Antes da Festa de Sluggy

Antes da Festa de Sluggy



Capítulo 5
Antes da Festa de Sluggy

- Eu não vou andar com ela!
- E eu não vou andar com ele!
- Pelo amor de Merlin, PAREM VOCÊS DOIS!
- Pelo amor de Merlin, parem de berrar na biblioteca ou eu mando Filch arrancar as bolas e os ovários de vocês!
Hermione bufou e saiu da biblioteca. Saía tanta fumaça de sua cabeça que ela chegava a se assemelhar a uma chaminé.
- Mulheres - murmurou Ron - Você nunca vai entendê-las...
- Eu entendi a minha - disse Harry, beijando Annette na testa.
Os três estudavam, sentados a uma mesa da biblioteca.
- Se você a ama, você acabará a entendendo - disse Annette sabiamente - Mulheres não são bichos de sete cabeças, Roland. Elas apenas pensam de maneira diversa.
- É Ronald, e na verdade, eu não esperava que você se recuperasse da Ginny tão rápido - comentou Ron, desenhando um hipogrifo no Livro Padrão de Feitiços, 7ª Série.
Harry se sentiu um pouco incomodado.
- Na verdade, ela que parece ter se recuperado de mim muito fácil - respondeu o garoto - Mas isso não significa que eu não me preocupe com ela. Para mim, está muito envolvida com Valmont.
- Sebastian é meu primo - disse Annette - Pelo que conheço dele, de Kathryn e de Lamaison, nenhum deles é flor que se cheire.
- Em que família você foi nascer, hein? - disse Ron - De qualquer modo, eu tive uma idéia genial.
E, dito isso, o garoto tirou um pedaço de pergaminho. Harry ajeitou os óculos e leu.
- Por que você achou que Fleur fosse ajudar?
Annette se surpreendeu.
- Fleur? Vocês não estão falando de Fleur Delacour, não é?
- Ela é minha cunhada - respondeu Ron.
- Sério? Foi por causa dela que Sebastian quase foi expulso.
Ron e Harry abriram a boca, chocados.
- Fleur diz na carta que ela chegou a ter um rendez-vous com Sebastian - disse Ron - mas ela não disse que havia sido tão sério.
- Na verdade, eu achei uma excelente idéia você ter mandado essa carta para Fleur - disse Harry. - Ela estava lá, podia saber exatamente onde Sebastian enfiava o pau.
- Ocasionalmente, nas partes íntimas dela, mas isso não vem ao caso - disse Annette.
- De qualquer modo, ela mandou uma cópia para Ginny - disse Ron - Isso deve acalentar as suas preocupações, Harry. Ela não é nenhuma idiota.
E depois se virou para Annette - Mesmo assim, gostaríamos de saber com detalhes o que aconteceu.
Annette sorriu.
- Não gosto de falar mal deles, vocês devem imaginar. Entretanto, se isso for ajudar sua irmã... Bem, Sebastian achou que faria muito bem trazer uma veela ao seu Hall da Fama. E o Oscar foi, é claro, para Fleur Delacour.
Harry e Ron escutavam atentamente.
- Foi uma batalha de titãs, sabe. O charme de Sebastian contra o charme de Fleur. Eu imagino que ele odeie usar Poções do Amor - devem tirar toda a diversão, na opinião dele. De qualquer modo, houve um momento em que Sebastian cansou de bancar o bonzinho. Queria deflorar Fleur de qualquer maneira.
Ron fez cara de cético.
- Ele não usou uma Poção do Amor, usou?
- Não, fez pior.
Harry olhou para ela, estarrecido.
- O que ele fez?
- Chantagem. Conseguiu fotos nudistas de Gabrielle, a irmã mais nova de Fleur, e ameaçou pô-las no anuário da escola se ela não transasse com ele.




