Conseqüências



Gina e Rony aparataram em uma rua deserta em Londres, em frente a um prédio velho, com aparência de abandono. Na vitrine de uma loja havia um manequim. Gina olhou para os lados e depois atravessou a barreira mágica que ocultava o hospital Saint Mungus dos trouxas.
Como sempre, o saguão estava abarrotado de bruxos e bruxas a procura de tratamento médico. Uma grande fila se formava em frente a uma mesa, onde uma jovem loira, olhos azuis, um belo corpo e aproximadamente vinte e cinco anos atendia as pessoas com cara de tédio. Os irmãos atravessaram o ambiente, ignorando os olhares das pessoas que estavam na fila e os murmúrios de que estavam cortando a fila. Chegando à mesa, Rony chamou, com voz tremida devido a dor:


- Oi Margot. Minha noiva está?


A bruxa morena estava distraída e tomou um grande susto, afinal como alguém se atrevia a interrompê-la daquela maneira? Quando olhou para o homem que lhe dirigia a palavra, pronta para mandar a pessoa embora, sua feição mudou completamente. Ela abriu um sorriso e disse:


- Sr. Weasley! Quanto tempo. – Olhou com mais atenção a situação. Viu que Rony estava amparado em Gina e que tinha sangue nas roupas – Por Merlin! O senhor está ferido!
- Pois é. – Respondeu ele – Acidente de trabalho, sabe?
- Céus! – Margot levou a mão à boca, reprimindo um gritinho – Vocês estavam enfrentando bruxos das trevas? Comensais? E a Srtª, está ferida? – Completou ela, se dirigindo para Gina.
- Eu estou ótima Margot. – Respondeu a ruiva – Mas o Rony está sangrando bastante. Por favor, a Mione está?
- Está sim, Srtª Weasley. Na sala dela, no terceiro andar. – Respondeu a recepcionista, levantando-se e abrindo caminho para os dois até o elevador. Lá chegando, falou – Espero que fique bem Sr. Weasley.
- Obrigado Margot. E pode me chamar de Rony, ok? É assim que os amigos me chamam. – Respondeu ele com um sorriso.


Margot voltou para sua mesa sob os olhares dos presentes. Uma senhora, que era a primeira da fila não agüentou a curiosidade e perguntou:


- Aqueles são os Weasleys? Os Aurors?
- Sim, são eles. E pelo visto encontraram algum inimigo poderoso, viu como o Rony estava ferido? – Respondeu Margot, se aproveitando da intimidade recém adquirida.
- Então aquela moça... – Pensou alto a senhora.
- Aquela é Gina Weasley, a namorada de Harry Potter sim. – Disse Margot.
- Ela é realmente muito bonita, não é? – Disse um rapaz mais atrás na fila, esticando o pescoço procurando Gina que acabara de embarcar no elevador – O cara tinha bom gosto.
- É, ela é linda, mas triste. – explicou Margot para os presentes, ávidos por informações – É um doce de pessoa, mas nunca a vi dar um sorriso. Dizem que ainda chora por ele, sabem?
- São corajosos esses garotos! – A velha senhora entrou novamente na conversa – Tão jovens e se arriscando tanto. Os pais devem sentir muito orgulho dos filhos que tem.
- Sem dúvida! – Respondeu Margot. Em seguida, balançou a cabeça, como se espantasse um pensamento e voltou à realidade, sua fila havia aumentado consideravelmente, e chamou – Próximo!



Rony e Gina desceram do elevador no terceiro andar e seguiram pelo corredor até a sala de Hermione. Bateram na porta e, após autorização, entraram na sala. Hermione estava sentada em sua mesa, analisando alguns exames que tinha pedido para um de seus pacientes. Assim que a porta se abriu ela levantou o olhar para ver quem era. Ao perceber de quem se tratava e o estado de Rony, deu um pulo da cadeira e correu para ele.


