A turma antiga



- Harry, você está bem?- continuava Sirius com preocupação na voz.
O garoto estava deitado na cama do quarto de visitas da senhora Figg, estava suado, pálido e com uma mão sobre a cicatriz e a outra no estômago.
- O que é que houve Harry?- perguntou a vizinha, também preocupada.
Harry estava com uma dor terrível na testa, sua cicatriz ardia, mas não havia nada em seu estômago. Ele havia sonhado alguma coisa, mas, o que era?
Não conseguia enxergar direito, tudo estava embaçado, tanto na sua visão, quanto na sua cabeça. Não conseguia distinguir as pessoas ao seu redor. Sirius era o homem que parecia estar mais perto dele, logo atrás havia uma mulher que parecia ser a vizinha, e mais atrás havia um homem... Severo Snape!!!
- Sirius? O que Snape está fazendo aqui?
- Não se meta nisso, Potter! Procure relaxar!- se intrometeu o professor.
- O que você sonhou?- indagou o padrinho.
Ainda sem enxergar quase nada e com uma imensa dor na testa, Harry respondeu:
- Cho..., A floresta..., Lord Voldemort...
Todos sentiram um impacto com pronunciação daquela última palavra.
- Severo, Sirius, vamos descer para Harry se sentir melhor. Harry, depois desça, por favor!- ordenou a senhora Figg.
O padrinho de Harry deu uma olhada para ele e depois saiu do quarto junto com Severo e Arabella.
Meia hora já havia se passado, a dor diminuíra um pouco. Só assim Harry se levantou da sua cama e foi escovar os dentes. Ouvia a conversa entre: Snape, Figg e Black, lá em baixo: falavam em Você-Sabe-Quem, Dumbledore, Lupin, coisas desse tipo...
Tudo estava embaralhado em sua cabeça: o que Snape, um bruxo, anda fazendo com uma trouxa? E o que seu padrinho estava fazendo ali? Os trouxas também conheciam o "malvado" Sirius Black! Ele poderia ser preso!
A única coisa a fazer era descer e esclarecer tudo. Colocou uma roupa rapidamente e desceu os degraus.
- Arabella, está na hora de contar tudo ao garoto!- disse Sirius.
- Harry, meu nome é Arabella Figg, eu já estudei em Hogwarts, como você!
A senhora Figg levantou o braço direito e estalou os dedos, fazendo um barulho muito alto. Saíram fagulhas de seus dedos que atingiram vários pontos da sua casa. Todos os gatos nos quadros começaram a se mexer, como em quadros de bruxos. A sacola de balas que havia sobre a mesa virou um saco de “Feijõezinhos de todos os Sabores", e "Sapos de Chocolate". Todas as cores brilharam com mais eficácia e todos os livros trouxas que haviam ali, passaram a ser livros de bruxos. Suas roupas viraram roupas de bruxa e seu chapéu achatado, passou a ser um chapéu preto e pontudo.
O garoto abriu a boca, mas de lá não saiu nada. Ele havia perdido a fala.
- Harry, Arabella Figg é uma bruxa! Ela estudou em Hogwarts junto comigo, com Lupin, Snape, seu pai, e... Pedro Pettigrew. - explicou Sirius.
Quando Sirius falou de Rabicho, Harry sentiu a sua cicatriz arder mais ainda e o sonho voltou na sua cabeça. Mas essa lembrança só durou uns três segundos, e depois o garoto se esqueceu de tudo.
- M... Mas Sra. Figg..., Quer dizer, Arabella Figg, a senhora conheceu meu pai?- indagou o menino.
- Ahhh, o velho Tiago. Nós fomos muito amigos, sabe? Eu gostava muito dele... - a senhora Figg respirou profundamente, parecia estar emocionada.
- E por que a senhora não me contou tudo antes?
- Ah! Harry, a última vez que te vi você ainda não tinha entrado em Hogwarts, ainda era uma criança!
- Mas, por que a senhora não me falou que eu era bruxo antes de Hogwarts?
