16 anos e um único Natal



Capítulo 18 – 16 anos e um único Natal



A época de Natal era aquela que Lily sempre mais gostara. Adorava passar a época com a família, apesar de preferir ficar bem longe da irmã, escolher e comprar presentes para as pessoas de quem gostava. Todos os anos, desde que entrara para Hogwarts, ela ia a casa durante a paragem de aulas. Mas este ano, tudo seria diferente, tudo por causa de bruxos que detestavam pessoas como ela, que haviam nascido muggles. Desde que chegara àquele tempo, ainda não soubera notícias da sua família. Não sabia se estavam bem e pior… não sabia sequer se estavam vivos. Aliado às constantes brigas com James, a sua boa disposição ia diminuindo aos poucos. Passava a maior parte do tempo na biblioteca, quando não estava nas aulas, evitava ao máximo grupos de pessoas numerosos, ou falar com alguém individualmente. Sempre que ficava sozinha com uma pessoa, o assunto caía sempre em James, assunto esse de que ela fugia como quem fugia da morte. A única pessoa que não tocou nesse assunto, foi precisamente o próprio James, não o adolescente, mas o professor.
Há alguns dias, ele tinha-a chamado para conversar no fim de uma aula. Ficara aborrecida a princípio. Mas quando iniciaram a conversa, pareceu esquecer que aquele era James Potter e sentia-se como se estivesse a falar com o seu professor preferido. Ele apenas lhe pediu que convencesse os outros a não fazerem perguntas sobre o que aconteceria no futuro, que havia coisas que não deveriam saber. Ela concordou plenamente, sem o questionar e, desde aí vinha a atribuir detenções a quem quer que tentasse saber informações daquele tempo.
Os Marotos, por sua vez, tentavam ao máximo aproveitar o último Natal em Hogwarts. Desde o seu primeiro ano eles passavam os dias de pausa lá, aprontando todos os anos uma nova brincadeira que os deixava de castigo até ao Ano Novo. Diziam sempre que era a última vez e que no ano seguinte mudariam. Mas nesse ano, James estava decidido a mudar mesmo. Estava decidido a mostrar a uma certa ruiva que não era aquele idiota que ela pintava. Sirius nem ligava mais para as brincadeiras. Aliás ele nem tinha mais tempo para elas. Ou era o tempo que passava com Marlene, sempre a reclamar que não lhe dava atenção (“Mulheres” pensava ele) ou era o “cachorrinho” de estimação que tinha arranjado e, por isso, sempre que podia fazia um desvio à cabana de Hagrid para visitar Cyrus. Remus bradava aos céus pela nova decisão dos amigos e Peter, esse nem ligava muito. Na verdade, ele estava bem distante dos Marotos nesse ano, facto que já tinha sido notado pelos amigos.
Era véspera de Natal e os Gryffindors do passado estavam na Sala Comum. Apesar do ambiente de alegria próprio da época, Lily e James pareciam distantes. Os amigos, que sempre tentavam deixá-los mais bem dispostos, decidiram deixá-los entenderem-se sozinhos.
- É uma pena que o Harry e os outros não estejam aqui para passar o Natal connosco. Ia ser divertido!
- Sirius, estás a esquecer-te de que eles têm uma família! Eu acho que eles fazem muito bem. Se eu pudesse iria para casa também.
- E deixavas-me aqui sozinho e cheio de saudades, Marlene?! – Sirius envergava um olhar de cãozinho abandonado.
- Claro! Entre os meus pais e um cachorro sem vergonha, prefiro sem dúvida os meus pais. Tu também me trocas pelos teus amigos!
- Um a zero para a Marlene. – declarou Frank.
- Tu és uma malvada. Eu nunca te trocaria pelos meus pais…
- Grande coisa, Sirius, tu ODEIAS os teus pais!
- Dois a zero. Sirius, a Marlene está a vencer-te.
Sirius fulminou Frank com o olhar. Geralmente, era James quem fazia estas brincadeiras, mas esse, desde que fora chamado por McGonagall, nessa manhã, pareciam estar noutro mundo.
- James! Jamezito! Prongs! VEADO!
- NÃO ME CHAMES VEADO, SEU CÃO SARNENTO!
- Hi, que mau humor, Prongs, eu estava a chamar-te há algum tempo, tu é que não ouviste. Anima-te, é Natal.
James suspirou e começou a olhar o tecto.
- Sirius, eu não estou com vontade de festejar o Natal, tá?
- Mas, James…
- Olhem eu vou para a cama!
Antes que James se levantasse Lily decidiu implicar com ele.
- Já, Potter?! Estou sinceramente espantada. Se há pessoa que adora ir tarde para a cama és tu!
- Escuta aqui, Evans…
- Não, escuta tu, Potter. Lá porque andas de mal para o mundo, nós não temos culpa. Se queres afundar-te nesse teu mau humor, não nos arrastes junto.
Os dois tinham-se levantado e encaravam-se frente a frente. Lily, bem mais baixa do que James, olhava para cima, de modo a poder olhar-lhe bem nos olhos.
- Se não tens vontade de festejar o Natal, problema teu… Mas não o estragues a quem quer realmente divertir-se. Agora deixa de te armar em vítima, porque, ninguém vai ter pena de uma pessoa insignificante como tu! Cresce, Potter! Se queres ficar sozinho, bom proveito! Não fazes falta mesmo!
