Os Dois Dragões e A Floresta



Capítulo 14 – Os Dois Dragões e A Floresta


O inverno estava para acabar. Já não havia mais neve no chão e nas árvores. O sol ficava mais vivo e o céu mais límpido. Uma leve brisa soprava vinda do sul, trazendo um pouco do calor que em semanas estaria ali.


Aquele dia seria lembrado eternamente, pensava um ser olhando pela janela de uma antiga casa. O vidro refletia fracamente sua imagem. Como havia mudado. Nunca iria imaginar que em apenas um ano ficaria tão diferente. Seu corpo estava mais definido muscularmente, seus bíceps e tríceps eram nítidos. Seus cabelos estavam mais rebeldes e ligeiramente mais longos, quase lhe caindo sobre os olhos. Nossa, os olhos! Como poderia a cor dos olhos mudar? Não só os dele, mas os de seus companheiros também.


Os olhos de todos haviam mudado drasticamente, ele nunca vira nada igual. Os olhos azuis do seu melhor amigo tinham ganhado um contorno verde escuro. Os de sua melhor amiga, antes castanhos claros, agora também possuíam um contorno amarelo-canário. E, ao contrario de seu melhor amigo, os olhos de sua amada somaram um contorno azul cristalino ao mel. Azul este que lhe lembrava os olhos de Alvo Dumbledore e de seu mestre.


Seu mestre. No inicio, rude e sem emoções, contudo, com o passar dos dias, foi mostrando quem realmente era: um homem sábio, preocupado com os que estão à sua volta e que tem grande carinho por seu filho e aprendizes.


Sua testa franziu, ao se lembrar de uma conversa que tivera com o mago no dia seguinte a sua primeira batalha como aprendiz branco.


*- Flashback -*


Ele estendeu a mão para bater na madeira da porta do escritório, porém, uma voz calma soou de lá de dentro antes que ele batesse:


- Entre!


Ele entrou e, depois de fechar a porta, fez uma leve reverência.


- Sente-se. – o mago apontou para a poltrona vazia ao seu lado.


As chamas da lareira estavam acabando, deixando o aposento levemente escurecido.


- Diga o que tem a dizer. – falou o mago depois que ele se sentou.


- Mestre... – seus olhos se encontraram com os azuis profundos do homem – o que aconteceu ontem?


- Eu lhe disse ontem e repito hoje, reformule a sua pergunta, seja específico.


- Certo. – ele juntou as mãos e as fitou – O que é a Ordem de Merlim, exatamente?


- Nos tempos de Merlim, um bruxo muito forte, conhecido como Dragão Negro, assombrava o nosso mundo. Ele foi o primeiro a despertar a Magia Negra e, consequentemente, o primeiro mago negro. Merlim reuniu bruxos bons para lutar ao seu lado, assim como o Dragão Negro reunia seguidores. A Ordem de Merlim foi criada para deter esse mago negro.


- Porque o senhor lançou um dragão branco no céu?


- Por que essa é a marca da Ordem de Merlim. Merlim foi quem criou os dragões... melhor dizendo, foi quem os libertou. – o mago ergueu a mão, percebendo que o aprendiz iria perguntar sobre aquilo – Durante o treinamento eu contarei.


- Certo. Eu vi que o senhor falou com a Bellatriz Lestrange durante a batalha, o que o senhor disse a ela? – perguntou o garoto, cauteloso e curioso.


- Eu dei a ela uma mensagem para ser entregue ao Tom.


- Porque o senhor o chama de Tom? – o garoto ergueu a sobrancelha, lembrando que Dumbledore também chamava o Voldemort de Tom.


- Por que esse é o nome dele. Só os tolos temem um nome, ainda mais um nome formado de outro.


- Eu sei. Tom Servolo Riddle forma exatamente a frase “Eu sou Lord Voldemort”. – ele fitou suas próprias mãos.


- Exatamente. Não se deve temer um nome e sim a pessoa que leva esse nome.


- Compreendo. Acho que era por isso que Dumbledore o chamava de Tom. – falou ele, pensativo.


- Era pelo mesmo motivo. – o mago parou e analisou o garoto – Mais algo?


- Que mensagem Bellatriz levou para ele? – seus olhos encontraram os do mago novamente.


Um sorriso se formou nos lábios do homem instantaneamente e sumiram em poucos e rápidos segundos.


- Ao término do seu treinamento, muitas coisas serão reveladas a você e aos seus amigos. A mensagem é uma dessas coisas.


O garoto franziu a testa, demonstrando desagrado. Mas ele apenas se levantou e se curvou.


- Treino normal hoje.


- Espero que isso seja uma afirmação e não uma pergunta. – comentou o homem com autoridade.


- Esteja certo que é uma afirmação. – um sorriso se formou na face do garoto, que se virou e saiu do escritório.


*- Fim do Flashback -*


O mesmo sorriso surgiu em seus lábios. Seria aquele o dia. Tinha esse pressentimento.


- Harry? Harry?!


- Fala... – respondeu ele, se virando para ver quem falava.


- O que você tem?


- Nada Mione, nada. – ele sorriu para a amiga.


- Você não me engana, Harry. – Hermione riu de leve – Diga logo.


- Tive um pressentimento. Só isso. – Harry sorriu ainda mais.


- Bom ou ruim? – perguntou ela, preocupada, aproximando-se dele.


- Bom. – ele focalizou os castanhos contornados de amarelo dela – Bem, acho que é bom.


Ela ergueu a sobrancelha.


- Pena que não foi você quem teve esse pressentimento, você os compreende melhor que todo mundo.


- Que nada. – ela corou pelo elogio.


- Deixe de ser modesta. Você é tão boa que chega a ser adivinha.


- Agora você extrapolou! Adivinha? Eu?! Você só pode estar brincando. – ela se virou enfurecida, pronta para sair do quarto.


- Hey! Desculpa. – ele a segurou pela mão.


Quando ela se virou para olhá-lo, ele notou que ela também havia mudado muito fisicamente. Estava com corpo de mulher, uma bela mulher. Seus cabelos estavam num castanho mais claro e mais ondulado, sem falar que estavam com muito pouco volume comparando quando ela tinha apenas onze anos.


- Ta certo, Harry. – disse ela, soltando sua mão – Vamos descer. Cristy disse que o almoço será servido.


- Vamos. – eles saíram do quarto, cruzaram o corredor e desceram as escadas.


- Finalmente! Vocês demoraram. – uma voz soou quando eles entraram na sala.


- Não precisa ter ciúmes de mim, Rony. – brincou Harry, sentando-se ao lado de outra pessoa.


- Cala a boca, Harry! – ralhou Rony, vermelho como os cabelos.


