Sozinha nunca mais!



18. Sozinha nunca mais!

Durante os dois dias que se seguiram, Rony, Hermione, Gina e Harry andavam com pedaços de papéis no bolso! Neles estavam uma cópia do horário de Hermione e por 24 horas a garota ficava acompanhada.

Na aula de Pâmela, a qual Harry se increveu junto com Hermione, ele pôde contar o que estava se passando para a “professora” em um momento de leitura.

-- Realmente é preocupante. – Pâmela disse pensativa. – mas deve ser muito cansativo pra você e os outros...

-- Agente está dando um jeito – Harry disse orgulhoso.

-- Imagino como deve ser ruim para Mione...

-- Por quê? Ela está passando mais tempo conosco... Não é bom? – Harry disse

-- È bom quando não é obrigatório... – Pâmela disse calmamente, com aquele jeito coerente que Harry já conhecia.

-- Não há muito o que fazer... – Harry disse voltando para o seu assento, fingindo que liquidara a dúvida que fora supostamente perguntar...

Pâmela o olhou e não gostou da situação. Pôde notar o descontentamento de Mione e imaginou o que poderia fazer à respeito...Não conseguiu nenhuma solução satisfatória antes dos alunos se retirarem para o almoço.

-- Mione? – Harry ouviu a voz de Luna e parou.

-- Olá, Luna! – Mione disse simpática

-- Oi! Você sabe onde foi que coloquei minha escova ontem?

-- Na pia do banheiro!

-- Ela não está mais lá!
-- Desculpe! – Hermione sorriu – Não sabia que a deixara de propósito. Eu a enfeiticei para voltar para sua mala depois das 22h. Assim você não perde mais...

-- Ah! Muito obrigada! – Luna a abraçou surpreendendo a menina e derrubando seus livros. – As pessoas não costumam ser boas assim comigo.

Harry apanhou todos os livros de Mione e ficou ao lado dela, impaciente para poder ir ao Salão almoçar. Hermione percebeu e começou a sair da sala ainda conversando com Luna. Não gostou da cara de Harry, mas achou que seria rude criticá-lo na frente de Luna. Estava entretida com a menina quando Harry a envolveu pela cintura e a puxou para perto de si. Hermione quase perdeu o equilíbrio e torceu a mão antes de perceber que passavam ao lado de Goyle no corredor. Talvez isso a tenha feito perdoar Harry, pois não comentou nada ao se despedirem de Luna.

O almoço transcorreu sem problemas, como alias ocorria no resto do dia, e logo a sensação gostosa de uma refeição entre amigos reinou entre eles.

-- Mione? – Harry disse se levantando após o almoço – Não poderei ficar com você à tarde, mas Rony ficará esperando você terminar o almoço. Acho que amanhã você vai ter que ir assistir o treino de quadribol, eu e o Rony estaremos lá e a Gina estará na aula de poções...

-- Mas eu tenho aula extra da Pâmela...

-- Ah, desculpe, Mione, eu não tinha visto isso na grade quando marquei o treino. A Pâmela vai entender se você faltar...

-- Mas se eu faltar não terei outro dia para repor...

-- Ah, Mione! A Pámela te ensina nas férias... – Harry disse displicente e se despediu tentando evitar os olhos irritados da amiga.

Hermione se ergueu em um salto! Estava começando a se encher daquela situação! Entendia a preocupação de Harry, era um pouco tardia na sua opinião e por isso mesmo não estava sendo muito adequada.

A garota agarrou os livros com força e saiu da mesa rapidamente, não dando atenção para os gritos de Rony, que com sufoco alcançou seus passos.

-- Mione! Eu não tinha terminado meu suco! – Rony disse ressentido.

-- Desculpe! – A menina disse entre dentes. Sentiu-se culpada com a situação, mas logo voltou a ficar furiosa. “Porque deveria se sentir mal?” “Por quê Harry tinha que obrigar todos a seguí-la?” “Ele devia ter pensado nisso antes!”

Os dois amigos seguiram juntos para a biblioteca e Rony, percebendo o mau humor da amiga, resolveu abster-se de falar. “Vai ser um longo dia...” – Rony suspirou consigo mesmo.