- Rony! O que aconteceu?
- Tivemos um probleminha na missão em Istambul. – Respondeu ele, abraçando a namorada.
- Como você se feriu? – Perguntou ela, correspondendo ao abraço, dando-lhe um leve beijo e já desviando sua atenção para o ferimento.
- Nós realmente encontramos comensais lá, Mione. – Gina falou, enquanto ajudava o irmão a se sentar na maca instalada no local.
- Droga! Eu sabia que ia acontecer alguma coisa, estava com uma sensação péssima sobre esta viagem. – Disse Mione, enquanto tocava no fragmento de vidro cravado nas costas de Rony, pensando na melhor maneira de removê-lo – Era alguém conhecido?
- Eram os Malfoys. – Gina respondeu.
- Quem? Draco Malfoy? – Mione parou de examinar por um momento.
- Não achamos o Draco. Só a mãe dele. – Rony disse, fazendo uma careta de dor.
- E o que aconteceu afinal? – Mione voltara a tocar no fragmento.
- Eu a matei. – Disse Gina, tentando parecer natural.
- VOCÊ O QUÊ? – Gritou Mione, arrancando o vidro das costas de Rony com o susto, fazendo ele dar um grito de dor – Gina, eu não acredito que você fez isso.
- Assim você me mata Mione! – Reclamou Rony, fazendo cara de choro – Ela só se defendeu, foi um acidente. Não foi intencional.
- Claro que não foi. Eu não seria capaz, Mione. – Completou a ruivinha, de cabeça baixa.
- Claro! Eu sei que não. Desculpe, é que eu me assustei. – Disse Mione, se apressando para tratar do ferimento de Rony, que sangrava ainda mais – Desculpe amor. Foi sem querer.
- Bom, agora que o Rony está em boas mãos eu vou indo. Tenho um relatório pra entregar e acho que o Quin não vai gostar nem um pouco do que eu vou relatar. – Disse Gina, enquanto caminhava para a porta – Você vai pra casa hoje maninho?
- Não, acho que não. – Respondeu Rony, olhando maliciosamente para Mione, que corou imediatamente – Preciso de cuidados médicos, sabe?
- Sei muito bem do que você precisa. – Riu Gina, deixando a cunhada ainda mais envergonhada – Tchau pra vocês, então.
- Tchau! – Responderam Rony e Mione em uníssono.




Após o término do plantão de Hermione, o casal se dirigiu para o apartamento que esta havia alugado após terminar Hogwarts. Apesar de ser muito ligada aos pais, Mione sempre fora uma pessoa independente, portanto não foi surpresa nenhuma para os Granger a decisão da filha. Isto a deixava mais perto do seu curso e depois, do hospital.


Hermione havia encontrado um belo apartamento em Notting Hill, um bairro de Londres ao norte de Hyde Park. Sua localização fora escolhida estrategicamente, pois o parque lhe dava um ótimo local para aparatação. Como o bairro era de moradias trouxas, ela não podia aparatar dentro do apartamento, pois se os vizinhos não a vissem entrando e saindo, suspeitariam de algo. Além disso, era impossível aparatar dentro do apartamento. Rony fizera questão disso, temendo pela segurança da amada.

O prédio de apartamentos era em estilo Vitoriano, o que encantara a moradora. Era um prédio pequeno, de apenas quatro andares e dois apartamentos por andar. Não havia elevadores, ela alugara o apartamento 22, no segundo andar. Possuía um Hall, uma copa e cozinha pequena, uma sala com uma bela lareira, também em estilo vitoriano (e devidamente ligada à rede de Flú) e dois quartos. No banheiro, o que Rony mais gostara no apartamento. Uma banheira com mais de dois metros de cumprimento, que ele rapidamente enfeitiçou para que de suas torneiras jorrassem águas perfumadas como a que havia no banheiro dos monitores em Hogwarts.


Após algumas “melhorias” por parte de Hermione, o apartamento ficou, segundo ela, “Perfeito”. Um mistura sutil de estilos, que mostrava a dualidade de influências na vida da dona, entre o modo bruxo e trouxa de se viver. Havia uma televisão na sala, que ela mal ligava e um aparelho de som, que ela usava com mais freqüência. Uma estante, com alguns livros de autores trouxas, mas que era enfeitiçada (Escondia a biblioteca Black, herdada por ela).


