Planos Perfeitos



N:A: - Pessoal, oi. Queria pedir desculpas pela demora. Já faz praticamente um mês que postei o último capitulo e tinha a intenção de postar antes, mas acabei ficando sem condições de escrever durante as férias. Mas o tempo não foi em vão, garanto a vocês. Aproveitei para começar as pesquisas para a próxima FIC.

Como já havia comentado, pretendo escrever uma trilogia. A Ressurreição está se encaminhando para o seu final, acho que mais tres ou quatro capitulos e chegaremos ao fim. Mas a próxima já está no forno, não se preocupem. Não posso revelar muito agora, senão estraga a surpresa, só posso dizer que não haverá intervalo de tempo entre esta e a próxima nem intervalo para escrevê-la. Terminando esta começo imediatamente a escrever a continuação.


Alguns podem se perguntar: Por que separar as estórias então? Por que não dar sequencia nesta mesma? As respostas serão dadas quando eu postar o último capítulo, prometo. Agora vamos ao cap, depois comento:




Capítulo 11 – Planos Perfeitos






ATAQUE AO HOSPITAL SAINT MUNGUS


Um terrível ataque ao hospital bruxo foi cometido na noite passada por lobisomens, comandados pelo famigerado Fenrir Lobo Greyback.
De acordo com as informações que recebemos de uma fonte no ministério da magia, o ataque ocorreu na noite desta sexta-feira por volta das 21:00 Hs, logo após o anoitecer por pelo menos trinta feras. Não temos informações quanto ao motivo deste ataque, uma verdadeira carnificina que vitimou vinte e três pessoas, entre pacientes e funcionários.
Apesar do grande número de vitimas, o ministério informa que a chacina poderia ter sido muito maior, não fosse a intervenção do auror Ronald Weasley, noivo da drª Hermione Granger, que estava de plantão ontem, acompanhado de familiares, Harry Potter e outros amigos, como os professores de Hogwarts, Neville Longbotton e Cho Chang.
Não conseguimos uma declaração esclarecendo como Ronald Weasley e os outros ficaram sabendo do ataque e chegaram ao local tão rapidamente, mas se não fosse por eles, que lutaram e eliminaram os atacantes, inclusive o próprio Greyback, esta teria sido o pior ataque por bruxos das trevas desde o auge Daquele-que-não-se-deve-nomear.
Mas não devemos apenas a esses jovens intrépidos a saúde e bem estar das pessoas que estavam no hospital. De acordo com a srª Rose Helstron, outra grande heroína da noite foi a recepcionista de plantão, Margot Chandler, de vinte e cinco anos, que protegeu sozinha, contra uma horda de lobisomens, os pacientes que estavam no saguão do hospital até a chegada dos Weasleys.




Roger Mcleod


Harry acabava de ler a manchete no jornal daquela manhã. Era óbvio que não teria como abafar o caso, que ele cairia na imprensa. Mas ler o nome dele e como o ressaltavam como herói e salvador, o deixava constrangido. Não se falava de outra coisa naquela edição, havia reportagens sobre ele nas páginas dois, quatro e sete. Sobre sua infância, sobre como vencera Voldemort, sobre sua volta... Mais uma vez ele era o centro das atenções. Felizmente, alguém que merecia mais atenção do que ele apareceu numa reportagem da página cinco, onde havia uma entrevista com Margot. Dobrou o jornal e continuou a tomar seu café, definitivamente as panquecas feitas pela srª Weasley eram soberbas. Estava comendo a terceira, avidamente, sob o olhar satisfeito da felicíssima matriarca quando Gina entrou na cozinha e se sentou à sua frente.





- Bom dia! – cumprimentou ela, com um belo sorriso.
- Bom dia! – respondeu ele, devolvendo seu melhor sorriso, que fez o coração da jovem acelerar – Como ela está?
- Ainda chocada e principalmente cansada. Rony disse que ela não descansou um minuto sequer a noite inteira. – Respondeu Gina, referindo-se a Mione, que chegara à Toca pouco antes, nem tomara café e agora estava dormindo no quarto que dividiam – E Rony também não agüentou. Ficou um tempo com ela, até que dormisse e depois foi pro quarto dele.
- Ainda bem que ela concordou em vir pra cá hoje. – Disse Molly, servindo o café da filha – Eu estava morrendo de preocupação Por ela ficar sozinha naquele apartamento depois do que aconteceu a noite passada.
- Pode ficar tranqüila mamãe. – Gina derrubava mel sobre uma das panquecas que a mãe lhe servira enquanto falava – Antes dela dormir eu e Rony conseguimos convencê-la a passar alguns dias aqui conosco.
- Vocês fizeram muito bem. – Disse Harry – Não é hora pra Mione ficar sozinha.
- Também acho. – Disse Gina, olhando para Harry e sorrindo, satisfeita. Será que ele havia usado o apelido sem perceber? Ou será que finalmente alguma lembrança estava surgindo? Ele usara aquela forma de chamar Hermione tão naturalmente quanto antes de perder a memória, e isso só podia ser um bom sinal.






Enquanto conversavam, Lucy entrou correndo pela porta da cozinha e pulou sobre uma cadeira, ao lado de Gina, que a abraçou e perguntou, delicadamente:





- Bom dia. Dormiu bem Lucy?
- Dormi. Fiquei com medo de dormir e sonhar sonhos feios, mas então lembrei que vocês estavam do meu lado e que não deixariam nada de ruim acontecer e consegui dormir. – Disse a menina dando um enorme bocejo ao final da frase.
- Que bom minha querida. – Disse Gina, ainda acariciando os cabelos de Lucy, virando-se em seguida para Harry e perguntando – Harry, você vai conversar com o ministro sobre aquele assunto que discutimos?





Harry encarou Gina e concordou com a cabeça. Seu semblante se endureceu ao lembrar o assunto que precisava conversar com Rufus Scrimgeur, o Ministro da Magia Inglês. Pouco depois de acolherem Lucy entre eles, descobriram outro grande crime cometido contra ela por seu tio. A ignorância. O analfabetismo. A menina já tinha sete anos e nunca tinha ido à escola ou tido noção sobre as letras do alfabeto. Quando perceberam tal absurdo, Mione e Gina se prontificaram a iniciar a menina no mundo das palavras, de modo que elas ministravam-lhe aulas diárias. Mas ela estava muito atrasada, sem falar que o ano já estava pela metade e oficialmente as escolas trouxas não aceitavam inscrições no meio do ano letivo. Gina tentara, ainda em dezembro, inscrevê-la numa escola fundamental, mas sua inscrição fora rejeitada em todas.
Desta maneira, Harry decidiu tentar usar de sua influencia política junto a Rufus para que este interviesse, junto ao governo trouxa, para que a menina freqüentasse a escola. Era essa reunião que ele tinha naquela manhã.






- Vou conversar com Rufus ainda nesta manhã. – Respondeu ele – Lucy não pode continuar sem ir à escola.
- Não quero ir pra uma escola trouxa! – Disse Lucy, detrás de sua panqueca, com a boca cheia – Quero ir pra Hogwarts!
- A srtª irá para Hogwarts quando completar onze anos. – Disse Gina, sorrindo – Se tiver herdado a magia dos seus pais, será uma bruxinha muito esperta e capaz, tenho certeza que não puxou o seu tio.
- Tem certeza? – Perguntou ela – Quero ser bruxa, como vocês. Não quero ser um aborto...
- Não temos como saber se você é um aborto ou não. – Interrompeu Harry – Mas o fato de ser não significa que você seja igual ao seu tio. Só depende de você escolher quem você é. Mas tenho certeza que você será uma bela bruxinha, Bruxinha.
- Mas eu não quero ir pra escola dos trouxas... – Insistiu Lucy, cruzando os braços e fazendo beiço.
- Todos nós freqüentamos a escola trouxa até completar a idade certa pra ir pra Hogwarts. – Informou Gina, novamente abraçando a menina – É muito legal, você vai ver. Só precisa tomar cuidado pra não denunciar nosso mundo a eles.
- Ta bom, ta bom. – Respondeu Lucy, bufando e descruzando os braços – Mas eu não vou gostar de lá coisa nenhuma. Não quero gostar de lá.
- Vamos ver, isso nós vamos ver. – Disse Harry, levantando-se da mesa com direção ao seu quarto, para se preparar para a reunião.






Como era previsto, o ministro da magia concordou em ajudar Harry a conseguir uma escola para a pequena Lucy. No início da semana seguinte, logo pela manhã, Gina a levava até a escola fundamental da pequena vila trouxa próxima à Toca, Ottery St. Catchpole. Quando chegou, encontrou o olhar reprovador da diretora, a mesma que lhe recusara a vaga dias antes.




