A Penseira Negra



“Tic...Tac...Não há como parar...”

Capítulo 8
A Penseira Negra

Harry contemplou por um momento a cena, cada gota do sangue do elfo que pingava na banheira imobilizava seu corpo dolorido. Quem por que diabos queria ajuda?Quem estava tão desesperado por ajuda que mataria uma criatura inocente?
--Harry? Mione? — Gina chamou os dois.—Vocês não vão acreditar no que...Ah, vocês estão aí... eu tentei chamá-los para ver isso...Coitadinho... tão pequeno...—Gina parecia não estar muito emocionada--Onde vocês estavam?Eu tentei chamá-los para ver isso... que coisa horrorosa...Eu nem gostava tanto dele, ele era bem feinho né?
Harry fitou a garota. Aquela historia não parecia nem de longe convincente. Sobressaindo-se ao choro fraco de Hermione, a voz de Harry foi decidida e inquisidora.
--Você tentou nos procurar?Eu não ouvi você chamando...—Falou, sarcástico, mesmo não acreditando realmente que Gina fizera aquilo--E olha que estávamos bem embaixo do seu nariz... e você não viu a tampa do alçapão aberta?
--Harry, você é um... você é...—Gina não completou o que queria dizer e saiu correndo desembestada.
Hermione olhou um momento para a banheira manchada de sangue. Haviam papéis ali. Harry também os reconheceu.
--Mione... Esses são os pergaminhos do alçapão...—Harry fez menção de chegar mais perto, mas pensou melhor.—Accio—disse, e os papéis ensangüentados voaram para sua mão.—Isso ta um nojo, disse harry, que pegou os papeis pela ponta mais limpa...Mas são esses sim, agora reconheço...
--Ah Harry, vamos ter que dar uma boa limpada para podermos entender alguma coisa...E isso aqui, também teremos que limpar...
Harry olhou com ressentimento para o corpo de Dobby. Não gostaria de ter que limpar nenhum corpo morto, enquanto pudesse evitar. Sem mais cerimônia, fechou a porta e correu para se juntar a Hermione.


Era aproximadamente meio-dia quando Harry e Hermione se levantaram do sofá e decidiram procurar Gina.O senso de orgulho de Harry, ajudado por seu desejo de continuar ali com Mione, ainda o tentava para parar de pensar em Gina.Mas quando chegou a hora do almoço, não tinha como pensar em outra coisa, então os dois saíram à procura da garota.
Harry começou pelos quartos, enquanto Hermione, que insistiu para os dois se separarem para tornar a busca mais rápida, procurou por todo o primeiro andar.
Harry se viu mais uma vez sem opções a não ser entrar naquele mesmo corredor, o corredor que já selara duas mortes desde que ele fizera sua festa desastrosa.
Estava prestes a entrar e se deparar com aquela porta, com aquele banheiro, com aquele alçapão, quando algo o parou.
Uma porta atrás dele abriu de sopetão.Gina saiu de lá, branca, aterrorizada.Atrás dela, a porta aberta mostrava uma sala iluminada por tochas intercalando quadros vazios, a não ser pelo fundo preto.
Harry tentou segurar Gina, mas a garota simplesmente desmaiou a seus pés.Harry se abaixou.Pelo pouco que conhecia conseguiu identificar que os sinais vitais ainda existiam.
--Mione, Rony...Alguém!!!
Harry tentou levantar a garota, mas estava fraco, e ela parecia muito mais pesada que o normal.Hermione chegou rapidamente.Harry explicou-lhe meio por cima o que tinha acontecido, e a garota começou a murmurar feitiços.Gina abriu os olhos.
--Gina, você está bem?O que aconteceu?
A garota olhou confusa.
--Eu...eu não me lembro de nada desde que entrei nessa sala... Desculpem—E a garota começou a chorar.Rony e Jorge chegaram naquela hora.Harry esplicou-os a mesma coisa que explicara a Hermione.
--Então... vamos lá né? Acho que finalmente pegaremos ele—Disse Jorge, com a voz meio receosa.Harry não entendeu por que aquilo lhe soara tão falsamente.Talvez fosse somente medo o que fazia Jorge recear entrar lá.Mas Harry concordou.
--Vamos entrar lá então.Mione e Rony, levem Gina lá para baixo e almocem com ela.Eu e Jorge vamos ver se descobrimos algo.E me dêem a varinha de Gina...acho que vou precisar
Todos obedeceram Harry, como se ele fosse realmente seu líder.Jorge olhou para Harry com uma feição de esperança, como se pedisse para ser incumbido de algo que não fosse encarar o perigo de frente.Harry permaneceu irredutível.Escancarou a porta.
As tochas acesas iluminavam um aposento enorme, as chamas dançando de um lado para o outro, em perfeita simetria, como se dançassem uma valsa, uma dança fúnebre e lenta que entediava até os quadros escuros e monótonos que cercavam a sala sombria.O chão liso parecia convidar Harry para dançar junto às chamas, e seria completamente limpo se não fosse um pedestal muito longe, no qual uma bacia de pedra rasa e negra se apoiava delicadamente.Harry caminhou lentamente até a bacia.
Próxima àquela bacia, havia uma porta aberta, que dava para uma salinha, que se assemelhava à uma prisão, com todas as paredes, piso e teto cobertos de pedras cinzentas.Havia ao fundo uma cama singela e suja.Harry aproximou-se da porta e entrou.Estava tudo vazio, Harry acendeu a varinha e se abaixou para olhar debaixo da cama, mas não havia ninguém.Levantou-se e sentiu um estranho calor, uma respiração vacilante às suas costas.Apertando a varinha, num assomo de coragem, virou-se.
Jorge o olhava assustado.Harry expirou o ar de seus pulmões e indicou a saída a Jorge, que saiu sem questionar, e continuou o caminho até chegar à metade do salão maior, quando viu que Harry havia parado um poço antes, ao lado do pedestal com a bacia de pedra.
Harry olhou-a por um momento.Uma nuvem escura e disforme enevoava o interior da penseira.Sem saber que tipo de pensamentos eram Harry percebeu que, o único lugar para o qual alguém poderia ter fugido seria ali.
Harry não soube por que, mas aquela mistura nem líquida nem gasosa parecia convida-lo para que pulasse de cabeça e mergulhasse sem medo nas profundezas sombrias de um pensamento.Obediente, Harry mergulhou.


