“Unindo Memórias!”



Capítulo 22 – “Unindo Memórias!”


O dia já tinha raiado e o sol deveria estar alto. Deveria, pois ele não sabia se estava ou não. Espessas nuvens negras bloqueavam a visão do céu. Desde muito cedo aquelas nuvens bloqueavam sua visão. O ataque iniciou-se, ele vira os Generais Sombrios partindo.


Tudo aquilo, para ele, era uma atitude precipitada demais. Atacar abertamente sem usar todo o poder era perda de tempo, o seu Guerreiro estava desprezando o inimigo e isto custaria uma vitória importantíssima.


Durante um bom tempo ele sentira que seu Guerreiro estava quieto, acumulando energia para o momento em que eles entrariam no ataque. Depois, ele percebera que aquele ataque realmente era uma atitude precipitada, ele sentira o Ataque Final desferido pelos Generais Sombrios. E seria um completo desperdício de energia. Definitivamente, aqueles “Generais” eram patéticos e desnecessários. Se seu Guerreiro não fosse tão arrogante e, completamente, ignorante eles já teriam vencido aquela guerra muito antes que Herdeiro despertasse completamente.


E falando nele.


Aquela maldita energia. Aquele maldito Herdeiro. Finalmente, ele voltara. Ele próprio o sentira, tivera a confirmação quando seu Guerreiro se desconcentrou e perdeu a cabeça. Humano tolo, além de perder a batalha ainda perdera a calma.


Os Generais haviam retornado sem nenhum pingo de energia. Inúteis. Se ele fornecesse energia para aqueles inúteis já os teria destruído. Para começar nunca os teria criado. Se ele tivesse algum humor, teria rido do descontrole de seu Guerreiro. Contudo, humor é algo humano e ele não era humano. Sentiu repugnância por seu Guerreiro e seus métodos.


Maldita profecia. Maldito Guerreiro.


Até nisto seu inimigo havia lhe desgraçado. Não bastavam todos os fatos da Primeira Guerra: as batalhas, as dores e as derrotas. Sua morte não bastava para seu inimigo. Não. Aquele maldito tinha que lhe atrapalhar mesmo no seu retorno, dando-lhe um humano estúpido como Guerreiro. Por causa deste inútil, ele perderia a Segunda Guerra, ele perderia sua última chance de tomar tudo.


Seu inimigo havia retornado, mas não por completo. Apenas o Guerreiro estava ativo, ainda faltava Ele! Não demoraria muito, sabia que não. Um ou dois dias, não mais que três. Porém, mesmo que Ele viesse, ainda não se encontrariam imediatamente, seu Guerreiro era teimoso e ignorante o suficiente para não saber a hora certa de atacar.


Ele tinha que fazer algo para evitar a eminente derrota. Seu Guerreiro poderia até pensar que estava ganhando a Guerra, assim como os humanos inimigos. Ele sabia que estavam perdendo. A batalha daquele dia era decisiva, mesmo que desnecessária.


Aquilo tinha que acabar, ele próprio colocaria um fim naquilo. Seria um fim definitivo.


As criaturas sombrias da floresta tremeram com o rugido que ele soltou.


Ele sentiu a reação de seu ato em seu Guerreiro. Pavor. Seu Guerreiro era tão patético que fingia não ter medo. Tolo inútil. Nada poderia ser ocultado, não dele.


As nuvens negras no céu se desfizeram e o sol brilhante iluminou. Já deveria passar das quatro da tarde.


Ele grunhiu. Não gostava do sol, detestava-o. Pensar que logo anoiteceria lhe confortava. Na escuridão da noite, ele era quem reinava. Seus olhos vermelhos focaram o céu por instinto e ele viu. Os humanos não as viam, mas ele conseguia, e viu aquelas estrelas da constelação de dragão brilharem com força. Ele entendeu o recado, e a raiva transbordou-lhe o corpo.


Malditos.


O Herdeiro iria se reunir. A União iria ocorrer e depois desta, suas chances de vitória diminuíam consideravelmente.


A energia liberada da União com certeza iria lhe atingir e as estrelas lhe avisaram disto. Deveria se proteger e é na escuridão das trevas que estava sua proteção.


Seu último pensamento antes de entrar no túnel fora:                          


“Nós nos encontraremos, Herdeiro. Com ou sem a União, nós nos encontraremos e batalharemos. Com ou sem União, eu vencerei”.


=-=-=


A casa estava cheia. Cabelos ruivos chamavam atenção por todo o ambiente. Entretanto, esta atenção era ignorada, pois todos possuíam cabelos ruivos. Todos exceto uma loira, que também já se acostumara com as cores flamejantes andando pela casa.


Estavam almoçando, silenciosamente. Todos estavam imersos em seus próprios pensamentos. Contudo, todos foram despertos com brutalidade, afinal, o alarme de aparatação fora disparado.


As varinhas, que estavam ao lado dos pratos de cada um, foram empunhadas. Todos correrem para a porta, prontos para combaterem qualquer um, como já haviam feito inúmeras vezes.


Porém, a visão que tiveram deixou-os em choque e paralisados.


- Olá. – vozes soaram.


- Gina?! – Molly Weasley abaixou a varinha.


- Rony?! – Arthur Weasley imitou a esposa.


- Harry?! – exclamaram todos.


Os três sorriram e se aproximaram.


- Estamos de volta. – murmurou Gina com lágrimas nos olhos.


- Filha. – Arthur e Molly abraçaram a filha com força.


- Sentimos falta de vocês. – Rony se aproximou e abraçou os pais.


- Nós também. – falou Molly com a voz embaçada pelas lágrimas.


Gui abraçou a esposa, Fleur, que não segurou a emoção e também começou a chorar. Fred e Jorge estavam de boca aberta, não acreditando no que viam. Harry sorriu, vendo Gina e Rony sendo abraçados pelos pais.


- Harry?! – os gêmeos pareceram voltar ao normal.


- Oi Fred. Oi Jorge. – Harry sorriu divertido.


- É você mesmo? – Fred se aproximou.


- Claro que sou eu. – Harry riu.


- É ele mesmo. – Jorge riu – Essa risada é do Harry.


- Que bom que voltou. – Fred deu um abraço rápido, porém não menos carinhoso, em Harry.


Jorge fez o mesmo.


- Então é assim. Que bom que ele voltou?! – falou uma voz feminina divertida – E nós?


- Ah, Gina! – Molly abraçou novamente a filha.


- Estou brincando mãe. – Gina riu, retribuindo o abraço.


- Também estamos felizes por você e o Roniquinho terem voltado. – Jorge se aproximou do irmão mais novo.


- Hey! – Rony fingiu-se ofendido, mas abraçou os irmãos com força.


- Ai. – Fred colocou as mãos nas costas – Que força toda é essa?


- Ah. Desculpem-me. Fiquei muito tempo sem abraçar ninguém. – falou Rony sério – Não sei direito a força que disponho para isto.


- Nossa. Falou difícil! – Jorge riu.


- Harry. – Gui se aproximou com Fleur ainda abraçada a ele, já sem chorar.


- Gui. – Harry cumprimentou-o com um aperto de mão – Olá Fleur.


- Ah, Harry! – a mulher soltou o marido e abraçou Harry com força, voltando a chorar.


- Isso que é cunhada amorosa. – falou Rony divertido – Para o padrinho são todo amores, e para os cunhad... – ele parou ao notar o olhar de Molly – O que foi mãe? Estou apenas brincando.


Todos riram.


Fleur soltou Harry e depositou um beijo estralado na bochecha de Rony, que sequer corou, e abraçou Gina.


Molly só soltou a filha porque queria dar um abraço forte em Harry. Ele correspondeu com igual força e sentimento. Afinal, ela era como uma mãe para ele.