- Não sei com quem a srtª falou para conseguir esta vaga srtª Weasley. – Disse ela, ao cumprimentar friamente a jovem - Entenda bem, só estamos aceitando esta criança por ordens superiores.
- Estou plenamente ciente disto diretora Hogan. – Respondeu Gina, no mesmo tom – Infelizmente foi necessário tomarmos medidas extremas. Seria um crime deixar Lucy ainda mais tempo sem educação.
- Muito bem. Esteja ciente também, de que ela não receberá nenhum benefício ou regalia desta instituição pelo fato de estar tão atrasada com relação aos demais. Terá que cumprir todas as suas tarefas, conforme esperado. – Retorquiu a diretora.
- Sem dúvida. Quanto a nós, só esperamos que ela seja respeitada em seus direitos, que não seja discriminada pelos colegas e pelo corpo docente. – Concluiu Gina, frisando a última palavra.




Os dias que se seguiram pareceram estar dentro da normalidade. Lucy não falava muito sobre a escola, nem citava se fizera amizades. Ela parecia estar mais triste e cabisbaixa, mas todos julgaram ser por não estar ainda entrosada na escola. Porém, na última sexta-feira do mês, quando Gina foi buscá-la na escola a sua professora, srtª Summers a esperava, em companhia da diretora.




- Bom dia! – Cumprimentou Gina, preocupada.
- Bom dia Srtª Weasley. – Respondeu a professora – Lamentamos incomodá-la, mas gostaríamos de lhe falar por alguns momentos.
- Na verdade. – Interrompeu a diretora Hogan – Precisamos conversar com a pessoa que é a responsável legal por Lucy. E creio que não seja a srtª, não é mesmo?
- Não, realmente não sou a responsável legal dela. Mas a represento. Se houver algum problema, podem falar comigo.
- Srtª Weasley, infelizmente precisamos falar com este tal sr. Potter. Enviamos um recado por Lucy, agendando uma reunião com ele para ontem à tarde e ele não compareceu. É de extrema importância que conversemos com ele ainda hoje, para que depois não nos acusem de nada. – Afirmou Hogan, um sorriso maléfico no rosto.
- Reunião? Não estou ciente de nenhuma reunião para ontem. E Harry também não, tenho certeza disso. – Respondeu Gina, atônita e olhando para Lucy, que não tinha coragem de levantar a cabeça.
- Mas nós enviamos um comunicado. – Afirmou a professora – Eu mesmo o redigi e entreguei para Lucy. Teríamos telefonado para confirmar, mas não consta telefone na ficha dela.
- Não temos telefone.Opção religiosa, sabe? – Justificou-se Gina e completou – Mas não se preocupem. Hoje à tarde Harry estará aqui para conversar com vocês. Às 16:00 Hs está bom?
- Perfeitamente! – Respondeu a diretora, dando meia volta e retornando para dentro de sua escola.






Gina nada falou enquanto as duas se distanciavam da escola. Normalmente, seguiam a pé pela estrada até um lugar ermo onde aparatavam. Mas naquele dia, mal viraram uma esquina e se viram num beco e, imediatamente, Gina desaparatou, surgindo logo em seguida na sala de sua casa.







- Lucy o que está acontecendo? – Perguntou ela, levando as mãos à cintura – Que história de reunião é essa? Por que não nos falou dela?
- Eu disse que não queria ir para aquela droga de escola. – Começou ela – Todos me chamam de esquisita, ninguém quer ser meu amigo ou fazer tarefas comigo.
- Entendo. – Respondeu a ruiva, aliviando o semblante e soltando os braços – E essa reunião com o Harry. Por quê não nos contou?
- Não queria preocupar vocês. Achei que podia resolver sozinha, que era só “frescura” daquela diretora. Vocês têm muito mais com o que se preocupar do que comigo. – Justificou-se ela, com seus olhos marejados.
- Está enganada! – Respondeu Gina – Agora vá se preparar para o almoço, preciso enviar uma coruja pro Harry.






Enquanto Lucy subia as escadas em direção ao banheiro para se lavar, Gina correu para seu quarto, pegou pena e pergaminho e escreveu uma mensagem simples, mas clara – “ Problemas com Lucy. Preciso de você urgentemente! Gina.” – Em seguida, olhou para Edwiges, que estava em sua gaiola, pronta para o serviço e disse:




- Me desculpe, mas é muito urgente. Não posso usar você desta vez. – Concentrou-se então e chamou, com toda a sua força. Sabia que talvez não respondesse seu chamado, pois estava na África com Harry e Rony, procurando pistas de Chú – Fawkes!





Em segundos, uma já conhecida explosão de cores denunciou a chegada da bela ave. Gina acariciou-lhe a cabeça em sinal de agradecimento, entregou-lhe a mensagem e disse:




- Entregue isto ao Harry, está bem? E traga-o de volta o mais rápido que puder.






Fawkes piscou, em sinal de entendimento e desapareceu tal qual havia aparecido. Gina suspirou, receosa se seu chamado seria atendido assim, de pronto e imediato, mas agora só restava esperar.
Não precisou esperar muito. Minutos depois, a ave reapareceu, agora na cozinha da casa, trazendo dois jovens, com cara de extremo cansaço, a barba por fazer e sujos pela areia do deserto do Saara. E Harry tinha uma expressão angustiada, extremamente preocupada.



- O que houve? – Perguntou ele, dirigindo-se para as mulheres que estavam à mesa – Quer dizer... Boa tarde srª Weasley, Gina, Lucy... Mas o que foi que aconteceu?
- Calma, Harry querido! – Disse Molly, levantando-se para buscar mais pratos e servir o almoço para o rapaz e o filho, que pareciam estar esfomeados depois de quatro dias vagando pelo deserto – Vá se lavar e almoçar, depois Gina explica o que aconteceu.





Harry não queria esperar, mas pelo fato de Gina se recusar a falar qualquer coisa antes dele se alimentar ( Na verdade ela estava começando a brigar com ele por seu estado, era óbvio que não se alimentara direito ou dormira nos últimos dias ) ou o estomago de Rony que roncava absurdamente alto, ele concordou. Lavou-se, trocou de roupa e almoçou. Só depois Gina lhe contou sobre a conversa que tivera pela manhã na escola e a pouco, com Lucy.




- Mas sobre o que será esta reunião? – Perguntou ele ao final da conversa e completou, virando-se para a menina – Lucy? Você sabe?
- Uhum! – Resmungou ela, de cabeça baixa.
- E não vai me dizer? – Insistiu ele, passando a mão por uma mecha de cabelos negros que caíra sobre os olhos da menina.
- Hum!Hum! – Voltou a resmungar Lucy, balançando a cabeça negativamente.
- Tudo bem. – Resignou-se Harry – Mas você vai conosco. Ah! Você vai comigo, não vai Gina?
- Claro, vou sim. Mas porque levar a Lucy também? – Gina curiosa, perguntou.
- Se o assunto que vamos tratar é a educação ou o comportamento ou qualquer outra coisa relacionada a ela, ela deve estar presente para ouvir o que discutiremos. Se tiver que se defender, terá a chance de fazê-lo na hora. – Justificou Harry, que atento, percebeu um leve tremor da menina.







As dez para as quatro da tarde, o trio entreva na ante-sala da diretoria. Harry trajava um impecável terno preto, um legítimo Armani, que segundo Gina era muito valorizado entre os trouxas. Ela, por sua vez, vestia um belo conjunto de blazer e saia, salmão, com um sapato de salto alto. Quando abriu sua porta para recebê-los, a diretora não conseguiu disfarçar o impacto causado pela visão daquele casal. Principalmente a jovem, que quando criança também estudara ali e sempre lhe parecera de família pobre. Agora, seu porte era altivo e aristocrático. Pareciam ser um casal, poderiam facilmente passar por pais da pequena Lucy, que os acompanhava. O cabelo era tão negro quanto o do rapaz.