Aquelas palavras magoaram profundamente James. Como é que ela podia dizer aquilo? Ela nem imaginava o que ele sentia. No seu coração foi aberta uma ferida que iria demorar a cicatrizar. Ele afastou-se dela, olhou para o chão e respirou fundo, antes de lhe falar:
- Pois bem… se é assim que queres, então assim será. Talvez tenhas razão, as pessoas que mais se importavam comigo não estão aqui, não é mesmo? Talvez um dia venhas a descobrir que estás muito enganada a meu respeito! Só espero que não seja tarde de mais.
Ainda a olhar para o chão, tentando esconder as lágrimas que começavam a formar-se nos seus olhos, James saiu pelo buraco do retrato, deixando Lily parada no lugar onde estava, sem perceber o que havia sido dito.
- Sabes, Lily, tu és a minha melhor amiga e eu gosto muito de ti, mas não posso deixar de dizer que não devias ter dito aquilo ao James. Tenho a certeza de que vais arrepender.
- Eu concordo com a Marlene. O James ama-te de verdade! Ninguém merece ouvir aquilo. Praticamente lhe disseste que ele poderia desaparecer da face da Terra, que ninguém se importaria com isso.
Lily voltou a sentar-se digerindo as palavras de Marlene e de Remus. Ainda estava a tentar perceber o que James tinha dito. Porque será que de repente se sentia tão mal? Quisera magoá-lo profundamente, mas agora começava a sentir que não devia ter dito aquilo. Olhando para o lugar onde James estivera sentado, ela pode perceber que ele tinha deixado para trás um pergaminho amarrotado numa bola.
- O que é aquilo?!
- O quê, Lily?
- Aquele papel, Sirius.
Lily levantou-se e pegou na bola de papel. Desembrulhando com cuidado ela passou-lhe os olhos. Era uma carta de Dumbledore, do tempo deles. Mas… não podia acreditar no que os seus olhos viam. Agora sim sentia-se a pior pessoa do mundo.
- O que é que diz aí, Lily?! Lê o que aí tem!
Lily olhou desesperada para os amigos. Com lágrimas nos olhos, ela começou a ler em voz alta.
- “Caro James, é com profundo pesar que eu te envio esta carta. Usei o feitiço do tempo para a enviar à Professora McGonagall. Espero que ela te entregue esta carta em mãos o mais rápido possível. Como certamente sabias, o teu pai estava muito doente desde o início do Verão. Lamento informar-te de que ele faleceu durante esta madrugada. Sei que gostarias de ter estado com ele nessa hora e sinto uma imensa tristeza de ser eu a comunicar-te esta triste notícia. Devo, no entanto, informar-te de que tratei de tudo e o funeral realizar-se-á amanhã. Tratei também para que tudo o que pertence à família Potter seja colocado no teu nome, uma vez que, neste momento, és o único herdeiro da família. Quero dizer que podes contar com a minha ajuda para o que der e vier. Atenciosamente, Albus Dumbledore.”
Lily acabou de ler sob o olhar chocado e uma enorme tristeza dos amigos. No seu peito começava a sentir um enorme aperto. Agora percebia porque se sentira tão mal com as palavras de James. Ele estava sozinho. A mãe havia morrido há um ano e agora tinha perdido o pai também.
- O que é que eu fui fazer?!
Nenhum dos outros conseguia exprimir o que sentia naquele momento. Sirius era quem se sentia mais triste. O Sr. Potter foi para ele o seu verdadeiro pai, foi ele quem o acolheu quando fugiu de casa. Mas nada se comparava ao remorso que Lily sentia naquele momento. Dissera coisas horríveis a James, no momento em que ele mais precisava de apoio… no momento em que se sentia mais só. Apercebendo-se agora do seu erro, Lily afundou a cara nas mãos e chorou, como nunca chorara na sua vida.
- O que é que fazemos agora? O James precisa de nós! Temos de ir falar com ele.
- Não, Alice, existe apenas uma pessoa neste momento que devia falar com o James… a única que pessoa que ele realmente queria ouvir neste momento.
- De quem estás a falar, Remus.
Remus apenas olhou para Lily. Esta compreendeu imediatamente o que ele queria dizer. Limpando os olhos, ela levantou-se decidida. Não sabia o porquê de querer fazer aquilo, apenas sabia que era o correcto.
- Onde é que eu o posso procurar?!
Remus e Sirius trocaram um olhar cúmplice que foi notado por todos. Apesar da dor que Sirius sentia, conseguiu envergar um sorriso brincalhão.
- Eu até aposto que ele está na Torre de Astronomia. Ele costuma ir para lá suspirar por uma certa ruivinha que não lhe dá bola!
- Mas antes de ires, Lily, devo pedir-te para teres muito cuidado com o que lhe vais dizer. Ele precisa de apoio, não de ouvir mais palavras duras. O reconhecimento do teu erro já foi um grande passo e fico feliz que tenhas percebido isso. Agora vai, porque naquela cabeça de vento vai uma grande confusão.
- Eu vou e… obrigado!
- Não tens de agradecer, Lily. É para isso que servem os amigos.

