Conversas na biblioteca



A sala comum encontrava-se vazia pois todos os alunos do Gryffindor ainda se encontravam no Salão Principal. Sentaram-se nos sofás e quando Hermione acendeu a lareira para se aquecerem Ron voltou a contar:

--Nós não sabemos muito bem porque estavam os dois a falar, afinal o Snape odeia o Lupin né? Achamos tão estranho que decidimos espiar e acabamos por ouvir um bocado da conversa. Parece que encontraram um espelho qualquer.

--E tudo indica que os devoradores da morte o querem mas não sabemos porquê pois o Ron lembrou-se de espirrar! – Hermione deitou um olhar acusador a Ron – Já podes imaginar o que se seguiu... O Snape ia nos matando!

--Hum... para os devoradores o quererem não é, certamente, um espelho normal. Qual será a utilidade do espelho? – inquiriu Harry observando as chamas dançarem com o frio que se fazia sentir na sala.

--Isso também nós queriamos saber... – disse Ron sem desviar os olhos da entrada da sala comum.

--Tenho de falar com Lupin.

--E achas que ele vai dizer Harry? Pensa bem... o que quer que seja é assunto da Ordem e ambos sabemos que eles não nos contam nada que tenha a ver com ela. – observou Hermione

--Então temos de descobrir de outra maneira.

--Pois, mas antes de mais teremos de achar algumas pistas, não podemos começar às cegas.

--Tens razão... falta saber é como as encontraremos... – disse Harry.

--Ron tens alguma ideia de como descobrir? Ron porque não paras de olhar para a entrada? – perguntou Hermione

--...

--Ron! – gritou Harry o que fez o ruivo pular do sofá

--O que é que foi? És maluco? Eu podia ter morrido de susto, sabias?

--Desculpa mas estamos a tentar falar contigo à séculos e tu não respondes. Passasse alguma coisa?

-- Estou à espera que a Ginny entre, ela andou muito estranha nas férias, sempre distraida...

--Isso é porque ela deve estar apaixonada.

--Mione já estás a imaginar coisas!

--Então porque é que estás tão preocupado? – rematou Hermione.

--Ora, porque...porque ela é minha irmã e já está tarde para andar pelos corredores.

--Até parece que nunca andaste pelo castelo à noite. Além do mais ela não é nenhuma criança.

--Mas a Ginny é muito inocente e pod...

--Ron tenho a certeza que a Ginny sabe tomar conta dela própria. – interrompeu Harry levantando-se.

--Onde é que vais? – perguntou Ron

--Ao encontro com Malfoy, lembram-se?

--É verdade... Tem cuidado e não caias em nenhuma armadilha!

--Não... Eu volto logo.


Os corredores do castelo estavam vazios e ao longe ainda se ouvia vozes vindas do Salão Principal. Não se preocupou em levar o manto da invisibilidade, afinal ele não era o único fora da sua sala comum e Filch não iria castigar todos os alunos. Subiu a escadaria para o terceiro andar e deu com a sala de feitiços fechada. Com um “alohomora” abriu-a. Estava iluminada apenas por agumas velas que formavam sombras nas varias paredes, nas quais sobressaía uma figura.

--Estou aqui Malfoy. – disse fechando a porta atrás de si.

--Calculo que saibas porque te chamei aqui. – o loiro saiu das sombras entrando na visão de Harry. Estava com os braços cruzados e com o seu ar tipicamente superior.

--Claro... Por causa do elo porque outro motivo havia de ser?

--Temos de acabar com o elo. – disse o loiro indo directamente ao assunto.

--Sabes como acabar com ele? Pareceu-me ouvir o Dumbledore dizer que...

--Potter não me digas que aceitas tudo o que aquele velho insano diz sem contestar!

--Não. Tens alguma ideia é?

--Ainda não mas vou ter como é lógico.

--Claro, claro, como é lógico.

Tanto Harry como Draco começaram a andar de um lado para o outro como se assim podessem descobrir uma maneira. De vez em quando paravam mandavam olhares assassinos um para o outro e recomeçavam a andar. Passado alguns minutos Harry parou de repente e bateu na testa.

--É isso! – exclamou

Draco parou também de andar e olhou para Harry pouco convencido de que este já soubesse alguma coisa.

--E então?

--Podemos ir até à biblioteca, pode ser que encontremos algo sobre o elo. – disse Harry lembrando-se que às vezes quando tentava descobrir algo, era para lá que ia com Ron e Hermione. Poderiam encontrar algum livro que abordasse o tema e que até revelasse como quebrar o elo.

Draco não queria ter que concordar com Harry era demasiado humilhante mas a verdade é que não é que não tinha uma ideia melhor e tinha de se livrar da ligação com Harry o mais depressa possível.