- Boa tarde. – Cumprimentou ela, ainda um tanto zonza.
- Boa tarde diretora Hogan. – Cumprimentou Harry, apertando a mão da mulher – Harry Potter. Sou eu que possuo a guarda de Lucy.
- Ótimo! Vamos entrar, por favor. A professora Summers já está aqui para nossa reunião. – Respondeu ela, abrindo passagem para que os três entrassem na sala, fechando a porta logo em seguida – É um prazer finalmente conhecê-lo, sr. Potter.
- O prazer é todo meu. – Retorquiu Harry, com seu melhor sorriso, cumprimentando a professora e sentando-se na cadeira que lhe era indicada – Peço desculpas por ter faltado à nossa reunião de ontem, mas só retornei ao país hoje, vindo da África.
- O senhor estava na África? Não me diga... – Disse Hogan, que não tentava disfarçar a incredulidade no tom de voz.
- Estava, mais especificamente visitando tribos nômades que vivem no deserto do Saara. Faz parte do meu trabalho, entende? Mas pensei que isso não fosse novidade pra vocês. Lucy, você nunca comentou o que eu faço para estas simpáticas senhoras? – Perguntou, virando-se para Lucy, que balançou a cabeça negativamente, os olhos arregalados sem entender direito o que estava acontecendo. Era óbvio que ela nunca falara sobre o que Harry fazia, que continuou – Ah! Ela é meio tímida, sabe? Eu sou diplomata, senhoras. Mais especificamente, embaixador de uma nação localizada na região do Himalaia. Esta semana estava ajudando um colega em uma pesquisa na África, voltei esta manhã. Lucy não teve como me avisar da reunião, fico agradecido que tenham remarcado para hoje.
- Embaixador? – Perguntou a professora, pressurosa – Não sabíamos que o senhor era embaixador. O senhor não é inglês? Como pode ser embaixador de outro país sendo inglês?
- Tenho dupla nacionalidade. Mudei-me para lá há anos, para estudar sobre sua cultura e costumes, acabei me envolvendo em um conflito. Uma terrível guerra civil explodiu, um homem muito ganancioso tentou tomar o poder e eu ajudei a defender a liberdade do país. Depois disso, acabei me tornando embaixador aqui. Aliás, foi assim que consegui esta vaga para Lucy no meio do ano letivo. – Harry chegara ao ponto que queria, a prova de que não mentia – Falei com o primeiro ministro do meu país, que falou com o primeiro ministro inglês, que resolveu pessoalmente este pequeno problema. Mas enfim, qual seria o motivo desta reunião?
- O primeiro ministro? – Murmurou Hogan, mais para si mesma. Era uma ótima justificativa para a ordem que recebera de aceitar a menina fora de época, e isso significava que provavelmente aquele rapaz dizia a verdade, era realmente membro de um corpo diplomático – Bom senhor Potter... Quero dizer, Senhor embaixador, o motivo pelo qual lhe chamei é o seguinte: Como a pequena Lucy entrou em nossa escola no meio do ano letivo, ela deixou de fazer diversas tarefas importantes para seu desenvolvimento.
- Tarefas estas que a senhora enviou para serem feitas em casa e estão. – Interrompeu Gina, prontamente.
- Sim, as tarefas enviadas para casa estão sendo cumpridas satisfatoriamente. – Retomou a diretora – Porém, há uma tarefa, um trabalho em grupo que passamos para as crianças no início do semestre que ela não conseguiu cumprir.
- Qual tarefa? – Insistiu Gina, prestes a perder a paciência.
- No início do semestre dividimos a turma em grupos. – Começou a professora Summers – Cada grupo tinha que pesquisar sobre uma nação diferente e montar um stand, onde seria apresentado o resultado desta pesquisa.
- Como Lucy entrou no final do semestre. – Retomou Hogan – Não seria justo ela entrar em algum dos grupos já formados, com os trabalhos praticamente prontos. Então ela disse que o faria sozinha, mas a apresentação é amanhã e ela não trouxe nada para colocar em seu stand.
- É só esse o problema? – Perguntou Harry, dando uma gargalhada, ação totalmente oposta ao que sentia. Não precisava de seus poderes pra ver que aquela mulher estava se deliciando com a possibilidade de espezinhar Lucy. Mas não se dependesse dele. Uma idéia rapidamente tomou forma e ele resolveu colocá-la em prática imediatamente – Diretora, Lucy me falou desta pequena exposição e eu me prontifiquei a providenciar o material necessário.






Todos os olhares da sala se convergiram para Harry, atônitos. Os de Lucy quase saltavam das órbitas, a cada momento entendia menos ainda do que se passava. Gina, que se assustara por um segundo, já exibia um sorriso malicioso e confiante no rosto. Não sabia o que Harry pretendia, mas sabia que aquela mulher horrível se arrependeria amargamente do que estava tentando fazer com Lucy. Isto estava explicito no olhar de Harry, que continuou a falar.





- Eu realmente peço desculpas. Mas a senhora precisa entender, devido a minha profissão e as diversas viagens que faço, às vezes eu acabo me esquecendo de alguns detalhes, como avisar que o material para o stand e meu pessoal para montá-lo chegarão hoje à noite. – Concluiu ele, satisfeito com o impacto da notícia.
- Hoje à noite? – Sobressaltou-se a diretora Hogan, levantando-se da cadeira com um pulo – Mas isso é impossível, a exposição toda já está montada, se alguém danificar alguma coisa será um desastre. Além disso, é tarde demais, não há tempo pata montar coisa alguma.
- O avião trazendo o material, vindo de Diging já pousou em Londres, dentro de algumas horas estará chegando aqui. Será uma lástima dizer ao seu primeiro ministro, que já intercedeu junto à alfândega, para que liberasse o material sem maiores burocracias, de que tudo foi em vão. Que infelizmente, teremos que enviar todo o material de volta sem sequer desencaixotá-los.
- O primeiro ministro está acompanhando uma simples exposição escolar? – Perguntou trêmula Hogan, afundando-se novamente em sua cadeira.
- Sem dúvida. – Respondeu Harry, agora ele se levantara e caminhava pela sala – Conversei com ele ainda a pouco, quando me avisou da liberação.Quanto aos meus homens, são os melhores profissionais da área, garanto que não há risco algum para os outros expositores. E eles entregarão no prazo, não tenha dúvida.






A angustia no semblante da mulher era palpável. Ela não queria dar o braço a torcer, mas temia o que pudesse acontecer caso se negasse a acatar aquela loucura. Gina por sua vez, lutava com todas as suas forças para não rir ali mesmo, na cara delas. Harry aproveitou um momento de distração das duas trouxas e, discretamente, conjurou um aparelho de telefone celular, virando-se então com ele na mão, como se o estivesse retirando do bolso.






- Então senhoras? Devo ligar para o primeiro ministro avisando que a carga voltará ainda hoje? Ou poderemos pelo menos tentar montar o stand de Lucy para que ela seja devidamente avaliada amanhã? – Harry dera sua cartada, um belo blefe, agora só podia esperar pra ver se sua mentira convencera ou não.
- Muito bem senhor embaixador. – Respondeu a diretora, derrotada – Pode mandar seus homens montarem o stand. Deixarei o vigia avisado. Mas se algo acontecer de errado, a culpa será do senhor.
- É justo. – Concordou ele, dirigindo-se até a porta e abrindo-a – Agora, se não há mais nada a tratar, precisamos ir. Ainda tenho uma importante reunião hoje e um jantar em Londres. Vamos moças?







Gina e Lucy seguiram Harry, que caminhou rapidamente em direção à saída do colégio sem dizer mais nenhuma palavra. Ganhou a rua e, assim que percebeu que estavam sozinhos, Gina segurou-o pelo braço, forçando-o a se virar para ela.







- Será que o senhor pode me explicar o que foi que aconteceu lá dentro, “Senhor Embaixador?” – Perguntou ela.
- Nem eu mesmo sei direito. – Respondeu ele, passando a mão nervosamente pelos cabelos, o que arrancou um leve sorriso de Gina – Não foi algo lá muito bonito, não é mesmo?
- Não, não foi mesmo. – Gina disse, ainda com seu sorriso, deixando-o visivelmente constrangido – Por que você inventou aquela história toda?
- Pela Lucy. Por que você não nos contou sobre a exposição? Ou sobre essa diretora? – Perguntou ele, para a menina, que abaixou a cabeça quando ele lhe dirigiu a palavra.
- Eu já disse. Pra não incomodar vocês. Todos têm coisas mais importantes pra fazer do que ficar se preocupando comigo, eu sempre tive que me virar sozinha. Queria resolver isso sozinha também. – Tentou se justificar a menina.
- Você precisa confiar na gente Lucy. – Harry se abaixou, para ficar na mesma altura dela e levantou sua cabeça, fazendo-a fitar diretamente seus olhos – Nós só desejamos o seu bem. Todos nós. O que eu fiz não é certo, não fui honesto lá dentro. Mas eu li a mente daquela mulher, ela está com raiva da gente por termos passado por cima de sua decisão e está descontando em você. Isso eu não vou permitir.
- Podemos denunciá-la. – Apontou Gina.
- Não, talvez não resolva. Ser punida pode piorar ainda mais o rancor dela contra Lucy. – Harry justificou.
- Então o que faremos? Como você pretende montar o stand até amanhã de manhã? – Insistiu Gina, curiosa.
- Vou agora mesmo para Shangri-lá. Vou dar um jeito, vocês vão ver. Esteja na escola amanhã com Lucy para a apresentação. Vamos dar uma lição naquela diretora amanhã, ela nunca mais vai tentar nos atingir usando Lucy. Harry disse, finalmente dando um sorriso maroto, mas rápido. Logo em seguida chamou – Fawkes!