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A Torre de Astronomia era um bom lugar para pensar, pensar na vida… nos sonhos… nas ilusões… nas desilusões. Mas, nesse momento, James apenas conseguia pensar nos seus pais. Eram as melhores pessoas que conhecia. A sua mãe, sempre carinhosa com ele e com todos, deixara-o tão cedo! Sentira muito a sua falta e doera muito a sua partida. A dor custou a passar e quando começou a desvanecer caiu-lhe outra bomba em cima. Não podia ter perdido o pai também! Simplesmente não podia! O destino tinha sido demasiado cruel consigo, não tivera piedade e tirara-lhe as duas pessoas que mais amava no mundo.
Atrás de si ouviu passos. Eram passos suaves, como os de um gato, à procura do seu objectivo através da noite. James não se virou. Tudo o que queria nesse momento era ficar sozinho.
- Potter?
Fechou os olhos. Aquela voz… não podia ser ela… não daquele jeito, tão doce, tão carinhoso.
- Potter… James! Eu queria pedir-te desculpa por tudo o que disse. Eu não devia ter-te dito aquilo.
Silêncio. Aquelas palavras doeram mais ainda… nelas existia pena. Agora se lembrava. Deixara a carta na Sala Comum. Bolas! Não queria que ninguém soubesse, não queria estragar o Natal a ninguém.
- Então já sabes…
- Porque é que não disseste nada a ninguém? Se eu soubesse… se eu soubesse…
- Iria mudar alguma coisa, Lily? Irias mudar a tua opinião sobre mim? Não… não irias… só vieste aqui por pena… isso eu não quero de ti.
- Não! Eu vim aqui porque eu estava errada, porque eu disse coisas horríveis que não devia ter dito!
Lily aproximou-se e tocou-lhe no ombro. Era a primeira vez que se tocavam, pelo menos sem haver latadas ou azarações lançadas a James. Mas desta vez foi ele quem se afastou.
- Não podes fazer isto comigo, Lily, eu não vou deixar!
- Não vais deixar, o quê, Potter!
- Não vou deixar que brinques comigo desse jeito! Não vou…
- Brincar?!
James soltou uma gargalhada… uma gargalhada triste, cheia de dor.
- Tu não podes compreender. Afinal, para ti sempre serei o arrogante, o imbecil, o idiota do Potter. Já criei demasiadas ilusões, já sofri demasiado todas as vezes que me desprezavas. Pensavas que era só uma brincadeira? Não era! Era o meu meio de defesa, de me proteger dos meus sentimentos por ti!
- James, por favor…
- Não, Lily, deixa-me terminar! Eu estou farto de tudo isto! Eu sou mesmo um idiota e ninguém pode alterar isso! Mas também ninguém pode alterar o facto de que eu te amo!
Aquelas palavras estavam entaladas na garganta de James há muito tempo. Quando deu conta, elas já tinham sido ditas. Não se arrependeu, pelo contrário, ele queria a todo o custo proferi-las. Era como se a sua vida dependesse disso, era como se elas o estivessem a asfixiar.