Ginny observava o Lago Negro, recostada numa árvore enquanto tentava fazer sua lição de casa.
- Sabe, talvez a sua cunhada só esteja tentando te encher o saco - disse Dean Thomas, sentado ao lado dela. - Você sabe como cunhadas são. Valmont não parece tão feio quanto ela a pinta.
- Na verdade, ele não é nada feio, e esse é o problema - Ginny prendeu os cabelos ruivos num coque no alto da cabeça, fazendo-os cair graciosamente ao ladear seu rosto.
- Ginny, mesmo não estando namorando você eu ainda quero o seu bem. Se você não confia em Valmont, faça o que desejar, mas eu pessoalmente o acho um par perfeito para você.
- Ginny, eu poderia falar com você?
A garota virou a cabeça e encontrou Sebastian Valmont, em pé atrás dela, com o sol a iluminar seus lindos cabelos loiros. Por um momento, ela pensou que Sebastian fosse uma versão masculina de uma veela, ou um deus grego. Em seguida, agitou a cabeça, como se aquilo fosse dispersar seus pensamentos.
- Ah, ali está Seamus, eu preciso falar com ele - disse Dean se levantando.
Sebastian se sentou ao lado dela.
- Sabe, essa coisa de você balançar a cabeça assim faz você parecer um husky ruivo.
Sem nem ao menos pensar, Ginny soltou uma risada. Meu Merlin, controle-se mulher! Uma piada tão sem graça como essa e você fica rindo como uma adolescente colegial. Tá, você é uma adolescente colegial, mas não precisa se comportar como uma tapada.
- Sabe, você não precisa ficar me ignorando dessa maneira - disse Sebastian.
Ginny o encarou.
- Será que não? Eu ouvi muitas coisas de você...
- Sabe, teria sido muito mais educado de sua parte ter me contado quem me tem em tão alta conta, mas eu já pude descobrir por mim mesmo. Foi a Delacour, não foi?
Ginny fez cara de surpresa.
- Como você sabe??
- Ouvi dizer que ela virou sua nova cunhada - respondeu Sebastian sorrindo - Ela seria a única que poderia me conhecer aqui. É só juntar dois mais dois.
Depois, sua voz se tornou mais séria.
- Eu tenho que reconhecer que fiz muitas coisas das quais não tenho orgulho, mas ela é sua cunhada! Se cunhados e cunhadas fossem coisa boa, não começavam com “cu”!
Ginny soltou uma gargalhada. De novo. Oh, céus, ele me faz rir! Eu preciso parar de rir feito uma elfa doméstica com Firewhisky nas veias!
- Nunca havia pensado por esse ângulo... - E logo em seguida, seu rosto se fechou - Mesmo assim, não vou deixar você transar comigo!
O rosto de Sebastian exibiu uma expressão falsamente indignada - embora Ginny, é claro, não tenha percebido isso. Talvez por não querer perceber...
- E quem disse que eu queria transar com você?!? Eu só quero uma amiga...
Ginny, então, exibiu uma expressão conciliadora. Como eu pude pensar dessa forma? Por Merlin, sou uma completa imbecil!
- Amigos, então? - perguntou Sebastian, uma sobrancelha arqueada, em vista do fato de que a garota havia permanecido em silêncio. Despertada de seus pensamentos, Ginny estendeu a mão, apertada por Sebastian, fazendo uma mesura tão exagerada que fez a garota rir. Novamente.
- Amigos, então!




