, escondendo o preço que ira pagar pelas suas escolhas

- É claro que há – garantiu dando o seu melhor sorriso ao que ela respondeu dando de ombros e apertando o passo. Suspirou inconformado. Conversar com Alex estava sendo muito difícil, a mulher falava apenas o estritamente necessário e respondia suas perguntas com monossílabos. Isso desde que ele havia afirmado que seria bom se eles se entendessem e reatassem o namoro – Não sei como vocês agüentam tanta areia – resmungou aborrecido – Pra qualquer lado que a gente olhe é somente isso que se encontra: Dunas de areia ! Montanhas de areia ! Planícies de areia ! Areia dentro dos sapatos, das roupas , ate na boca !!!

- Fique calado que ela ficará fora da sua boca ! – garantiu Alex quase sorrindo

- Ora, ora ! Vejam só ! Ela sorriu ! – gracejou forçando animação – Faz muito tempo que isso não acontece

- Não temos muitos motivos para rir por aqui, Black – lembrou Alex, seu rosto voltando a enrijecer, a frieza estampada nos olhos azuis

- Lembra do que Alice costumava falar ? – indagou e sem esperar resposta continuou – “ Se a vida te der um limão, você tem três possibilidades de escolha ....

- ... limão azedo, limonada ou caipirinha” – completou a morena, um sorriso saudoso no rosto. Ivy já deveria estar tratando de Alice e Frank, talvez muito em breve Neville estivesse com os pais. Mas ela não voltaria a ver os amigos, ou os filhos e o sorriso sumiu de seus lábios

- Então ? – insistiu Sirius – Não acha que temos que comemorar ? Não tivemos nenhuma das nossas “agradáveis” lembranças e já esta quase amanhecendo, podíamos parar por hoje

- Quanto mais rápido caminharmos, mas cedo chegamos à An Shere – lembrou Alex suspirando

- E mais cedo voltamos pra casa – completou Sirius , concordando com ela

- É isso aí – resmungou Alex

- Quero conhecer meus filhos – murmurou baixinho – Será que ..

- Eles são ótimos e te amam muito – garantiu entendendo o que atormentava o ex-maroto

- E você ? – inquiriu Sirius puxando-a pelo braço e forçando-a a encara-lo

- Eu ?! Eles também me amam – respondeu sem entender

- Eu perguntei se você me ama – explicou, sondando a mulher que na sua mente ainda era sua namorada

- Porque eu deveria ? - Alex retorquiu indiferente

- Amor não tem muita coisa a ver com dever e .... – soltou um palavrão - Que ... droga de cheiro é esse ? – indagou franzindo o nariz , seu rosto se contorcendo de asco com o odor fétido que enchia o ar

- Nunca senti nada parecido – afirmou Alex sentindo o estômago se revirar

- O que é que pode ser a causa disso ? – perguntou a voz abafada pela mão que cobria a boca e o nariz

- Não sei, mas ... – Alex se interrompeu quando vagas lembranças dos passeios no deserto invadiram a sua mente. Ayla havia falado varias vezes sobre um animal capaz de matar populações inteiras com seu hálito venenoso e esse animal habitava o deserto !!! E eles estavam em um deserto !!! Soltou um palavrão e, pegou Sirius por uma das mãos e rápida flutuou para cima, em busca de ar fresco .

- “Nundus” ! – Alex exclamou baixinho, avistando os animais que agora voltavam as cabeças para cima, para que o ar envenenado os alcançasse

- Só vejo uns gatinhos – resmungou Sirius, que não estava conseguindo enxergar direito

- Parecem pequenos por causa da distancia – explicou a feiticeira – Mas são enormes e letais leopardos

- Ah ta – concordou baixinho – Mas não precisa gritar – reclamou aborrecido com o eco da voz de Alex na sua mente

- Eu não to gritando – protestou ela sem entender porque o ex-maroto se encolhia a cada palavra que ela falava – Sirius ? Você tá me entendendo ?

- Você não esta aqui – resmungou o bruxo, contorcendo o corpo, tentando se livrar da mão que o segurava

- Pare com isso !! – pediu aflita, percebendo que o moreno sofrendo os efeitos do veneno dos Nundus – Você vai cair !