- James… eu não queria… eu não devia… eu não podia ter feito aquilo. Eu sinto muito! Eu não sabia o que tinha acontecido ao teu pai. Tens razão… eu não posso compreender o que sentes, mas eu posso ver o que estás a sofrer. Por favor, deixa-me ajudar-te!
- EU NÃO QUERO A AJUDA DE NINGUÉM!
- Queres sim! Tu precisas disso! Ninguém consegue viver sem a amizade, sem o amor!
- Não me venhas falar de amor e de amizade. São duas coisas que nunca recebi de ti!
- ESTÁS ENGANADO, JAMES POTTER! Estás enganado!
Lily afastou-se assustada. Não devia ter dito aquilo. O que é que lhe passara pela cabeça? Acabara de assumir que gostava dele.
James recebeu aquelas palavras com alguma surpresa. Foi difícil perceber o que Lily acabara de dizer, mas quando o fez, não pôde deixar de dar um fraco sorriso. Inconscientemente, James aproximou-se dela. Ela fechou os olhos como se receasse e desejasse ao mesmo tempo aquela aproximação dos dois. Ele podia sentir o perfume de lírios que emanava dela e a sua respiração acelerada. Colocou a sua mão no rosto dela e aproximou-se ainda mais. Como desejava aquilo… como sonhara com aquele momento. Os seus lábios estavam cada vez mais próximos. No momento em que os dois se beijaram, algo mágico aconteceu e neve começou a cair do céu. Era como se a Natureza aguardasse também aquele momento.
James sentiu as mãos de Lily contra o seu peito e logo os dois se afastaram. A expressão dela era de confusão.
- Nós não podemos fazer isto… não está certo!
- Porquê?! Eu amo-te, Lily!
- Mas vais casar-te com outra mulher, vais ter um filho com ela… ou melhor, dois! Sim, porque o outro vem a caminho.
James abriu a boca por uns momento, mas voltou a fechá-la. Compreendeu finalmente o porquê de tudo aquilo. Ela não sabia de nada. Mais, ela achava que ele iria casar com outra mulher. Será que lhe devia contar? Mas Harry pediu-lhe tanto para não dizer nada! Será que ela se afastaria se soubesse? Era melhor deixar as coisas tal como estava. No momento certo ela saberia.
- Podemos ao menos ser amigos? Quer dizer… deixar de nos atacar sempre que nos vemos.
Lily pensou durante uns momentos. No olhar de James ainda permanecia a dor da perda do pai, mas um novo brilho surgiu… um brilho de esperança. A ruiva apenas conseguiu sorrir.
- Acho que posso tentar. Desde que me prometas que vais mudar de atitude.
- Como assim mudar de atitude?
- Deixar de azarar todos os Slytherins que te apareçam à frente, por exemplo!
James fez uma expressão aborrecida, o que fez Lily rir.
- Até mesmo o Snape?
- Até mesmo o Snape.
- Ok, mas tens de me prometer também uma coisa!
- O quê?
- Que vais ao baile de Ano Novo comigo!
Lily revirou os olhos. Havia coisas que não mudavam nunca, por mais tempo que passasse, por mais coisas que acontecessem. Quando ela finalmente sorriu em concordância, James aproximou-se dela de novo, mas desta vez só a abraçou.
- Obrigado, Lily!
- Porquê?!
- Por… tudo!