--Está bem. – acabou por concordar Draco e avançou até à porta. Estava tudo deserto não havia sinal de Filch, por isso saíu de sala e começou a andar rumo à biblioteca.

Harry seguia Draco rápidamente. Ter um elo com o seu arqui-rival era ridículo e por mais que penssasse não conseguia achar nenhum motivo para eles os dois estarem ligados. Estava cheio de perguntas para fazer mas das quais ninguém parecia querer responder. E além do elo ainda havia a história do espelho que Snape e Lupin falavam. Pensou no Ojesed mas que utilidade poderia ele ter para a ordem ou mesmo para Voldemor? O espelho só mostrava o que os corações mais desejavam mesmo que a própria pessoa o desconhecesse e não parecia ser algo que pudesse funcionar como uma arma Ele, Harry, havia o usado no seu primeiro ano em Hogwarts para encontrar a pedra filosofal e, desta maneira, a entregar a Voldermot mas agora ele não tinha nada que Voldermot poderia querer. Mas se não fosse este espelho então qual seria? Talvez um que pudesse matar só de olhar o seu reflexo nele?

Draco parou de andar e como Harry estava distraido não reparou e acabou por esbarrar em Draco.

--Ai... – deixou escapar.

--Ei, eu sei que sou completamente lindo e sexy e que deve ser muito díficil resistir-me, mas isso não quer dizer que tenhas de te atirar a mim! Agora tenho de desinfectar a roupa!

--Er... desculpa eu não reparei que tinhas parado de andar... Porque é que tens de ser tão convencido?

--Eu não sou convencido, limito-me a dizer a verdade. Ao contrário de certas pessoas eu possuo um espelho e não há dia em que não receba elogios.

“Se Draco Malfoy não é um GRANDE convencido eu sou loiro” – pensou Harry. Porém a menção de “espelho” fez Harry voltar aos seus pensamentos. Nunca conseguia descansar sem satisfazer a sua curiosidade, estava no seu sangue... “sangue de um maroto” – pensou Harry.

Quando chegaram à biblioteca procuraram algum livro que referisse o “Elus Diffiniti”. Cada um foi para uma ponta da bliblioteca. Quanto mais longe estivessem um do outro melhor. E assim ficaram até o que pareceu uma hora sem, no entanto, encontrarem algo.

--É melhor procurarmos na secção restrita. – informou Harry aproximando-se do loiro.

--Caso não saibas a secção restrita, como o próprio nome indica, é apenas para certas pessoas.

--E desde quando um Slytherin se importa em respeitar as regras?

--Ser um Slytherin não significa não respeitar as regras mas tu nunca irás entender, não és um de nós. Por outro lado, nunca pensei isso do herói salvador do mundo. Potter que desgosto! – Draco fingiu indignação mas acabou por se dirigir até à secção restrita.

Harry apenas bufou e seguiu-o. Aquele lugar ainda lhe causava arrepios, lembrava-se, com muita clareza, do seu encontro com o livro que gritava quando, pela primeira vez, entrou ali. Era como se o livro tivesse vida própria e gritasse por liberdade... Aquilo traumatizara-o mesmo.

Desta vez não se afastou do loiro, sentia-se mais seguro com ele ao seu lado. Harry olhou para Draco. O loiro estava concentrado e deslizava os seus pálidos dedos pelos livros lendo as suas abas.

--Hei, Potter! – chamou Draco. Tinha encontrado um livro sobre diversos elos, escondido numa das prateleiras. Ao contrário dos outros este não estava coberto de pó o que revelava que tinha sido lido recentemente. As folhas eram amarelas e velhas com letras prateadas e figuras enormes que ocupavam páginas inteiras. Draco nunca imaginou que havia tantos elos: Elos de amizade, familia, amor... Elos que uniam possoas com os seus animais e objectos...

Harry e Draco sentaram-se numa das mesas e apenas com a luz da varinha começaram a ler o livro. Não estavam muito contentes de trabalharem um com o outro mas não havia outra alternativa. Tentaram não falar (se falassem era apenas para se irritarem mutuamente e podiam, pelo volume das vozes, serem detectarem por Mr. Filch, o que não convinha).

--Com tantos elos como é que é possível não haja a porcaria do Elus Diffiniti! – exaltou-se Draco depois de relerem o livro pela segunda vez e não encontrarem nada. Estava cheio de sono, já devia ser perto da uma da manhã e o que mais desejava era deitar-se na sua cama e dormir durante horas a fio. Por um lado queria dizer a Harry que ia embora mas por outro não queria parecer mais fraco que o moreno, que não dava os mínimos sinais de sono.

--Mas que... – Começou Harry parando numa página.

--O que é que foi? Algum elo de amor para fazeres com a chorona da Chang?

--Por favor Malfoy, não começes. Observa. Não notas nada de anormal?