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Harry estava na sala comunal olhando fixamente para a janela e ouvindo uma calorosa discussão entre Gina e Olívio. Não prestava atenção em uma palavra, mas também não conseguia se concentrar em mais nada. Passou-se uma semana desde o primeiro dia de aula e as coisas não pareciam nada boas. Hermione estava hostil, não tentava manter nenhuma conversa quando estavam sós, Rony insistia para ele tomar uma iniciativa e se declarar para a amiga! Pâmela dava conselhos que ele não queria ouvir! E agora, Olívio e Gina não paravam de atormentar-lhe com idéias e estratégias para os jogos de quadribol.

Harry resolver sair dali! Precisava ficar sozinho, pensar, refletir. Não conseguiria nada disso ao lado de Olívio e Gina. Assim que pôde sair pelo buraco atrás do retrado da pasagem da sala comunal o garoto correu escada abaixo e saiu do castelo. Andou por um tempo, balançando a varinha entre os dedos, concentrando-se na grama amassada que seus pés deixavam para trás ao passar. Não prestou atenção para onde ia até se ver no centro do campo de quadribol.

O garoto olhou para os aros dos gols, altos e imponentes, e por um momento teve paz. Não pensava em nada! Apenas admirava as enormes esferas vazadas contrastando contra o céu cinzento e repleto de nuvens carregadas. Ocasionalmente eles eram iluminados por furtivos e tênues raios de sol.

Movimentando a varinha com indulgência, Harry fez o feitiço “Accio” mentalmente e em poucos segundos sua vassoura já estava ao seu lado. Ficara bom em feitiços não pronunciados, principalmente nesse, que passara tanto tempo treinando com Hermione no quarto ano.

Hermione... Harry subiu na vassoura e começou a voar. Voava rápido, desviava habilmente dos pilares, sentia o vento frio assobiar em seus ouvidos, se sentia livre. Não havia melhor lugar para espairecer ou pensar do que em cima de uma vassoura... Depois de cerca de meia hora Harry diminuiu a velocidade, apenas se deixou flutuar.

Agora que parava para pensar estava inquieto. Seus pensamentos transitavam entre as aulas, Voldemort e acabavam invariavelmente em Hermione. Nada ocorrera nessa última semana. A menina estava sempre acompanhada, isso não era certeza. Foi só uma semana. Haveria um ano inteiro pela frente! Harry cogitara em pedir para os pais de Hermione permitirem que ela passasse o feriado de natal com ele em Hogwarts... Ou talvez na casa de Pâmela se ela pudesse.

Uma gota caiu no rosto de Harry despertando-o para a realidade. Olhou para cima e sentiu mais uma gota. As nuvens negras estavam se adensando, as primeiras gotas de chuva começavam a cair. Harry olhou para baixo, tentando ter uma noção da altura em que estava, e acabou vendo uma figura se mexendo no gramado. Andava rapidamente fechando o casaco para se proteger da chuva iminente. Vinha da cabana de Hagrid... Era Hermione! E... e estava sozinha!!!

Harry ficou furioso! Quem a deixara sozinha? Ele rapidamente embicou a vassoura e voou ao encontro dela, descendo bem à sua frente e lhe bloqueando a passagem.

-- Harry! – Hermione saltou para trás. – Você quase me mata de susto!

-- O que está fazendo sozinha? – Harry a cortou abruptamente.

-- Não estava sozinha! Estava com Hagrid! – a garota respondeu um pouco indignada com o tom dele.

-- Mas está sozinha agora! Onde está Rony? – Harry perguntou ainda rudemente.

-- Está com Luna. Nós a encontramos indo para a estufa e ela o chamou para ver sua horta.

-- Ele devia estar com você.

-- Não acho que eu seja uma melhor escolha para ele do que a Luna... – Hermione disse sorrindo. – Além disso, as pessoas não são obrigadas a irem aonde eu quero ir!

-- Mas nós montamos um cronograma...

-- Não, Harry! VOCÊ montou um cronograma. Estou cansada de fazer o que os outros querem ou vê-los incomodados de terem que ir aonde eu quero. E é realmente desconfortável ter que ir ao banheiro só quando a Gina pode me encontrar nos intervalos! – Hermione disse adotando o mesmo tom de Harry.

-- Mas é perigoso...

-- Também sempre foi perigoso pra você! Até mais, e lá estava você, voando sozinho no campo.