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Harry estava no seu quarto deitado de barriga para o ar. Pensava nos seus pais quando eram jovens. Sempre soubera que fora difícil ficarem juntos, mas nunca pensou que antes quase se tivessem matado. Falara com a sua mãe sobre isso. Para sua surpresa, ela começou a rir-se e apenas lhe disse que não se preocupasse com isso. Mais tarde ou mais cedo iriam ficar juntos. Ela lá sabia! Agora tinha outras coisas em mente, como o Natal da Ordem da Fénix. Os Weasleys convidaram toda a Ordem para passar o dia Natal na Toca. Os professores que dela faziam parte iriam também, mas só regressariam de Hogwarts nessa manhã. Harry foi passar os dias que antecediam o evento, com a mãe e com Marlene. Elas tinham deixado Grimmauld Place, casa que simplesmente odiavam, e instalaram-se num apartamento na zona Muggle de Londres, entre o Ministério da Magia e o Hospital de St. Mungus.
Aqueles dias que passara ali, pareciam um sonho maravilhoso tornado realidade. Marlene era uma madrinha fantástica e era engraçado vê-la com o barrigão que ela já apresentava, apesar de só ter três meses de gravidez. Lily ainda tinha o hábito de o tratar como “meu bebé”. Aquilo seria motivo de aborrecimento, para qualquer jovem, mas Harry não se importava. Na verdade, ele adorava ser apaparicado pela mãe e ela parecia querer dar de uma vez só, todo o carinho que lhe faltara durante 16 anos. Marlene ajudava nisso.
Agora, ali estendido pensava com carinho que era a primeira vez que passava o Natal com uma família que poderia considerar verdadeiramente sua. Não queria dizer que não se sentia em casa quando estava na Toca, muito pelo contrário, os Weasleys foram as primeiras pessoa que o acolheram como a um filho. Mas esta sensação era diferente. Toda a sua vida desejara aquilo… enquanto acreditara no Pai Natal o seu pedido fora sempre o mesmo: ter uma família de verdade, com pai, mãe e, se possível, um irmão ou dois. Apesar de há muito tempo ter deixado de acreditar na existência daquele velhinho de barbas brancas e vestido de vermelho, não podia deixar de sorrir com a lembrança de que, finalmente, o seu pedido fora realizado. Como era dia de Natal, havia muita coisa a fazer antes de irem para a Toca, começando por preparar o café da manhã. Levantou-se num pulo e percorreu o corredor até à sala. Qual não foi o seu espanto quando encontrou na sala o seu pai e Sirius, ainda em pijama, a conversarem animadamente no sofá.
- Vocês chegaram ontem e não me disseram nada?!
- Feliz Natal para ti também, Harry! – brincou Sirius com o sorriso mais feliz do mundo. – Chegamos tarde, por causa do banquete de Natal em Hogwarts. Como já estavas a dormir decidimos não te acordar.
- Ah… Tá! Feliz Natal pai, feliz Natal Sirius!
- Feliz Natal, Harry! Acho que devias dar uma olhada nos presentes. Deves ter uma quantidade considerável! Aqui o cachorro velho já foi contá-los.
- Fui nada! Harry não acredites no que o veado do teu pai diz!
James fulminou Sirius com os olhos.
- Pela bilionésima vez, a minha forma animaga não é um veado, é um cervo!
- Quando descobrires a diferença avisa-me. Eu realmente acho que é um veado. Por alguma razão te chamamos Prongs. Que eu saiba significa “chifres de veado” e não “chifres de cervo”.
Harry olhava de um para o outro enquanto a discussão decorria. Será que eles nunca deixariam de se comportar como se ainda tivessem 15 anos?
- Pai! Sirius! E se deixassem a discussão de animagia para outra altura, hein?! Hoje é dia de Natal! O Natal mais feliz da minha vida!
Os dois adultos calaram-se por momentos e olharam envergonhados para Harry. Este não pode deixar de se sentir satisfeito com a reacção dos dois adultos.
- Tens razão, Harry. Agora tens coisas mais interessantes a fazer: desembrulhar presentes! Eu e o Sirius vamos dar hoje uma trégua. Mas só porque é Natal. – James encarou o amigo – Amanhã falamos!
- Ok, veadinho.
- Cala-te rafeiro!
Harry foi até à árvore de Natal, antes que os dois começassem aquela discussão de novo. Realmente, o seu monte de prendas era bastante grande. Hermione dera-lhe um livro. Nada seria anormal se não se tratasse de um livro de tácticas de Quidditch. Ron ofereceu-lhe um conjunto completo para adeptos dos Chudley Cannons, incluindo o chapéu, o cachecol e a bandeira. Quanto James viu aquilo começou a rir.
- O Ron é dos Cannons? Mais um esperançado!