- Molly, querida, deixe-o respirar. – Arthur riu, abraçando folgadamente a filha.


- Vamos entrar. – pediu Gui – Está um frio de rachar.


- Pois é. – Fred olhou as vestes dos recém-chegados – Vocês não estão com frio não?


Todos olharam para eles.


Estavam vestidos com as vestes de Godric Gryffindor. Calça, camiseta e sobretudo pretos. Somente isto.


- Bem. – Rony sorriu – Eu estou com frio. Não muito, mas estou.


- Como não? – perguntou Fleur – Olha o tanto de neve por aqui. Está congelando aqui fora. – ela não esperou nenhuma explicação, apenas se virou e entrou na casa.


Harry, Gina e Rony riram e entraram também, deixando todos confusos.


Todos se sentaram à mesa. Molly fez questão de servir os “jovens”.


- Onde está a Hermione? – Arthur lembrou a todos da existência da morena.


- Nossa, nem me lembrei dela. – Fred corou envergonhado.


- Ela foi ver os pais dela. – explicou Gina.


- Mais tarde ela aparece. – Rony sorriu.


Após a resposta de Rony, todos sentaram à mesa almoçar. Um almoço silencioso, mas bastante feliz.


Depois, todos se sentaram na sala, em torno do trio.


- Podem perguntar. – Harry sorriu – O que pudermos responder, responderemos.


- Onde vocês estiveram todo esse tempo? – Gui foi direto ao ponto.


- No último ano estivemos separados. – a voz de Harry não sofreu nenhuma alteração, porém em seu olhar via-se a dor da saudade – Estivemos treinando e aprendendo, mas, principalmente, conhecendo-nos a nós mesmos.


Todos o olharam com um sentimento indecifrável.


- Mesmo assim, não é muito seguro falarmos sobre isto. Pelo menos não aqui. – Harry continuou em advertência.


- É perigoso ficar aqui. – falou Rony sério – Podem vir atacá-los!


- E já vieram. – retrucou Fred com naturalidade.


- Nós colocamos todos os feitiços de proteção conhecidos pela Ordem. – informou Arthur também sério – Alguns até estão em Hogwarts.


- Eles não nos impediram de aparatar. – observou Gina.


- Foi a primeira vez! – Gui pareceu confuso – Sempre que aparatam num raio de cinquenta metros daqui, a pessoa é enviada para cerca de um quilometro de distância. E o alarme soa, o que nos dá tempo de prepararmos e sairmos para defender a casa.


- Muito estranho vocês não terem sido enviados. – admitiu Molly.


- Será que nós conseguimos aparatar em Hogwarts? – os olhos de Gina brilharam marotos.


- Não, Gina! – pediu Harry temeroso, mas ela já havia aparatado.


- Maluca. – Rony não sabia se ria ou se temia.


Segundos depois, o alarme soou novamente. Os Weasleys se ergueram, exceto Rony, que disse:


- É a Gina.


A porta se abriu e Gina entrou correndo e rindo.


- Consegui! Consegui! – gritou ela, animada e aos pulos.


- Aparatou em Hogwarts? – perguntou Molly cética.


- Sim, sim. – Gina balançou a cabeça positivamente e se sentou.


“Maluca!”­ – pensou Rony e Gina riu.


- Como conseguiu? – perguntou Fleur.


- Simplesmente aparatei. Normal! – Gina deu de ombros.


- Fred! – Jorge olhou o irmão gêmeo.


“Gina, impeça-os!” – pensou Harry suplicante.


“Por quê?” – Gina olhou-o sem entender.


- Jorge! – Fred sorriu maroto para o irmão.


“Agora Gina!” – gritou Harry em sua mente.


Antes que qualquer um pudesse evitar, os gêmeos desapareceram.


No mesmo instante, os olhos de Gina tornaram-se azul-cristalinos e brilharam com força. O alarme soou.


- São eles? – Gui se levantou.


- Sim. – a voz de Gina saiu diferente e então todos viram os olhos dela.


- Gina?


- Eu estou bem. – Gina sorriu e seus olhos pararam de brilhar e voltaram ao normal, completamente cor-de-mel.


- O que você fez? – perguntou Fleur.


- Impediu a aparatação daqueles suicidas. – respondeu Harry.


- Suicidas?! Por quê?! – Molly não entendera.


- Aparatar em Hogwarts é um ato suicida. – explicou Harry – Eles podiam morrer fazendo isto.


- Mas a Gina conseguiu! – Arthur também não entendera.


- Por que eu sou mais forte. – a voz de Gina soou um pouco convencida e muito divertida.


- Eu falo sério Gina. – Arthur olha-a sério.


- Eu também. – rebateu Gina com a voz gelada, fazendo os Weasleys se arrepiarem – Não duvidem de mim. Não duvidem de nós. – ela apontou para Harry e Rony.


- Eles vão tentar de novo. – Harry olhou Rony.


- Eu cuido disto. – Rony ficou de pé com rapidez.


Os olhos dele brilharam, tornando-se verdes intensos. Ele bateu o pé direito no chão e juntou as mãos na altura do peito.


- Cuidado para não quebrar as pernas deles. – advertiu Gina, divertida.


- Quebrar as pernas deles?! – Molly olhou do filho para a filha, apavorada.


- Eu sei controlar minha força. – Rony piscou para Gina e, lentamente, separou as mãos, levando-as para a direita.


- O que está fazendo Ronald? – Arthur olhou-o.


- Impedindo que aqueles malucos se matem. – respondeu ele, calmamente.


- Como? – Gui se levantou e foi até a janela.


- Vocês vão ver. – Harry sorriu.


Molly, Arthur e Fleur se levantaram e seguiram Gui. A janela foi aberta e um vento suave e gélido entrou.


- O que diabos é isto? – gritou Fred.


- Eu lá sei! – gritou Jorge de volta.


Os Weasleys de dentro da casa se assustaram ao ver os gêmeos a cinco metros de distância e se aproximando. A questão é como isto acontecia. Uma grossa camada de rocha e terra prendia-os a partir dos joelhos. A própria terra se movia, arrastando-os. Eles não podiam fazer nada para impedir tal movimento. Só quando os gêmeos estavam na porta de entrada que a terra os soltou.


- Entrem! – Rony havia aberto a porta e os olhava sério.


- Você não manda em nós! – falou Fred irritado.


- Fred e Jorge Weasley! – Molly apareceu logo atrás de Rony – Já para dentro e parem de tentar aparatar em Hogwarts!


Os gêmeos se calaram perante o olhar fuzilante da matriarca e entraram. Todos voltaram a se sentar próximo a Harry, Gina e Rony.


- Você fez aquilo? – perguntou Gui a Rony.


- Sim. – Rony sorriu – Mas é melhor não falarmos disto, por enquanto.


- Não é seguro. – suspirou Gina.


Eles mudaram de assunto. Conversaram sobre o mundo mágico.


Estavam tão absortos na conversa, que todos, sem nenhuma exceção, levantaram assustados quando o alarme disparara. Antes mesmo que eles pudessem se mover, a porta se abriu lentamente e Hermione surgiu.


- Oi. – ela acenou tímida, assustada pelo alarme.


- Hermione! – exclamaram todos, aliviados.


A mesma recepção calorosa que os Weasleys depositaram sobre os três “jovens”, ocorreu com a garota. Hermione afirmou que seus pais estavam bem e que eles mandavam lembranças.


- No entanto... – continuou ela, séria – Eu vim em uma missão um tanto... chata.


- Missão? – Molly olhou-a temerosa.


- Sim. – Hermione deu um leve sorriso, mas continuou falando séria – Preciso levá-los comigo. – ela apontou para Harry, Rony e Gina.