A ave apareceu num átimo, Harry segurou em sua cauda e ambos desapareceram. Gina e Lucy partiram para a Toca, apreensivas. O resto da tarde e a noite transcorreram sem notícias.Na manhã seguinte, Gina mal tomou seu café, arrumou Lucy e foram para a escola. Lá chegando, verificou que a exposição já se iniciara, as pessoas passeavam entre os corredores e os stands admirando os trabalhos que estavam sendo apresentados. Por menos que ela quisesse, tinha que admitir que estavam todos muito bons.



Apenas um stand ainda permanecia fechado, com as cortinas cerradas. Havia uma certa aglomeração de pessoas em frente deste, quando elas se aproximaram e Gina leu a faixa onde estava escrito o nome do país tema da exposição, quase caiu de costas. Em letras garrafais e de cores berrantes, estava escrito para quem quisesse ler “Shangri-lá”. Um cartaz pendurado ao lado, dizia que a visitação começaria às 09:00 Hs, o que seria dentro de cinco minutos. Dentre as pessoas localizadas ali, estavam a diretora da escola e a professora de Lucy, que ao avistarem Gina chegando foram ao seu encontro.






- Srtª Weasley! – Vociferou a diretora Hogan – Que absurdo é esse? Onde está o “Sr. Embaixador”?





Gina abriu a boca, tentando formular alguma explicação para aquilo que estava acontecendo, mas antes que conseguisse pronunciar uma palavra sequer, a cortina se abriu e Harry saiu de dentro, totalmente trajado de branco. Usava uma das vestes de Dragão Branco, porém trazia a espada em uma bainha pendurada na cintura, balançando graciosamente à esquerda de seu corpo.





- Estou aqui diretora. – Disse ele, abrindo caminho entre as pessoas, que olhavam assombradas para aquela figura – Não é nenhuma loucura. Já que a dona do stand chegou. – Harry afagou a cabeça de Lucy, que o abraçou em resposta – A exposição está aberta. Entrem, por favor.






Não foi preciso repetir. Assim que Harry deu passagem, as pessoas se atropelaram para entrar no pequeno local. Inclusive as duas educadoras, que pareciam estar ansiosas para ver o que havia lá dentro. Todos menos Gina, que puxou Harry pela manga da veste para o lado, visivelmente irritada e, como ele já esperava, explodiu:





- HARRY THIAGO POTTER! O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ? COMO PÔDE EXPOR SHANGRI-LÁ TÃO FACILMENTE? VOCÊ ESTÁ LOUCO?
- Calma ruiva. – Riu ele, comovido com a preocupação dela pelo segredo da cidade que adotara como sua – A faixa com o nome que está na entrada tem um feitiço criado pelo próprio mestre Caine. Todas as pessoas que lerem o nome escrito, saberão que se trata de um lugar real e palpável, porém não conseguirão se lembrar do nome assim que deixarem o local.
- Mestre Caine esteve aqui? – Perguntou Gina, abaixando o tom de voz e controlando um pouco seu nervosismo, não esquecendo de registrar para uma outra ocasião o “Ruiva” ouvido há pouco.
- Não. Ele não podia deixar Shangri-lá, mas me ajudou a providenciar tudo que precisávamos. Venha, tem alguém querendo te ver.







Harry pegou Gina pela mão e levou-a até a entrada do stand. Estava maravilhoso. As paredes eram forradas por imagens das montanhas do Himalaia. Não eram fotografias e sim pinturas, muito precisas e antigas. Havia estátuas de ouro, bronze e mármore, milenares, espalhadas pelo ambiente. Algumas representavam deuses pagãos, outras, o sagrado feminino, Buda, crucifixos. Cavaleiros templários e guerreiros Otomanos. Todas as religiões e crenças eram representadas ali, em extrema harmonia, como era na própria Shangri-lá. Ao fundo, miniaturas das casas típicas da cidade, com aproximadamente um metro e meio de altura, perfeitas.






- Deu um trabalho danado miniaturizar essas casas sabia? – Sussurrou Harry no ouvido de Gina, que teve grande dificuldade pra segurar uma gargalhada, ele continuou apontando para um canto – Olhe ali quem quer te ver.
- Harry! É a mãe de Ziang! – Disse Gina, correndo em direção da velha senhora que estava sentada, tecendo uma cesta de Juta.





A mulher, ao ver Gina, parou seu trabalho artesanal para abraçar a jovem, bem na frente da diretora.





- Ela fez questão de vir, quando soube que era pra te ajudar. – Disse Harry, traduzindo em seguida o que a mulher lhe dizia – Ela diz que você está ainda mais linda do que no dia que se conheceram e que a espera para uma visita quando puder. Agradece também pelo empenho em cumprir a promessa que fez.
- Diga que é muita gentileza dela, que é um prazer vê-la de novo e que irei assim que puder. – Respondeu Gina, abraçando a anciã – Ah! E que não estou fazendo nada além da minha obrigação.
- A srtª já esteve lá? – Perguntou a professora Summers, estupefata.
- Sim, uma vez. É linda, as montanhas em volta são fabulosas. – A ruiva afirmou, separando-se da mulher – Infelizmente, a ocasião foi muito triste. O filho desta senhora, colega de Harry havia sido assassinado. Fomos prestar as últimas homenagens.





A srtª Summers nada comentou, mas ficou óbvio o quanto ficara impressionada.




O tempo passou, a exposição era um verdadeiro sucesso. Com efeito, assim que saiam, as pessoas conseguiam se lembrar de tudo que haviam visto, menos o nome do país. A placa na entrada, que avisara sobre o horário de início agora informava que às onze horas, pouco antes do término do evento, haveria uma apresentação folclórica. Gina já suspeitava o que seria, mas só teve a confirmação na hora. As onze em ponto, outro Dragão Branco entrou na tenda, espada em riste desafiando Harry para um duelo. Harry piscou para Gina, pediu aos presentes que fossem para fora do stand e vestiu sua máscara e capuz.






Quando saíram, já havia um círculo formado por pessoas para assistirem a apresentação. Gina, que já estava acostumada em ver os embates de Harry com seu irmão não se surpreendeu, mas era obvio o assombro dos presentes. Durante vinte minutos os dois homens lutaram, parecia uma luta verdadeira, faíscas explodiam do choque das espadas quando estas se chocavam. Quando terminaram, uma longa ovação se fez, as pessoas ficaram maravilhadas com o espetáculo. Harry retirou sua máscara, cumprimentou seu rival com uma reverência e se aproximou de Gina e Lucy, que pulava exultante, batendo palmas. Antes, porém, que dissesse qualquer coisa, foi interceptado pela diretora da escola.




- Embaixador. Foi um espetáculo impressionante. Quem assiste até pode imaginar que o senhor usa uma espada freqüentemente. – Disse Hogan.
- Infelizmente, nem sempre o diálogo surte efeito diretora. – Respondeu ele – Às vezes não há outra opção.
- Mais de uma vez Harry teve que deixar de ser o embaixador para se tornar um general. – Interrompeu Gina, tomando o braço direito de Harry – E eu posso garantir que ele é tão implacável com aqueles que ousam ameaçar seus amigos quanto com qualquer inimigo num campo de batalha.
- Eu entendo. – Engoliu em seco a diretora – Posso fazer uma idéia. Muito bem, mais uma vez meus parabéns. Agora, se me dão licença...








A mulher afastou-se rapidamente. Harry virou-se para Gina, dizendo:







- Foi impressão minha ou você ameaçou aquela mulher?
- Você não queria dar-lhe uma lição? Acho que a lição foi devidamente assimilada. – Respondeu a ruiva, arqueando uma sobrancelha.
- Sem dúvida. – Riu Harry, com gosto – Agora vamos embora, preciso dormir. A pelo menos três noites que eu não durmo direito.
- Mas e aquilo tudo lá dentro? Como é que você vai fazer pra mandar de volta? – Gina perguntou, estacando.
- Não se preocupe. Gong Lao, o guardião que lutou comigo, vai providenciar a devolução de tudo. E vai providenciar uma nova memória pro vigia também, como eu já a alterei para que pensasse que viu homens descarregando tudo de um caminhão, agora vai implantar uma recarregando tudo. – Tranqüilizou ele, bocejando de sono e completando – Podemos ir?