-- Com você é diferente! – Harry disse resoluto.

-- Por quê? Sou tão boa bruxa quanto você! Posso não ser tão poderosa, mas sei me defender!

-- Não é a mesma coisa! – Harry disse exasperado. Ele queria pegá-la pelos ombros e sacudi-la gritando: “Será que você não entende?!”

-- Como não? – Hermione disse indignada.

-- Se algo te acontecer não vou me perdoar.
-- Harry, eu NÃO sou sua RESPONSABILIDADE! – Hermione disse secamente e sem esperar por uma resposta desviou dele e começou o caminho de volta para o castelo.

-- Mas eu quero que seja... – Harry falou baixinho para si mesmo.

A chuva aumentara, o garoto podia sentir os pingos d’água penetrarem no seu cabelo. Voltou o corpo, ainda podia ver Hermione de costas, bem perto dele. Seu cabelo completamente molhado e as roupas encharcadas, colando no corpo.

Vê-la se distanciar dele dessa forma foi a gota d’água. Ele não pensou, apenas agiu! Segurou o pulso da amiga impedindo-a de continuar. Com um gesto rápido a puxou de volta, girando seu corpo de encontro ao dele. Hermione chocou-se com Harry e apoiou os braços em seu peito para não cair com o impacto.

Para Harry tudo parecia acontecer em câmera lenta. O corpo de Hermione colidindo com o seu, seu cabelo molhado chicoteando-lhe a face, os pingos de água escorrendo por seu pescoço, o rosto de Hermione se erguendo para pedir uma explicação.

Harry não lhe daria tempo para falar. Ele a estreitou em seus braços envolvendo-a com firmeza e abaixou a cabeça. Dessa vez não ocorreria lentamente, não seriam atrapalhados. E sem cogitar mais nada ele tomou os lábios de Hermione para si. Reivindicou o direito daquele contato. Não era mais necessário lidar com um beijo que não ocorrera, pois agora ele a estava beijando de verdade.

Não hesitou. Não fraquejou. Sabia o que queria. Sentia a maciez dos lábios de Hermione e não se permitiria perdê-lo nunca mais. Como em uma dança coreografada, Harry sabia exatamente o que fazer. Acariciava a face de Hermione com o polegar e com a outra mão a trazia o máximo que podia para junto de si. Explorava a boca da amiga com gentileza e prazer. A água gelada da chuva escorria entre suas bocas abertas e parecia intensificar as emoções que brotavam. Hermione tremia em seus braços, mas Harry sabia não ser de frio. Podia sentir o calor saindo do corpo da amiga, a mão dela arranhando-lhe o peito ou escorregando para envolver-lhe a nuca.

Harry não tinha noção de que um beijo podia ser tão extasiante. Mas não era o beijo. Era Hermione, ele sabia.

Ele libertou os lábios da garota, estavam sem fôlego. Hermione se apoiou no corpo do amigo, suas pernas estavam bambas, olhou Harry nos olhos e não soube o que fazer.

Harry sorria. Sorria porque via os olhos de Hermione brilharem, via sua face iluminada e ruborizada. Como pôde não amá-la desde sempre? Não era possível que ignorara tanta beleza e magia por tanto tempo! Ah, sim! Ele a amava! Era uma certeza irrefutável!

Harry tornou a beijá-la. Não disse nada, apenas pousou seus lábios nos de Hermione. Ela cedeu prontamente, envolvendo o pescoço de Harry e entregando-se ao momento. Quando finalmente voltaram a se encarar, Hermione sorria feliz, mas logo escondeu o rosto no peito de Harry, que a estreitou o máximo que pôde em seu abraço.

-- Mione... – ele disse baixinho

-- Sim?.. – ela sussurrou

-- Olha pra mim...

Ela obedeceu.

-- Tudo vai mudar agora, não é, Harry? - ela disse baixinho com a voz tremendo.

-- É... acho que vai...

Ela continuo olhando-o apreensiva, sem dizer nada. Ele passou a mão no seu rosto e afastou uma mecha de cabelo da sua testa.

-- Mione?

-- Hum?

-- Você está feliz?

Ela sorriu. Um sorriso simples, meigo e muito verdadeiro.

-- Estou sim, Harry!

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