- Não digas isso ao Ron, pai! Para ele não há melhor equipa do que os Cannons. Ninguém o consegue convencer do contrário.
- O quê?! Não sei como é que são agora, mas quando eu era da tua idade… eles não acertavam nenhuma.
- E continuam a não acertar. Mas o que é que eu posso fazer? O Ron adora-os.
Entre os restantes presentes contavam-se a habitual camisola Weasley, a tarte de melaço do Hagrid e um par de meias enviado por Dobby. Sirius e Marlene pareciam ter oferecido toda a loja das Genialidades Weasley, para, como disse Marlene, fazer a vida negra a um certo par de professores. Chegou finalmente a vez dos presentes dos seus pais. Pegou primeiro no embrulho mais pequeno. Era um livro. O seu título era “Mitos e lendas do Antigo Egipto”. Harry sorriu interiormente. Aquele presente só podia ter sido ideia da sua mãe.
- Espero que tenhas gostado desse presente, Harry, porque a tua mãe obrigou-me a correr todas as livrarias do mundo mágico, para encontrá-lo! Francamente, um livro! Isso é presente que se dê?!
Outros presentes estavam no monte, entre doces, brincadeiras mágicas, um manto que o seu pai disse ter sido comprado por Lily para usar no baile de Ano Novo, acrescentando que mulheres só pensavam em duas coisas: roupas e livros. Apenas restou um embrulho. Pela forma, Harry podia até adivinhar o que era. Mas quando ia pegar nele, James parou-o.
- Acho melhor esperares que a tua mãe desça. Ela vai ficar fula se não estiver aqui para ver a tua reacção.
- Falaram de mim? – Lily tinha acabado de entrar na sala, embrulhada num manto e a bocejar. Os seus cabelos soltos e despenteados e os olhos ainda meio fechados denunciavam que tinha acabado de acordar. – Feliz Natal para os três! – Os seus olhos pousaram sobre a árvore de Natal e logo um ar de desapontamento surgiu no seu rosto. – Ah não! Harry já desembrulhaste os presentes todos?! E eu não estava aqui?!
Harry levantou-se e dirigiu-se para a mãe, abraçou-a e beijou-lhe a face.
- Ainda falta o último, mãe! Mas eu adorei todos os outros. Obrigada! Eu tenho os melhores pais do mundo!
James levantou-se também e colocou os braços sobre os dois.
- Nós é que temos um filho fantástico que só nos dá motivos de orgulho! E eu sinto-me o homem mais feliz da Terra por ter uma família tão maravilhosa como esta.
- Que coisa tão linda! – Marlene acabara de chegar e de se sentar ao lado de Sirius e tentava agora limpar uma lágrima do canto do olho.
- Eu concordo com a Marlene, mas Harry, ainda tens de desembrulhar o último presente!
Harry tremia de excitação quando pegou no último embrulho. Rasgou com cuidado o papel e as suas suspeitas confirmaram-se. Era uma vassoura novinha em folha. O cabo envernizado reflectia as luzes da manhã. Na ponta estava escrito “Lightspeed”.
- Hei! O que é isto, James?! O melhor presente de Natal de sempre é da minha autoria! Assim não vale!
James ignorou o comentário de Sirius.
- É a mais nova vassoura do mercado, Harry. É ainda melhor do que a tua Flecha de Fogo. É mais rápida na aceleração, tem uma dinâmica fora de série e vira ao teu menor toque.
Harry ainda estava boquiaberto. Uma vassoura ainda melhor do que a sua? Era difícil de acreditar. Os seus olhos repousaram num envelope que vinha junto com a vassoura. Ao abri-lo, o coração de Harry deu um pulo. Agora sim, estava a sonhar. Desta vez foi Lily quem explicou.
- Esse cartão dá-te entrada para o camarote principal de todos os jogos da fase final do campeonato mundial de Quidditch que se vai realizar no próximo Verão.
- É um presente por todos estes anos em que não te oferecemos nada e por todos os jogos de Quidditch a que eu não te levei.
O coração de Harry estava acelerado… tão acelerado que parecia estar prestes a saltar pelo peito. Os seus olhos brilhavam de alegria e a sua mente girava à velocidade da luz. Não era pelo facto de ter recebido presentes maravilhosos. Não! Nunca se importara muito com isso. Era por ter um pai e uma mãe maravilhosos, para se preocuparem com ele, para lhe darem carinho e, principalmente, para sentirem orgulho dele. Não poderia pedir mais nada. A sua felicidade era imensa e nunca mais ninguém lhe tiraria isso. Era como despertar de um pesadelo que durara toda a sua vida… como renascer e dar-se contar de que nada do que vivera até aí… ou quase nada… merecia ser lembrado. Agora sim… considerava-se um rapaz cheio de sorte.