Quem entrasse (Desde que não fosse ao banheiro) não perceberia que aquele apartamento pertencia a uma bruxa. Seria no máximo, de uma pessoa excêntrica. Até Bichento, o gato de Hermione possuía um lugar só seu, no cantinho da sala.


O casal aparatou no centro do parque, ocultados por algumas árvores. Alguns casais passeavam de mãos dadas, aproveitando a bela noite de lua nova. Entrando no clima, eles se dirigiram abraçados até o apartamento.


Depois de preparar o jantar à moda trouxa - uma bela massa – e Rony abrir uma garrafa de vinho tinto, sentaram-se para jantar.


- Mione, nunca imaginei que você cozinhasse tão bem. E sem varinha ainda por cima. – dizia ele, esfregando as mãos e com olhos vorazes para o belo prato que ela lhe servia.
- Francamente Ronald! Você só está dizendo isso por que está pensando com o estomago. – Respondeu ela, fingindo não acreditar – Não chego nem aos pés de sua mãe.
- Bom, realmente. Mãe é mãe. E comida de mãe não tem igual. Mas você realmente é uma cozinheira muito boa...
- Obrigada. Sei que você está falando isso só pra me agradar, você é um amor. Mal sei fazer um macarrão. – Ela disse, enquanto bebericava um gole do vinho que Rony havia lhe servido e se sentava – Mas falando sério Rony, estou preocupada com o que aconteceu hoje. As repercussões da morte de Narcisa Malfoy.
- É, eu também estou preocupado. – O sorriso escapou-lhe do rosto deixando transparecer toda a sua preocupação com a irmã – Tenho medo da reação do Malfoy. Ele pode querer se vingar dela. Eles já tinham um assunto mal resolvido entre eles e tenho muito medo de que isso só acabe com a morte de um deles.
- Não podemos deixar que seja a Gina. – Disse ela tristemente.
- Isso nunca! Vou fazer todo o possível pra proteger minha irmã. Não podemos perder mais ninguém Mione. Não suportaria perdê-la...
- Eu sei meu amor. – Mione disse, acariciando a mão do namorado – Eu também me sinto assim. Precisamos tomar cuidado.


O jantar transcorreu em silêncio, cada qual pensando no que poderia ou deveria fazer diante da situação que se descortinava em sua frente. Após o jantar, Mione abriu mão de utilizar métodos trouxas e lavou a louça e arrumou a cozinha com sua varinha. Assim que terminou, Rony a abraçou por trás, murmurando em seu ouvido:


- Doutora necessito de seus cuidados imediatos.
- Pode ir tirando o cavalinho da chuva, senhor Weasley. O senhor está enfermo e precisa de repouso absoluto para que possa se recuperar. – Respondeu ela com um sorriso maldoso, sentindo imenso prazer em jogar aquele “balde de água fria” no namorado.
- Ah Mione! Eu juro que não me esforço, deixo tudo por sua conta. – Agora ele beijava sua nuca, o que ele sabia surtir um grande efeito – Poxa, eu to morrendo de saudades...
- Isso é covardia Rony. – Disse ela rindo, se virando para o namorado, beijando e mordiscando o lóbulo de sua orelha direita enquanto “arranhava” bem de leve suas costas, tomando o máximo de cuidado com seu ferimento – Precisamos tomar cuidado, você está convalescendo. Mas eu também estou louca de saudade de você, seu bobo.



Eles se beijaram apaixonadamente e seguiram, trôpegos, em direção ao quarto. A relação dos dois alcançara um nível de cumplicidade e intimidade sem igual após a morte de Harry. Ocorrera naturalmente, uma maneira de se sentirem vivos e unidos em meio a tanta dor pela morte de alguém que era como um irmão para eles.