*****





Chow-You Li entrou na ampla sala caminhando apressadamente. Wang Chú estava em pé, em frente à janela olhando para o horizonte. Ele se aproximou de seu mestre, fez uma reverência e disse:




- Mestre, trago-lhe o relatório de progressos.
- Fale Li. Como estamos? – Perguntou Chú, sem desviar o olhar do horizonte.
- Os homens já estão num nível razoável quanto ao treinamento. Poderemos utilizá-los a qualquer momento em batalha. – Relatou Li.
- Ótimo. Quantos temos? E com relação às nossas baixas? – Quis saber Chú.
- Temos aproximadamente duzentos e trinta homens, contando com os comensais, nossos Dragões Negros. Perdemos o apoio dos gigantes quando atacamos Hogwarts e agora perdemos os Lobisomens, devido à morte de Fenrir. Ainda temos os Yetis, mas eles estão bem inquietos. Não gostam daqui e desejam ação.
- E os comensais?
- Os mais antigos acham que não precisam aprender mais nada, que já são bons o bastante. Alguns, principalmente os mais novos como Malfoy, ficaram entusiasmados com a idéia de aprenderem esgrima. Principalmente depois que viu o Potter lutando, Malfoy está se dedicando muito. Logo estará alcançando um bom nível.
- Perfeito! – Exclamou Chú, finalmente se virando e encarando seu subordinado – Faça o seguinte, Li. Ordene aos homens que continuem treinando, para aprimorarem ainda mais suas técnicas. Esta época do ano não nos é propícia para um ataque, as tempestades nas montanhas acabariam conosco antes de entrarmos na cidade. Devemos esperar o tempo melhorar. Mas mande os Yetis de volta, eles vão gostar deste tempo. Diga-lhes para não atacar a cidade, mas podem fazer o que sempre fizeram com quem tentar se aventurar pelas montanhas. Bruxo ou trouxa, tanto faz. Priorize o treinamento de Malfoy, ele pode nos ser útil num futuro próximo.Belatriz continua a postos?
- Sim mestre. Se ele aparecer ela tomará as providências. Quanto ao resto, cuidarei de tudo. – Respondeu Li, fazendo uma reverência e saindo da sala.
- Minha hora está chegando. Você mal perde por esperar, velho. Não vai saber nem o que o atingiu. – Resmungou Chú, voltando a olhar pela janela, com um sorriso doentio no rosto – E Potter não poderá ajudá-lo.







*****







O resto do final de semana transcorreu tranqüilamente. Claro que o assunto na Toca durante este período foi justamente a exposição, mas na segunda pela manhã o assunto já havia caído no esquecimento e a rotina voltava ao normal.




Hermione, que permanecia na casa desde o ataque ao hospital, levantou-se decidida naquela manhã. Já esperara demais, não podia continuar adiando algumas decisões que precisava tomar. E resolveu começar anunciando sua decisão durante o café da manhã. Quando chegou à cozinha, deu um beijo em seu noivo e sentou-se ao seu lado, de frente para Gina que por sua vez estava ao lado de Harry.







- Bom dia a todos! – Desejou ela, sorridente.
- Bom dia! – Responderam todos.
- Srª Weasley, eu resolvi voltar para meu apartamento. – Comunicou Mione à matriarca da família, que estava preparando seu café no fogão.
- Mas minha filha! – Começou esta, virando-se – Tem certeza? Não é muito cedo ainda? Não precisa ir, pode ficar aqui conosco o tempo que quiser.
- Eu já disse isso pra ela mãe. – Resmungou Rony, visivelmente contrariado – Mas a srª conhece a teimosia da Mione, quando ela enfia uma coisa na cabeça, ninguém tira.
- Eu realmente agradeço srª Weasley. – Disse Mione, acariciando o braço de Rony – Mas eu preciso voltar pra minha casa. Não posso deixar que o ataque que aqueles desprezíveis tentaram contra mim me atinja mais do que já atingiu. Não posso permitir que isso afete minha vida deste jeito, seria dar a vitória a eles.
- Olhando por esse ângulo, ela está certa. – Intrometeu-se na conversa Gina.
- Obrigada cunhada. – Agradeceu a jovem, sinceramente – E eu tive uma idéia, pra comemorar a minha volta ao lar. O que vocês acham de jantarem lá em casa no sábado à noite?
- Jantar? – Perguntou Rony, curioso.
- É, jantar. Escutem, desde que deixamos Hogwarts, nunca fizemos nada assim. Tivemos festas, mas nenhuma só nossa. Espero que não se ofenda, srª Weasley. Mas a idéia é uma noite só nossa, dos jovens.
- Não me ofendo de maneira alguma, querida. Pelo contrário, acho uma ótima idéia. Vocês estão precisando se descontrair um pouquinho, têm tantas responsabilidades desde crianças, que mal tiveram tempo para aproveitar a bela idade que têm.
- É verdade. Sabia que eu nem me lembrava mais disso? Nós nunca nos reunimos depois que terminamos a escola. – Afirmou Rony, coçando a cabeça.
- E porquê não? – Perguntou Harry, inocentemente.
- Não tínhamos motivo algum para comemorar. Afinal de contas, pensávamos que você estava morto, não é? – Respondeu Gina, uma sombra de tristeza cruzando seu olhar.
- Ah é. Desculpe, me esqueci. – Respondeu ele, sem graça.
- Tudo bem Harry. – Consolou Mione, acariciando sua mão – O importante é que agora você está aqui. E aí, topam?
- Claro! – Responderam todos, menos Harry que apenas balançou a cabeça, ainda envergonhado com sua falta de tato.
- Ótimo. Gina, você pode vir comigo até o hospital para me ajudar a acertar os detalhes? – Mione já se levantava da mesa, para se arrumar para o trabalho.
- Sem dúvida. Me arrumo em cinco minutos. – Respondeu a ruiva, também se levantando apressadamente e seguindo a cunhada.









Meia hora depois, duas belas jovens aparatavam na rua onde ficava a entrada do hospital. Entraram, e uma visão já familiar nos últimos dias se descortinou à frente das duas. Jorge estava ali, conversando com Margot. Mione sorriu e caminhou em direção aos dois, que se sentiram constrangidos e tentaram disfarçar.






- Bom dia Margot. Jorge. – Cumprimentou Mione.
- Bom dia Dra... Quero dizer... Hermione. Bom dia Gina. – Retribuiu Margot, corando.
- Bom dia maninha e cunhadinha do meu coração. Tudo bem? – Perguntou Jorge, com seu impagável sarcasmo – Posso ajudá-las em alguma coisa?
- Na verdade pode sim Jorge. – Mione disse, entrando na brincadeira – Eu vou dar um jantar no meu apartamento no sábado e queria convidar vocês dois. E ficaria muito agradecida se você avisasse Fred e Vera também.
- Jan... Jantar? Na sua casa? – Balbuciou Margot, incrédula.
- Isso. Eu sei que você não conhece a gente muito bem ainda Margot, mas ficaríamos muito felizes se você viesse. Aceita?
- É claro que aceitamos. – Antecipou-se Jorge, abraçando a loira – Vou avisar o Fred e a Vera, eles vão adorar a idéia. Desde que não seja o Rony ou o Harry a cozinhar, é claro.
- Pode ficar tranqüilo. – Riu-se Gina – Nós nos responsabilizamos pelo cardápio. Que tal você e o Fred cuidarem da Cerveja Amanteigada?
- Tudo bem. Deixe com a gente. – Piscou Jorge.
- Será uma honra comparecer, Hermione. – Sussurrou Margot.







As duas se afastaram, seguindo para a sala de Mione. Assim que entraram, trancaram a porta e Gina perguntou:









- Mione, não entendi. Pensei que o jantar seria só para nós quatro.
- No início era mesmo. Mas assim fica até melhor, não percebe? – Mione perguntou, um brilho conhecido no olhar.
- Não, não percebi onde você quer chegar. – Respondeu Gina, cruzando os braços – Dá pra explicar?
- Tudo bem. Escuta ruiva. Lembra que eu disse que tinha um plano pra dar uma forcinha na relação entre você e o Harry? Então, esse é o meu plano. – Explicou ela.
- Um jantar? Uma festa? Você não acha que é meio que forçar a barra não? – Gina não parecia nada convencida com a idéia.
- Um jantar para casais. Só estou chamando casais e é aí que chamar Jorge e Margot se torna uma jogada de mestre. Você vai dizer pro Harry que vamos aproveitar a ocasião para juntar os dois. Assim ele não desconfia de nada e nem se sente pressionado. – Continuava Mione.
- Tem certeza que isso vai dar certo? – Gina ainda estava insegura.
- Claro que vai. Pensa bem Gina. Um jantar, uma boa conversa, depois música... E uma Ruiva extremamente sensual e que vai usar todo seu charme durante a noite pra dobrar aquele teimoso.
- Não sei se consigo fazer isso Mione. Já faz muito tempo desde a última vez que tentei conquistar alguém. De lá pra cá mudei muito, não sei mais fazer isso.
- Pois eu acho bom relembrar. É como andar de bicicleta, você nunca esquece. Eu tenho certeza que aquela Gina de Hogwarts, que conseguia o garoto que quisesse ainda está aí, em algum lugar. É só você querer realmente e conseguirá, só depende de você. Se quer o antigo Harry de volta, aquele Harry que te amava, então vai ter que trazer a velha Gina de volta também.
- Você está certa. Eu não tenho nada a perder, não é mesmo? Vou tentar, aconteça o que acontecer, eu vou tentar. Harry Potter que me aguarde no sábado.
- É assim que se fala garota. Depois combinamos os detalhes, agora preciso trabalhar.