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Nota de Autora: FINALMENTE!!!!!!!!!!! Eu sei que não tenho perdão, que sou uma escritora malvada, mas eu não conseguia escrever a última parte! Acho que reescrevi este capítulo UMAS TRÊS VEZES!!!

Mas agora já está o novo capítulo no ar! Eu acabei por dividir o capítulo do Natal, ou então nunca mais publicava este. Espero que não se importem!

Eu nem queria acreditar quando vi TANTOS comentários. A sério, ESTOU FELICÍSSIMA! Mal posso esperar por responder a todos.

Antes de mais gostaria de recordar-vos que se quiserem podem adicionar-me no Messenger: [email protected]; já falei com algumas pessoas e adorei a experiência. ADOREI!!! Gostaria que mais gente fizesse o mesmo. Estou à espera dos vossos convites para me adicionar…

AGORA AS RESPOSTAS:

Veronica Diana Mesquita: Eu não demorei “anos” a actualizar a fic, mas demorei um pouquinho, eu sei. PERDOA-ME POR FAVOR! É bom saber que alguém gosta da minha fic. Por Merlin, espero que continues a comentar.

# harry potter weasley #: Actualizeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!! Sabes que eu adoro falar contigo no Messenger, não sabes? Mas outra coisa: ONDE ESTÁ O PRIMEIRO CAPÍTULO COMPLETO DE “ Harry Potter e a Terra da Perdição”? Escreves muito bem e é realmente uma pena que ainda não tenhas colocado na Floreios e Borrões. Quando colocares, avisa, tá? Para eu poder comentar. E QUERO O SEGUNDO CAPÍTULO RAPIDINHO.

Lightmagid: Eu não preciso dizer nada, pois não! Primeiro porque és a minha beta, segundo porque te aturo quase todos os dias da semana (ou vice versa) e por último, mesmo que eu tenha vontade de te matar a toda a hora, eu não quero que tu morras. Gosto mais de te obrigar a escrever, escrever, escrever, escrever………… PELA BARBAS DE MERLIN (que ele não me ouça a dizer isto) ESCREVE LÁ ESSE CAPÍTULO NOVO!!!!

Alexandra Black Potter: Eu não te quero matar do coração! Eu gosto demasiado de todos os meus leitores para lhes desejar uma coisa tão má! E sim, o Harry e o Neville vão ter irmãozinhos… NÃO É FOFO?! Eu sempre quis dar uma família de verdade ao Harry. Pobrezinho, já sofreu tanto nas mãos da JK Rowling. Posso dizer que me sinto felicíssima por saber que o capítulo anterior te prendeu tanto. Espero que tenha acontecido o mesmo com este…

Lola Potter: Ainda bem que gostaste do capítulo 17 e do trailer, mas não sei se já reparaste, eu mudei algumas coisas no trailer. E deste capítulo, gostaste? Espero que não tenhas ficado com má impressão de mim e da Lightmagid. Nós somos meias malucas!