Gina Weasley saiu de dentro de uma das lareiras no Átrio do Ministério da Magia na manhã seguinte de péssimo humor. A noite tinha sido curtíssima, mal conseguira dormir. Assim que deixou o hospital, onde deixara o irmão com Mione, seguiu para o ministério onde relatou a seu chefe, Kingsley Shacklebolt o ocorrido. Definitivamente ele não ficou nem um pouco satisfeito com o relatório apresentado. Em nenhum momento passou por sua cabeça que Gina poderia ter assassinado Narcisa Malfoy, mas ele se mostrou bastante preocupado com a reação da sociedade ao ocorrido.


Quando Gina chegou em casa, a situação não estava melhor. Os pais a aguardavam, aflitos, e ela teve que repetir toda a história e ainda gastou muita saliva pra convencer a mãe de que Rony estava bem e que estava na casa de Hermione. Já era de madrugada quando ela conseguiu tomar um banho e cair na cama.


Acordou cedo e quando chegou na cozinha para tomar o seu café da manhã, a cara do pai já denunciava que as notícias no jornal não eram animadoras. Pegou a edição do “Profeta Diário” que tinha uma grande foto sua na primeira página e a manchete:


“Auror lidera cruzada contra comensais da morte”

“Ginevra Weasley, uma das maiores revelações entre os Aurors nos últimos anos, ao lado de seu irmão Ronald Weasley, estarão empreendendo uma cruzada em busca de vingança aos famigerados Comensais da Morte?”.

Na noite passada, esta repórter tomou conhecimento da morte da pretensa comensal, Narcisa Malfoy. De acordo com as declarações do chefe da seção de aurors, Kingsley Shacklebolt, seu departamento recebeu informações de que Comensais estariam planejando alguma ação na cidade de Istambul. Os irmãos Weasleys foram enviados para averiguar e surpreenderam Narcisa Malfoy num pequeno hotel da cidade. A mesma resistiu à presença dos Aurors atacando-os e enquanto se defendiam, Gina Weasley lançou um feitiço contra a adversária que caiu da janela de uma altura de três andares e veio a falecer.

O que muito nos intriga é o fato de Narcisa Malfoy ser mãe de Draco Malfoy, acusado de assassinar a quatro anos Percy Weasley, irmão mais velho dos dois Aurors, num ataque de Você-Sabe-Quem ao Ministério da Magia. Seria força do destino que colocou frente a frente os dois jovens e a mãe do pretenso assassino de seu próprio sangue?Seria realmente apenas um acidente a causa da morte desta mulher sobre a qual não havia nenhuma acusação formal de pertencer aos Comensais da Morte? Teria sido ela executada, sendo a primeira vítima de uma cruzada em busca de vingança, empreendida Por estes jovens? Se for, quem será o próximo? Estaremos realmente seguros?Quem poderá responder as perguntas desta humilde repórter?


Rita Skeeter



Gina atravessou o espaço entre a lareira e o elevador sem olhar para os lados. Sentia todos os olhares convergidos para ela, mas não daria a ninguém o prazer de perceber que aquilo a estava atingindo. Seguiu em linha reta, queixo erguido, o peso do mundo em suas costas. Chegando ao elevador, felizmente pegou um vazio, pois ainda era cedo. Assim que as portas se fecharam, ela se se encostou à parede, relaxando, e pensou em voz alta:


- Ah Harry! Agora eu sei o que você passou na escola no meu primeiro ano! Mas se você pode lidar com isso aos doze anos, eu também posso.



Quando Gina entrara em Hogwarts, uma série de ataques ocorreu e quando descobriram que Harry era Ofidioglota, ou seja, que podia conversar com cobras, a escola em peso o julgou culpado e ele sofreu uma grande discriminação por um bom tempo. Agora a ruivinha sentia a mesma coisa, os olhares acusadores em sua direção, a curiosidade das pessoas querendo saber de suas intenções. Era torturante.