Harry sorriu. Rony também havia mudado. O físico do ruivo estava mais definido que o dele, seus cabelos estavam mais escuros e mais cumpridos, lhe caindo levemente aos olhos. Hermione se sentou ao lado do ruivo, corada. Harry riu alto, mas se calou quando puxaram sua manga. Ele olhou para o lado e viu outra mulher. Ela o olhava com ternura. Os cabelos ruivos dela estavam mais lisos que nunca, mais cumpridos e a cor estava mais viva.


Os olhos cor-de-mel com contorno azul cristalino dela brilharam levemente e um sorriso formou-se em seus lábios rosados. Harry pousou a mão na nuca dela. Gina sorriu marotamente e olhou profundamente nos olhos dele. Na primeira vez que tinha visto a mudança nos olhos do namorado tinha ficado apavorada, pensando que Voldemort havia tomado o corpo dele.


Naturalmente, os olhos de Harry eram verdes-esmeralda, mas, assim como os dos outros, tinham ganhado um contorno, só que vermelho flamejante.


Cassius entrou na sala e franziu a testa, focalizando Harry e Gina. Estes se separaram imediatamente. Rony e Hermione levaram as mãos à boca para segurar uma gargalhada. Cassius sorriu de leve com a reação dos aprendizes.


- Primeiramente, vamos almoçar. – disse ele, sério e com a mesma voz fria dos treinos – Depois vamos ter a conversa mais séria desde que vocês entraram por aquela porta.


Os quatro jovens se entreolharam com surpresa. Hermione focalizou os olhos de Harry.


“Tem certeza que o seu pressentimento era bom?” - ele pôde ouvir a voz dela em sua mente e respondeu apenas dando os ombros.


O almoço foi especial. O melhor, na opinião dos jovens. Entretanto, um leve e quase insignificante clima de nervosismo rondava a mesa e seus ocupantes.


Quando os quatro aprendizes terminaram de comer, Harry focalizou Cassius. Este acenou positivamente com a cabeça. O moreno se levantou e fez sinal para os companheiros, que também se levantaram. Após fazerem uma leve reverência, eles saíram da sala de jantar.


Gina se aproximou de Harry e uniu sua mão à dele. Um sorriso apareceu nos lábios dele. Ele os conduziu através do hall, da sala de estar e do jardim. Eles andaram por entre as árvores e pararam na frente da macieira. Harry abriu a passagem secreta e ajudou Gina a descer. Rony deu um pulo e sua queda, perfeitamente de pé, produziu um estrondo.


- Metido. – murmurou Hermione e Harry riu.


A garota também pulou, mas, ao contrario de Rony, ela praticamente flutuou até o chão.


- Sabia que eu me assusto quando vocês fazem isso? – perguntou Gina, olhando-os.


- É estranho, mas parece que a terra absorve o meu impacto. – Rony viu Harry descer pelas escadas.


- E o ar parece me conduzir para que eu chegue suavemente no chão. – Hermione também estranhava.


- Venham. – disse Harry, o tom de descaso surpreendeu os outros.


Eles seguiram pelo corredor e quando chegaram à primeira bifurcação, viraram à direita.


- Porque estamos vindo pra cá? – perguntou Gina.


- Nós nunca viemos por esse corredor. Cassius nunca deixou. – Hermione já havia parado de chamar o mago de senhor fazia meses.


- Ele pediu para eu trazer vocês. – informou Harry, sem mudar o rumo do olhar.


- Você já veio aqui? – perguntou Rony, curioso.


- Não. – Harry sorriu marotamente, ainda sem mudar o rumo do olhar.


- Então como você sabe o caminho? – o ruivo cruzou os braços.


- Cassius me disse que era para seguir esse corredor e seguir a energia dele. – respondeu Harry e completou, ao perceber que os outros não haviam entendido – Ele disse para ir aonde a Magia Branca é mais forte.


- Ah ta. – Rony sorriu, descruzando os braços.


- Eu não senti magia nenhuma. – informou Hermione.


- Você está se concentrando? – Harry virou a cabeça para ela e ela viu que o vermelho em seus olhos estava brilhando levemente.


- Você também não avisa. – ela sorriu.


- Uma das primeiras lições do Cassius foi tornar a concentração algo automático, como respirar, porque em uma batalha entre Magia Branca e Magia Negra a falta de concentração conta muito. – informou Gina com um ar de inteligente.


- Eu sei, eu sei. É um principio básico da Magia Branca. – Hermione olhou a amiga – Concentração para captar a energia ao seu redor, controle emocional para manter-se calmo e percepção para aumentar seus reflexos.


- Boa aluna. – Rony riu.


Antes que Hermione pudesse responder, Harry parou e ergueu a mão, pedindo silêncio. O vermelho dos olhos dele começou a brilhar fortemente, indicando que seu nível de concentração estava alto.


- É ali! – ele apontou para uma porta negra a cinco metros.


- Qual é o nível mágico. Gina? – Rony olhou para a irmã.


- Maior que o da Sala de Cristais, só não sei o quanto maior. – Gina era a mais capacitada do grupo para “medir” a energia ao seu redor e, o azul dos olhos dela, que também brilhava, voltou ao normal, sendo seguido pelo vermelho dos olhos de Harry.


- Vamos entrar. – o moreno voltou a andar com os outros logo atrás.


Quando abriram a porta e olharam para dentro do aposento, viram uma sala completamente redonda. Do lado direito havia uma gigantesca tapeçaria negra, do lado esquerdo uma grande lareira em mármore branco, como todo o revestimento da sala, do piso ao teto. Ao fundo havia um quadro, em tamanho real, de um homem alto e com físico de atleta. Não era possível ver seu rosto e cabelos, pois ele trajava vestes brancas e um capuz lhe cobria a cabeça e escurecia seu rosto, sendo possível ver apenas dois pontos brilhantes, seus olhos, que eram como dois diamantes. Seus braços estavam soltos, folgadamente. O homem também possuía uma longa bainha branca preso no lado esquerdo da cintura, onde um punho em ouro e prata cintilava.


Eles entraram e, quando pisaram no mármore branco, uma energia forte os tomou e suas vestes mudaram, estavam com as roupas da Ordem de Merlim.


- Que lugar é este? – perguntou Rony.


- Essa é uma cópia da Sala de Reuniões da Ordem de Merlim original. – respondeu uma voz vindo de trás deles.


- Mestre. – falaram eles, reverenciando-se.


Cassius entrou na sala e suas roupas negras se tornaram brancas. Ele fechou a porta e fitou os aprendizes.


- Vamos nos sentar. – ele começou a caminhar na direção da tapeçaria.


- Mas não há... – Gina começou, mas se calou ao ver uma poltrona aparecer, na qual Cassius se sentou.


Os quatro andaram até o mago e se sentaram nas poltronas que apareceram em torno dele. Eles ficaram de frente para a tapeçaria e o mago de costas para a mesma e de frente para eles.


- Eu quero que vocês prestem muita atenção no que eu vou lhes dizer. Podem fazer perguntas sempre que eu fizer uma pausa. Entendido?