- Levá-los?! Para onde?! Vocês mal chegaram! – a voz de Molly ficou embaçada.


- Sim. Precisamos ter uma longa conversa. – Hermione sorriu para a matriarca Weasley, entendendo os sentimentos dela – Afinal, ficamos separados durante um ano. Precisamos conversar. Precisamos compartilhar entre nós tudo o que aconteceu.


- Eu pensei que vocês já tinham se encontrado. – comentou Gui.


- Sim, nos encontramos. – Gina sorriu – Mas não conversamos.


- Exato. – Rony caminhou para o lado de Hermione – Em uma batalha não da para conversar.


- Batalha?! – os Weasleys se assustaram.


A porta se abriu com um estrondo.


- Mãe! Pai! – entrou um ruivo aos gritos – Eles foram vistos! Eles foram vistos na batalha em Hogsmeade!


Ele parou no meio da cozinha ao ver todas aquelas pessoas reunidas na sala. Piscou os olhos e ficou parado.


- Quem foi visto Carlinhos? – Fred sorriu com o estado do irmão.


- Eles. – Carlinhos apontou para o quarteto, que apenas sorria.


- Batalha em Hogsmeade? – perguntou Arthur – Quando?


- Hoje de manhã. – respondeu Rony, simples.


- E vocês não nos contaram nada? – Molly olhou-os.


- Muito menos a Ordem nos chamou! – Arthur fuzilou Carlinhos com o olhar.


- Eu não estava presente. – Carlinhos se defendeu – Estava em missão. Soube agora. – ele sorriu.


- Carlinhos. – chamou Gina, baixinho.


- Gina?! – ele olhou para ela, não tinha reparado no quanto ela havia mudado.


Ela sorriu e o abraçou com força.


Mais uma vez houve uma rápida sessão de cumprimentos. Contudo, Hermione interveio.


- Precisamos ir. – ela olhou os companheiros.


- Já? – Carlinhos acabara de se sentar.


- Voltamos logo. – Gina sorriu.


“Eu acho.” – completou ela, mentalmente.


“Não conte com isto” – pensou Hermione, triste.


- Por que vocês não conversam aqui? – Molly olhou-os com os olhos manchados pelas lágrimas.


- Acho que se conversarmos aqui, - Hermione sorriu amarelo – não sobrará muita coisa.


- Como? – questionaram os gêmeos.


- Muita energia será liberada durante nossa conversa. – Harry se levantou.


- Energia? – Arthur olhou-o, cético.


- Você sabe o que aconteceu em Hogsmeade? – perguntou Rony a Carlinhos.


- Sim. – Carlinhos sorriu abertamente.


- Conte a eles. – pediu Gina.


- Enquanto isto, nós vamos. – Rony sorriu.


O quarteto abraçou todos e, convencendo Molly que voltariam em breve, saíram da Toca e aparataram.


=-=-=


A casa estava mais velha e cinza. Parecia morta.


O quarteto olhou-a com tristeza, pois sabiam o que havia acontecido no último ano. Entendiam o sofrimento do dono da casa. Combinaram mentalmente em resolver aquele problema tão logo possível.


Harry tocou a campainha. Não demorou muito e Benny abriu a porta. Eles entraram e o elfo doméstico fez uma longa reverência.


- Não precisa disto Benny. – Gina sorriu – É bom te ver, amigo.


- Digo o mesmo senhorita. – Benny sorriu e se endireitou.


- Onde está teu mestre? – perguntou Hermione, educada.


- Meu mestre avisou que viriam. – o elfo olhou nos olhos de Harry – Pediu para dizer que está na Sala de Reuniões.


- Agradecemos Benny. – Harry também sorriu.


Rony acenou para o elfo e eles saíram do hall.


Ao entrar na sala, suas mentes foram preenchidas por lembranças. Aquele era, com absoluta certeza, o local mais aconchegante da casa. Lembrava-lhes a Sala Comunal da Grifinória e isto, somado ao fato de terem vivido mais de um ano naquela casa, fazia com que eles amassem o aposento.


Saíram pela porta e avistaram o jardim. As tulipas estavam belíssimas, o brilho da neve derretida tomavam-nas belas - embora já fosse quase quatro horas da tarde. Ao cruzarem o jardim, Gina parou e olhou para três lugares diferentes.


- O que foi Gina? – Harry parou e a olhou.


- As Cassianius. – Gina se abaixou e tocou as pétalas de uma flor específica.


- É a do Cassius? – Hermione imitou Gina.


- Sim. – Gina pareceu preocupada e triste – Ele está mal. – o olhar dela recaiu sobre Harry – Muito mal.


- Vamos resolver isto agora. – falou Rony.


- Concordo. – Hermione ficou de pé – Nossa conversa pode esperar alguns minutos.


- Gina. – Harry se aproximou dela e atraiu a atenção de todos – A do Owen é qual?


A ruiva se levantou e olhou em volta. Depois apontou para outra flor em específico.


- Aquela. – disse ela.


- Está tão mal quando a do Cassius. – Rony suspirou.


- Ambos estão sofrendo. – Hermione tocou o ombro de Rony.


- E são cabeças duras para deixar o orgulho de lado e resolver a situação. – falou Harry, sério – Vamos.


Eles se viraram e cruzaram o jardim. Passaram pelas árvores frutíferas e entraram no túnel, pelo alçapão abaixo da macieira.


Minutos depois, estavam à frente da porta da Sala de Reuniões.


A porta se abriu e eles entraram. As vestes foram trocadas, passaram a vestir as vestes da Ordem de Merlim. Eles olharam em volta.


Cassius estava de pé, no centro da sala. Ele sorriu de leve e curvou-se longamente.


Os quatro sorriram e imitaram-no.


- Antes de irmos à Floresta, você nos disse que sempre seria o nosso mestre. – falou Hermione, ainda curvada.


- Somos nós que deveríamos se curvar. – Rony sorriu.


- Agora a situação é outra. – Cassius se endireitou – Vós sois o meu mestre.


Os quatro se ergueram e sorriram.


- Já está tudo preparado. – Cassius apontou para as quatro poltronas, que faziam um circulo, em torno dele.


- Antes disto, temos um assunto para resolver. – Harry aproximou-se.


- Nada é mais importante que isto. – Cassius olhou-o sério – Ignorem-me por enquanto.


- Queremos ajudar. – Gina caminhou até ele.


- Eu sei. – Cassius olhou-a com carinho – Mas agora vós tendes que vos ajudar. Depois disto, não farei nenhuma objeção contra a vossa ajuda.


- Certo. – Hermione sorriu.


- Deixar-vos-ei a sós. – falou Cassius, caminhando para a porta.


- Pode ficar, se preferir. – Rony se colocou ao lado de Hermione.


- Não. – Cassius se virou e os olhou – Prefiro viver. – os “jovens” olharam-no espantados – Compreendam-me, enquanto vós conversais muita energia será liberada. Esta sala resistirá, mas apenas seus próprios móveis e estrutura. Tudo o que vier de fora não suportará.


- Tudo bem. – Gina sorriu.


O mago fez uma leve reverência e saiu, fechando a porta.


Os quatro se olharam, sorrindo, e se viraram, fitando o mesmo objeto.


No grande quadro da parede, o homem de vestes brancas e olhos que brilhavam como diamantes se curvou.


Eles retribuíram o cumprimento.


- Tu disseste que nos veríamos novamente. – Harry ergueu-se, assim como os outros.


- E tu disseste que esperava que sim. – o homem apontou para Harry – Tu também. – ele apontou para Gina – Tu disseste que tinha certeza que sim. – apontou para Rony – E tu já imaginavas. – após apontar para Hermione, a mão dele pousou sobre o punho da espada presa à cintura.