- Seu tolo! Potter, a sua vizinha tinha apenas uma missão: proteger você do Lorde das Trevas. -disse Snape.
O garoto ficou chocado, e a única coisa que pôde fazer foi olhar para Arabella.
- Sim, Harry. Todos sabem que Voldemort quer te matar, por isso, Dumbledore me pediu para protegê-lo. Estou morando aqui desde que você passou a morar aqui ao lado.
Harry se sentiu como um bebê. Pensou em responder à senhora Figg, mas preferiu mudar de assunto:
- E por que eu fiquei com aqueles trouxas chatos? Por que não fiquei na sua casa?
- Dumbledore decidiu assim!- respondeu Sirius-A propósito, Harry, você não quer ir à casa de Lupin com a gente?
- O quê? Potter vai com a gente? Vocês estão malucos? Isso que vamos tratar é muito sério! Alunos de Hogwarts não podem ir! Especialmente Potter!
- O que ele tem de errado, Severo?- perguntou Arabella.
- Não é só Potter...
- Harry, vá arrumar suas malas, temos que ir!- pediu Black.
- É... Obrigado!
Harry subiu as escadas rapidamente. Lupin era o melhor professor que já tivera. Ele gostaria de rever o professor. Além disso, ele estava curioso para saber qual era o assunto tão importante que seria discutido na casa do ex-professor. O garoto entrou no quarto e arrumou as suas malas, tirou o pelúcio de dentro de seu malão, ele estava dormindo. Não precisaria mais esconder as corujas e o bichinho. Estava tudo pronto.
Harry colocou a mão na testa. A dor da cicatriz já havia passado. Ele deu uma espiada no relógio mágico da senhora Figg. O relógio era interessante: ao contrário do relógio trouxa, no mágico, não são os ponteiros que andam, e sim, os números. Os três ponteiros ficam parados, e a cada segundo, as letras (que ficam na parte de baixo da circunferência) vão para os seus respectivos lugares. Quando as letras (I, V,X e L) se juntam, formam números romanos. Cada letra tem 10 "réplicas" para o caso de uma mesma letra ter que estar em dois lugares ao mesmo tempo.
No relógio, um I foi para o ponteiro das horas e os ponteiros de minutos e segundos ficaram vazios. Era uma hora! Ele havia esquecido. Arthur passaria para buscá-lo a qualquer momento. E agora? Para onde ele deveria ir?
-Priiiiiimmmm!
Era a campainha:
- Harry, atenda a porta, é pra você!- gritou a senhora Figg.
O garoto desceu as escadas mais uma vez e abriu a porta. Havia um carro trouxa estacionado em à casa da vizinha, era um carro azul. Em frente ao carro estava Arthur Weasley:
- Harry, parabéns! E aí, está preparado? Ué, cadê as suas malas? Esqueceu-as, ou vai me dizer que esta sua vizinha as escondeu? Anda, Rony e Hermione estão te esperando lá na toca e eu ainda tenho assuntos a resolver às três!
O garoto não sabia o que dizer. Não sabia se preferia passar o aniversário na toca ou na casa de Lupin! Nesse instante, a senhora Figg apareceu por trás do menino. Arthur ficou boquiaberto ao vê-la:
- Arabella? Você?
- Entre, Arthur. Eu te explico tudo. Entre.
A vizinha contou tudo ao pai de Rony. Arthur ficou surpreso, ele podia, muito bem, vir de pó de flu. Depois do choque, ele disse:
- Muito bem. Vamos, Harry?
- Harry vai comigo para a casa de Remo.- disse a Sra. Figg.
- Mas, Harry. Você não prefere comemorar seu aniversário com seus amigos?
- Eu... er... Eu acho que eu quero ir para a casa do Lupin. Quer dizer, ano que vem eu prometo que vou à toca...- decidiu o garoto.
- Já que você quer assim, tudo bem!
- Você vai para reunião, não vai?- indagou a vizinha.