Eles assentiram.


- Vou lhes contar da origem da Ordem de Merlim. – Cassius respirou fundo – Merlim nasceu em uma época onde o bem e o mal estavam em equilíbrio e sem conflitos. O que pouquíssimos sabem é que Merlim possuía um irmão gêmeo, cujo nome era Drake. Eles cresceram muito unidos e suas magias eram muito fortes. Naquele tempo, eram os pais que ensinavam os filhos a usar magia e, por meio de um ritual, preparavam suas varinhas. Cada varinha era única, pois, além de possuir algum elemento mágico, possuía uma gota de sangue do seu portador, ou seja, seu DNA. A varinha de Merlim e de Drake possuíam o mesmo elemento mágico: pena de fênix.


Harry se ajeitou na poltrona, prestando mais atenção no que o mago dizia.


- Quando os dois já eram adultos, seus reais poderem surgiram e, com esses novos poderes, Merlim conseguiu abrir a Dimensão do Fogo, onde os dragões haviam sido aprisionados. – Cassius parou, deixando um tempo para que eles perguntassem.


- Porque os dragões haviam sido aprisionados? – perguntou Hermione.


- Porque nós, os bruxos, tínhamos medo deles, pois alguns dragões eram muito fortes e havia dois dragões extremamente fortes. Eles eram os anciãos. Cada um controlava um lado da magia, ou seja, um controlava a magia do bem e o outro a magia do mal.


- E quais dragões Merlim libertou? – questionou Gina.


- Todos. – respondeu Cassius, sereno.


- Até o dragão do mal? – perguntou Rony.


- Sim, Weasley. Porque, se ele não o tivesse tirado de lá, o equilíbrio da magia no nosso mundo seria desintegrado, pois o dragão do bem faria a balança pender para o lado do bem, causando um colapso mágico. Contudo, não podemos faltar com respeito aos Dragões Anciãos. Eles possuíam duas formas de tratamento, uma utilizada pelos bruxos e outra pelos próprios dragões. O dragão que controlava a magia do mal era chamado pelos bruxos de Dragão Negro... – um flash de memória percorreu aos jovens, quando Owen havia lhes dito à mais de um ano que o primeiro Lord Negro era chamado de Dragão Negro – e de Dragão Ancião das Trevas pelos dragões, enquanto e o dragão que controlava a magia do bem era o Dragão Branco, para os bruxos, e Dragão Ancião da Luz, para os dragões.


Cassius respirou fundo, fitou-os por um instante, e continuou:


- O Dragão Branco ficou muito grato à Merlim por ele ter libertado os dragões e decidiu passar o seu dom para Merlim. O Dragão Negro, ao ficar sabendo, ficou enraivecido e, de certa forma, feliz, pois assim uma parte de uma antiga profecia dos dragões iria se realizar. - Cassius fez uma pausa, mais para respirar que para que eles perguntassem.


- Que profecia? – Hermione ficou ainda mais interessada.


- Os próprios Dragões Anciãos profetizaram o seguinte: “Eis que, em uma era de extrema paz e equilíbrio, dois irmãos forjados na magia nascerão e crescerão. Eis que eles se tornarão os primeiros Guerreiros Dragões, onde um será o Guerreiro Trevas e o outro o Guerreiro Luz. Ao lado desses guerreiros os anciãos dos dragões irão se enfrentar. Os Guerreiros absorverão os dons dos seu respectivos dragões e lutaram ferozmente. Uma nova era nascerá ao final da Primeira Guerra dos Dragões.”


O quarteto se espantou.


- Então o Dragão Negro se aliou à Drake e passou o seu dom à ele. – Cassius continuou e fitou Hermione.


- Para que a profecia se cumprisse por completo. – murmurou Hermione numa espécie de transe, isto sempre acontecia quando ela se concentrava, para que suas idéias se ordenassem – Para que ele pudesse lutar contra o Dragão Branco e, se ganhá-se, faria as trevas tomarem o mundo e a nova era que estava por vir. – os olhos dela estavam ligeiramente desfocados.


- Exatamente. – os olhos de Cassius brilharam ao ouvir que sua aprendiza havia montado o quebra-cabeça.


- Mestre. – Gina chamou a atenção de todos – Quais eram os dons dos Dragões Anciãos?


- Boa pergunta. – Cassius sorriu, ficando sério e extremamente sereno em seguida – O dom do Dragão Branco era chamado de Magia Pura.


O pescoço de Harry estralou alto. Todos o olharam de forma assustada. Ele havia, de uma vez, virado o rosto para o quadro. O moreno podia jurar que ouvira um ruído metálico vindo do quadro, e ao se virar para ver, focalizou apenas que a mão esquerda do homem estava sobre o punho da longa espada.


- Potter? – Cassius lhe chamou a atenção, atraindo o olhar do garoto.


- Eu ouvi um ruído metálico quando o senhor falou Magia Pura. – explicou Harry.


- Você deve ter ouvido coisas. – Rony voltou a olhar o mestre – O que é essa Magia Pura exatamente?


- Ela é chamada de Magia Pura porque através dela o mundo foi feito. – explicou Cassius, sereno, já sabendo a reação dos jovens.


Os olhos dos quatro se arregalaram e um frio percorreu a espinha de cada um. Eles se entreolharam constatando que todos tiveram a mesma reação.


- Deixem-me explicar melhor. – Cassius atraiu os olhares novamente – A Magia Pura é a Magia dos Elementos. – um outro frio percorreu os quatro jovens – O Dragão Branco conseguia controlar os elementos.


- Terra, Fogo, Água e Ar? – perguntou Hermione, um pouco cética.


- Sim. – Cassius sorriu um pouco – Merlim aprendeu e passou a controla-los também.


- Qual era o dom do Dragão Negro então? – perguntou Gina.


- O dom não tinha um nome... – respondeu Cassius, pensativo – mas ele era, basicamente, o controle de toda a energia maligna, o controle das trevas.


- Guerreiro Trevas controlaria as trevas. – Hermione entrara naquele transe novamente, mas saiu para perguntar – Mas porque Guerreiro Luz? Porque Luz?


- Somando-se todas as cores, o que encontramos? – perguntou Cassius.


- A luz. – respondeu Gina.


- Exatamente. O Guerreiro Luz controlaria a “luz”, que é todas as cores unidas. – Cassius voltou a explicar – Fogo é simbolizado pelo vermelho, Terra é verde, Água é azul e Ar é amarelo.


- Compreendo. – Hermione sorriu.


- Certo. – Cassius sorriu para a morena e olhou os outros – Alguma pergunta? – os olhos de Cassius pararam em Harry.


- Eu tenho. – os olhos do moreno cintilaram.


Rony, Gina e Hermione focalizaram o garoto com curiosidade.


- O que o senhor disse à Bellatriz? – perguntou Harry, de uma vez.