- Tens boa memória. – Hermione sorriu.


- É chegado o momento de revelar as lembranças ocultas. Lembranças que vós somente lembrareis juntos. falou – o homem sábio.


Os quatro sentaram-se e permaneceram com o olhar fixo no quadro.


- Eu acompanharei tudo e vos auxiliarei. – o homem ergueu a mão direita e retirou o capuz, revelando seus cabelos e face.


Os quatro sorriram. Já tinham imaginado aquilo.


Cabelos ruivos escuros, cumpridos e presos em uma forte trança. Face dura e suave, séria e gentil. Os olhos brancos continuaram a brilhar.


“Merlim” – pensaram os quatro juntos, com largos sorrisos.


- Eis que a União aconteça. – falou Merlim, sua voz foi mesclada de sabedoria e força.


As auras dos quatro surgiram fracas, embora brilhantes. As cores dos olhos de cada um voltaram a mudar e brilharam com força. Eles se olharam e ficaram sérios.


- Que a União aconteça! – falaram juntos.


=-=-=


Cassius saiu da sala e fechou a porta. Voltou para a superfície e se sentou entre as flores. O negro de suas vestes entrou em contraste com a cor das pétalas ao seu redor. Suspirou triste, pensando em tudo o que tinha acontecido e no que estava prestes a acontecer.


As coisas iriam mudar. Daquela conversa sairia as soluções para os problemas da guerra.


Ele sentiu a energia dos quatro e arrepiou-se com isto. Eles eram tão fortes. Mais fortes do que ele pôde, algum dia, imaginar e não estavam mostrando nem 1% de seus reais poderes. Estes, eles ainda não haviam sequer encontrado em si mesmos. Depois da União eles ficariam mais fortes. Contudo, apenas quando unidos aos dragões eles alcançariam seus reais poderes.


Ouviu em sua mente:


“Que a União aconteça!”


Ele supôs que eram os quatro que falaram juntos. No entanto, não tinha como saber. Parecia uma única voz.


Ainda permanecia arrepiado. Sorriu ao compreender que isto permaneceria enquanto a União acontecia. Logo, fechou os olhos e deixou a energia que eles emitiam vir até ele e agir nele.


Percebeu que sua própria aura liberara-se e suas vestes mudaram, ficando brancas, as vestes da Ordem de Merlim.


Estava iniciado.


Todos sentiriam. Até os não possuidores da Magia Branca.


Cassius sorriu triste. Enquanto a União acontecia, ele e Owen estariam ligados. Um momento para sentir o filho mais próximo. Suas energias seriam sentidas um pelo outro.


Como queria tê-lo ali. Ter toda a família.


Owen.


Até mesmo, Lars.


E acima de tudo e de todos, Sophia.


=-=-=


- Você sentiu isto?


- Senti e você?


Owen e Sarah se olharam. Estavam na sala de sua casa. Eles estavam arrepiados e sentiam diferentes energias que pareciam ser uma só. Ambos ouviram em suas mentes:


“Que a União aconteça!”


- União? – Sarah viu os olhos de Owen se arregalarem.


- É a União deles. – Owen sorriu assustado – Então era isto.


- Isto o que? – Sarah olhou-o confusa.


- Uma história que meu... – Owen parou.


- Que seu pai te contou. – Sarah continuou.


- Ele disse que o Herdeiro iria se unir. – Owen ignorou a fala dela – E, assim, ficaria mais forte.


Eles viram suas auras se liberarem inconscientemente e suas vestes mudarem, passaram a vestir as vestes da Ordem de Merlim.


- Então a guerra está caminhando para o fim. – Sarah sorriu, fechando os olhos.


- Espero que sim. – ele imitou-a.


Eles ficaram em silêncio, sentindo aquela energia. Owen franziu a testa, pois sentira outro padrão de energia, muito fraco comparado àquela energia. Era dele. Aquela energia era de seu pai. Sentia-a triste e fraca.


Novamente a batalha interna de Owen se iniciou. Dividido entre raiva e preocupação.


Porém, essa batalha foi anulada. A energia do Herdeiro Luz trouxe paz ao coração de Owen. Assim, ele pôde aproveitar a sensação boa que a União lhe trazia.


=-=-=


Todos na sede da Ordem da Fênix pararam e se olharam em silêncio. Sentiam que algo muito importante estava para acontecer. Tiveram a confirmação ao ouvirem em suas mentes:


“Que a União aconteça”


Arrepiaram-se com aquilo. Era uma única voz, que possuía vários adjetivos: sábia, seca, forte e gentil. Uma sensação muito boa inundou-os. Sentiram-se em paz.


Assim, a Ordem parou. Pela primeira vez desde sua re-implantação, todos os membros pararam o que estavam fazendo, não só os membros presentes na sede como também os membros em missões.


=-=-=


Um homem alto se levantou da poltrona, atônito.


- Não pode ser possível. – sua voz saiu fraca.


Seu corpo se arrepiou mais uma vez. Ele ouviu em sua mente:


“Que a União aconteça”


Caiu sobre os joelhos, em choque. Uma única voz que possuía todos os possíveis adjetivos. Por mais insano que podia lhe parecer, ele sabia de quem era a voz. Era dele.


Sua aura surgiu sozinha e ele ficou ainda mais surpreso. Lembrava-se de uma conversa entre seu pai e seu irmão, uma conversa que ele ouvira escondido.


Estava acontecendo tudo o que seu pai havia dito.


“O Herdeiro Luz irá se unir. Antes de encontrar o Dragão Branco, ele irá se unir.”


Estas foram as palavras de seu pai, lembrava-se como se tivesse ouvido-as há poucos instantes.


Não sentia apenas a energia daquela voz. Podia sentir várias outras energias. Lágrimas rolaram pela face dele. Sentia seu pai, como estava sofrendo. Sentia seu irmão, que se dividia entre a raiva e a preocupação. E, por fim, sentia sua amada. O amor no coração dela o fez se entregar àquela energia.


Aos poucos, o choque deu lugar a outro sentimento. Um sentimento que a muito ele não sentia.


Paz.                           


=-=-=


- NÃO!!!


Os berros do homem eram ouvidos em todos os lugares.


- NÃO! ISTO NÃO PODE ESTAR ACONTECENDO!!! NÃO!!!


Pela segunda vez naquele dia, o Dragão Negro, Lorde Voldemort, Tom Riddle, se desesperava. Seus seguidores corriam amedrontados pelo lugar, tentando fugir das energias que entravam em conflito ali.


Diferente do Dragão Ancião das Trevas, Tom não fora avisado da União e, assim, sofria com ela. O Dragão havia se ocultado, “desativado” sua energia, protegendo-se e evitando aquele conflito. No entanto, Tom continuava “ativo” e isto causava a batalha.


A energia liberada na União alcançava todos. Principalmente o Guerreiro Trevas. É claro que a União não tinha por intenção esse ataque direto, porém era inevitável tal ato. Ainda mais se o Guerreiro Trevas não se protegia como deveria.


- PARE! NÃO FAÇA ISTO! PARE!!!


A energia de Tom estava descontrolada, causando vários efeitos em seu corpo. Em resumo, Tom nunca sentira dor pior em toda a sua existência.


Essa era a prova de força do Herdeiro Luz.


Era como uma mensagem. Uma mensagem pessoal para o Guerreiro Trevas:


“Estou aqui, e logo você não estará! Sinta minha força, pois em breve ela contigo se encontrará!”


=-=-=


- Eis que a União aconteça. – falou Merlim, sua voz foi mesclada de sabedoria e força.


As auras dos quatro surgiram fracas, mas brilhantes. As cores dos olhos de cada um voltou a mudar e brilharam com força. Eles se olharam e ficaram sérios.