A semana transcorreu rapidamente, apesar da ansiedade das moças. Nos dias que se seguiram, as duas combinaram o cardápio e o horário. Confirmaram com todos, além de convidar Luna e Neville também. Mione fez questão de enviar uma mensagem para Cho explicando o objetivo do jantar e o motivo pelo qual ela não estava sendo convidada, afinal não desejava deixar ninguém magoado. O que felizmente não aconteceu, pois a moça respondeu a carta dizendo que entendia perfeitamente e torcendo para que tudo desse certo.







No sábado, Mione pediu a Gina para que chegasse um pouco antes do horário combinado, vinte horas, para ajudá-la com o jantar. Harry a esperava na sala de estar, quando a ruiva apareceu no topo da escada. O moreno, que estava de costas, virou-se e ficou pasmo. A ruiva estava linda. Usava um vestido vermelho, de alcinhas, curto, bem colado ao corpo, deixando à mostra boa parte de suas lindas e torneadas coxas. Sobre um salto alto, delineava e realçava ainda mais suas formas, usava seu belo cabelo vermelho solto. Uma falta de ar tomou conta de Harry, que ficou sem ação por alguns segundos. Um formigamento, um embrulho no estomago, sentimentos estranhos para ele se fizeram presentes naquele momento. Então, quando ela estava próxima ao final da escada, ainda sorrindo para ele, sua boca voluptuosa, também com um toque de vermelho, ele se adiantou e estendeu sua mão para ela.





- Gina, você está... Está maravilhosa! – Afirmou ele, beijando-lhe a mão direita – Nunca tive visão tão bela em todos esses anos. Pelo menos que eu me lembre, é claro.
- Obrigada Harry! Você também está lindo. – Agradeceu ela, alisando seu peito. Harry estava usando uma calça social preta e uma camisa de seda, também preta. Seu cabelo, rebelde como sempre, ainda estava molhado, deixando-o incrivelmente atraente.
- Obrigado. É muita gentileza sua. – Ele disse, ainda percorrendo os olhos pela ruiva – Vamos?







Os dois foram até a lareira, usariam a rede de Flú para viajar. Gina foi primeiro e logo depois Harry. Assim que este saiu da lareira no apartamento de Hermione, encontrou a ruiva discutindo com o irmão.







- Quem você pensa que é pra cuidar da minha vida Ronald? – Dizia ela, com as mãos na cintura.
- Eu sou seu irmão mais velho, ora essa. Tenho todo direito e obrigação de cuidar de você. – Respondeu o ruivo, extremamente vermelho.
- Vocês já estão brigando? – Perguntou Harry, sorrindo – Posso saber o por quê?
- Esse troglodita está pegando no meu pé por causa da minha roupa, é isso. – Respondeu Gina.
- Mas vê se eu não tenho razão Harry! – Explodiu Rony, virando-se para o amigo – Olha só pra ela! Essa roupa vermelha, a boca vermelha, de salto alto... Isso não é roupa de moça decente usar.
- Ronald. – Começou Harry, depois de mais uma bela olhada para a ruiva, que por um instante ficou em dúvida se realmente não havia exagerado na tentativa de seduzi-lo – Na minha opinião sua irmã está linda. Ela já fica linda de qualquer forma, mas hoje é noite de festa, entre amigos. Não vejo nada demais nisso. E ela já é meio grandinha, deve saber o que está fazendo.
- É isso mesmo, Ronald Weasley! – Disse Hermione, que vinha da cozinha, de cara amarrada – Deixe de ser hipócrita. Não me lembro de ouvir reclamações suas quando eu visto alguma coisa parecida, você gosta.
- Mas é diferente Mione. – Resmungou Rony, intimidado pela desvantagem – Você é minha noiva. Ela é minha irmã. Minha irmãzinha... Tenho que cuidar dela...
- Rony, se você ainda não reparou, eu cresci. Já sou uma mulher. Agradeço seu cuidado comigo, mas eu sei o que estou fazendo. É só uma roupa, droga. – Finalizou a ruiva.









Passado o stress inicial, todos se descontraíram e foram para a cozinha. Gina, assim como Mione, vestiu um avental e ambas se puseram a trabalhar no preparo do jantar. Aos poucos os outros convidados foram chegando e Harry e Rony foram para a sala recebê-los. Primeiro chegaram Neville e Luna, trazendo um pudim para a sobremesa. Depois, chegaram Fred e Vera, trazendo um pouco de cerveja amanteigada e por último, Jorge e Margot, com mais um pouco de cerveja e Margot fizera questão de também trazer uma sobremesa, uma bela torta de maçãs. Às oito da noite, todos já estavam presentes e espalhados pela casa. Vera e Luna também ajudavam na cozinha, mas quando Margot tentara também, Mione não deixou:








- Não senhora. Você fica com o Jorge, nós já estamos acabando. – Disse ela.
- Mas eu quero ajudar. Os rapazes devem estar conversando assunto de homens, não sei se devo ficar na sala. – Respondeu Margot.
- Tudo bem. Então você fica, mas para conversarmos assunto de mulher, não para trabalhar, ok? – Mione piscou para ela, que concordou com um aceno de cabeça – E aí, como é que vocês estão?
- Ah! Não sei. Jorge é legal, meio crianção, mas muito legal. – Respondeu ela, corando.
- Sem falar de completamente louco, né. – Completou Vera, rindo – Não se esqueça, namoro a cópia dele já ha algum tempo. Eles são realmente isso e muito mais, pode ter certeza. Mas você não vai se arrepender em investir nele. Se souber lidar com esse lado criança dele, vai ver que vale a pena.







A conversa fluiu naturalmente, passando por todos os rapazes que estavam na sala, bebendo, brincando e conversando. O assunto deles, diferentemente do das meninas era mais focado em Quadribol. Pouco depois o jantar ficou pronto e todos estavam sentados à mesa. Jantaram uma salada verde, um delicioso pato com laranjas e uma quiche de queijo. Por último, os dois pratos trazidos para a sobremesa. Depois do jantar, Mione lançou um feitiço que aprendera com a srª Weasley, para que a louça do jantar fosse lavada sozinha, tirou seu avental e se juntou aos amigos na sala, para conversar. Sentou-se ao lado do noivo, que a abraçou e prestou atenção no que Margot começava a dizer:








