Nicole Virgínia Weasley

Nicole Virgínia Weasley



Deus, queria ir para Londres! Não é possível que a viagem demorasse tanto assim. Parecia estar ali há horas. Sentada no Noitibûs segurando sua filha com força para evitar que ela batesse a cabeça.

- Em que lugar de Londres você quer ficar? - Perguntou uma moça de mais ou menos 25 anos que havia tomado o lugar de Lalau.

- Gostaria de ir para o Regent’s Park. - Adoraria sentir o ar puro do Regent’s Park antes de ter que encarar o fato de que não tinha para onde ir. A moça pareceu intrigada.

- Regent’s Park? - Perguntou erguendo as sobrancelhas. - O que você vai fazer no Regent’s Park às três horas da manhã?

- Andar, eu acho. - Disse apertando a filha contra o peito quando o ônibus deu um solavanco.

- Andar? Às três horas da manhã?

- Não sabia que existia uma hora certa para caminhar ao ar livre.

- Se você está sozinha, não, mas se tem um bebê de menos de um ano nos braços, uma caminhada no sereno não é muito recomendável.

- Ótimo... Então irei ao Caldeirão Furado. - Não iria discutir. Gostaria de ir dar uma caminhada, mas mais uma vez havia se esquecido do fato que não estava sozinha. Nunca mais estaria sozinha.

- Tudo bem... - A moça disse de leve. - Você não parece bem. - Sentou-se ao lado de Gina. - É sua filha?

- É. - Respondeu olhando para a filha. - É minha filha.

- Qual o nome dela?

- Ela ainda não tem nome... - Disse um pouco envergonhada, não queria dar a impressão que não tinha consideração pela filha a ponto de não dar um nome a ela. - Eu não achei o nome ideal pra ela.

- E você, tem um nome ou é como sua filha?

- Virginia. Mas me chamam de Gina.

- Ok Gina, eu sou Nicole e pelo o que estou vendo você se encrencou.

- Pode-se dizer que sim.

- Vamos fazer o seguinte, quando o meu horário de serviço aqui acabar, você vai à minha casa, pode passar a noite lá se quiser e amanhã eu posso te ajudar a arrumar emprego no Beco Diagonal. Meu apartamento é muito pequeno, mas por uma noite vai ser o suficiente.

Gina a olhava. Não tinha tempo para avalia-la, estavam estendendo uma mão a ela e ou ela pegava ou dormia na rua.

- Obrigada. - Foi o que conseguiu dizer.

- Ótimo, agora durma um pouco, chegaremos a Londres em pouco tempo.
Gina sorriu e balançou a cabeça.

*****

- Hey... Gina... - Nicole a balançava. Gina rapidamente acordou e abraçou a filha para ter certeza de que ela não havia caído enquanto dormia. - Chegamos.

Gina olhou pela janela e viu a Oxford Street. Sorriu. Não poderia deixar de sorrir. Londres. Viveria em Londres.

- Você mora aqui?

- Yep. Um apartamento horroroso na avenida mais movimentada da cidade.

- Parece ótimo.

- É ótimo, agora vamos, você precisa dormir direito e preparar-se para um dia longo amanhã. O motorista disse que estão precisando de gente no Caldeirão Furado,vamos atrás disso amanhã.

- Você pode segura-la por um instante? - Disse apontando pra filha. Nicole estendeu os braços e a pegou.

- Ela é a menina mais linda que eu já vi.

- A cabeça dela é enorme. - Gina respondeu.

- Ah... Nada como uma boa dose de amor materno.

Gina colocou a mochila nas costas e pegou a mala. Estendeu o outro braço e segurou sua filha.

As duas saíram para fora do ônibus e quando Gina tentou pagar pela viagem Nicole pagou por ela.

- Você não precisava me pagar. Você já está me hospedando por uma noite, não precisava.

- Eu expliquei que você era minha amiga, eu viajo de graça o Noitibûs, pra mim não foi problema nenhum. - Nicole sacudiu os ombros enquanto as duas andavam por Oxford Street. - Aquele maldito nem sequer me deixou na porta de casa, ele faz isso para me irritar.

- Não tem problema. Eu precisava caminhar mesmo.

- Oh... Sim. Você queria ir ao Regent’s Park. - Disse em tom de zombaria.

- Eu não tenho pra onde ir.

- Então você decidiu morar no Regent’s Park?

- Agora você está fazendo com que eu me sinta idiota.

- Você não é idiota, a idéia é idiota. Chegamos. - As duas pararam em frente a uma loja de roupas que tinha as luzes apagadas. Nicole caminhou até uma pequena porta lateral e a abriu mostrando uma escada.

- Vamos entre... Tire sua filha do sereno. - Apontou pra dentro e Gina passou pela porta com dificuldade por causa da mala e da filha.

- Deixe a mala aí, eu levo. - Aliviada Gina largou a mala e subiu as escadas tentando não fazer barulho e acordar sua filha (definitivamente devia escolher um nome para a menina)-É o apartamento da direita. - Disse Nicole subindo logo atrás. Gina virou a direita e ficou esperando Nicole vir abrir a porta.

Assim que a outra virou a chave e abriu a porta, Gina pôde ver que o apartamento era bem pequeno, nem sequer tendo uma divisória da sala e da cozinha, mas muito arrumado para ser o apartamento de alguém tão jovem.

- Eu disse que era simples. - Disse Nicole indo em direção ao sofá - Esse sofá vira uma cama e acho que você e a nenê vão conseguir ficar bem instaladas aqui. Durma o quanto quiser. - Puxou o sofá fazendo com que ele virasse uma cama de casal. - Vou pegar alguns lençóis. Troque de roupa, tenho certeza que não vai querer dormir usando um casaco enorme como esse seu.

Nicole desapareceu em uma porta que devia dar ao quarto. Gina deixou a filha deitada no sofá-cama e abriu a mala à procura de uma calça e uma blusa confortável para dormir. Depois de se trocar, Nicole apareceu com lençóis e as duas rapidamente arrumaram a cama.

- Boa noite, Gina. E boa noite, nenezinha. - Nicole se virou e voltou ao seu quarto.
Gina fez uma pequena “proteção” para a filha com a manta que havia usado para cobri-la durante a “fuga” e deixou a mala encostada na cama, se sua filha caísse, pelo menos cairia em um lugar fofinho.

Deitou-se ao lado da nenê que dormia parecendo estar em um estado de completa paz.

- Vou conseguir um emprego amanhã e um lugar para morarmos. Papai vai visitar você assim que deixar de odiar mamãe.

Passava a mão de leve na barriga da filha e olhava pela janela da sala uma parte do céu estrelado.

Precisava de um nome para sua filha. Mas nenhum nome parecia ser bom o suficiente para ela.

Gina sabia que toda aquela infelicidade que sentia na Toca não era responsabilidade de sua filha, e sim de sua família, que havia decidido sua vida não se importando com o que ela queria. Amava aquela menina. Havia se apaixonado por ela. E ela parecia ser um ponto brilhante no fim de um túnel muito escuro. Nenhum nome parecia ser bom o suficiente para representar o que poderia ser o fim de toda a escuridão.
Exceto...

- Nicole. - Sussurrou. Sim, daria o nome de sua filha homenageando a única pessoa que estava ajudando-a. Nicole. Nicole Virginia Weasley. Esse seria o nome de sua filha.
Virou para olha-la e disse.

- Olá, Nicole Weasley. - Disse baixinho.
E adormeceu ali, acariciando a barriga de sua filha...Nicole.

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