Os olhares dos outros ficaram confusos.


- Você esperou todos esses meses para me perguntar isso, não foi? – um sorriso se formou nos lábios de Cassius.


- Sim. – Harry também sorriu.


- Eu disse a ela o seguinte: “A Ordem de Merlim formou-se outra vez para trazer à vida o Herdeiro Luz e para derrotar o Dragão Negro novamente.”


Um forte som metálico ecoou pela sala, mas ninguém pareceu ter notado. Harry, Rony, Gina e Hermione estavam em estado de choque.


- “...derrotar o Dragão Negro novamente.”? – perguntou Rony, minutos depois.


- Acalmem-se. Eu tenho que falar de outra cosia antes de tentar explicar o que eu disse à Bellatriz Lestrange. – Cassius ergueu a mão pedindo silêncio e, pelo canto dos olhos, focalizou por poucos segundos o quadro na outra parede.


- Fale, então! – falou Harry.


- Merlim e Drake começaram uma guerra intensa, na qual se perdia companheiros de ambos os lados em cada batalha. Merlim teve muitas oportunidades de matar Drake, porém, ele sempre desistia na última hora. Ele criou várias armas para prender Drake, a principal foi a Dimensão da Neblina. Merlim conseguiu prender Drake lá dentro. Contudo, Drake conseguiu reunir muita energia antes de ser preso e a usou para se libertar. Merlim, após muitas perdas, decidiu que não iria deixar que mais ninguém morresse por ele e pelo irmão. Ele era um dos poucos adivinhos daquela era e previu o seu fim. É daí que veio a primeira profecia bruxa. – Cassius fez uma pausa.


Os quatro aprendizes se ajeitaram nas poltronas para ficarem mais confortáveis.


- Eu só conheço o começo dela. Apenas Alvo Dumbledore e uma aldeia de centauros conheciam – e conhecem – a profecia por completo. Vou lhes contar a parte que eu conheço: “Ao término da Primeira Guerra dos Dragões nascerá uma nova era de extremo equilíbrio e paz. Na Guerra, o Dragão Negro e o Dragão Branco cairão. A alma do Guerreiro Trevas vagará durante séculos pelo tempo e espaço e seu corpo será destruído. Eis que quando um ser odiar seu próprio povo, a alma do Guerreiro Trevas estará nesse ser e ele será chamado de Herdeiro Trevas. Porém, o corpo e a alma do Guerreiro Luz se perderão no tempo e espaço.”


Cassius fitou cada um dos seus aprendizes, nenhum parecia ter reação.


- Se o corpo e a alma da Merlim vagarão pela eternidade, como que o senhor disse à Lestrange que a Ordem de Merlim traria à vida o Herdeiro Luz? – perguntou Hermione em seguida.


- Quem é esse Herdeiro Luz? – perguntou Rony, perdido.


- É o ser que teria em seu corpo a alma de Merlim é claro. – Hermione fitou Rony.


- Não! – Cassius tomou a palavra – Errado!


- Quem é então? – perguntou Hermione.


- É a reencarnação de Merlim, com o corpo. – explicou Cassius – É o mesmo corpo de Merlim e a mesma alma.


- Ta certo, mas como ele pode voltar à vida se ele está perdido? – perguntou Hermione, incrivelmente cética.


- Essa pergunta eu não sei responder. Alvo era o único humano que sabia a profecia completamente. – falou Cassius com um sorriso fraco – Ele me pediu para mandar alguém para os centauros da aldeia que eu mencionei. – os olhos azuis do mago encontraram os verdes de Harry.


- Eu?! – Harry se levantou de sobressalto.


- Sim. – Cassius respondeu com calma.


- Porque eu? – Harry nunca deixava de se surpreender com as atitudes de Alvo Dumbledore.


- Ele não me disse. – Cassius enfiou a mão no bolso interno do sobretudo e tirou um envelope totalmente branco, entregando-o à Harry – Leia.


Harry não entendeu até ver escrito no envelope:


“Para Cassius McWell, membro da Ordem de Merlim”


As letras já eram conhecidas suas. Ele se sentou, abriu o envelope e retirou um pedaço de pergaminho também branco. Conforme ia lendo, se espantava ainda mais.


“Caro Cassius,


Quanto tempo, não?


Não ligue para a formalidade do envelope, você conhece as normas para envio de cartas por Magia Branca. Contudo, eu não venho lhe falar com noticias boas.


Há muito eu lhe disse que Drake havia reencarnado e que eu, desde então, permaneço em Hogwarts para achar o Herdeiro Luz. Eu sei que no futuro você vai mostrar esta carta para quatro pessoas, acredite em mim meu amigo.


Essa carta eu lhe envio com um único pedido: proteja e ensine Magia Branca à Harry Potter. Dê a missão de protegê-lo à Owen e treine-o você mesmo. É meu último pedido a você. Logo você verá nos jornais bruxos às notícias da minha morte. Faça o que eu lhe peço querido amigo, é meu último pedido.


Alvo Dumbledore”


Harry deixou a carta cair por entre os dedos, mas Cassius a pegou antes que tocasse o chão.


- Ele...ele sabia... que ia morrer. – sussurrou Harry, extremamente surpreso.


- Sim, sabia. E ainda disse quem o mataria. – Cassius olhou a carta.


“PS: Quem me matará estará à mando do Herdeiro Trevas.”


- Snape? – Hermione se assustou ainda mais.


- Snape trabalha para o Herdeiro Trevas? – questionou Gina.


- Mas ele trabalha pro Voldemort! – pronunciou Rony.


- Isso quer dizer que... – Harry focalizou o nada, o vermelho em seus olhos brilhou intensamente


=-=-=


Já fazia um ano que tudo havia mudado. Estava mais forte, mais ágil e mais resistente aos feitiços normais. Já fazia um ano. Ele descobrira quem realmente era fazia um ano. Aquelas visões eram mais constantes que antes, mas não doíam mais. Nunca imaginou que conseguiria aquele tipo de poder. Sua risada gélida ecoou pelo aposento ao se lembrar do dia da descoberta.


*- Flashback -*


Uma semana já havia se passado desde o ataque à York e ele continuava em sua cama. Quando não estava inconsciente, gritava a plenos pulmões. Visões de dois dragões e de dois bruxos lutando não paravam de se mostrar em sua mente.


Exatamente oito dias depois do começo daquelas visões, ele acordou e não gritou. Uma mulher dormia ao seu lado, ajoelhada no chão e com a cabeça pousada sobre o cobertor, onde seus cabelos negros se espalhavam.


Ele forçou seu corpo e se sentou na cama. Sentiu como se várias agulhas entrassem em sua pele, mas não ligou. O cobertor escorregou pelo seu peito, que se mostrou nu e extremamente pálido. Ele saiu da cama, pelo lado oposto ao da mulher, e vestiu um sobretudo negro. Fechou os botões, um a um, até o pescoço. Cada vez que movia um centímetro de seu corpo, as agulhas voltavam a perfurá-lo. Sua varinha veio em sua direção, com apenas um pensamento, e ele a guardou em um dos bolsos do sobretudo.