Não longe dali, Dean Thomas puxava Seamus pelas árvores ao redor do lago. O garoto procurou pela árvore mais isolada do grupo que aproveitava o sol do fim do verão, e ali se sentou com seu amigo.
- Aqui não seremos incomodados.
- Credo, para quê tanto segredo? - perguntou Seamus, surpreso.
- É algo que eu preciso conversar com você. E não quero que sejamos ouvidos.
- Pode ir em frente.
- Bom... é meio difícil dizer isso... sabe aquela pessoa que eu te falei ontem?
- A que você estava amando mas achava que não tinha a mínima chance?
- Essa mesma. Bom... eu estava falando de você.
Seamus olhou para o amigo, incrédulo.
- O que você quer dizer com isso??
- Você está se fazendo de desentendido ou quer que eu diga com todas as palavras? - e a próxima frase foi proferida quase num sussurro - Eu te amo!
Seamus socou a grama.
- Eu estou tentando entender... Mas desde quando?
- Eu não sei... talvez desde mesmo o primeiro ano... todavia só pude ter certeza a partir do terceiro.
- Meu Merlin... Por que você não me contou antes??
Dean encarou Seamus profundamente.
- E você acha que eu teria coragem? Você teria coragem se fosse você no meu lugar?
.
- Provavelmente não - Seamus suspirou.
- E... bem... você não sabe quanta força eu precisei fazer, quanto orgulho eu precisei engolir para vir aqui e dizer o que já estava preso na minha garganta há tanto tempo
- Sabe, eu já quase tomei esse caminho uma vez... Eu já, bem, me senti atraído por um dos meus melhores amigos... uma vez... passei noites em claro pensando nisso, no que fazer... e acabei concluindo que era apenas amor fraternal.
Dean sorriu. Entretanto, por dentro, não deixou de sentir um certo escárnio. Amor é um sentimento que emana do coração, e não do seu pau. Mais cedo ou mais tarde você terá que perceber isso, Seamus.
- Por quem você se sentiu atraído?
- Ron Weasley.
- Só podia ser. De qualquer modo... diga com franqueza, Seamus... eu tenho uma chance?
Seamus sorriu. Um sorriso triste.
- Dean... desculpa. Eu não quero que você crie esperanças... mas eu sou hetero.
Oh sim, muito. E só poder perceber, Seamus Finnigan. O seu jeito de AMAR as coisas, achar tudo LINDO ou FOFO, os seus meio que “ataques” quando gosta, odeia ou acha ridículo alguma coisa... O seu gosto completamente babaca para músicas, que afinal acabou me contagiando - EU, um fanático do The Weird Sisters! Além disso, você sente no mínimo tesão por mim, Seamus. Posso contar no mínimo três vezes, incluindo a vez em que nós nos conhecemos, em que nós quase fomos para a cama juntos. Você fica doido do meu lado exatamente nos momentos em que estamos sozinhos. Tenha dó, você já BATEU PUNHETA do meu lado! Quase pulou em cima de mim quando estávamos fugindo do Filch à noite, nos escondemos na orla da Floresta e disse que precisava mijar! Ou naquela vez que dormi na sua casa nas férias de verão, seus pais não estavam, acabou a luz e não podíamos usar magia! Nós só não começamos porque não tivemos coragem, mas essa era a sua intenção. É fácil dizer quando você está excitado; torna-se ousado, prepotente, dá uma ordem e ninguém ousa questionar, principalmente quando não quer. A parte ativa da relação. Além disso, há a prova irrefutável: o próprio Neville Longbottom me confidenciou que você o bolinou quando estavam estudando na biblioteca sozinhos. Francamente, Weasley é uma demonstração de bom gosto, mas Longbottom...! Você só está enganando a si próprio, Seamus Finnigan.
Mas é claro, Dean não disse nada do que estava pensando. Havia prometido a si mesmo que não faria pressão. Portanto, apenas comentou:
- Um hetero que sente tesão por homens. Tenho certeza que isso é muito comum.
Seamus começou a perder as estribeiras.
- Escuta aqui, não pense que isso foi uma decisão premeditada. Eu perdi noites em claro pensando nisso, certo? E não tenha esperanças só porque eu tenho, hum, “desejos”. Eu até cheguei a me considerar bi uma época, mas passou. Os, hum, “desejos” têm diminuído com o tempo.
- Eles só diminuíram porque você ficou mais, digamos, exigente, Seamus. - respondeu Dean com um sorriso sarcástico.
Finnigan perdeu a paciência.
- Quer saber? Eu não quero mais falar disso com você, certo? Você já tem a minha resposta.
Seamus se levantou e começou a ir embora, deixando um Dean Thomas sentado e pensativo às suas costas. Todavia, parou e se virou:
- Se eu fosse gay já estava com você há muito tempo...
Dean deu de ombros.
- Você que o diz. Mesmo assim, não é tão simples quanto você pensa.
Seamus se virou e retomou seu caminho de volta ao castelo.