Gina desceu do elevador em seu andar e se dirigiu para a seção dos Aurors. Entrou na sala que dividia com o irmão e encontrou-o já ali, sentado em sua cadeira, inclinada para trás. Rony estava fazendo bolas de papel com memorandos antigos e lançando-os no cesto de lixo, como se fossem Goles. Assim que a irmã entrou ele deixou a cadeira cair de volta nos quatro pés e saudou:


- Bom dia!
- Bom dia porquê? – Retrucou ela com azedume.
- Certo! Você já leu o jornal. Então vamos mudar a pergunta. Como você está? – Perguntou ele, sem perder a esportiva.
- Como você queria que eu estivesse Rony? Péssima! Quando cheguei, parecia que um circo de horrores tinha acabado de aparatar no Atrium. Senti todos me olhando, como se eu fosse um monstro de outro mundo. Foi horrível.
- Não liga pra eles, maninha. Logo eles arranjam algo novo sobre o que fofocar.
- E aquela bandida da Skeeter? Pensei que ela tinha aprendido a lição com a Mione...
- Bom, ela se comportou por um tempo, mas acabou voltando ao velho estilo. Dá mais lucro e status, entende?
- Sei. Às nossas custas? Que droga Rony!
- Esquece isso menina. Vem, vamos tomar um café. Você está precisando.


Os irmãos foram até a lanchonete. Quando as pessoas lançavam em Gina aqueles olhares que lhe faziam tanto mal, seu irmão devolvia para a pessoa um olhar mortal, deixando claro que ele estava ali e protegeria a irmã de quem quer que fosse. Logo Gina acabou relaxando, não agüentava de vontade de rir da cara que Rony fazia.


Voltaram para a sala e começaram a trabalhar. Não demorou muito, um memorando chegou voando e bateu na cabeça de Rony, que estava distraído. Ele o pegou e leu, massageando o local onde atingido. Logo uma ruga de preocupação apareceu em sua testa.



- Quin está chamando a gente na sala dele. – Disse, olhando para a irmã.
- Eu já esperava. Vamos lá de uma vez... – Respondeu ela se levantando imediatamente.



Seguiram calados até a sala do chefe. Bateram à porta e depois de autorizados, entraram. Kingsley Shacklebolt estava sentado em sua mesa, analisando uma série de pergaminhos. Sem levantar a cabeça, indicou para que os dois se sentassem. Terminou sua leitura e só então levantou a cabeça e se dirigiu aos seus funcionários:


- Bom dia crianças, como estão?
- Chiii! – Rony fez uma careta – Quando você nos chama de “crianças”, eu me sinto de volta a Hogwarts, sentado na sala da Minerva, prestes a receber uma detenção por ter quebrado alguma regra da escola com o Harry. Não vem coisa boa por aí, não é?
- Infelizmente não, Rony. – Respondeu o chefe, não contendo um sorriso pelo comentário do rapaz – A situação está pior do que eu pensei.
- Estão querendo as nossas cabeças, não estão? – Perguntou Gina, desanimada.
- Não Gina, ninguém quer a cabeça de vocês. Escutem-me... Estive numa reunião até agora com o ministro. Ele também acredita que não houve intenção de matar a srª Malfoy, porém...
- Porém ele quer nossas cabeças. – Insistiu Gina.
- Não Gina. Ele não quer. – Quin estava começando a ficar impaciente – Olhem, ele me pediu para tirar vocês de circulação por um tempo.
- O quê? – Perguntou Rony – Como assim, nos “tirar de circulação”?
- Transferi-los de atividade. A partir de hoje vocês vão exercer funções burocráticas. Será só por um tempo, até as pessoas esquecerem o assunto, entendem? – Tentou justificar-se Quin.
- Você vai nos tirar de ação? – Gina parecia aturdida.
- Só por um ou dois meses, Gina. A reação das pessoas foi maior do que esperávamos. Estamos recebendo centenas de corujas, a opinião pública está dividida. Mas a maioria das cartas que recebemos está apoiando a “Cruzada Weasley”, como estão chamando. O ministério não pode permitir que se crie uma imagem negativa, de apoio à violência.
- Mas nós não somos violentos. – Indignou-se Rony.
- Não precisa me dizer isso Rony. Conheço vocês desde que nasceram. Mas estas pessoas que estão escrevendo não os conhecem, ainda estão com medo dos comensais. O fato de vocês terem coragem de enfrentá-los, de terem sido tão ligados a Harry, os está incentivando neste sentimento de vingança. Por isso eu peço que tenham paciência. Afastem-se um pouco, deixem a poeira baixar. Logo as pessoas vão arrumar outra coisa pra se ocupar e vocês poderão voltar às suas atividades com força total.