Daniela Potter: Parece que tenho dois comentários enormes teus para responder (já para não falar que estou sempre a interromper a escrita por estar a falar contigo no Messenger, lol). Quanto ao mais antigo, espero que ganhes bastante força para escrever mais. Escreves realmente bem e é uma pena que não aproveites esse dom. Quanto ao segundo comentário, eu ri demais com ele, principalmente depois de dizeres “Por favor, não me aches louca pelo comentário que eu acabei de deixar na tua fic”. Eu adoro conversar contigo, MESMO INTERROMPIDA FREQUENTEMENTE PELA LIGHTMAGID (que agora já sabes o nome, mas que fica no segredo dos Deuses: de Horus, de Ísis, de Rá, etc.). Por isso, espero que continues a comentar. PS: obrigada pela dica do trailer e pela crítica à primeira versão deste…

Ellessar: Finalmente actualizaste… eu já estava a ficar desesperada pela falta do Alex… Agradeço-te imenso teres indicado a minha fic… quanto aos teus comentários, eu também acho que a situação Lily/James está muito estática, mas o que é que eu posso fazer? Agora eu prometo-te uma coisa: não vai demorar muito. A situação até já melhorou, mas eu tenho uma surpresa de Ano Novo para o casalzinho.

Julinha Potter "Um amor quase perfeito": Não te preocupes, eu não ia ser tão má assim ao ponto de colocar a nossa querida e amada Lily Potter em estado crítico… (Lightmagid pode afirmar que eu sou má, mas ela é mil vezes pior). Tens razão, os Marotos não vão mesmo sossegar enquanto não descobrirem, mas tem sempre uma Lily para pará-los, como deves ter reparado neste capítulo…

JP Pontas: É verdade, a história do Harry e do Neville é muito semelhante e eu não vou quebrar a tradição. Ainda bem que gostaste do capítulo 17. Gostaste deste também? Diz qualquer coisa. PS: fizeste-me demorar mais uns segundos a actualizar, porque acabei de reparar que tinha um comentário novo teu! Eu não vou dizer os nomes dos pequeninos… para já.

Cahh Orra: Achaste mesmo perfeita? Isso deixa-me mesmo feliz… sem palavras… e profundamente emocionada. Eu ainda não passei na tua fic, o tempo é pouquinho, por causa da faculdade, da fic e assim, mas eu prometo que assim que der, eu passo lá e comento.

Gabriella Black Potter: Então a tua família é de Portugal? De que zona? Eu estudo no Porto, mas sou de uma pequena cidade a cinquenta quilómetros de lá, chamada Lixa. Eu já fui à tua fic. Li o primeiro capítulo e gostei, mas quando eu tiver tempo para acabar de ler, eu comento, tá?

Gabriel Rocha: Achas mesmo que todos os meus capítulos são óptimos? Nossa… fiquei encabulada! Eu acho sempre que eles estão tão mal! A minha beta costuma dizer que eu sou uma chorona. Continua a comentar.

Carlapiks: MERLIN! POR ONDE ANDASTE? Eu cheguei a pensar que me tinhas abandonado! (a fazer cara de bebé chorão) Pensei que tinhas desistido de mim! Mas agora que já regressaste, tudo ficou melhor. Eu perdoo-te. Mas em compensação tens de comentar duplamente! 

Sakura Li: Nossa! Tenho uma linguagem culta?! É difícil de entender?! Peço imensa desculpa, não era minha intenção! Eu não me tinha apercebido disso! Geralmente é assim que eu escrevo, mas eu prometo tentar melhorar.

Samantha Black: Para mim, o melhor elogio que podias ter feito é que adicionaste às tuas preferidas… estou profundamente emocionada… Eu vou tentar atender ao teu pedido e colocar mais cenas entre os Marotos. Mas não deixes de comentar, tá?

Molly: Ainda bem que gostaste de todas essas cenas. Mas eu mal posso esperar pela chegada do “marotinho”… Depois diz qualquer coisa deste capítulo. Eu adoro os teus comentários (e de todos os outros também).

Mione_Granger,Karonte,Brenda_Mione e Lar: EU JÁ ACTUALIZEI! E VOCÊS?! Não demorem, tá?

Se esqueci alguém, por favor, AVISEM-ME! Chegou a uma certa altura em que me perdi e já não sabia quais eram os comentários a que tinha respondido e os que não tinha. Por isso peço desculpa se passei alguém à frente.

FINALMENTE ACABEI O COMENTÁRIO! Entre conversas no Messenger, ameaças de morte à Lightmagid e muitas outras aventuras, consegui ver o fim desta nota de autora. Aguardo ansiosamente os vossos comentários e espero encontrar-vos no Messenger.

Um grande abraço, desta vossa autora que vos adora,
Guida Potter.

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