- Eu estava planejando deixar Harry na toca e depois ir para a casa de Lupin.- disse o Sr. Weasley meio abalado, ele parecia estar chateado por o menino não ir à casa dele.
- Não quer ir conosco, Arthur?
- Ok, só preciso fazer uma conexão com Molly. Posso fazer por aquela lareira?
- Receio que não, essa lareira é de trouxa. Siga-me.
Arabella caminhou até o canto da sala, ergueu uma pequena varinha (a menor que Harry já tinha visto. Devia medir quinze centímetros, no máximo.) e murmurou contra a parede: "Hormosdarro". Repentinamente, uma porta prateada apareceu na parede. A porta era lisa, sem maçaneta ou fechadura. Novamente, a senhora Figg murmurou um feitiço: "Alorromora"! A porta que estava trancada se abriu, e Arabella, Arthur e o menino passaram por ela. Lá havia uma saleta, onde só havia duas coisas: uma lareira e uma vassoura. O pai de Rony caminhou em direção à lareira e Harry, em direção à vassoura. A vassoura tinha um cabo comprido e claro, onde se lia: "Swiftstick".
- Essa é a minha vassoura desde que entrei em Hogwarts, Harry. Ela não é muito boa, mas desde que você não vá muito alto, ela dá pro gasto.- explicou a vizinha. Em seguida ela abriu um armário que ficava em cima da lareira, onde haviam vários frascos com pós de várias cores diferentes. Ela pegou dois, um com pó de cor azul e outro de cor verde.- Muito bem, Arthur, aqui esta o pó conectivo!- disse ela entregando o frasco com pó azul.
O Sr. Weasley agachou-se em frente à lareira e disse, apontando a varinha para a mesma: "Incêndio"! A lareira se acendeu e em seguida ele jogou o pó azul nas chamas e enfiou a cabeça no fogo dizendo: "Toca". Harry já tinha visto esse tipo de coisa, Sirius usara esse pó para se comunicar com ele na lareira da Grifinória. Mas o garoto nunca tinha visto pelo lado de quem estava se conectando a outro lugar. No momento que Harry olhou novamente para o pai de Rony, ele devia estar acabando a conversa com a Sra. Weasley:
- É, querida, ele não quer mais ir... Eu sei, eu sei como Rony vai ficar! Eu estou indo para a casa de Remo... Tudo bem pode me entregar...
Quando Arthur tirou a cara da lareira, ele estava segurando dois pacotes:
- Tome, Harry. São seus presentes de Rony e Hermione.- disse ele entregando os pacotes ao garoto.
Harry pegou o primeiro e abriu. Dentro dele havia um livro grosso que aparentava ter umas seiscentas páginas. Tinha uma capa de couro, onde se lia: “Quadribol para Jovens, o livro mais complexo de quadribol para a faixa etária de 12 a 18 anos!" Provavelmente, era o presente de Hermione. Depois, ele abriu o presente de Rony e maravilhou-se. Era uma luva de apanhador! A luva era preta e marrom, lembrava uma luva de baseball. Harry vibrou com o presente. Nem todos os apanhadores tinham a oportunidade de ter uma luva, não pelo preço meio salgado, mais sim pela dificuldade de se encontrar uma, afinal, elas eram feitas a mão por um só artesão: Leonardo Jewkes. Jewkes já era um senhor, mestre em manufaturas de artigos de quadribol. Só ele sabia fazer a luva com perfeição, e só ele conhecia os segredos do resfriamento interno da luva e do feitiço que fazia a luva se adaptar a qualquer mão na qual a colocavam.
- Consegui no Ministério. Departamento de esportes mágicos!- esclareceu o Sr. Weasley.
Harry viu o preço da luva, meio rasgado na caixa do presente: 20 galeões. Ficou com a consciência pesada. Os Weasley gostavam muito dele: mesmo sem grana eles deram a ele um presente caro. E o garoto preferira passar o aniversário em outro lugar...
- Acho que já está na hora.- disse Sirius ao aparecer na sala ao lado de Snape -Vamos?
