Nada






Lílian se atirou literalmente na cama. Tinha tanta coisa na cabeça naquele instante. Aquela briga com o Tiago tinha, ela não sabia o por quê, feito voltar a tona aquela cena no Natal anterior. Aquilo que nem o menos queria lembrar.

Ela rolou de um lado na cama e observou que Allegra tinha acabado de pousar em sua cama. Ela estendeu a mão e acariciou a cabeça da coruja realmente distraída. Já não estava mais pensando em como tirar Bonnie do caminho de Allegra. Já não estava pensando em como odeia Tiago. Sua cabeça estava longe. Muito longe.

Estava precisamente em Dover.

Exata com a cabeça no passado. No natal que passou em casa, como sempre. Exata pensando naquela cena. Naquelas palavras.

Aquelas terríveis pelavas.

Rolou novamente, voltando ao lugar onde estava primeiramente. E relembrou com desgosta cada pelavra que foi pronunciada naquele maldito dia de natal.



“Não adianta fugir do fato, Lílian Evans. Nós somos da mesma raça. Nós somos superiores. Só que você é mais deprimente do que a mim. Você é cruel, Lílian, como diz que eu sou. Você faz exatamente o que eu faço. Ou até pior. Nunca defendeu ninguém, só quer humilhar os outros, exatamente como eu faço. Você presta menos que eu. E seu sangue é podre, ruim.”



Enquanto repassava essas palavras em sua cabeça, lágrimas vinham à tona em seus olhos. E votou-se a pergunta que sempre fazia depois de uma briga com qualquer pessoa, apesar da única pessoa com quem brigava era Tiago:

- Será que é verdade? – sussurrou para si mesma.

Limpou as lágrimas do rosto com a barra da camisa larga e assentou-se na cadeira da penteadeira. E olhou seu reflexo no grande espelho a sua frente.

A face estava vermelha, toda molhada e se toasse nela estava quente. Os cabelos ruivos estavam cheios de cachos na hora mal cuidados, adquiridos depois de ficar tão preocupada na sede da Ordem da Fênix ao ponto de esquecer de meticulosamente escová-los, além do grande puxão para traz durante a viagem transatlântica, o que fez dar uma aparência digna de Tiago Potter. Os olhos estavam vermelhos e com os orbes esbugalhados.

Simplesmente linda e irresistível.

Mas não era com isso que ela estava se preocupando. Pelo contrário. Estava se lixando se estava uma gatinha sexy ou não.

Estava mais preocupada pensando, e alto (apesar de sua voz ser um murmuro baixinho).

- Por que eu tive que relembrar isso agora? Por que. A única coisa boa desse tempo toda sendo torturada pelo incidente Villenueve na Oxford foi ter esquecido isso. Quem sabe para sempre? Isso não poderia ter acontecido não? Mas nãããão, claro que não, afinal eu sou Lílian Evans, condenada a ser torturada e massacrada fisicamente e principalmente intelectualmente todos os dias. E por que eu nasci?

Pronto, Lílian Evans estava tendo uma crise existencial.

Ela com as duas mão tirou os cabelos da cara e apoiou o cotovelo na penteadeira. E os escorregou para o lado, ao mesmo tempo que deitava a cabeça na madeira envernizada. E recomeçou a chorar, mesmo ouvindo os risos e as palavras altas incompreensíveis vindo da sala.



Lá na sala...



- ... E uma coisa que não podemos esquecer é que s Lilly é uma cabeça dura teimosa – falava em disparada uma histérica Mandy. - Ela nunca vai chegar para o Tiago de dizer “Hey, sabia que eu gosto de você. Quer sair comigo?”.

O trio estava tentando inventar um plano para fazer Tiago e Lílian saírem, já que as chances deles conseguirem fazer isso por conta própria é nula. Principalmente agora que a garota tinha “descoberto seus verdadeiros sentimentos” pelo rapaz. Tudo isso em sussurros discretíssimos, dignos da Al-Qaeda (isso por que eles só planejam todos os atentados atreves de sussurros, bilhetes, gestos, etc.).