- EU NÃO VOU ENTREGAR A MINHA ALMA PRA VOCÊ SEU DESGRAÇADO !!! – gritou violento ao mesmo tempo que apontava a varinha para o dementador que tentava ataca-lo

- SIRIUS !!!! PARE COM ISSO - gritou de volta tentando chamar o moreno a razão, mas sem sucesso.

Precisa sair de perto das feras que, ha vários metros abaixo deles, rondavam e rugiam . Rapidamente começou a voar em direção ao sol que surgia no horizonte, mas os animais os seguiam à pouca distancia. Eram tão rápidos quanto ela, que não agüentaria por mais muito tempo, já sentia os efeitos do ar venenoso e ainda tinha que conter Sirius . Percebeu que só tinha uma chance. Expulsar os gatinhos de perto deles . Mas eram tão engraçadinhos ali do alto !!! Por que tinha que se livrar deles ?? Era divertido ver como batiam as patas no ar tentando alcançar suas presas .... Ela era a presa ? Sim, ela e Sirius eram as presas dos gatinhos que não gatinhos, eram dragões ! Não, não eram dragões, eram leões ? Isso !!! Leões ! E como se expulsava leões ??? Com água.

Gatos não gostam de água, eles iriam fugir de uma tempestade e procurar abrigo. Então ela estava certo desde o inicio: Eram leões e gatinhos, tudo da mesma família, todos parentes. Primos distantes , talvez ???
Mas ela precisava fazer alguma coisa , o que era ? Tinha a ver com água , disso ela sabia . Dar banho nos gatinhos-leões . Suspirou e concentrou-se em chuva. Pouca ou muita chuva ??? Não sabia, mas tinham muitos gatinhos e todos eles precisavam de banho pois o cheiro que vinha deles era horrível.

- Então vai ser muita chuva – decidiu-se animada e atraiu uma tempestade que faria Noé se preocupar com a sua arca – O que é que ele tá fazendo lá embaixo – perguntou-se, tinha certeza que Sirius estava voando com ela – Será que ele perdeu a vassoura ? Ou o cachorro resolveu tomar banho também ? – perguntou para um raio que cruzou o ar acima da sua cabeça e não percebeu que outro vinha em sua direção



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N/A: Eu estava soterrada de livros e documentos para pesquisar pro meu TCC, perdida nos labirintos do meu estagio e nadando desesperadamente pra não me afogar nessa Pelotas alagada por duas semanas ininterruptas de chuvarada, mas se eu fosse cruel mesmo eu so portaria em outubro ...... por isso decidi dividir o capitulo em dois, e postar antes que vocês me abandonassem de vez.
Bom, o templo de El-Ahmar não existe, foi pura invenção minha, Bahr el-Ahmar é o nome árabe do mar vermelho, o templo em honra a Isis é o de Philae , que ficava na ilha de Philae, mas foi mudado de lugar (inteirinho) por causa da construção de uma represa no rio Nilo, não me lembro agora em que ano. Por que eu coloquei outro nome ???? Lembram de quando Set matou Osiris e espalhou os pedaços pelos sete cantos do Egito , depois ele foi salvo por Isis ????? Pois segundo a lenda Isis passou um tempo escondida com o filho (Horus) , ninguém sabe onde, não encontrei nada nos meus livros então inventei, nessa minha cachola maluca que ela e o filho se esconderam dentro de um vulcão ......
Busquei na net informações sobre o mar vermelho, animais, limites e formação geográfica, etc, tirei tudo do wikipedia
Espero que tenham gostado do capitulo e que comentem
O próximo não vai demorar tanto


Ana Karynne: saber mais que os outros com certeza é um diferencial, as também cansa muito. O Kedar é muito bonzinho com a Lara que não consegue se entender ( mas ela so tem 16 anos, tem que dar um desconto ) , tambem fiquei no maior dó com os ruivinhos, mas pode acreditar, era necessario, to esperando as fotos dos teus “passeios” e rezando pra ter conseguido dindin pra faxineira e ter encontrado energia pra ir no mercado ......

Moonny: eu tava com muita coisa pra fazer e com muita chuva no corpo, tinha diz que não dava pra ligar o computador de tantos raios , mas agora ta indo, vou poder ler as tuas fics

Eve: eu sumi sim, da floreios e do msn, tudo por culpa da faculdade, mas agora to voltando a ativa

Lara: agiliza a leitura e a escrita, to ansiosa por mais um capitulo da Andie

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