Harry subiu, guardou seus presentes, colocou o pelúcio na gaiola das corujas e desceu com o malão e a gaiola.
- Pronto!- falou o garoto aliviado -Como vamos?
- De pó de flu. Espero que já tenha usado antes.
- Sim, já experimentei o pó de flu antes. Desculpe-me se estiver me intrometendo, mas de que negócios vão tratar?
- Ah, Harry...- respondeu a vizinha -Neste ano as coisas vão estar mais difíceis, especialmente em Hogwarts. Snape vai ter que se afastar por esses anos, até mesmo Hagrid, o guarda-caças, não vai poder dar aula... Ele vai ter que ficar de olho vivo, tomando conta de Hogwarts junto com ex-aurores... Parece até que Lupin vai estar lá... Tudo depende de Dumbledore!
- Quer dizer que ele vai estar na casa de Lupin?
- Sim, Harry!
- Menos, Arabella. Potter não pode saber dessas coisas!- resmungou o professor de poções.
- Anda, Severo. Vai à frente.
A senhora Figg abriu o frasco com pó verde que estava segurando e jogou seu conteúdo na lareira. Snape foi à frente, logo atrás entrou Black e depois Arthur. A vizinha deixou que Harry fosse à frente e disse: “Me lembre de comprar mais pó de flu no beco diagonal!”
Depois da terrível dor de cabeça, o garoto parecia ter chegado. Antes de abrir os olhos, ele ouviu alguns comentários: "Potter também veio?", "Aquele não é Harry Potter?", "O que ele está fazendo aqui?...” Quando ele abriu os olhos, viu que havia vários professores de Hogwarts no lugar. Havia também várias pessoas que o garoto não conhecia. Mas ele reconheceu Lupin se aproximando dele:
- Harry Potter! Almofa..., Quer dizer Sirius-disse o ex-professor, piscando -explicou que hoje é seu aniversário, Parabéns!
Mais atrás estava Dumbledore:
- Parabéns, Harry!- disse o diretor de Hogwarts -Acho que vai gostar disso!- o professor mexeu a varinha e na mesa central, apareceu um bolo escrito: "Parabéns, Harry Potter!” - Vamos todos cantar parabéns para o menino que enfrentou Voldemort duas vezes e saiu vivo!
Todos olharam para Dumbledore com desaprovação por ele ter dito o nome de Você-Sabe-Quem e cantaram parabéns para Harry.
- Harry, você está vendo aquele professor ali? Provavelmente, ele será seu novo professor de Defesa-contra-arte-das-Trevas. Seu nome é Flear, Rick Flear.- apontou a senhora Figg.
Harry olhou e viu uma pessoa com uma pessoa com uma enorme cicatriz no rosto. Ela começava na sobrancelha e descia em diagonal até seu queixo, cortando sua boca e seu olho direito. Ele tinha um cabelo encaracolado e seco, castanho. Sua pele era branca. "Deve ter sido outro auror", pensou o garoto.
- Pode parecer, mais ele não foi um auror. - disse Arabella. Harry riu. Os pensamentos da vizinha se coincidiram com o dele.
Depois de todos comerem um pedaço de bolo, Lupin se aproximou do menino e disse:
- Harry, a reunião vai começar. É melhor você subir. São assuntos secretos. Suas coisas estão lá em cima. Entre na última porta do corredor!
Harry ficou pasmo. Ele havia perdido a festa na toca para não assistir à reunião? Ele fora um bobo, seria muito melhor ir à toca. O garoto subiu as escadas, desolado.
- O que eles devem estar conversando?- se perguntou -Sabe, eles acham que sou um bebê, e que não posso enfrentar o perigo sozinho. Mas eles não entendem que mesmo quando eu tinha um ano de idade, eu pude enfrentá-lo.
Ele pensou em usar a capa da invisibilidade, mas ficou chocado ao lembrar que a tinha esquecido, de baixo da geladeira da senhora Figg. Antes de entrar no quarto, o menino ainda ouviu Dumbledore falar: “Está reunida, novamente, a turma antiga!”.

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