- Que a União aconteça! – falaram juntos.


A sala pareceu mais iluminada e, de fato, estava. Todos se sentiram mais próximos do que já estavam depois do treinamento.


- Tudo pode vos parecer estranho e conhecido. Entretanto, vós tendes de permanecer concentrados na União e somente nela. – falou Merlim e, vendo como eles estavam sérios, completou – Não há necessidade de seriedade. Aqui, vós irão se conhecer mais intimamente. A amizade entre vós irá se fortalecer. É um momento feliz e não frio.


Eles olharam para o quadro e sorriram, aliviados. Sentaram-se mais folgados e leves.


- Para vos auxiliar, dir-vos-ei o que tendes de fazer. – Merlim continuou com um sorriso – Relatem todo o treinamento. Harry!


Harry respirou fundo.


- Treinei na Área Fogo. Lá tinha um vulcão e a temperatura nunca mudava, era sempre muito alta. Não conseguia contar o tempo ali, pois o dia nunca se extinguia. Eu não sentia sono, sede ou fome. Tudo parecia muito irreal, era como um sonho onde tudo se pode fazer sem que o corpo se canse. – a voz dele era quente como o fogo – Contudo, pude perceber que foi ali o maior período de treinamento.


- Por hora, Harry, está finalizado. – Merlim o interrompeu – Ginevra!


Gina sorriu.


- Permaneci na Área Água. Era um enorme oceano azul que circundava uma minúscula ilha. Era sempre úmido e chovia muito. Assim como o Harry, eu não consegui contar o tempo. Também não sentia sono, sede ou fome. – pela boca dela saia uma fumaça esbranquiçada, o ar era congelado através da respiração dela – Percebi, também, que ali se passou metade do treinamento.


- Perfeito, Ginevra. – falou Merlim – Ronald!


Rony uniu as mãos, com pose de sábio. Hermione riu.


- Um deserto de dunas e mais dunas de areia. Esta é a Área Terra, onde treinei. O mesmo que ocorreu com o Harry e com a Gina ocorreu comigo. Sem sede, sono ou fome. Imaginem, eu sem fome?! Foi algo espantoso para mim. – todos riram – Também não possuía qualquer noção de tempo. – a voz dele era firme como a terra – E metade do treinamento foi ali, também.


- Paremos por aqui, Ronald – Merlim se mantinha sério – Hermione!


Hermione encostou-se à poltrona, não foi preciso fingir-se sábia, ela já o era.


- Área Ar. Um céu límpido sobre minha cabeça e um mar de nuvens brancas sob meus pés. Todos nós fomos expostos às mesmas condições de treinamento: sem qualquer desvantagem do corpo humano e sem qualquer idealização de tempo. – ela falava sorrindo e com uma leveza incrível – O treinamento foi dividido em partes iguais. Suponho eu que metade do nosso treinamento foi em nossa própria área.


Os outros concordaram com a última afirmação dela.


- Assim, finalizamos a primeira etapa. – Merlim deu um largo sorriso – Creio que cada um identificou todas as áreas.


Todos acenaram positivos.


- Relatem agora, cada passo do treinamento, primeiro em sua própria área. – finalizou Merlim – Harry!


- O primeiro passo foi me acostumar com as características da Área Fogo. Como disse, era muito quente. Com o treinamento, passei a gostar da temperatura. Depois, tive que me expor ao fogo. Da exposição passei a suportar o elemento. Tudo isso fazia parte da primeira sub-etapa do treinamento, a etapa simples. Para finalizá-la, foi necessário dominar por completo o fogo e conjurá-lo. – Harry fez uma pausa e olhou o quadro.


- Pode demonstrar se quiser. – Merlim sorriu compreensivo.


- Certo – Harry olhou os outros e estendeu a mão aberta, ela pegou fogo – Incrível, não? – a mão dele voltou ao normal – Mas esta era a parte fácil. Como eu disse: a etapa simples. – ele riu de leve – Depois veio a parte avançada. Eu tinha que treinar no vulcão. No magma! Foi incrível. O mesmo do fogo valeu para o magma. Exposição, suportamento, dominação e, por fim, a criação. – ele estendeu novamente a mão, um jato de magma foi expelido para cima, mas sumiu antes de tocar qualquer objeto.


- Ginevra! – Merlim cruzou os braços, sorridente.


- Eu e o Rony não tínhamos despertado quando começamos a treinar. E por algum motivo, o qual não tenho ideia, eu não despertei. Demorou muito para que eu despertasse. – ela forçou o sorriso, aquele assunto não lhe era agradável - Mas, assim que despertei, tudo foi muito rápido. Consegui cumprir todas as partes das etapas. – seu sorriso tornou-se alegre – Tudo que o Harry fez com o fogo e o magma, eu tive que fazer com a água, gelo e neve. A água foi a parte simples, gelo e neve a parte avançada. – ela estendeu a mão e ela se transformou em água e, pouco depois, congelou.


- Ronald! – Merlim acenou positivo para o ruivo.


Gina abaixou a mão, já normal.


- Ao contrario da Gina, eu despertei assim que entrei na Área Terra. Merlim, mostrou-me a lâmina da espada dele. – ele retirou a espada da bainha e mostrou para os outros – Como podem ver, está escrito: “Terra é meu nome, o Dragão Branco forjou-me apenas para o Guerreiro Luz.”. Saber que apenas o Herdeiro Luz poderia tocar a espada me fez acreditar na profecia e, assim, despertar. – ele guardou a espada e sorriu – Não é preciso ser um gênio, ou seja, a Hermione... – ele foi interrompido pela própria risada e pelas risadas dos outros – Eu não resisti, tinha que fazer essa piada. – ele piscou para a morena, que lhe mandou um beijo – Agora, voltando, não é preciso ser... a Hermione... pra perceber que o estilo de treinamento foi igual para todos nós. – todos sorriram em consentimento – Eu tive que me acostumar com o ambiente seco do deserto. Minha parte simples foi a terra sólida, a parte avançada foi a areia. – ele estendeu a mão aberta e, do centro da palma, um pedaço de terra sólida emergiu e, logo depois, transformou-se em areia.


- Hermione! – Merlim viu a areia desaparecer e sorriu.


- Vou considerar o “gênio” como um elogio, Rony. – Hermione riu – E você está certo. – ela sorriu para ele – A primeira etapa dos nossos treinamentos foi igual. A minha parte simples era o ar e a parte avançada o vento.


- Obrigado, Hermione. – Merlim sorriu divertido, nunca imaginaria uma União tão animada e intima – Agora vem o terceiro assunto. O treinamento fora da sua própria área. Harry!


- Minha segunda etapa do treinamento envolveu todas as outras áreas. O primeiro estágio foi na Área Terra. – Harry sorriu para Rony – Ali eu aprendi a respeitar a terra. Aprendi a conduzir o fogo sobre seu elemento sem o ferir. E, também, tive que buscar o magma do centro da terra. Basicamente, criar um vulcão. Depois disto feito, fui para a Área Ar. Um belíssimo lugar, Hermione. – ele comentou e ela sorriu – Ali foi mais complicado que na Área Terra. O ar era rarefeito e vocês sabem que o fogo precisa de oxigênio para “viver”. E superar esse fator foi minha terceira etapa. Criar e manter o fogo naquele lugar foi realmente complicado. Contudo... para alegria geral deu tudo certo no final. – todos gargalharam – Se o Rony pode fazer piada, eu também posso. – ele piscou para Gina – Por fim, o terceiro e último estágio foi na Área Água. Admito que nunca fiquei tão cansado física e mentalmente. Eu tive que evaporar aquele oceano.


- Não acredito que você fez isso. – falou Gina chorosa – Meu lindo e vasto oceano.