- Certo. Mas qual é o plano?

- Acho que você deveria ter percebido a um bom tempo que estamos aqui para tentar fazer um, Aluado. Muito simples.

- Não comecem! – exclamou uma Mandy indignada. – Lembrem-se de que ainda temos que fazer um belo de um plano para juntar o Tiago com a Lilly.

- Mandy, disso já sabemos. Mas o que vamos fazer para juntar os dois, já que como você mesma disse, a Lilly nunca vai admitir que a ama?

De repente todos ficaram pensativos aos estreemos. De vez em quando faziam uma cara de “Já sei!”, mas segundos depois murchava com uma expressão de “Esquece, isso nunca vai dar certo.”. Todos estavam muitos concentrados a pensar em um plano infalível, bem melhores doq eu deixar os dois sozinhos, como faziam na Oxford.

- O que é que vocês estão fazendo com essas caras de nerds?

Quase caíram da cadeira ao ouvir isso. Estavam justamente pensando em Tiago quando o próprio aparece. Qualquer um nessa situação pensaria que tem um balão em cima da cabeça, exatamente como nas histórias em quadrinhos.

Mas não que isso fosse uma coisa que Tiago não quisesse saber ou ficaria traumatizado com isso. Na verdade ele sairia correndo e gritando pela praia de felicidade. Afinal, ele a ama mais do que ele se ama (o que Lílian achava que fazia exageradamente).

Depois do susto, na face de Sirius se abriu um sorriso.

- Tiago, eu TENHO que te contar uma coisa!

- Fala, Almofadinhas!

Tiago sorria, aparentemente sem saber do que falavam, já que se soubesse, o sorriso seria maior do que o usual e estaria correndo e gritando.

- É que... é que... é que... – Mandy empacou.

- É que o quê? Falem logo.

- Sabe a Lílian Evans? – começou Sirius, que falava bem devagar para fzer raiva no amigo.

- Claro que sei!

- Ela bem... sabe?

- Não sei. – Tiago amarrou a cara, o que fez todos eles rirem muito mesmo. – Fla logo e parem de rir!

- Tá bem. Ea gos’a d’cê.

Sirius falou “Ela gosta de você” muito rápido, o que virou o “Ea gos’a d’cê”, o que não fazia sentido algum. O que foi muito engraçado para Remo e Mandy que logo caíram na risada, mas nada engraçado para Tiago.

- Dá para falar língua de gente? Ou melhor, dá para falar devagar.

- Mas foi você quem pediu para falar rápido – a cara dele foi de alguém que fora gravemente ofendido e ficou cruelmente magoado ao mesmo tempo. – Ok. E-la-a gos-s-ta-a de-e vô-ô-cê-ê – e fez o possível e o impossível para esticar a frase o máximo.

“Ah? Onde? Como? Quando? Quem? Por quê?”. Essa fora a expressão boba de quem não entendeu de Tiago. Só faltava babar. E a mesma fez Mandy e Remo quase passarem mal de tanto rir.

Um minuto depois (o que aparentemente parece pouco, mas na prática é muito tempo para entender algo), ele arregalou os olhos e soltou uma risada também boba. Uma cara tão feliz como nunca tinha feito em todo sua vida de felicidades. Mas feliz até que o dia que finalmente tinha a beijado. Seu amor estava sendo correspondido!

Mas como nem tudo é verdade, umas perguntas não puderam ser caladas.

- Mas como vocês descobriram isso? E se for mentira?

- A Lilly fica estranha depois de brigar com você. Isso já faz algum tempo. O que pode ser além de arrependimento mortal por ter gritado com você. O que significa que ela tem algum gosto secreto por você.

- Também, é porque eu sou irresistível ou então é porque eu sou lindo ou...

- Ou então por que você é modesto – completou Mandy, ainda à risadas.

- Na verdade eu iria falar eu sou a amor da vida dele. E agora eu quero ver ela falar que não quer sair comigo!

Ele começou a subir as escadas, em direção do quarto de Lílian.


(...)



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