Ele saiu do quarto e começou a andar pelo corredor vazio. Era madrugada e todos dormiam. Andou sem saber aonde ia, seus pés lhe guiavam sozinhos. Ele saiu do esconderijo e cruzou a clareira, entrando na densa floresta. Ao chegar ao lado de uma árvore marcada com um X na tronco, parou e olhou o chão, sua mente estava vazia. Até que um grande dragão surgiu em sua mente e ele sumiu.


Aparatou em um lugar que não conhecia. Era uma montanha muito alta, até as nuvens estavam abaixo dele. O topo daquela montanha não possuía neve, como as montanhas em volta. Ali não havia nenhum ser vivo, como se ali não pudesse ter vida. Ele olhou para cima e viu um céu estrelado e sem lua. Porém, por alguma razão, ele sabia que era época de lua cheia.


Mais uma vez um grande dragão surgiu em sua mente. Ele viu, claramente, os olhos vermelhos do dragão e ouviu um rugido forte e brutal.


Um brilho prateado tomou tudo. Ele olhou o céu novamente e viu que uma lua cheia havia surgido e iluminava-o. Uma forte rajada de vento veio às suas costas. Ele ouviu um farfalhar de asas e se virou.


Aquele grande dragão da sua mente estava pousando na terra, produzindo um estrondo. Os olhos vermelhos do dragão encontraram os dele e, sem notar, ele se curvou longamente.


“Foi profetizado que o Dragão Ancião das Trevas iria voltar e que seu Guerreiro Trevas iria tomá-lo para que, juntos, fizessem a Segunda Guerra dos Dragões.” – uma voz grave e sábia ecoou na mente dele.


Ele ergueu a cabeça sem entender.


“Tom Servolo Riddle, agora chamado de Lord Voldemort, finalmente o seu interior acordou e, com ele, a nossa ligação.” – a mesma voz ecoou em sua mente.


- Quem é você? – uma voz rouca saiu da sua garganta.


“Sou a reencarnação do Dragão Ancião das Trevas.” – a voz ecoou novamente.


- Quem sou eu? – perguntou ele debilmente, sua mente continuava vazia, não conseguia pensar em nada.


“Tu és a reencarnação do Guerreiro Trevas. Tu és a reencarnação de Drake. Tu és o Herdeiro Trevas!” – a voz ecoou com mais força.


- O que isso quer dizer? – perguntou ele novamente, as palavras simplesmente saiam de sua boca.


“Quer dizer que você é o herdeiro dos meus poderes. Você é o herdeiro dos poderes do Dragão Negro!” – bradou a voz.


Um raio passou pela sua mente. Dragão Negro! Herdeiro Luz! Ordem de Merlim! Sua mente voltou a trabalhar numa velocidade incomum, dando-lhe uma incrível dor de cabeça.


*- Fim do Flashback -*


Depois daquela conversa, ele voltou para o seu esconderijo, sendo seguido pelo dragão. E lá estava ele. Lord Voldemort ou, como o dragão sempre lhe chamava, Dragão Negro. Sua melhor arma antes era os feitiços de magia negra, mas agora ele, literalmente, manipulava toda a energia negra, a energia das trevas.


Sua sala agora estava totalmente escura e em todo o esconderijo podia-se sentir a energia maligna que ele exalava. Ele gargalhou de novo e a energia se expandiu. Parou de rir quando bateram na porta.


- Entre! – gritou ele.


A porta se abriu e um loiro trajando as vestes dos comensais entrou e se ajoelhou, com a cabeça baixa.


- O que quer? – Voldemort olhou o comensal com repugnância.


- Milorde. – falou o loiro sem medo algum da energia ali presente – Eu gostaria de lhe dar uma informação.


- Sobre o que?


- Sobre a Ordem de Merlim. – falou o loiro com satisfação.


- Seu nome é? – Voldemort deu alguns passos na direção do ser ajoelhado.


- McWell milorde, - um sorriso cruel surgiu nos lábios do loiro – Lars McWell.


- McWell?! – Voldemort se surpreendeu – Você é aquele comensal fraco que quase morreu no ataque à vila de Grimpstey a mais de um ano, como poderia me falar sobre a Ordem de Merlim?


- Eu sou o filho do “comandante” da Ordem de Merlim. – o sorriso se desfez nos lábios de Lars.


- Quem é o comandante da Ordem de Merlim? – Voldemort ficou interessado.


- Cassius McWell, milorde.


- Levante-se! – ordenou Voldemort.


Lars se levantou e ergueu a cabeça, revelando sua face. Ele era muito bonito. Seus cabelos eram loiros escuros, curtos e espetados. Seus olhos eram de um verde-oliva intenso e profundo.


- Diga logo tudo o que sabe! – a energia se expandiu com a fala de Voldemort.


- Acho melhor que o senhor, milorde, se sente. A história é longa. – um sorriso sarcástico surgiu nos lábios de Lars.


- Espero que seja proveitosa. – Voldemort se sentou, pronto para ouvir.


=-=-=


- Isso quer dizer que... Voldemort é o Herdeiro Trevas! Voldemort é a reencarnação de Drake!


Cassius abaixou a cabeça e juntou as mãos. Hermione, Rony e Gina olharam Harry com espanto. Este fitava o vazio, seus olhos estavam desfocados e o vermelho brilhava fracamente. Cassius ergueu a cabeça o focalizou Harry.


- Porque não nos contou antes? – os olhos de Harry se encontraram com os de Cassius.


- Vocês não estavam mentalmente preparados. – respondeu Cassius, sereno.


- E agora nós estamos? – a voz de Harry era carregada de raiva.


- Não. – Cassius surpreendeu-os – Mas era preciso. Você tem que ir para a Itália, Potter. Você tem que ir para a Floresta Mágica italiana, onde moram os centauros que guardam a profecia.


- Eu não irei sozinho. – a voz de Harry soava alta.


- Você não iria sozinho mesmo que quisesse. – Cassius ainda era sereno.


- Por quê? – Harry perfurava o mestre com o olhar.


- Porque se eles não forem, - o mago apontou para os outros três – os centauros não vão lhe aceitar.


- Harry! – Gina segurou o braço do amado – Calma!


- Ok. – Harry fechou os olhos e respirou profundamente.


- Quando deveremos ir? – perguntou Rony, fitando o amigo.


- Amanhã assim que o sol nascer. – respondeu Cassius.


- Como iremos? – Hermione também não tirava os olhos de Harry e Gina.


- Por uma chave de portal. – Cassius fitou a morena.


- Mas o ministério vai nos rastrear. – falou Hermione, retribuindo o olhar de mago.