- Eu não acredito nisso!! - disse Ron - Quer dizer, eu percebi que ele não era flor que se cheirasse, entretanto não imaginei que chegasse a tal ponto...!
- Meu primo Sebastian era uma ovelha negra em Beuxbatons - continuou Annette - Ele quase foi expulso da escola quando foi cutucar a onça com pau curto...
Ron e Harry se entreolharam significativamente. Depois, caíram na gargalhada.
- É assim que se fala, certo?
- Não - disse Harry, tentando em vão esconder o riso - É vara.
- De qualquer modo, quem ele irritou tanto? - Ron também tentava para de rir.
Annette fez uma pausa monumental, para manter o suspense. Quando os nervos de seus dois colegas já não estavam mais segurando as pontas, ela revelou:
- Madame Maxime, em carne e osso.
Se antes Harry e Ron já haviam ficado boquiabertos, até o ponto da baba escorrer pelos cantos da boca, a única maneira de descrever o espanto dos garotos é dizer que seus maxilares inferiores se desencaixaram e escancaram até o chão. Ah, e a língua também se desenrolou como um tapete.
- Que diabo fez Valmont com Madame Maxime??? - perguntaram os dois em uníssono.
- Bem, aí está o problema - declarou Annette - Ninguém sabe exatamente como, mas meu primo conseguiu uma foto de madam em poses, digamos, extravagants.Sebastian conseguiu substituir no anuário, no lugar da foto habitual, por uma em especial na qual madam estava completamente nua, segurando uma placa com os dizeres: Que está esperando, me coma! Sou uma gigante muito gostosa! Suponho que Sebastian só conseguiu fazê-lo graças a um contato que Kathryn possuía na gráfica. Aliás, suponho que Sebastian não o teria feito sem as células cinzentas de Kathryn - tanto a foto quanto o rapto de Gabrielle, eu quero dizer.
- Você quer dizer que é Merteuil quem pensa e Sebastian executa?? - Ron estava incrédulo.
- Bem, Sebastian tem um com cérebro, mas Kathryn pensa ainda melhor - respondeu Annette - Isso não quer dizer que ele não faça das suas sem ela.
- Acredite, Ron, a musa dos seus sonhos é uma puta - disse Harry em tom consolativo.
- Cai fora! - revoltou-se o ruivo - Eu não quero nada com Merteuil! Estou namorando Hermione, porra!
Harry e Annette davam risadinhas, enquanto Ron tinha uma expressão terrivelmente feia e irritada.
De súbito, um enorme livro de páginas amarelas e buffet de ácaros, cupins e traças foi jogado violentamente na mesa, aberto em certa página, e atrás dele surgiu uma versão suada, cansada e com o cabelo enormemente frisado de Hermione Granger. Ron estremeceu.
- Demorei séculos para achar isto aqui, mas estava na seção francesa - disse a garota, encarando fixamente Harry e Annette, numa tentativa de fingir que o ruivo não estava ali.
- E o que seria isto? - perguntou Harry surpreso.
- O Qui-est-Qui de Societè Parisienne de 1771.
- O equivalente ao nosso Who’s Who ? - indagou Harry.
- Você sabe falar francês? - indagou Ron.
- Sim, Harry, é a versão francesa do Who’s Who - respondeu Hermione, e depois numa voz rancorosa e cheia de fel - e sim seu idiota, eu sei falar francês.
Ron gemeu.
- De qualquer modo, adivinhe quem eu encontrei aqui? O Vicomte de Valmont e a Marquise de Merteuil. Longínquos antepassados de sangue azul de nossos queridos colegas.
Annette ficou surpresa.
- Se era só isso que queria saber, podia ter perguntado para mim! Nós quatro somos primos. Esses dois realmente possuem sangue azul, e quase perderam tudo na Revolução Francesa. Sabe, ser nobre era motivo suficiente para cortarem a sua cabeça.
“Eles só sobreviveram porque fugiram para a Inglaterra e esconderam todo seu dinheiro no Gringotts. Depois, suas famílias puderam voltar em meados do século XIX e se integrar novamente no Ministério da Magia francês.”
- Era mais ou menos o que eu ia dizer - disse Hermione sorrindo - E eu também descobri sobre o seu antepassado Chordelos de Laclos.
- Que convenientemente escreveu o Les Liasons Dangereuses sobre as crueldades do Vicomte e da Marquise, escondendo e adaptando os aspectos mágicos, é claro - prosseguiu Annette sorrindo - Foi muita coincidência meu pai se unir a essa família.
- Bom, foi só isso que eu vim dizer - disse Hermione, saindo bruscamente da mesa.
Ron viu Hermione sair da biblioteca entre desesperado e embasbacado.
- Ela mal falou comigo... - ele começou a lamuriar.
- E o que você está esperando, seu paspalho? - perguntou Annette, tentando parecer simpática mas ligeiramente irritada - CORRA ATRÁS DELA!!
- Ah, claro - murmurou Ron e saiu da biblioteca correndo.
O garoto alcançou a garota no corredor.
- Hermione, fale comigo ao menos!!
A garota se virou e encarou Ron nos olhos. Os dela estavam duros raivosos.
- Você me irrita e eu estou irritada. Cale a boca e não fale mais comigo.
Ela saiu correndo. Ron encontrou espaço entre duas estátuas e chorou.




Já era noite. Kathryn estava deitada em seu quarto escuro, pensando e repensando seus maravilhosos planos e em quando eles fossem dar certo, quando ouviu o ruído da maçaneta. A garota apenas ficou parada, esperando, quando um vulto entrou, se deitou ao lado dela e começou a beijar-lhe o pescoço. Ela estava prestes a estuporar o visitante inesperado quando a voz conhecida de Minerva McGonagall a chamou à realidade:
- Eu decidi aceitar o seu convite, mademoiselle.
Kathryn sorriu consigo mesma, e apenas acrescentou:
- Só me faça um favor, oui, madam? Deixe em paz meu meio-irmão Sebastian.
- Tudo o que pedir, mademoiselle - gemeu McGonagall enquanto deslizava as alças da camisola da garota.

(N/A: Ainda saiu maior do que eu pretendia, mas beleza. Obrigado pelas reviews e pelos votos!!! Continuem lendo e votando!!!)

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