- Ah Gina. – Harry ficou desconcertado – Era o que eu tinha que fazer. E eu também não sabia que você havia treinado ali.


- Tudo bem, Harry. – Gina sorriu marota – O meu oceano voltou ao lugar dele. – ela piscou para Rony e Hermione, que caíram na risada – O que foi? – Gina olhou Harry, que a encarava sério – Eu também quis fazer piada. – ela deu de ombros – Continue. – sorriu para Harry, que lhe devolveu o sorriso.


- Não há mais nada para continuar. – Merlim avisou – Que tu continues, Ginevra.


- Certo. – Gina sorriu ainda mais – Percebi que o meu treinamento foi o oposto do de Harry. Meu primeiro estágio foi na Área Ar. Ali eu uni as moléculas de água das nuvens e fiz chover. Muito fácil. – falou ela feliz e com um quê de arrogância, que fez os outros soltarem risinhos – O segundo estágio foi na Área Terra. Esse foi um pouco complicado, admito. Com aquele clima seco do deserto, meu desafio foi deixá-lo molhado por muito tempo. Mas... como disse o Harry, deu tudo certo no final. – eles riram novamente – Já o meu terceiro e último estágio foi na Área Fogo. Que lugar quente! – ela se abanou e eles riram – Fiz justamente o oposto do Harry. Eu congelei o magma. – ela assoprou na direção de Harry, os cabelos dele se mexeram e uma fina camada de gelo se prendeu neles.


Ele apenas sorriu. A temperatura na sala se elevou. Todos viram os cabelos de Harry se moverem como as labaredas de fogo e o gelo evaporou.


- Ronald! – Merlim balançou a cabeça para o ato do casal.


- O meu treinamento não teve nada de parecido com o de vocês. – ele apontou para Gina e para Harry. – Primeiro, eu fui para a Área Fogo. Tive que criar um “tampão” para o seu vulcão, Harry. – o ruivo viu a língua de Harry sair pela boca do mesmo – Foi moleza. – a modéstia emanou dele – Segundo, Área Água. Tive que puxar a terra do fundo do oceano e transformá-la em uma ilha. Já deu para perceber que o segundo estágio teve um leve grau de dificuldade. O meu foi devido à pressão do oceano. Mas eu consegui. – ele sorriu - Terceiro, Área Ar. Que difícil! – ele riu de leve – Levei um sermão daqueles do Merlim por que eu pensei que não ia conseguir completar o estágio. Com o meu treinamento na Área Terra, eu fiquei firme e pesado, como a terra. E naquele lugar eu devia deixar isto para trás e ficar leve. Vocês não tem idéia de quantas vezes eu caí daquelas nuvens. – riram com vontade, imaginando Rony caindo pelos céus – Mas eu consegui. Se não tivesse conseguido talvez não estivesse aqui.


- Pode apostar nisto. – Merlim sorriu e eles riram – Certo, então, Hermione!


- Assim como o casal ai teve o treinamento parecido, - ela apontou para Harry e Gina – o meu e o de Rony também o foi. Essas semelhanças não foram coincidências. Isto tem um motivo e um motivo muito bom. Nossos elementos são opostos e, assim, estão muito relacionados. Cada um tem que aprender a fazer o oposto do outro. Isto criou a dualidade do treinamento.


- Obrigado pela aula, Hermione. – Gina sorriu marota.


- De nada, Gina. – Hermione piscou, entrando na brincadeira – Eu só queria explicar o porquê dessas semelhanças.


- Acredite, Hermione, nós sabemos. – falou Rony meio sério.


- Ok, então. – Hermione cruzou os braços, divertida – Área Água. A água possui oxigênio em sua estrutura. Eu tive que separar este oxigênio para poder respirar sob a água. Área Fogo. Os vulcões eliminam vários tipos de gases. Eu tive que eliminá-los. A complicação foi a mudança no volume dos gases, devido à variação de temperatura. Área Terra. Assim como o Rony eu também desacreditei. Ele quase me linchou. – ela apontou para o quadro, que riu – Deixei de ser leve e suave para voltar a ser pesada como a terra. Se não tivesse feito isto, estaria flutuando por ai. – eles riram.


- Obrigado, Hermione. – Merlim parou de rir.


Merlim esperou os “jovens” se acalmarem para continuar.


- Vós percebestes que vossas mentes estão unidas. – eles assentiram – Vós tens isto porque estão separados. Originalmente o Herdeiro Luz era o Guerreiro Luz, uma única pessoa. Com a divisão foi “criada” uma ligação inconsciente entre vós. Quando tu, Harry, pensas para ti próprio, todos ouvem.


- Sempre que eu pensar eles irão ouvir? – Rony apontou para os outros.


- Somente se tu o quiseres. Tu podes projetar seu pensamento para apenas uma pessoa ou excluir uma pessoa do pensamento.


- Entendi. – Rony sorriu.


- O que vem agora? – perguntou Gina, curiosa.


- Vejo que está animada Ginevra. – Merlim sorriu – Agora... vós recebestes lembranças de minha vida. No entanto, as lembranças de cada um é vista por pontos de vista diferentes: Harry, sentimento; Ginevra, magia; Ronald, físico; Hermione, mental. – eles assentiram – Essa é a verdadeira União. Essa é a hora de vós, finalmente, unir vossas memórias.


- Unindo memórias. – Harry sorriu.


- Unindo memórias! – os outros repetiram quase rindo.


Uma onda de energia desprendeu-se deles. As auras se iluminaram ainda mais. Os olhos brilharam fortes. A energia de cada um reagia com a energia do outro. Finalmente eram como um.


=-=-=


Aquilo era muito bom. Aquela energia lhe trazia paz. Uma paz que há muito desejava.


As flores cintilavam, banhadas pelo bem-estar que a energia lhes causava.


Já ele, aproveitava cada segundo daquele momento. Sentia os quatro, como um, agora. Sentia também a energia de seu filho e de sua futura nora. Eles também estavam em paz.


Algo, porém, chamou-lhe a atenção.


Uma outra energia, tão forte quanto a de seu filho, chegava até ele. Nunca havia sentido-a, mas a reconhecia, sem saber de onde ou de quem.


Ela era sombria. Traçada pela Magia Negra. Contudo, sua essência ainda era branca. Havia uma incrível semelhança daquela nova energia com a dele e do filho. Ambos possuíam estes de Magia Negra devido seus sentimentos: raiva; ódio; rancor; entre outros, que conduziam à energia das trevas.


Afinal, de quem era aquela energia?


Reconhecia-a, mas não sabia o porquê.


Tinha que descobrir. Assim que a União acabasse, iria atrás daquela energia.


=-=-=


A paz os tomava. O casal se sentia.


Sentiam outros padrões de energia além da do Herdeiro. Outras duas energias.


Uma mais forte; outra mais conflitante. Aquela já conhecida; esta reconhecida por ela e conhecida por ele.


Tal conhecimento o atormentou. Havia lutado contra essa energia há mais de seis meses e não havia parado para analisá-la e senti-la como agora.


A energia era branca, apesar de ser quase negra. Caminhava entre uma e outra como em uma corda bamba, pendendo ora para um lado ora para o outro.


A mulher sabia que já havia interagido com a energia misteriosa, mas não se lembrava de onde e quando. O homem tentou se concentrar na energia, descobrir de onde ela vinha. Contudo, ela diminuiu de intensidade, como se percebesse suas intenções, ficando impossível de se rastrear.


O homem ficou intrigado. Não podia ser real. Era impossível! Porém, somente agora ele se recordava da luta contra aquela energia. A aura do portador daquela energia era parecida com a sua. O mistério ou a peça chave do quebra-cabeças era este. O portador daquela energia não devia possuir aura, afinal, ele não era portador da magia branca.