Gina e Rony se entreolharam. Tinham que concordar com os argumentos de Shacklebolt, não havia opção. No fundo, eles já esperavam alguma bomba, só não esperavam algo neste sentido. A reunião estava terminada, nada mais havia a se discutir. Ambos deixaram a sala do chefe e voltaram para a que dividiam, cientes de que os próximos dias seriam longos e torturantes.



*****




Cinco dias após a visita a Istambul, Draco Malfoy estava novamente à procura de Chú. Ele e sua tia tiveram muito trabalho para conseguir o corpo de Narcisa e providenciar seu sepultamento. Foi uma cerimônia simples e triste, sem amigos ou familiares além dos dois.


Não foi difícil convencer Belatriz a apoiar sua idéia de se unir a Chú. Debateram as condições e haviam chegado a um consenso. Depois, Draco havia enviado uma mensagem para ele que marcara um novo encontro ali, naquela cidade.


Ho Chi Minh, antiga Saigon, é a capital do Vietnã. Um país arrasado por uma guerra anos atrás, movida apenas pela cobiça e interesses políticos dos trouxas, que tencionavam ali mostrar sua superioridade bélica e sua influência política. Após o final da guerra e a reunificação do país, este estava tentando se reconstruir e recuperar sua identidade. O encontro fora marcado no mercado central da cidade, um dos locais com maior movimentação de pessoas no país. Draco caminhava pelas ruas, disputando espaço com as pessoas que andavam agitadas de um lado para o outro, os comerciantes que anunciavam aos gritos suas mercadorias e preços e, na rua, carros, bicicletas e vespas. Devido o grande volume de pessoas trafegando pelo local, estas usavam as ruas para andar, prejudicando o tráfego e transformando o local num verdadeiro caos.


Depois de procurar por longos minutos, ele o encontrou. Em uma viela esfumaçada e malcheirosa, Draco avistou Chú sentado num banquinho alojado na calçada, em frente a uma barraca que vendia comida. Adiantou-se, cumprimentando o bruxo:


- Como vai Sr. Chú?
- Meu caro Draco. Como vai você? – Respondeu este, um sorriso falso no rosto – Que pergunta ridícula, me desculpe. Aceite meus sentimentos pelo ocorrido no outro dia com sua mãe.
- Obrigado. – Limitou-se a dizer Draco.
- Você me acompanha num almoço tardio? – Perguntou Chú, indicando um lugar para Draco a seu lado e a refeição, que era servida a ele neste momento.



Draco olhou para os pratos que estavam sendo servidos e nem tentou disfarçar sua cara de nojo. A refeição consistia numa guarnição de arroz branco, Legumes cozidos, um prato de carne que provavelmente era de cachorro e uma porção de gafanhotos empanados e fritos. Era um prato típico da região, principalmente do norte do Vietnã e da China, muito consumidos em tempos de guerra e pelas pessoas no campo no decorrer dos séculos devido à escassez de alimentos. Acabaram entrando para a cultura popular daquela região.