- Não, não vai. – um leve sorriso surgiu nos lábios do mago – Há uma chave de portal, criada pelos centauros, que leva somente à Floresta Mágica italiana. E somente guerreiros ou magos brancos podem usá-la.


- Mas nós ainda somos aprendizes. – Rony olhou o mago.


- Quem disse? – falou Cassius, risonho.


Harry abriu os olhos. Já estava completamente calmo. Ele olhou para Gina e ele agradeceu mentalmente. Depois eles olharam para Cassius.


- Quando vocês entraram por aquela porta, vocês deixaram de ser aprendizes. – Cassius se levantou e a poltrona, na qual estivera sentado, desapareceu.


Ele deu as costas para os quatro e olhou a tapeçaria. Os quatro, pela primeira vez, olharam-na também.


Ela era negra, entrando em contraste com o mármore branco da parede, e possuía uma borda branca, desenhada com linhas finas e inúmeros detalhes. Havia vários nomes escritos em letras finas e detalhadas. Alguns nomes estavam escritos em azul céu e a maioria estava escrito num azul muito claro, chegando a ser cristalino como um cristal. No topo da tapeçaria estava escrito:


“A Ordem de Merlim”


Os dizeres brilhavam com a luz, em um prata belíssimo. Lobo abaixo, em um branco intenso como a neve, dizia:


“Merlim”


Do nome de Merlim saíam várias linhas brancas, que paravam nos nomes dos discípulos dele, em azul céu. Entre esses nomes estavam Alvo Dumbledore I e Cassius McWell I, que eram em azul cristal. Apenas desses dois nomes saíam linhas brancas. Os filhos, netos, bisnetos e toda a descendência que tinha aprendido e ensinado Magia Branca dos Dumbledore e dos McWell estavam ali.


O último nome da linhagem dos Dumbledore era o do antigo diretor de Hogwarts, Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore, que na Ordem de Merlim era apenas Alvo Dumbledore II. Seu nome também estava em azul cristal.


O nome de Cassius também estava ali, no mesmo azul cristal. Do nome do mago saíam cinco linhas brancas, mas apenas uma parava em um nome, o de Owen, em azul céu.


O que aconteceu a seguir causou grande espanto nos quatro jovens. Abaixo outras quatro linhas que não paravam em nada, os nomes de cada um apareceu em azul céu.


- Essa tapeçaria é mágica, enfeitiçada pelo próprio Merlim. Os nomes em azul céu são os nomes dos Guerreiros Brancos que a Ordem teve e tem. Já os nomes em azul cristal são os nomes dos Mestres Brancos, ou Magos Brancos. – Cassius se aproximou da tapeçaria – Viram os nomes dos discípulos de Merlim? Os que estão em azul céu morreram antes de se tornarem mestres. Antes de morrer, Merlim “promoveu” Alvo Dumbledore I e Cassius McWell I em mestres, para continuarem com a Ordem de Merlim em segredo, ensinando apenas aos membros da família.


- Porque que todos os nomes de mulheres estão em azul céu? – perguntou Hermione, muito interessada.


- Na Ordem de Merlim as mulheres não se tornam mestres. – respondeu Cassius, relutante – Como a Ordem foi criada na era em que as mulheres apenas serviam aos homens, foi criada essa lei. Essas mulheres foram treinadas pelos próprios maridos, que tinham a função de treinar as mulheres e os filhos. Se houvessem filhas mulheres elas também aprendiam, mas faziam um juramento de nunca revelar essa magia para os maridos e para os filhos.


- E quando o marido morria? – Gina não gostou nem um pouco daquela lei.


- A função de ensinar os filhos e a mulher do morto cabia ao pai dele. – Cassius percorria cada nome da tapeçaria com o olhar.


- Nós somos guerreiros então? – perguntou Harry, fitando seu nome na tapeçaria.


- Sim. – Cassius se virou e olhou-os – Contudo, vocês ainda devem respeito a mim. Eu sempre serei o mestre de vocês.


- Sim, senhor. – eles se levantaram e fizeram uma leve reverência com a cabeça.


- Vão arrumar suas malas. Podem levar tudo o que vocês trouxeram, pois não voltarão a morar aqui. – ordenou Cassius – Owen e Sarah virão para o jantar para se despedir de vocês. Amanhã, assim que o sol nascer, vocês partem.


- Sim, mestre. – eles fizeram mais uma reverência e andaram na direção da porta.


Quando eles pisaram na pedra negra do corredor, suas roupas voltaram ao normal. Cassius caminhou até a porta. Ao chegar nela, se virou e olhou o quadro da parede oposta. Um largo sorriso se formou em seu rosto e ele fez uma longa reverência. Depois, se virou e saiu, fechando a porta.


Pela terceira vez aquele som metálico ecoou pela sala. O homem do quadro retirou a mão de cima do punho da espada e cruzou os braços. Ao fazer isso seus músculos dos braços se contraíram e se mostraram maiores do que pareciam ser. Seus olhos pararam de brilhar e deixaram de ser brancos como diamantes, se tornando azuis.


- Continue assim, McWell. Você e Dumbledore fizeram um ótimo trabalho. Eles estão prontos para despertar o que realmente são.


=-=-=


Ele jogou o livro na parede, pois estava com muita raiva. Aquele livro não havia ajudado em nada. Já estava com ele há um ano e nada havia mudado.


Uma mulher entrou correndo pelo quarto. Ela possuía olhos negros e cabelos azuis. Ela olhou para ele, o medo era notado em seu olhar. Ele fechou os olhos e passou as mãos pelos cabelos castanhos claros e brancos, deixou seu corpo cair sobre os joelhos e sentiu lágrimas quentes percorrerem sua face fria de suor. A mulher andou até o homem e se ajoelhou à frente deste.


- Acalme-se, por favor. – a voz dela saiu suave.


Ele não respondeu nada.


- Vamos tentar nesse fim de semana. É lua cheia e...


- Não! – bradou ele, abrindo os olhos e assustando-a – Eu não quero te machucar de novo!


- Não tem importância, querido. – ela colocou a mão no rosto dele – Machucados saram. O mais importante agora é conseguir fazer o que esse livro diz.


- O livro só diz mentiras! – a voz dele era carregada de amargura.


- Se o Harry te deu isso é porque você consegue fazer o que o livro diz. – ela continuava falando suavemente – Olha... – os olhos negros dela se encontraram com os castanhos dele – se o Harry te deu isso é porque ele quer que você faça alguma coisa.


- Ele quer que eu lute transformado. – informou ele, vendo a mulher se assustar – Ele quer que eu consiga uma aliança com os lobisomens da Floresta Negra.


- Quando ele lhe disse isso?


- No dia que me deu o livro. – ele estava se acalmando e a lembrança percorreu sua mente.