Ou era?


=-=-=


Era bom respirar profundamente e sentir a paz mais pura que os humanos poderiam sentir. Uma paz que ele sempre quis e que só teve até os seus seis anos de idade. Só fora feliz enquanto sua mãe era viva.


Era incrível poder sentir a energia dele. Sentia-se privilegiado por isto. Sempre o odiara e agora lhe era fiel. Como o mundo dava voltas.


Sentia outras três energias, além da dele. Reconhecia duas. A terceira ele apenas deduzia o seu dono.


As duas energias que ele reconhecia eram muito parecidas com a sua, com traços de magia negra. Eram de seu pai e de seu irmão. A terceira possuía poucas marcas de magia negra e eram quase imperceptíveis. Era de sua amada.


Teve vontade de rir quando sentiu o irmão tentar rastreá-lo. Porém, se concentrou e diminuiu a intensidade de sua energia, tornando-a impossível de se rastrear.


Sabia que seu irmão conseguiria “classificar” sua energia. Talvez fosse por isto que o irmão quis rastreá-lo. Então, se o irmão quis rastreá-lo é porque se interessou. Era impensável que seu irmão se interessasse por uma energia negra.


A não ser que...


=-=-=


- Unindo memórias. – Harry sorriu.


- Unindo memórias! – os outros repetiram quase rindo.


Uma onda de energia desprendeu-se deles. As auras se iluminaram ainda mais. Os olhos brilharam fortes. A energia de cada um reagia com a energia do outro. Finalmente eram como um.


- Vós tendes memórias incompreendidas. Este é o momento para que compreendas tudo. – Merlim sorriu.


- Eu quero começar. – Harry informou e os outros permitiram – Houve uma vez, que fui tomado por uma alegria enorme. Parecia que iria explodir de tanta felicidade.


- Foi quando despertamos o dom do Dragão Branco. – Hermione sorriu – Foi a primeira vez que ficamos verdadeiramente felizes.


- Isto mesmo! – Harry sorriu – Era como se eu tivesse acabado de nascer ou se o mundo tivesse nascido para mim somente naquele momento.


- Não deixa de ser. – Gina comentou – O dom é a própria Magia Pura. A Magia Pura é a energia da natureza, do universo. Não é uma coincidência as nossas habilidades serem ligadas aos elementos.


- Eu tenho uma lembrança muito forte, talvez a minha mais forte. – Rony mudou de assunto.


- Descreva-a. – Gina sorriu.


- Foi a pior dor que meu corpo já foi obrigado a suportar. – Rony perdeu o sorriso.


- O primeiro confronto com o Dragão Negro. – foi Harry quem respondeu.


O quadro de Merlim fez um barulho que chamou a atenção dos quatro. O capuz branco cobria novamente a cabeça dele. Os olhos dele estavam fechados, pois nenhum brilho se via sob a escuridão do capuz.


- Ignorem-me. – a voz dele era indecifrável – Continuem.


Os quatro se olharam, compreendendo a atitude do homem.


- Lutar contra um irmão é a pior coisa do mundo. – comentou Gina.


- Brigar com o Percy, que eu já detestava, foi difícil. – Rony encostou-se à poltrona – Imagina lutar contra um irmão que a gente gosta?


- O pior sentimento do mundo. – Harry uniu as mãos, verdadeiramente triste.


- Eu tenho uma lembrança incompreendida. – Gina decidiu mudar de assunto.


- Pode se explicar. – incentivou-a Hermione.


- Houve um dia que, pela primeira vez, fiquei sem nenhum pingo de energia. – ela pareceu preocupada – Tudo foi utilizado em alguma coisa.


- Eu me lembro disto. – Rony sorriu de leve – Nunca fiquei tão exausto.


- E também... – Harry pareceu pensativo – uma esperança enorme. A esperança do fim da guerra. – ele fitou Hermione.


- Merlim! – exclamou ela inconsciente – Como eu não percebi antes! – ela sorriu abertamente e seus olhos esbanjavam alegria.


- O que foi Hermione? – Gina olhou-a sorrindo.


- Harry! – Hermione se levantou de um pulo e abraçou-o.


- O que foi Hermione?! – Harry se assustou.


- Ele está vivo! – falou ela, ainda abraçada a ele – Ele está vivo!


- Quem?! – perguntaram os outros, juntos.


Hermione soltou Harry e olhou nos olhos de cada um.


- SIRIUS!!!


Os olhos amarelo-canários dela fitaram os vermelhos flamejantes do moreno.


- Como?! – Harry se pôs de pé, incrédulo.


- SIRIUS ESTÁ VIVO!!! – gritou Hermione mais alto do que o normal, completamente imersa naquela alegria que só ela sentia.


- Como você sabe?! – Harry foi mais frio do que todos esperavam – Você não pode saber Hermione. Não pode! – a voz dele saiu bruta.


- Harry?! – Hermione perdeu o sorriso, assustada.


- Explica melhor Hermione. – pediu Rony – Eu estou perdido.


- Igualmente. – Gina olhava Harry pesarosa.


- Eu explico. – Hermione sorriu para os ruivos, mas olhou Harry intrigada.


Ele se sentou e cruzou os braços, afundando-se na poltrona com violência. Os cabelos ligeiramente cumpridos cobriram seus olhos, deixando visível apenas o brilho vermelho flamejante, e escureceram parcialmente sua face, apenas a boca era perfeitamente visível.


- Na guerra, o grande trunfo de Merlim foi a Dimensão da Neblina. Cassius já falou dela. Merlim a criou com a intenção de prender Drake. Contudo, durante a criação e o aprisionamento de Drake, Merlim esgotou sua energia e sofreu um desgaste físico muito grande. O que sobrou foi a esperança de que a Dimensão fosse forte o suficiente para prender Drake. – Hermione voltara a sorrir e se sentou – Infelizmente ela não foi. Drake se soltou, mas também sofreu um grande desgaste e fugiu.


- O que isto tem a ver com o Sirius? – perguntou Rony, fitando Harry.


- Tudo! – Hermione sorriu, mas desfez o sorriso ao ver Harry olhá-la com frieza no olhar.


- Explica. – Gina não tirava os olhos de Harry, com medo do que ele viesse a fazer, falar de Sirius na frente dele era sempre um erro.


- A entrada da Dimensão da Neblina é o Véu da Tormenta. – Hermione olhou Harry com determinação – É o mesmo véu que está no Departamento de Mistérios.


- Mas a Bellatriz matou o Sirius, mesmo que ele tenha entrado na Dimensão da Neblina, ele entrou morto. – falou Rony.


- Não. – Hermione sorriu para o namorado – Você ouviu o feitiço que ela usou? – ela olhou diretamente nos olhos de Harry.


- Não. – respondeu ele, rouco e seco.


- Então... – Gina sorriu – Há a possibilidade dele estar vivo.


- Ele está morto! – eles ouviram um fio de voz.


- Não Harry. Ele pode estar morto. – Hermione entendeu a atitude dele – Não é porque ele pode que ele está!


- Eu o vi caindo naquele maldito véu! – gritou Harry enraivecido, de pé em um pulo – EU VI!


- Os olhos nos pregam peças. – replicou Hermione, serena.


- Não fui só eu que viu o entrando naquilo! – os olhos de Harry brilharam diferente, um misto de ódio ao flamejante.


- Harry! – Gina chamou-o assustada.


- Não me venha dizer que acredita nessa história! – ele encarou os olhos azul-cristalinos dela.


Os olhos dele se arregalaram e ele ficou imóvel. Os olhos de Gina estavam frios como o gelo e uma sombra de mágoa escurecia-os.


- Harry, se acalme e sente-se! – pediu Rony.