Por um momento, Harry viu-se numa tempestade de completa escuridão e silencio.No momento seguinte, estava parado na mesma sala da qual saíra.O pedestal estava na frente de Harry, Haviam tochas e quadros nas paredes, mas agora todos eram habitados.As Pessoas dos quadros eram brancas e abatidas, com fortes olheiras e pouca carne, como se só fossem pele e osso.A porta logo a seu lado estava fechada com grossas correntes e cadeados, guardando um prisioneiro irritado que não parava de socar a porta.Harry viu Jorge aterrissar a um metro de distância dele.O garoto parecia confuso e tonto.Harry indicou a porta que chacoalhava e Jorge pareceu ter entendido que estavam dentro da lembrança de alguém.Mas Harry não sabia de quem era.Harry encostou-se na parede e ficou esperando, atento para cada movimento que acontecesse.Passaram umas duas horas quando a porta de entrada se abriu.Uma fila enorme de pessoas entrou.Todos cobertos por capas negras, com capuzes que lhes chegavam quase aos olhos, e ainda ocultavam quase todo o rosto com sua sombra, deixando apenas a boca visível.
Jorge e Harry se esconderam, mesmo sabendo que não podiam ser vistos.Os encapuzados se reuniram e formaram fileiras.Um deles, que parecia ser o líder, leu um texto em uma língua desconhecida.Harry viu que os outros entenderam, e começaram a marchar como se estivessem se apresentando ao seu mestre.Houve um, porém, que parecia estar fora da sincronia.Parecia um tanto patético, pois vinha andando para o lado oposto.Mas isso começou a dar um certo medo em Harry.O homem vinha andando em sua direção, parecia realmente tê-los visto...Dava de perto a boca estranhamente familiar daquele homem...Ele com certeza era real...Harry puxou Jorge para o lado, mas foi tarde.
A varinha do homem cortou o ar, como uma espada.Jorge recebeu o golpe com dor, caindo contra a parede.
--Avada...—Harry fechou os olhos, empunhando a varinha.Seria mesmo capaz de matar alguém?^Seria, se fosse para proteger sua vida e a dos amigos—Kedavra...
Harry viu um jorro de luz verde sair de sua varinha e se dissipar a esmo.
Ele fugira
Harry saiu da penseira com a maior velocidade possível.A sala entrou novamente em foco. Harry viu o homem correr para a porta e despir a capa preta, deixando a mostra as roupas imundas e a cabeleira desarrumada e suja...Será?Não podia ser...
Sírius?

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