- Sabem, eu mal posso acreditar que estou aqui esta noite.
- E por que não? – Quis saber Gina.
- Eu sempre fui meio que fã de vocês. Principalmente do Harry, desde a época de escola. Apesar de estudar duas séries à frente, sempre surgiam boatos e rumores sobre o que ele fazia. Vocês dois também. – Completou ela, indicando Mione e Rony – Depois que terminei Hogwarts, continuei acompanhando as notícias sobre vocês três. Daí, veio a notícia da morte do Harry. Aquilo me deixou acabada. Foi aí que eu fiquei sabendo do namoro dele com você, Gina. Pensei assim “ Puxa, se eu já estou triste, imagina só essa garota.” Eu queria poder fazer alguma coisa, te confortar de alguma maneira. Mas não dava, não é? Já imaginou se eu aparecesse na sua frente, tentando te consolar? Iam me chamar de louca ou outra coisa qualquer. Continuei acompanhando as notícias, agora sobre vocês três. Já trabalhava no Saint Mungus quando fiquei sabendo que a melhor amiga de Harry Potter se formara medibruxa e estava indo trabalhar ali também. Já era uma realização pra mim, estar próxima de vocês. De vez em quando vocês, Rony e Gina apareciam, sempre me tratavam bem, então eu me sentia alguém especial. Então, estar aqui nesta noite, tendo a oportunidade de jantar com vocês, conversar com vocês e tudo mais, é a realização de um sonho pra mim. – Concluiu Margot, com uma lágrima de comoção nos olhos.
- Uau! Não esperava algo assim. – Respondeu Gina, também emocionada – Não acho que sejamos pessoas dignas de tanta admiração assim. Isso me assusta um pouco, sabe?
- Então é melhor se acostumar, é mais normal do que você pode imaginar. Muita gente em nosso mundo idolatra vocês. – Respondeu Margot.
- Pode ser, mas agora você também faz parte desse time Margot. – Disse Mione.
- Eu? Como assim? Não chego nem aos pés de vocês. – Contestou a loira.
- Depois do que você fez no hospital, também se tornou uma heroína. – Luna adiantou-se – Certamente há pessoas hoje que gostariam de ter a sua coragem de fazer o mesmo que você ou nós fazemos, ou seja, termos recursos para ajudar as pessoas.
- Mas eu não sou heroína. Não sou corajosa. Agi por instinto, só estava tentando me proteger e proteger aquelas pessoas. – Margot protestou.
- Exatamente Margot. – Disse Harry, assustando Margot – Nós também agimos por instinto a maioria das vezes. Ninguém aqui é herói, todos agem de acordo com a situação, reagindo conforme necessário. Todos nós sentimos medo, todos temos receio de morrer ou de perder alguém querido. Mas, assim como você, não nos entregamos. E é essa qualidade que às vezes faz a diferença. A persistência, a teimosia em aceitar os fatos como eles se apresentam. Seria muito fácil pra você ter desistido de lutar naquela noite e ter se entregado à morte. Talvez você nem sentisse dor. Ou ter fugido sozinha, provavelmente você teria conseguido. Mas você não aceitou a morte, nem sua nem daquelas pessoas. E isso fez a diferença. Isso a tornou uma heroína.
- Exatamente! – Emendou Mione – E foi por isso que decidimos lhe fazer um convite.
- Convite? Que convite? – Assustou-se Margot, ainda tentando assimilar o que Harry dissera.
- Você já ouviu falar da A. D.? Ou dos Guardiões de Hogwarts? – Perguntou Rony.
- Já, claro que já. Foi um grupo que vocês criaram quando eu estava no último ano e que depois da “morte” de Harry transformaram nos guardiões da escola, para combater ataques a ela.
- Isso é o que todo mundo sabe, realmente. – Era a vez de Gina falar –O que não é divulgado para a comunidade é que os Guardiões quando saem de Hogwarts continuam a combater a magia das trevas. Nesta sala estão os que chamamos de “Fundadores” da Armada e conseqüentemente, dos Guardiões. O que nós queremos saber é se você gostaria de trabalhar conosco. Se gostaria de nos ajudar a combater os comensais da morte e outros bruxos, como o que ordenou o ataque ao hospital.
- Como é? – Agora Margot estava completamente tonta. Estavam convidando-a a ingressar num tipo de sociedade secreta?
- É isso mesmo que você ouviu. – Disse Jorge, sorrindo – Eu trouxe a proposta pro pessoal, que aprovou por unanimidade. E não foi por estarmos saindo juntos não. Você realmente tem tudo pra nos ajudar. E aí, topa?
- Claro que eu topo. Vai ser demais, nunca pensei em algo assim. – Margot estava esfuziante, agora que tinha caído a ficha – Mas eu não sei lutar, nunca vou conseguir lutar como vocês.
- Eu e a Cho vamos treinar você. – Disse Neville, sorrindo – Fique tranqüila.
- Eu ainda não acredito! Alguém me belisca pra eu ter certeza que não é um sonho. Ai! – Gritou ela, ao ser beliscada imediatamente por Fred – Eu falei brincando, seu bobo.
- Ah! Desculpe! – Respondeu ele, fazendo cara de santo – Você precisa tomar cuidado com o que deseja perto da gente, sabe?
- Agora vamos às formalidades. – Interrompeu Mione, fazendo um enorme pergaminho surgir – Você precisa assinar este pergaminho. Ele possui um feitiço que a impedirá de contar nosso segredo para qualquer um, mesmo sob tortura.
- Claro. – Concordou Margot, enquanto assinava o pergaminho, imaginando se a menção à tortura fora apenas um exemplo.
- Para completar, tome seu broche. – Gina lhe entregou um broche com as letras GH – Esta é a maneira de nos comunicarmos. Será por ele que você ficará sabendo sobre seus treinamentos e nossas reuniões ou convocações. Ele serve também como uma chave de portal, depois explicamos direitinho como funciona.
- Sério? Uma chave de portal? – Margot estava maravilhada com o artefato – Caramba...
- Perfeito. – Disse Mione – Agora você faz parte oficialmente dos Guardiões de Hogwarts.








A conversa continuou, com explicações sobre o funcionamento do grupo, quem liderava e como trabalhavam em missões. Contaram sobre a amnésia de Harry, sobre Chú e Shangri-lá. Depois a conversa acabou mudando de rumo e se divertiram bastante. Não demorou muito a surgir o assunto “casamento”, e Rony e Mione contaram sobre seus planos:



- Nós conversamos bastante sobre isso nos últimos dias. – Disse Rony, acariciando os cabelos da noiva – Resolvemos nos casar quando essa história com Chú e Comensais terminar.
- É. Não quero correr o risco de ter “convidados indesejados” na nossa festa de casamento, entendem? – Completou Mione – Portanto acho bom acabarmos logo com isso, não quero esperar muito tempo mais.


Os gêmeos não poderiam deixar escapar a oportunidade, e por um longo período “encarnaram” no irmão e na futura cunhada, com piadas infames e citações maldosas mencionando o desespero de Mione em se casar, etc. Depois de algum tempo, Hermione resolveu colocar música para dançarem, no que foi amplamente apoiada pelas outras garotas. Logo, uma música agitava reverberou pelo apartamento e todas as moças, assim como Fred e Jorge começaram a dançar. Enquanto isso, Harry, Rony e Neville continuaram conversando no sofá. Na verdade, a conversa era mais entre Rony e Neville, pois Harry apenas concordava ou discordava com grunhidos, pois sua atenção estava totalmente na “pista de dança”, onde uma ruiva dançava de forma extremamente sensual.




Gina parecia flutuar sob o ritmo da música. Dançava graciosamente, seu corpo acompanhava o ritmo que tocava como se a música tivesse sido composta exclusivamente para ela. De vez em quando, uma mecha de cabelo caía sobre seus olhos, fechados, e ela removia com um movimento simples e delicado da mão. Outras vezes, mordiscava levemente o lábio, vermelho e úmido. Quando uma música acabava, abria os olhos, ria e brincava com Mione que, estava ao seu lado. Logo começava a tocar outra, e tudo recomeçava. Não importava o ritmo que tocasse, ela se adaptava e continuava dançando. De vez em quando, olhava para onde Harry estava e sorria.





Não demorou muito tempo para Harry perder completamente o interesse na conversa com Rony e Neville, logo ele sequer fingia estar ouvindo. Até que recebeu uma cotovelada e acabou despertando do transe em que estava.






- Harry! Harry, você está me ouvindo? – Perguntou Rony.
- Hum? Quê? – Despertou ele, a contragosto – O que foi que você disse? Desculpe, não ouvi.
- Eu disse que é melhor se preparar. – Rony parecia um tanto impaciente.
- Pra quê? – Estranhou Harry.
- As garotas. – Interveio Neville – Daqui a pouco elas vão mudar o ritmo da música. Depois de gastarem bastante energia com essa música mais agitada vão querer dançar algo mais lento, mais romântico...
- É isso aí. – Completou Rony – Mulher tem dessas coisas, sabe? Dançar juntinho e tal.
- Mas eu não sei dançar. – Apavorou-se Harry – Não me lembro.
- Pois então eu sinto muito por você amigo. Olha! Não disse que já iam mudar? – Disse Rony, levantando-se ao ver Mione trocando o CD por uma música lenta e olhando para ele, significativamente – Com licença amigos, o dever me chama.






Neville o acompanhou. Levantou-se e foi em direção á esposa, pegou em sua mão e fez com que desse um giro, abraçando-a e começando a dançar. Fred e Jorge não se fizeram de rogados, abraçaram suas parceiras e começaram a dançar, bem agarradinhos. Apenas Gina permanecia onde estava, no meio da sala, de costas para Harry de cabeça baixa. Este por sua vez, estava de pé olhando para ela, pensando “ Porque ela não se vira e olha pra mim? O que ela está fazendo?” Então, engoliu em seco e começou a caminhar até onde ela estava.