*- Flashback -*


Ele olhou os olhos verdes-esmeralda do jovem, que demonstravam força e respeito. Aquela conversa havia sido mais reveladora do que ele imaginara. Dumbledore havia lhe falado sobre Cassius McWell no pergaminho que recebera no testamento, mas não revelava tudo isso sobre o bruxo.


- Fala alguma coisa. – Hermione atraiu o olhar dele.


- Isso foi revelador. – expôs ele – Explicou muitas coisas.


- Eu queria te dar algo. – Harry enfiou a mão no bolso interno do sobretudo branco e tirou um pequeno livro – Engordio! - ele apontou a varinha para o livro, que voltou ao tamanho normal – Tome! – ele estendeu o livro.


Ele, Remo Lupin, se espantou ao ver o titulo gravado na capa do livro.


“Lobisomens e como controlá-los”


- Eu dei uma lida. – falou Harry, com esperança na voz – Ele ensina uma técnica de controle.


- Harry... isso... isso é... – a voz dele falhou.


- Quando você conseguir fazer o que esse livro diz, você poderá lutar transformado – Hermione sorria – Não importando se for dia ou noite, lua cheia ou não.


- E poderá conseguir uma aliança com os lobisomens da Floresta Negra. – completou Harry.


- Ta... está certo. – ele sorriu e guardou o livro.


- A gente volta pra ver a Tonks de novo. – Hermione se levantou e olhou a bruxa deitada sobre a cama.


- E a gente traz o Rony e a Gina também. – Harry sorriu.


O moreno e Hermione saíram, deixando-o feliz e confuso.


*- Fim do Flashback -*


- Entendo. – Ninphadora Tonks sorriu.


- Eu quero fazer o que esse livro diz, mas não quero te machucar de novo. – Remo olhou o braço esquerdo dela, que estava enfaixado.


- Eu já lhe disse que machucados saram. – os olhos dela brilharam, demonstrando o amor dela por ele – Vamos continuar tentando, ok?


Ele suspirou e assentiu com a cabeça, mudo. Ela se aproximou mais dele e o beijou com calma e carinho.


- Harry deu mais notícias? – perguntou ela, depois do beijo.


- Não. Owen não me disse nada no nosso último encontro. – a voz dele demonstrou preocupação.


- Aquele homem é forte. – comentou Tonks – Quando você o viu pela última vez?


- Faz uns cinco meses. Ele queria saber onde o Mundungo morava.


- Pra que?


- Não sei, mas devia ser urgente. Ele estava com muita pressa e parecia nervoso.


- Espero que ele tenha achado aquele lixo de bruxo. – Tonks riu.


- Também. – ele sorriu e beijou a mulher, com quem estava casado há seis meses.


=-=-=


Um grito feminino chegou aos ouvidos dele. Cheiro de sangue foi captado pelas suas narinas. Ele abriu os olhos e se sentou na cama. Estava totalmente molhado de suor. Ele olhou para o lado e viu que uma mulher de cabeços negros e lisos dormia tranquilamente.


Passou as mãos pelo rosto e pelos cabelos. Depois, saiu da cama e foi até o banheiro. Jogou água fria no rosto e ficou se olhando no espelho. Aqueles cinco meses não foram bons para ele, para ser sincero, tinham sido péssimos. Estava com enormes olheiras nos olhos e sua pele estava ligeiramente pálida. Parecia doente.


Seus olhos ficavam ligeiramente vermelhos todas as manhas e todas as vezes que acordava com aquele grito e com aquele cheiro de sangue. Ele olhou pela porta e focalizou um objeto sobre uma escrivaninha. Ali havia um pequeno baú, trancado com um imenso cadeado mágico. Aquele baú emanava uma energia muito maligna. Aquela energia era enorme, mesmo estando dentro de um baú de energia branca. Isso mostrava que a energia do objeto que era guardado ali dentro seria dezenas de vezes maior do que a que conseguia escapar.


Ele sabia que era aquela energia que estava deixando-o tão mal. Fora ele que pegara aquele objeto e o colocara dentro do baú. Ainda se lembrava daquela energia. Um frio percorreu sua espinha. Era demoníaca. E ele havia pegado o objeto com as mãos nuas, uma idiotice.


A mulher se mexeu na cama e se ergueu. Ela o olhou e o brilho em seus olhos quase sumiu por completo. Ela saiu da cama e foi até ele, o abraçando com força.


- Logo o seu pai vai descobrir um jeito de destruir esse negócio. Fique calmo. – a voz dela saiu quase com desespero – Vamos ver o Harry e os outros hoje a noite. Por favor, esqueça aquele baú.


- Está tudo bem. – ele retribui o abraço e tirou os olhos do baú.


=-=-=


A mesa estava bem decorada. Uma toalha branca com rendas azuis cobria-a e um verdadeiro banquete seria servido. Cinco pessoas conversavam na outra sala, esperando a chegada de mais duas.


A porta do hall se abriu e duas pessoas entraram, trajando sobretudos negros. Elas retiraram os sobretudos e os penduraram na parede, entrando na sala de estar.


- Olá! – pronunciaram os recém-chegados.


- Owen! Sarah! – os novos guerreiros brancos sorriram.


- Bem vindos! – desejou Cassius.


- É bom voltar para casa. – falou Owen, realmente feliz.


- Tudo bem com vocês? – Sarah olhou os quatro jovens, que já não eram mais jovens e sim adultos.


- Sim. – responderam os quatro, juntos – E com vocês?


- Estamos muito bem. – Sarah forçou um sorriso.


“Aquilo ainda está tendo efeito sobre o Owen?” – uma voz soou na mente da mulher e era pura preocupação.


“Sim. Hoje ele acordou estranho novamente. Estou muito preocupada. Temos que tirar aquilo de perto dele.” – pensou ela, sabendo que seria ouvida.


“Estou trabalhando nisso. Tenho que pedir para o Harry as lembranças de Alvo Dumbledore. Ele deve ter deixado alguma pista nas lembranças. Fique calma. Tente tirar a atenção do Owen no baú.” – falou a voz, encerrando a conversa.


Owen olhou o pai e viu que ele não piscava ao olhar para Sarah. Sabia que ele estava conversando com ela pela mente. Sua atenção saiu de seu pai quando Gina o chamou:


- Hey, Owen. – Gina sorria – Como andam os membros da Ordem da Fênix?


- Estão bem, Gina. – respondeu ele, sorrindo e sabendo que ela queria saber dos pais.


- E Remo Lupin? – Harry parecia ansioso.


- Está bem. – respondeu Owen, completando – Mas não conseguiu avanços com aquele livro.


- Ah. – o sorriso de Harry quase sumiu.


- Quando você o viu pela última vez? – perguntou Hermione.


- Faz cinco meses. – respondeu Owen, se sentando no sofá.


- De lá pra cá ele deve ter tido avanços. – Rony olhou Harry, que sorriu de leve.


- Então vocês já são Guerreiros Brancos. – Owen sorriu largamente, vendo sua noiva se sentar ao seu lado.