- Gina... – murmurou Harry.


- Ouviu o Rony: sente-te! – a voz de Gina foi cortante e congelante.


Um frio percorreu o corpo quente de Harry. Ele suspirou e se sentou calmo. Hermione sorriu para ele e ele pediu desculpas mentalmente.


- Você se lembra do arco? – perguntou Hermione, calma – Aposto que ouviu vozes.


- Sim, ouvi. – respondeu Harry calmo – Luna também ouviu.


- Luna só ouviu porque estava com você. – falou Hermione – Se qualquer um de nós fossemos lá sem você, não ouviríamos nada.


- Mas vocês não ouviram nada? – questionou Harry.


Os outros três trocaram olhares cúmplices.


- Na verdade, ouvimos. – respondeu Hermione.


- Só que era loucura demais admitir que havia vozes saindo daquele objeto estranho. – explicou Rony, depressa, ao ver que Harry ia ralhar.


- Certo! – exclamou o moreno, irritado – E por que vocês não iam ouvir se eu não estivesse junto?


- Apenas a essência de Merlim pode ouvir os pedidos de libertação. Essa essência é você, a alma. – Hermione sorriu.


Harry suspirou e passou as mãos pelo rosto.


- Você tem certeza? –perguntou, sua voz tinha um quê de suplica.


- Eu sei que você não quer se decepcionar. – respondeu Hermione, carinhosa – A dor da perda já foi o suficiente.


- Mas, pense por outro lado... – Rony sorriu para o amigo – Se realmente Sirius estiver morto, a Hermione nunca irá se perdoar.


- Ronald! – esbravejou Gina, irritada.


- Estou brincando Gina! – Rony se defendeu.


- Uma brincadeira muito sem graça. – falou Hermione seca.


- Ok, desculpa. – Rony cruzou os braços – Só queria amenizar o clima.


- Tudo bem, Rony. – Harry sorriu para ele – Eu entendi o que você quis dizer.


- Obrigado. – agradeceu Rony com um sorriso fraco.


- Você quer tentar? – perguntou Hermione a Harry.


Harry paralisou com a força daquela pergunta. Ele olhou nos olhos de Rony e viu incentivo; nos olhos de Hermione o mesmo; nos de Gina... não havia como saber, ela não o olhava. Gina olhava o chão, sem qualquer emoção em sua face.


Ele suspirou e fechou os olhos. Havia magoado Gina por algo patético. Rony e Hermione estavam certos. Eles deviam tentar, Sirius poderia estar vivo. Viver com aquela ideia sem fazer nada seria um tormento.


- Ok. – Harry abriu os olhos e sorriu – Vamos até lá.


- Temos que resolver alguns problemas com o Ministério. – Hermione sorriu aliviada – Aproveitamos e tentamos.


- Certo. – Harry olhou Gina.


Ela possuía um leve sorriso no canto dos lábios, mas ainda olhava o chão.


- Agora... – Hermione sorriu mais – Minha vez de expor uma incompreensão.


- Você? – Rony se espantou.


- Por que não Ronald?! – Hermione olhou-o séria – Só por que eu sou a sabedoria não quer dizer que eu saiba de tudo.


- Ok, desculpa. – Rony sorriu.


- Fala Hermione, fiquei curiosa. – Gina sorriu para a amiga.


- Eu tenho uma lembrança, que é apenas a visão de um lugar. Não faço ideia do que este lugar significa para mim ou para nós. – explicou ela.


- Eu também. – Rony sorriu – Uma imagem e mais nada.


- Igualmente. – Gina afirmou positivamente com a cabeça.


- Todos nós. – Harry se interessou.


- O que significa isto? – perguntou Rony.


- O que vocês veem? – Hermione ficou curiosa.


- Uma imensidão branca de gelo e neve. – respondeu Gina.


- Um deserto sem limites. – disse Rony simples.


- Uma montanha muito alta, coberta de neve, com uma fumaça saindo do topo. – Harry deu de ombros.


- Uma montanha coberta de neve também. Sem fumaça. As nuvens abaixo do topo. – disse Hermione.


- Todas as visões tem alguma relação com os nossos elementos. – comentou Gina, sorrindo.


- Também percebi. – Hermione também sorriu – Mas a visão do Harry é parecida com a minha, isto eu não entendi.


- Fácil. – Rony sorriu – A montanha do Harry expelia fumaça. Não é uma montanha qualquer, é um vulcão.


- Nossa Rony. – Gina riu – Você superou a Hermione.


- Hey! – Hermione fingiu-se ofendida.


- Não liga para ela. – Rony se levantou e depositou um beijo nos lábios da morena – É inveja! – Hermione riu.


- Rony! – Gina esbravejou.


Harry caiu na risada. Rony mostrou a língua para a irmã e voltou a se sentar.


- Ok. – Hermione parou de rir – Mas o que estas imagens significam?


- O que está faltando? – Harry a olhou.


- Como assim? – perguntaram os outros.


- Para nós... – ele se colocou de pé e olhou o quadro de Merlim – o que nos falta?


- Por que perguntas o que já sabes? – Merlim retirou o capuz e sorriu.


- Harry... – Hermione chamou-o.


- Os Dragões! – Harry sorriu para a morena – O que nos faltam são os Dragões.


- E... – Rony começou com um enorme sorriso.


- Eles estão nesses lugares. – Gina completou o irmão.


- Exato. – Harry sorriu para Gina.


Novamente, ela não o olhou.


- Mas que lugares são estes? – Hermione viu Harry se sentar com o sorriso enfraquecido.


- Harry... – Merlim chamou a atenção deles – durante os quatro testes que Liandro vos aplicou, ele usou um feitiço em ti.


- Eu me lembro. – Harry acenou positivo com a cabeça.


- Ele é a chave do mistério! – Merlim sorriu.


- Do que vocês estão falando? – Rony pareceu perdido.


- Que feitiço Harry? – Hermione desviou o olhar do quadro para encarar o amigo.


- Não sei o nome, mas me lembro do feitiço. – Harry sorriu para ela e retirou a varinha do bolso, levantando-se.


Ele colocou a varinha no meio do circulo que eles formavam. A varinha pairou no ar, alta o suficiente para atingir a todos.


- É melhor ficarmos de pé? – perguntou Rony, se levantando.


- Sim. – Harry sorriu e viu as garotas se levantarem.


- O que vai acontecer? – Hermione olhou a varinha curiosa.


- Não sei. – Harry sorriu amarelo – Mas... por mais estranho que isto pareça... eu sei como fazer acontecer.


- Fale então. – falou Gina, fria, olhando a varinha.


Harry suspirou triste e olhou nos olhos de Rony e de Hermione.


- Vamos unir nossas auras. – pediu ele.


- E mantê-las unidas? – perguntou Rony.


- Sim. – confirmou Harry.


Os quatro se concentraram e fecharam os olhos.


Merlim sorriu contente, eles estavam seguindo pelo caminho certo.


Cada um pôde sentir a energia do outro. Estavam mais próximos do que nunca.


As auras dançaram pela sala. Vermelho, azul, verde e amarelo compondo uma belíssima aquarela. As quatro auras se expandiram ao máximo e se uniram no centro do circulo que eles formavam, exatamente na varinha de Harry. Uma única aura branca tomou a varinha e a eles. A varinha começou a girar em pleno ar, inundada pela aura branca.


Harry soube que era o momento certo e, sem abrir os olhos, murmurou:


- Revelare Identità!


Quatro raios brancos saíram da varinha e atingiram-nos.


Os olhos se abriram.


Vermelho flamejante.


Azul-cristalino.


Verde intenso.


Amarelo-canário.


Mais uma vez, a sala foi tomada pelas quatro cores.

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