*****





Gina estava se divertindo muito. Ela adorava dançar e dançava muito bem. Em certo momento, olhou para onde Harry estava sentado e viu que ele estava com os olhos vidrados nela. Mal piscava. Resolveu caprichar ainda mais, logo ela se esqueceu de onde estava e de que havia outras pessoas dançando a sua volta. Ela só ouvia a música e via Harry. Dançava para ele, nada mais importava naquele momento. Então, a música mudou. Ela parou, um medo sufocante dominou-a “ Droga! O que foi que eu fiz? Acho que Rony tinha razão, exagerei na roupa. Ele deve estar me achando uma oferecida!” Ficou ali, parada de cabeça baixa. Não tinha coragem de olhar para ninguém, percebeu que as pessoas voltavam a dançar ao redor dela “ Será que eu consigo chegar na lareira e ir embora sem a coisa ficar ainda pior? Céus, que vergonha ficar aqui no meio feito uma idiota, é lógico que ele não vem.” Quando ela resolveu ir embora e ia sair em direção à lareira, sentiu uma mão segurá-la pelo braço, fazendo-a se virar.





- Gina! – Chamou Harry – Será que você gostaria de dançar comigo?





Ela arregalou os belos olhos castanhos, não acreditando no que ouvia, e sussurrou em resposta:




- Eu adoraria Harry.
- Ótimo. Que bom. Posso te fazer uma pergunta? – Perguntou ele, encabulado e continuou, após anuência dela – Eu sei dançar?






Gina não conseguiu segurar uma gostosa gargalhada, que chamou a atenção de todos. Passado um instante, respondeu:




- Sabe, sabe sim. Só precisa lembrar como é. Vem, eu te ajudo.







Afastaram-se um pouco dos outros e rapidamente Gina passou os conceitos básicos para ele. Algumas músicas depois, ambos já estavam se entendendo, dançando perfeitamente. O clima estava extremamente romântico, logo Harry viu Jorge tomando iniciativa e beijando ardorosamente Margot. Rony e Mione não ficavam para trás, era óbvio que continuavam muito apaixonados. Harry notou que Gina também havia percebido o que acontecia em volta e resolveu falar:






- Gina, eu sei que...
- Pssiiuuu! – Fez ela, impedindo que ele continuasse a falar, colocando seu dedo indicador sobre seus lábios, parando de dançar e olhando diretamente em seus olhos – Você não se lembra, mas a última vez que dançamos foi na nossa formatura, há quase cinco anos, na noite em que você lutou contra Voldemort e desapareceu. Durante anos eu fiquei relembrando aquela última dança, e sofrendo, pois não haveria outra nunca mais. Então você voltou. O que eu quero, o que eu preciso esta noite é dançar com você Harry. Aninhar-me em seu peito e girar por esta sala, ouvindo um som que eu julguei que estava perdido. O do seu coração batendo bem de pertinho. Não preciso e acho que não agüentaria mais nada hoje. Esqueça o resto, nada mais importa.








Harry nada respondeu. Apenas aninhou-a em seu peito, abraçando-a forte. Gina suspirou fundo, absorvendo o perfume do homem que amava, tentando assimilar todas as sensações que voltava a sentir estando ali. Sorriu, satisfeita, e entregou-se de corpo e alma ao momento. Ele por sua vez, mergulhou no delicioso perfume floral que tanto o inebriava. Não tentou mais resistir, entregando-se também ao momento. Acariciou delicadamente aqueles belos cabelos ruivos, descendo a mão até sua cintura, sentindo sua pele sob o tecido. Sentiu uma sensação estranha, como se seu estomago tivesse caído aos pés e retornado, um arrepio percorreu-lhe a espinha até a nuca. Não compreendia o que estava acontecendo ou sentindo, mas não queria se preocupar com aquilo naquele momento. Entregou-se ao ritmo e às sensações, e assim dançaram por horas.












Eram quase duas da manhã quando os dois saíram da lareira na sala da Toca. Gina tirou os sapatos e pendurou-os nos ombros, para não acordarem seus pais e juntos subiram as escadas. Quando chegaram em frente ao quarto da moça, pararam para se despedir.






- A noite foi maravilhosa Harry. Obrigada! – Disse a ruiva.
- Eu também me diverti muito. Apesar de ter feito você passar vergonha, afinal sou péssimo dançarino. – Respondeu ele.
- É nada, seu bobo. Saiu-se muito bem. Bom, é melhor irmos dormir. Boa noite.
- Boa...







Harry começou a responder e foi interrompido no meio da frase. Gina esticara-se na ponta dos pés, para ficar da altura dele e beijou-lhe. Um beijo delicado, suave, bem de leve, mas molhado, apaixonado. Desta vez ele não reagiu, pelo contrario. Correspondeu ao beijo, abraçando-a e beijando-a também. Foi breve, e quando se separaram, Gina ainda estava com os olhos fechados. Abriu-os bem devagar e encontrou os olhos verdes, tão amados, brilhando para ela. Por um momento temeu a reação dele, mas quando o viu sorrindo, disse:



- Desta vez não vou pedir desculpas.
- Nem eu. – Respondeu ele – Afinal eu também te beijei. Acho que precisamos conversar amanhã, você não acha?
- Uhum! Até amanhã então. – Disse ela, abrindo a porta do quarto cantarolando uma música que haviam ouvido naquela noite.





Harry continuou parado no corredor, ouvindo-a cantar alegremente.


Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Quem inventou o amor?
Me explica por favor

Vem e me diz o que aconteceu
Faz de conta que passou
Quem inventou o amor?
Me explica por favor

Daqui vejo seu descanso
Perto do seu travesseiro
Depois quero ver se acerto
Dos dois quem acorda primeiro

Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Quem inventou o amor?
Me explica por favor

Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Quem inventou o amor?
Me explica por favor

Enquanto a vida vai e vem
Você procura achar alguém
Que um dia possa lhe dizer
-Quero ficar só com você

Quem inventou o amor?
Quem inventou o amor?

(N:A: Vocês realmente acharam que ia passar esta FIC inteirinha sem eu sequer citar uma música do legião? Ledo engano!!!! Esta chama-se “Antes das Seis”)


Ele sorriu, satisfeito, enquanto seguia para seu quarto, assobiando a música também. Mas isso durou pouco. Percebera que Gina estava, como nunca deixara de estar, apaixonada. Mas ela não era apaixonada por ele, e sim pelo Harry que tinha uma história com ela. Ele não passava de um reles Gafanhoto, sequer se lembrava da última dança deles! Não sabia das alegrias, das tristezas, das dores pelas quais haviam passado na vida, tudo que era a base do amor dos dois. Sua história de vida. Tristemente, chegou à conclusão de que não era digno do amor dela, que ela merecia muito mais do que ele poderia dar a ela.




Por outro lado, era fato que ele estava se apaixonando por ela. E como não se apaixonar por uma mulher daquelas? Ele não poderia desistir agora, fingir que nada acontecera. Naquele momento, tomou sua decisão. Só havia uma coisa a fazer. Mestre Caine teria que perdoá-lo, não poderia retornar para Shangri-lá. Não abriria mão de Gina Weasley. E a única forma de poder ficar com ela, seria recuperando sua memória. Ela merecia um homem completo, e era isso que ele daria a ela. O verdadeiro e completo Harry Potter. E ele começaria sua busca já no dia seguinte, pediria ajuda para ela.







Em seu quarto, enquanto preparava-se para dormir, Gina não pode deixar de pensar “ Como sempre, os planos de Mione são geniais. Ele é meu de novo e para sempre.”




N;A: Aí está. Gostaram? Mais uma vez, o capítulo ficou maior do que eu esperava, espero que me perdoem, que não tenha ficado massante. Atendendo a pedidos, finalmente saiu um beijo. Ainda não foi "Aquele" beijo, mas a coisa está se encaminhando, hein?

Gostaria de dar as boas vindas aos novos leitores, sei que são vários mas agora me lembro de dois: Alessandra e Bruno, sejam bem vindos.


Expert, nunca havia pensado no assunto. Adoro Dumbledore também, quem sabe no futuro? Vou pensar no assunto.

Yuri, obrigado pela oferta. Se precisar eu grito.

Molly, espero não estar te fazendo sofrer ainda mais depois deste cap.


MarciaM, querida amiga, você é demais. Mas RC ninguém merece, fala sério.



Mais uma vez, agradeço a todos que têm acompanhado a FIC, espero anciosamente pelos comentários de vocês. Gostaria de responder aos coments de todos, quem sabe uma hora eu consigo. Mas tenham certeza que leio e guardo todos eles.



Um grande abraço e até o próximo capítulo, que provavelmente se chamará " Em busca do passado esquecido".


Tchau!

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Comentários (1)

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