- Pois é. – os quatro sorriram ainda mais.


- Foi o treinamento mais curto da sua vida, não foi pai? – Owen olhou Cassius.


- E foi o mais duro também. – Cassius riu.


- Ao contrário do seu treinamento, Owen, o nosso foi “intensivo” e não “extensivo”. – falou Hermione, sabiamente.


- Eu amo essa garota. – Cassius ergueu a mão na direção dela, rindo – Tão sábia quanto eu.


- Fico feliz com o elogio mestre. – Hermione corou violentamente.


- Você merece Hermione. – Owen sorriu – Você sempre foi muito inteligente.


- Mas sabedoria não é igual à inteligência. – falou Hermione novamente.


- Ok Mione, pare de se exibir. – brincou Rony, sorrindo.


- Já consegui o que queria Ronald. – a morena piscou para ele, entrando na brincadeira.


- Apesar de tudo vocês ainda agem como adolescentes. – Cassius riu.


- Mas é claro, temos apenas dezoito e dezessete anos. – falou Gina, competando com um sussurro – Apesar de não aparentarmos.


- Isso é verdade. – Sarah sorriu com o comentário da ruiva – Vocês parecem adultos. Todos estão bonitos e fortes como adultos.


- Nisso eu concordo. – Owen sorriu.


Um ruído soou no meio da sala e Benny apareceu, vestindo um belo terno preto. O sorriso dele era radiante.


- O jantar está pronto.


- Pode servir Benny, já estamos indo. – falou Cassius e o elfo sumiu.


- Hoje vai ser chique. Se o Benny se vestiu com o terno dele é porque vai ser chique. – brincou Owen.


- Espere para ver. – Cassius se levantou e foi seguido até a sala de jantar.


A mesa estava coberta por muitos tipos de comida e bebidas. Cada um se sentou em seu lugar. Cassius na ponta com Owen à sua direita e Sarah ao lado deste. A primeira cadeira da esquerda deixara de ser vazia. Desde a primeira batalha dos jovens como aprendizes, a mais de um ano em York. Harry estava sentado nela, com Gina ao seu lado. Rony ao lado desta e de frente para Hermione. Deixando apenas a outra cadeira da ponta vazia.


Todos se serviram com vinho. Cassius se levantou e ergueu a taça.


- Gostaria de fazer um brinde a esses quatro guerreiros. Que eles consigam atingir suas metas e seus sonhos. – um brilho incomum passou pelos olhos azuis do mago – A vocês!


- A todos nós! – Harry se levantou, erguendo a taça.


- A todos nós! – repetiram os outros erguendo suas taças.


Os sete beberam o vinho e começaram a comer. Foi um ótimo jantar, ou banquete. Com certeza tinha um gostinho de despedida. Mas isso não desanimou a ninguém. Todos comeram e beberam o que tinham vontade. Já se passava da meia noite quando Cassius se levantou, completamente exausto.


- Eu não sei vocês, - ele focalizou os quatro ex-aprendizes – mas amanhã, quero dizer, hoje, eu tenho que levantar assim que o sol nascer.


- Já entendemos a indireta mais que direta, mestre. – Rony sorriu, bebendo o resto do vinho que tinha na taça.


- Nós já vamos então. – Owen e Sarah se levantaram.


- Até breve meus queridos. – Sarah abraçou cada um – Boa sorte.


- Sejam fortes. – Owen sorria largamente quando terminou de abraçar a todos.


- Até logo! – os dois vestiram seus sobretudos e saíram pela porta do hall.


- Já vamos nos recolher. – os quatro fizeram uma leve reverência.


- Harry. – chamou Cassius, antes que o moreno saísse da sala de jantar.


- Sim?! – os olhos verdes e vermelhos se encontraram com os azuis.


- Você poderia deixar comigo as lembranças de Alvo Dumbledore? – pediu o mago.


- Sim, mestre. Vou lá em cima buscar e já trago. – o moreno subiu as escadas correndo.


- Aonde você vai? – perguntou Gina quando Harry passou correndo por ela.


- Vou pegar uma coisa para entregar ao Cassius. – respondeu ele, entrando no quarto dele.


Ele abriu a mochila dele e enfiou a mão dentro. Pensou em um malão e sentiu a alça do malão aparecer em sua mão. Ele puxou e um malão marrom saiu da mochila. Ele o colocou sobre a cama e o abriu. Ali dentro havia muitos frascos de inúmeros tamanhos, além da penseira. Ele voltou a fechar o malão e, quando Rony entrou no quarto, saiu.


- Aqui estão. – disse ele, mostrando o malão para Cassius, que esperava no corredor.


- Até a penseira?


- Sim. – respondeu o moreno.


- Certo. Eu lhe devolvo assim que você retornar da floresta.


- Ok. Boa noite. – Harry fez uma leve reverência e entrou no quarto, fechando a porta logo depois.


- Você entregou as lembranças do Dumbledore pra ele? – perguntou Rony, já pronto para dormir.


- Sim. Ele me pediu. – Harry se arrumou e se deitou.


- Boa noite. – o ruivo se virou e logo começou a roncar.


- Boa noite. – Harry falou e apagou a luz.


=-=-=


O sol nasceu e eles já estavam na sala de estar com suas mochilas. Os quatro trajavam as vestes de Godric Gryffindor e, na cintura de Harry, a espada do fundador da Grifinória estava presa. Cassius olhou nos olhos de cada um.


- Estejam atentos a cada movimento de cada um de vocês, do grupo que vocês formam e dos centauros. Principalmente nos movimentos dos centauros. – aconcelhou Cassius, sereno – E, principalmente, tomem muito cuidado. – a última frase foi quase suplicante.


- Sim, senhor. – confirmaram os quatro.


- Tomem! – Cassius mostrou um pequeno cristal branco em forma de estrela.


- Até breve, mestre. – os quatro fizeram uma longa reverência e, juntos, tocaram a estrela de cristal.


Uma forte luz tomou a sala e Cassius sentiu o peso em sua mão sumir. Quando ele pôde ver, nem o cristal, nem os quatro estavam na sala. Ele suspirou longamente.


- Espero que Dumbledore esteja certo. Pois se não estiver... – ele fez uma pausa – eles não voltaram de lá.


=-=-=


O sol já estava ligeiramente alto. As árvores eram altas, mais altas que as da Floresta Negra de Hogwarts. Não podia ver nada além da primeira árvore da orla. Os quatro estavam do lado de fora da floresta e, olhando tanto para o lado esquerdo quanto para o lado direito, ela parecia interminável.


Eles estavam em um campo sem nenhuma árvore ou arbusto além do gramado. Eles começaram a andar na direção da floresta e, quando estavam à quase cinquenta metros, uma flecha caiu no chão, à frente de Harry, fazendo-os parar.


Eles olharam novamente para a floresta e se assustaram.

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