Draco observou a página com mais atenção. Tal como as restantes páginas, esta era bastante velha, o título dizia “Elu da Irmandade”, ou seja, nada que lhes interessasse. Ia perguntar o que havia de anormal quando ele próprio percebeu. Entre as duas página havia rasto da existência de duas outras páginas que pareciam ter sido arrancadas.

--Parece que arrancaram duas páginas.

--Exactamente. Isto quer dizer que o nosso elo poderia estar mencionado nestas páginas. – disse Harry. Se aquilo era um livro sobre elos e se referia centenas de diferentes elos a única explicação para não ter o deles era que alguém o tivesse arrancado.

--Poderia, mas também poderia não ser o nosso. Além do mais porque motivo é que haveriam de arrancar as páginas?

--Pois não sei... – declarou Harry com o olhar vago.

Harry e Draco ficaram a olhar para o que restava das ditas páginas como se o resto delas podesse aparecer a qualquer momento. Ficaram assim durante algum tempo, cada um envolto nos seus próprios pensamentos até que o som da porta da biblioteca a ser aberta e o som de passos fez com que ambos levantassem o olhar do livro.

Harry fechou rápidamente o livro e puxou Draco para trás de uma estante, de maneira a não serem vistos por quem entrava.

--O que é que pensas que estás fa... – Draco foi interrompido por Harry que lhe tapou a boca com a mão e o agarrou de maneira a que ele não conseguisse sair.

--Shiu! Deve ser o Filch, queres ser apanhado?- sussurou Harry perto do ouvido de Draco.

Este sentiu a respiração quente de Harry na sua pele e o seu perfume que parecia de mel e leite e que, lhe encadeou os sentidos por um momento. Era um perfume doce e poderia ficar a cheira-lo durante toda a noite. Abanou a cabeça para acordar daquelo perfume mágico (tinha a certeza que estava enfeitiçado, só podia!), tirou a mão de Harry da sua boca e espreitou por entre os livros.

--Não sabia que o Filch agora era Ruivo! – disse enquanto observava a irmã pobretona weasley com outra rapariga qualquer. As duas dirigiam-se a uma mesa que, por sinal, era a que estava mais perto da estante onde se encontravam escondidos, e sentaram-se uma ao lado da outra de costas para a estante.

--O quê? – Harry não conseguia ver porque encontravasse atrás de Draco, encolhido contra a parede. Com um empurrão meteu-se à frente de Draco. Harry observou as duas raparigas sentadas e viu o que Draco queria dizer. Á sua frente, de costas para eles estava Ginny e Padma Patil.

Draco voltou a empurrar Harry ficando ambos lado a lado.

--Importaste de chegar para lá? – Inquiriu irritado Draco sussurando perto da orelha de Harry.

Estavam ambos muito apertados. Harry tinha a cabeça encaixada no ombro de Draco pois era a única maneira de conseguir ver por entre os livros. Nunca pensou que alguma vez ía estar com a cabeça no ombro do seu rival, era simplesmente demasiado irónico. Não gostava de estar naquela situação quase abraçado a Draco Malfoy, mais tarde isto iria causar-lhe, de certeza, pesadelos.mas tinha de descobrir porque se encontrava Ginny na biblioteca àquela hora.

--Não dá! – exclamou um pouco mais alto do que devia. Olhou para Ginny e Padma para ver se elas tinham ouvido alguma coisa e relaxou, elas continuavam a falar.

--Potter não sei se já reparaste mas tens a cabeça no meu ombro e isso não é, de longe, agradável. Estou a ficar mal disposto.

-- Não dramatizes isto também não é, propriamente agradável para mim.

--Claro, claro... Queres que acredite que não estás a adorar estar encostado em mim?

--Malfoy por favor cala a boca eu quero ouvir o que estão elas a falar. – não estava com paciência para ouvir o egocentrismo do Malfoy. Queria saber porque motivo estava Ginny na biblioteca com Padma. Tinha a sensação de que já passava da uma da manhã.

--Ouvir conversas alheias, hã Potter.

Harry não respondeu, estava concentrado para ouvir as conversas das duas raparigas, que não falavam, propriamente alto.

--...mas Ginny estás apaixonada logo por um Slytherin? – indagou Padma.

--Eu não tenho a culpa, simplesmente aconteceu, talvez goste de bad boys, não sei. – revelou Ginny com a cabeça baixa.

--Mas logo ele?! Já não basta ser um Slytherin?

--Ele não é tão mau como parece...

--Ginny como é que podes ser tão inocente? Se o Ron já fica fora de si quando namoras com rapazes da nossa casa como é que achas que ele vai reagir quando souber que gostas logo de um Slytherin, e não um Slytherin qualquer mas um dos Slytherins que tanto Ron como o Harry odeiam!

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