- Não, obrigado. – Respondeu ele.
- Oh! Claro! – Disse Chú, em meio a uma gostosa gargalhada – Eu havia me esquecido que vocês, ingleses, possuem um paladar refinado, aristocrático. Não estão acostumados com certos pratos mais exóticos.
- Você não vai comer isso de verdade, vai? – Perguntou Malfoy, sua repulsa se transformando em ânsias – São gafanhotos, são insetos.
- Esta é uma refeição simbólica meu caro Draco. Estes pratos representam meus inimigos. O cachorro velho e seu jovem pupilo gafanhoto. E o destino deles em minhas mãos. Não terei dó nem piedade, os devorarei como estou fazendo agora. – E Chú pegou um dos gafanhotos da travessa e deu uma dentada generosa no petisco.
- Bom, o que você come ou deixa de comer é problema seu. – Draco virou o rosto para não ver a cena de degustação do inseto – Não foi pra isso que vim até aqui.
- Sem dúvida. Diga-me Draco. Vocês já tomaram uma decisão? – Chú perguntou, enquanto limpava a boca com um guardanapo.
- Sim, conversei com minha tia e ela concordou em unirmos nossas forças. Mas temos algumas condições a discutir...
- Condições? Que interessante meu caro. Vamos às condições então. – Disse Chú, sarcasticamente.
- Nós lhe daremos o apoio que deseja. – Começou Draco, ignorando o tom de deboche do outro – O ajurademos a treinar seus homens e participaremos de sua luta em busca deste seu objetivo, apesar de você ainda não nos revelar do que se trata.
- Tudo a seu tempo meu caro. Vocês saberão do que se trata em seu devido tempo. – Cortou ele.
- Muito bem, nós esperaremos. – Retomou Draco – Em troca, queremos recursos para atacar aqueles que nos perseguem. Os Aurors e os amigos do Potter.
- Isto não será problema, eu já tinha me prontificado a ceder homens e condições para se vingarem. – Disse Chú, com simplicidade – Se é só isso, acho que estamos acertados. Reúna seus amigos comensais e me encontre, acho que no máximo em um ano estaremos prontos para agir.
- Um ano? Sem chance. Quero desferir um ataque em Junho.
- Junho? Isso é daqui a três meses. Não há tempo suficiente para treinar os homens até lá. – Respondeu Chú, estreitando os olhos e tentando imaginar onde Draco queria chegar.
- Ora, Sr. Chú. – Draco exibia um sorriso cínico no rosto – Outro dia mesmo você me disse que não se importa muito com a vida da ralé que tem juntado para servi-lo. Mudou de idéia?
- Há! Muito bom Draco. Já vi que vamos nos dar muito bem, meu jovem. – Chú riu com prazer – Mas me diga, por que a pressa?
- Quero atacar Hogwarts no dia do aniversário da morte do Santo Potter. – Draco praticamente cuspiu as últimas palavras – Todos os amigos dele estarão juntos lá, eles fazem isso todos os anos.
- Você tem ciência que as chances de vitória são ínfimas, não tem? – Chú continuava curioso.
- Não pretendo vencer. Minha intenção é dar um golpe certeiro. Os Weasleys e a sangue-ruim da Granger, que eram os mais próximos do Potter. Assim a comunidade bruxa vai saber que não estamos derrotados. Que os Comensais ainda devem ser respeitados e temidos. Os homens que me der servirão apenas de distração.
- Interessante. – Chú abria um sorriso maquiavélico agora – Gostei da idéia. Concordo em ceder homens, talvez até meus Dragões Vermelhos participem, para se divertirem um pouquinho. Muito bem, estamos combinados. Agora deve reunir seus amigos, vocês precisam sumir do mapa, como nós. Só retornaremos quando estivermos prontos para declarar guerra a nossos inimigos.



N:A. - Bom, eis mais um capítulo, espero que tenham gostado.

Queria agradecer o grande número de comentários me dando apoio já no primeiro cap, foi muito mais do que eu esperava.

Band, como deve ter ficado claro neste último capítulo, o Chú não é um subalterno. Com relação à reação do Malfoy, esta era justamente a impressão que deveria ter ficado, talvez não parecer uma criança como citado, mas ele se sentiu intimidado pela figura que encontrou pela frente, que dominou a situação e impôs toda sua experiência sobre o jovem Malfoy. também não descrevi a figura do Chú nem citei a idade de maneira intencional, aos poucos vou revelando o perfil do personagem. Neste, por exemplo, surgiu mais uma faceta dele. E o Malfoy reagiu de maneira diferente, não se deixando mais intimidar. Seu desejo de vingança, de sobrevivência falou mais alto. Ah! Você citou no comentario em Os Guardiões a questão do Rabicho. Ele estará de volta no próximo. Achei muito interessante sua crítica e pode ter certeza que vou tentar melhorar/aperfeiçoar algumas deficiências.


Mais uma vez muito obrigado gente, continuem comentando e votando.

Um abraço,


Claudio

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